Lugar para Três
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal” (Romanos 12:10).
Inspirado numa história verídica
Brent correu escada abaixo seguido de perto da irmãzinha, Lindsey. “Mãe!” gritou Brent. “Lindsey não nos deixa em paz!”
Clint, o melhor amigo de Brent, tinha ido brincar na casa dele. Os meninos estavam brincando com o caminhão de bombeiro de Brent e apagando incêndios nos arranha-céus que tinham construído com bloquinhos. “Lindsey sempre quer fazer o que estamos fazendo”, disse Brent. “Por que ela não nos deixa em paz?”
“Brent, por favor, seja bonzinho com sua irmã. Ela só quer passar um tempo com você”, disse a mãe.
“Mas, mãe, ela sempre quer ficar me seguindo. Será que ela não pode fazer outra coisa, para variar?”
“Que tal se pintássemos juntas, Lindsey?” convidou a mãe. Lindsey fez que sim com a cabeça.
“Obrigado, mãe”, disse Brent, subindo a escada correndo.
“Não esqueça, Brent”, chamou a mãe. “Você e Clint têm ensaio para o programa de Natal em menos de uma hora.”
“Está bem, mãe”, respondeu Brent.
“Mamãe, por que o Brent não gosta de mim?” perguntou Lindsey, com lágrimas nos olhos.
“Ele gosta de você, sim”, disse a mãe. “Mas às vezes ele quer ficar só com os amigos dele. Brent ama muito você, mesmo que nem sempre demonstre isso.”
Pouco depois, a mãe levou Brent e Clint à Igreja para o ensaio do programa de Natal. Brent estava muito entusiasmado. Ele faria o papel de José naquele ano. Anteriormente, sempre tinha sido uma ovelha, ou um pastor, ou um dos magos. Foi bom, mas aquele ano seria o melhor de todos.
“Vamos ensaiar a cena das estalagens”, disse o irmão Mitchell. “José e Maria, tomem seus lugares. Estalajadeiros, está na hora.”
As crianças da Primária correram para seus lugares no palco, enquanto José e Maria se aproximavam da primeira estalagem.
“Por favor, você tem um lugar para passarmos a noite?” perguntou Brent. “Minha mulher vai ter um bebê em pouco tempo e precisa de um lugar para descansar.”
“Sinto muito. Não há vagas”, disse o estalajadeiro.
“Venha, Maria. Vamos tentar em outro lugar”, disse Brent. Caminharam até a próxima estalagem. “Olá, senhor. Viemos de muito longe, e minha mulher vai ter um bebê em pouco tempo. Você tem um lugar em que possamos ficar?”
“Não. Estamos lotados. Não há vagas.”
Brent foi até o próximo estalajadeiro e bateu na porta, depois no seguinte, e no outro… A resposta era sempre a mesma:
“Não há vagas.”
“Não temos lugar.”
“Não temos lugar.”
“Sinto muito, Maria”, disse Brent. “Vamos tentar nesse último lugar.” Virou-se e bateu na porta. “Senhor, por favor, viemos de muito longe, não temos para onde ir, e minha mulher vai ter um bebê daqui a pouco tempo. Fomos a todas as estalagens da cidade. O senhor não teria um lugar onde pudéssemos ficar?”
“Sinto muito. Estamos lotados.”
José e Maria viraram-se lentamente, com tristeza no olhar. “Sinto muito, Maria”, começou a dizer Brent. “Não sei o que—”
“Esperem! Esperem um pouquinho”, chamou o estalajadeiro. “Talvez eu tenha um lugar, afinal de contas. Venham comigo.” O estalajadeiro levou-os até o estábulo onde havia vacas, ovelhas e outros animais. “Não é muito, mas vocês podem ficar aqui, se quiserem.”
“É maravilhoso”, disse Brent, com gratidão. “Muitíssimo obrigado.”
* * * *
Poucos dias depois, Clint e Brent estavam brincando de novo na casa dele. Brincavam com uma grande caixa, fingindo que era um forte que os protegia de invasores. Mas Lindsey ficou a importuná-los, perguntando se podia entrar também.
“Lindsey, por que você não vai fazer outra coisa? Não vê que não temos lugar para… ” Brent parou no meio da frase. Pensou nas palavras que tinha ouvido poucos dias antes: “Não temos lugar, não temos lugar, não temos lugar”. Pensou em José, Maria e no bebê Jesus, que significava tanto para todos eles. Depois, olhou para a irmãzinha.
“Pensando melhor, Lindsey, é claro que tem lugar para você. Sempre há lugar para três.”