Nosso Vizinho Difícil
Meu marido e eu estávamos morando num apartamento do segundo andar com nossos filhos pequenos, um menino e uma menina. Aguardávamos ansiosamente o Natal daquele ano para comemorarmos juntos. Nosso menino estava crescendo muito depressa e, como toda criancinha normal, era muito ativo. Costumava correr pelo apartamento para divertir-se. Gostávamos muito de suas travessuras, mas nosso vizinho de baixo era muito impaciente. Ele costumava tocar música bem alto para fazer desaforo e subia até nosso apartamento para reclamar.
Era uma situação muito frustrante. O que um menininho poderia fazer o dia inteiro se não pudesse correr livremente? Partia-me o coração mantê-lo quieto quando estava tão cheio de alegria e energia. Reunimo-nos com o síndico e nosso vizinho para tentar resolver o conflito. Ao conversarmos, percebi que nosso vizinho adotava uma atitude muito defensiva ao falar. Durante a conversa, as palavras do Salvador que se encontram em Mateus 5:44 vieram-me à mente: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”. Eu não o considerava necessariamente um inimigo, mas sem dúvida não nos olhávamos.
Ele era militar, e a esposa ainda não pudera reunir-se a ele, por isso morava sozinho numa cidade estranha. Quando voltava do serviço para casa, tinha que lidar com aquele barulho no apartamento de cima. Comecei a perceber como aquilo devia ser difícil para ele, mas não tinha uma solução justa. Comecei a orar por ele e meu coração foi tocado a ser um pouco mais compassivo.
Recebemos a visita dos pais de meu marido, que passaram as festas conosco naquele ano. Na véspera de Natal, estávamos desfrutando a companhia uns dos outros e o espírito especial daquela ocasião. Pouco depois, ouvimos e sentimos a vibração de uma música muito alta que vinha do apartamento de baixo. Parecia que ele tinha ligado o volume bem alto naquela ocasião, mas lembro que senti pena dele, em vez de impaciência. Pensando no versículo de Mateus 5, fiz um prato de biscoitos caseiros de Natal para o nosso vizinho.
Meu marido e eu descemos para entregá-los. Quando o vizinho abriu a porta, fez-nos uma careta e disse: “O QUE FOI?” Era óbvio que estava esperando um confronto desagradável. Em vez disso, ignoramos a música barulhenta e lhe desejamos sinceramente um feliz Natal. Sorrimos para ele e vimos que seu rosto ficou mais calmo quando aceitou os biscoitos. Sorriu para nós e agradeceu, desejando-nos também um feliz Natal. Não demorou muito para que abaixasse a música.
Vimos o nosso vizinho fora do apartamento poucos dias depois, e ele nos agradeceu de novo pelos biscoitos. Estava sorrindo para nós de novo, e foi muito natural sorrirmos para ele também. Perguntamos se ele tinha uma igreja para freqüentar, já que era novo na cidade. Ele disse que ainda não tinha encontrado nenhuma, por isso nós o convidamos para ir à Igreja, e ele aceitou o convite. Começou a receber os missionários e logo quis ser batizado. Ele e nosso filho tiraram uma fotografia juntos no dia do batismo dele.
Não me lembro de ter tido mais problemas com a música barulhenta, mas lembro-me das bênçãos especiais de seguir as escrituras em nossa vida. Ainda sinto um calor no coração ao lembrar como um simples prato de biscoitos de Natal rapidamente transformou um relacionamento desagradável em uma amizade maravilhosa.