2008
Um chamado para crescer
Junho de 2008


Um chamado para crescer

Elder Ulisses Soares

Nasci no Brasil numa boa família de quatro meninos e pais maravilhosos. Quando nasci, meus pais não eram membros da Igreja. Filiaram-se à Igreja quando eu era pequeno, e fui batizado e confirmado aos oito anos de idade.

Ao completar 12 anos, o bispo me chamou para uma entrevista. Nessa ocasião, explicou-me o que é o Sacerdócio Aarônico. Discorreu sobre as minhas responsabilidades ao portar o sacerdócio. Fui designado como presidente do quórum de diáconos, mas era o único membro ativo do quórum. Naquela época, meu ótimo bispo me ensinou uma lição importante sobre o serviço na Igreja.

Um Convite Simples

Certo domingo, estávamos na capela para a reunião do sacerdócio e ele se voltou para mim e perguntou: “Onde estão os outros rapazes? Onde estão os diáconos do seu quórum?”

Respondi: “Estou aqui. Que eu sabia, sou o único”.

“O que está fazendo para conhecer os membros do seu quórum?”, indagou ele.

Repliquei: “Não sei o que fazer”.

Então ele disse: “Vou-lhe mostrar o que fazer”.

Logo após a reunião andamos pelo bairro visitando cada um dos rapazes da lista do quórum e convidando-os a voltar para Igreja. Vários deles retornaram após algumas visitas. Alguns serviram como missionários, constituíram uma boa família e se tornaram bispos e presidentes de estaca. Tudo isso começou com uma simples visita minha e do bispo. Ele estava atento a essa necessidade especial em nossa pequena ala, e sou muito grato por aprender uma lição que me marcou para sempre.

No decorrer da minha vida, aprendi que as pessoas estão prontas para serem convidadas para voltar. É preciso ir até elas e convidá-las a voltar para a Igreja. Até mesmo um jovem como eu era, sem experiência no sacerdócio, pode fazer muito para ajudar o reino a crescer.

Essa experiência como presidente do quórum de diáconos foi de grande valia para mim. O bispo foi muito sábio. Ele tinha visão do futuro. Confiou-me essa designação por saber que eu era um rapaz que precisava ser treinado e decidiu ser o treinador, assim dedicou o tempo necessário para me ajudar e apoiar, saindo comigo. Ele me ajudou a entender como é bom servir na Igreja e fazer o testemunho crescer. Foi maravilhoso. Serei eternamente grato a ele.

Uma Aula sobre o Testemunho

Quando eu tinha quase 16 anos de idade, esse mesmo bispo me designou para substituir temporariamente um professor dos jovens na Escola Dominical. Quando recebi esse cargo, fiquei com medo e nervoso. Achava que não tinha conhecimento suficiente para ensinar. Pensei: “Como posso ensinar essa classe? É como um cego guiando outro”.

Recordo que, em certa aula, tinha de falar sobre o testemunho de Jesus Cristo. Estávamos estudando no Livro de Mórmon sobre como adquirir um testemunho do evangelho. Eu sentia no coração que a Igreja é verdadeira e que Jesus é o Cristo. Contudo, nunca orara a respeito disso. Pensei: “Como é que vou ensinar a esses jovens que precisam orar para receber uma resposta se eu mesmo nunca fiz isso?”

Desde que nasci fora-me ensinada a fé em Jesus Cristo. E quando me tornei membro da Igreja, tinha no peito um sentimento cálido em relação a Jesus Cristo, a meu Pai Celestial e à Igreja. Eu nunca duvidara que esta é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo; jamais orara a respeito porque os sentimentos já eram muito fortes. No entanto, ao me preparar para a aula naquela semana, resolvi orar para receber a confirmação da veracidade do evangelho.

Ajoelhei-me no meu quarto e orei com todas as forças para que me fosse confirmado no coração que esta é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo. Eu não estava à espera de uma grande manifestação, da visita de um anjo ou de nada do gênero. Nem sequer sabia o que esperar como resposta.

Quando me ajoelhei e perguntei ao Senhor se o evangelho é verdadeiro, tive um sentimento muito doce no coração e uma voz mansa me confirmou sua veracidade e que eu deveria continuar a segui-lo. Foi algo tão forte que eu jamais poderia negar, nem ignorar. Ainda que fosse uma voz mansa e delicada, o sentimento no coração foi arrebatador.

Passei o dia inteiro sentindo tanta felicidade que não consegui pensar em nada negativo. Quando meus colegas na escola diziam coisas ruins, eu nem dava atenção. Era como se estivesse no céu, ponderando sobre aquele sublime sentimento no coração.

No domingo seguinte, ao ensinar a classe dos jovens, pude prestar meu próprio testemunho e garantir-lhes que o Pai Celestial responderia as suas orações caso tivessem fé. Usei Tiago 1:5, a mesma escritura lida por Joseph Smith sobre pedir sabedoria a Deus. Todavia, o versículo seguinte esclarece que é preciso pedir com fé, “porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma parte para outra” (Tiago 1:6). Ensina também que uma pessoa não pode esperar receber uma resposta se não tiver confiança ao orar. Depois, eu disse a mim mesmo e a minha pequena classe que devemos perguntar com fé verdadeira, buscando uma resposta e então o Senhor responderá.

A partir daquele momento, o meu testemunho me trouxe a convicção de que era preciso tomar boas decisões, principalmente em momentos de tribulação. Todos nós nos deparamos com desafios ao procurarmos guardar os padrões do evangelho, principalmente as pessoas que, como eu, eram os únicos membros da Igreja na escola. No entanto, o meu testemunho me ajudou a recordar que, embora eu sofresse pressão dos amigos para fazer coisas erradas, sabia que estava seguindo o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. Depois dessa experiência, jamais poderia rejeitar esse testemunho.

Aquele dia fez uma grande diferença na minha vida. A partir daquele momento continuei a me preparar para a missão com a ajuda do meu maravilhoso bispo e de minha família. Servi como missionário e, quando voltei me formei na universidade. Casei-me e constituí uma família. E tudo começou por causa daquela oração quando tinha apenas 16 anos de idade.

Uma Vida de Crescimento

Como já disse, sempre soube que o evangelho era verdadeiro, mas tive que perguntar e depois partilhar minha própria experiência com outras pessoas. Isso me ajudou também na missão, pois ao convidar os pesquisadores a orar, podia falar-lhes da minha própria experiência, mostrando que já passara por isso antes. Eu testificava que eles poderiam receber uma resposta se orassem com fé.

Bênçãos grandiosas me foram concedidas porque tive a oportunidade de aprender, servir e crescer por meio de chamados e designações na Igreja. Oro para que, ao receberem essas oportunidades, vocês saibam aproveitá-las. É algo que pode fazer toda a diferença em sua vida.