Falamos de Cristo
Ele Pode Curar Qualquer Ferida
Decidi levar a sério o conselho de descobrir o que verdadeiramente significava depositar minha fé no Salvador.
Aconteceu em 16 de dezembro de 1991 — nosso oitavo aniversário de casamento. Naquele dia, nosso primeiro filho faleceu em consequência das ações de uma babá. Ele tinha apenas dois meses e meio de idade.
Os meses e anos seguintes foram marcados por tristeza, raiva, decepção e desespero. O redemoinho que me envolveu trouxe uma dor indescritível. Nada que alguém dissesse ou fizesse era capaz de amenizar meu sofrimento.
Li muitos livros e escrituras, mas nada satisfazia minha busca desesperada de respostas.
Tive a rara oportunidade de conversar com o Élder James E. Faust (1920–2007), na época membro do Quórum dos Doze Apóstolos, devido à amizade que meus pais tinham com ele. (Ele conhecera minha mãe, Flávia, e a família dela ao servir como missionário no Brasil.) Eu tinha certeza de que o Élder Faust conseguiria consolar-me.
Fiz muitas perguntas e ele as ouviu com toda a paciência. O Élder Faust reconheceu que o que me sobreviera fora certamente doloroso e dificílimo. Usou várias escrituras e falou da necessidade de lidar com meu pesar e submeter-me totalmente à vontade do Senhor, a fim de voltar um dia ao convívio de meu filho. Ele disse: “Sylvia, agora é com você. Percebo que está preocupada com seu filho, mas na verdade deveria preocupar-se consigo mesma e achar uma forma de reconstruir sua vida. Não será fácil, mas você pode curar o coração por meio da Expiação de Jesus Cristo”.
Em seguida, deu-me uma bênção para que eu conseguisse compreender o papel vital que Jesus Cristo desempenha em nossa existência e permitisse que Ele fosse a fonte de força de que eu precisava.
Ao sair dessa entrevista, ainda estava desanimada: seu conselho parecia tão simples, mas ao mesmo tempo tão inatingível. Minha mãe também estava de mãos atadas, pois nada do que me dizia parecia ajudar. Lembro-me de ouvi-la dizer: “Tenha fé e esperança em nosso Salvador e deixe o tempo curar as suas feridas”.
Em minha jornada pessoal para voltar a sentir alegria, decidi levar a sério o conselho de descobrir o que verdadeiramente significava depositar minha fé no Salvador. As coisas não mudaram da noite para o dia. No entanto, dia após dia e ano após ano, com o auxílio da oração e de um testemunho crescente, passei a saber sem dúvida nenhuma que o Salvador pode curar nossas feridas.
Tenho ciência de que nem todos têm a oportunidade de ser recebidos por um apóstolo, como eu. Mas todos os homens e todas as mulheres podem ter a oportunidade — e de fato a têm — de conhecer o Salvador e depor seus fardos aos pés Dele. E sim, a presença de Jesus Cristo em nossa vida pode aliviar qualquer dor.
Sei que ter o Senhor em nossa vida pode trazer alegria a nossa existência. Ele é nosso amigo, nosso mestre e um exemplo de perseverança até o fim. Ele verdadeiramente suportou todas as coisas e sabe o que estamos sofrendo (ver Alma 7:11–12). Sua Expiação proporcionou o milagre de superar as vicissitudes desta vida em preparação para a próxima.
Sempre serei grata pelas palavras do Élder Faust e de minha mãe. Eles ajudaram-me a perceber que, seja qual for a provação, Jesus Cristo é a fonte constante de apoio e esperança de que disponho.