2011
O Milagre da Expiação
Maio de 2011


O Milagre da Expiação

Não há pecado ou transgressão, dor ou pesar, que esteja fora do poder de cura de Sua Expiação.

Elder C. Scott Grow

Enquanto preparava meu discurso para esta conferência, recebi um telefonema chocante de meu pai. Ele disse que meu irmão mais novo morrera naquela manhã, enquanto dormia. Fiquei de coração partido. Ele tinha apenas 51 anos de idade. Ao pensar nele, senti-me inspirado a compartilhar com vocês alguns acontecimentos de sua vida. Faço isso com permissão.

Quando jovem, meu irmão era bonito, simpático e extrovertido — totalmente dedicado ao evangelho. Depois de servir uma missão honrosa, casou-se com sua namorada no templo. Foram abençoados com um filho e uma filha. Tinha um futuro muito promissor.

Mas então, sucumbiu a uma fraqueza. Decidiu adotar um estilo de vida hedonista, que lhe custou a saúde, seu casamento e sua condição de membro da Igreja.

Mudou-se para longe de casa. Continuou com seu comportamento autodestrutivo por mais de uma década, mas o Salvador não Se esquecera dele nem o abandonara. Por fim, a dor de seu desespero permitiu que um espírito de humildade entrasse em sua alma. Seu sentimento de raiva, rebelião e oposição começou a desaparecer. Como o filho pródigo, ele “[tornou] em si”.1 Começou a aproximar-se do Salvador e a tomar o rumo de volta para o lar e para os pais fiéis que nunca desistiram dele.

Ele trilhou o caminho do arrependimento. Não foi fácil. Depois de ficar doze anos fora da Igreja, foi rebatizado e recebeu novamente o dom do Espírito Santo. Seu sacerdócio e as bênçãos do templo foram, por fim, restaurados.

Teve a bênção de encontrar uma mulher disposta a não se importar com os problemas de saúde decorrentes de seu estilo de vida anterior, e eles foram selados no templo. Tiveram dois filhos. Serviu fielmente no bispado por vários anos.

Meu irmão morreu na manhã do dia 7 de março, uma segunda-feira. Na noite da sexta-feira anterior, ele e a mulher foram ao templo. Na manhã de domingo, um dia antes de morrer, ele deu a aula do sacerdócio a seu grupo de sumos sacerdotes. Foi dormir naquela noite, para nunca mais acordar nesta vida — mas para erguer-se na ressurreição dos justos.

Sou grato pelo milagre da Expiação na vida de meu irmão. A Expiação do Salvador está ao alcance de todos nós, sempre.

Podemos ter acesso à Expiação por meio do arrependimento. Quando nos arrependemos, o Senhor permite que deixemos para trás os erros do passado.

“Eis que aquele que se arrependeu de seus pecados é perdoado e eu, o Senhor, deles não mais me lembro.

Desta maneira sabereis se um homem se arrepende de seus pecados — eis que ele os confessará e abandonará”.2

Todos conhecemos alguma pessoa que passou por sérios desafios na vida — alguém que se desviou ou enfraqueceu. Essa pessoa pode ser um amigo ou parente, um pai, mãe ou filho, um marido ou esposa. Essa pessoa pode ser até você.

Falo a todos, até para você. Falo do milagre da Expiação.

O Messias veio para redimir os homens da Queda de Adão.3 Tudo no evangelho de Jesus Cristo aponta para o sacrifício expiatório do Messias, o Filho de Deus.4

O plano de salvação não poderia ser levado a efeito sem uma Expiação. “Portanto o próprio Deus expia os pecados do mundo, para efetuar o plano de misericórdia, para satisfazer os requisitos da justiça, a fim de que Deus seja um Deus perfeito, justo e também um Deus misericordioso.”5

O sacrifício expiatório tinha de ser realizado por alguém sem pecado, o Filho de Deus, porque o homem decaído não podia expiar os próprios pecados.6 A Expiação tinha de ser infinita e eterna — para abranger todos os homens, por toda a eternidade.7

Por meio de Seu sofrimento e morte, o Salvador expiou os pecados de todos os homens.8 Sua Expiação teve início no Getsêmani e prosseguiu na cruz, culminando com a Ressurreição.

