Jovens
Ninguém É Perfeito
Néfi disse exatamente o que eu estava pensando: “Minha alma regozijar-se-á em ti, meu Deus e rocha de minha salvação” (2 Néfi 4:30).
Sempre quis ser como Néfi: estritamente obediente, extremamente fiel e profundamente espiritual. Para mim, Néfi era o supremo exemplo de virtude. Poucas coisas me entusiasmavam tanto quanto a ideia de crescer e ser como ele, ou ao menos começar a ter — nem que fosse em parte — sua excelência.
Certo dia, eu estava passando por uma pequena crise pessoal, causada por sentimentos de incapacidade. Tinha muitas ambições e metas. Mas simplesmente não parecia estar chegando a lugar algum. Em meio a lágrimas de desânimo, expressei esses sentimentos a meu pai. Ele prontamente se ergueu, foi até a estante e pegou um de seus exemplares do Livro de Mórmon. Sem dizer uma palavra, abriu em 2 Néfi 4 e começou a ler o versículo 17.
Senti arrepios pelo corpo como eletricidade ao ouvir estas vigorosas palavras: “Oh! Que homem miserável sou!” Um milhão de pensamentos me vieram à mente. Como é que Néfi, meu herói e exemplo, podia dizer que era “miserável”? Se ele era miserável, então o que eu seria?
Novamente, senti como se um choque me percorresse o corpo quando meu pai leu o versículo 28: “Desperta, minha alma! Não te deixes abater pelo pecado”. Senti como se as nuvens tenebrosas que me cobriam a mente se dissipassem para revelar o calor e o esplendor de um límpido céu azul e de um sol brilhante. É impossível descrever como aquele versículo iluminou-me a alma. Poucos versículos das escrituras me deram tanta esperança, inspiração e alegria como aquele.
No versículo 30, Néfi disse exatamente o que eu estava pensando, mas com palavras mais eloquentes: “Minha alma regozijar-se-á em ti, meu Deus e rocha de minha salvação”. Esse versículo me fez sentir paz e gratidão pela terna misericórdia e pelo amor do Senhor.
Meu pai fechou o livro e explicou-me que aqueles versículos são, às vezes, chamados de salmo de Néfi. Depois me ensinou, com carinho, que até as maiores pessoas da Terra são imperfeitas e que elas precisam reconhecer suas imperfeições ou se tornarão orgulhosas e, portanto, não serão mais tão grandes.
Então, compreendi. O simples fato de eu ter fraquezas não significava que era incapaz de tornar-me como Néfi. O reconhecimento de minhas fraquezas me levou para mais perto do nível de Néfi. Ele foi grande porque, além de ser obediente e fiel, também era humilde e desejoso de admitir suas faltas.
A partir dessa experiência, entesourei aquelas palavras de Néfi. Toda vez que as leio, sinto a mesma emoção e a mesma inspiração de quando as li pela primeira vez. Os versículos são como uma canção que declara que sou uma filha de Deus, com uma capacidade muito maior do que poderia imaginar. Sei que, se eu for fiel e perseverar, há um número incontável de bênçãos reservadas para mim.