“Sim, [ele] será conduzido, crucificado e morto, a carne sujeitando-se à morte, a vontade do Filho sendo absorvida pela vontade do Pai.”9 Por meio de Seu sacrifício expiatório, Ele “[fez] de sua alma uma oferta pelo pecado”.10

Como Filho Unigênito de Deus, Ele herdou poder sobre a morte física. Isso Lhe permitiu conservar a vida, ao sofrer “[mais] do que o homem pode suportar sem morrer; eis que sairá sangue de cada um de seus poros, tão grande será a sua angústia pelas iniquidades e abominações de seu povo”.11

Ele não apenas pagou o preço dos pecados de todos os homens, mas também tomou “sobre si as dores e as enfermidades de seu povo”. E Ele tomou “sobre si as suas enfermidades, para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, (…) para que saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas enfermidades”.12

O Salvador sentiu o peso da angústia de toda a humanidade — a angústia do pecado e do sofrimento. “Certamente ele tomou sobre si nossas dores e carregou nossos pesares.”13

Por meio de Sua Expiação, Ele cura não apenas o transgressor, mas também o inocente que sofre por causa dessas transgressões. À medida que o inocente exerce fé no Salvador e em Sua Expiação, e perdoa o transgressor, ele também pode ser curado.

Há momentos em que todos nós “[precisamos] do alívio do sentimento de culpa causado [pelos] erros e pecados”.14 Se nos arrependermos, o Salvador removerá a culpa de nossa alma.

Por meio de Seu sacrifício expiatório, somos redimidos. Com exceção dos filhos de perdição, a Expiação está ao alcance de todos, o tempo todo, “sob condição de arrependimento, não importa quão grande ou pequeno tenha sido o pecado”.15

Por causa de Seu amor infinito, Jesus Cristo nos convida a arrepender-nos para que não tenhamos de sofrer todo o peso de nossos próprios pecados:

“[Arrepende-te] — Arrepende-te, para que (…) teus sofrimentos [não] sejam dolorosos — quão dolorosos tu não sabes, quão intensos tu não sabes, sim, quão difíceis de suportar tu não sabes.

Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam;

Mas se não se arrependerem, terão que sofrer assim como eu sofri;

Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito.”16

O Salvador oferece cura para os que sofrem devido ao pecado: “Não volvereis a mim agora, arrependendo-vos de vossos pecados e convertendo-vos, para que eu vos cure?”17

Jesus Cristo é o Grande Médico de nossa alma. Com exceção dos pecados de perdição, não há pecado ou transgressão, dor ou pesar, que esteja fora do alcance do poder de cura de Sua Expiação.

Quando pecamos, Satanás nos diz que estamos perdidos. Por outro lado, nosso Redentor oferece redenção a todos, não importa o que tenhamos feito de errado, tanto para vocês quanto para mim.

Ao refletir sobre sua própria vida, há coisas que você precisa mudar? Você cometeu erros que ainda precisam ser corrigidos?

Se estiver tendo sentimentos de culpa, remorso, amargura, ira ou perda de fé, convido-o a buscar alívio. Arrependa-se e abandone seus pecados. Depois, em oração, peça a Deus que o perdoe. Busque o perdão daqueles que você magoou. Perdoe os que o injuriaram. Perdoe a si mesmo.

Procure o bispo, se necessário. Ele é o mensageiro de misericórdia do Senhor. Ele vai ajudá-lo em sua luta para tornar-se limpo por meio do arrependimento.

Entregue-se à oração e ao estudo das escrituras. Ao fazer isso, sentirá a influência santificadora do Espírito. O Salvador disse: “[Santificai-vos]; sim, purificai o coração e lavai as mãos (…) perante mim, para que eu vos torne limpos”.18

Ao tornar-nos puros pelo poder de Sua Expiação, o Salvador torna-Se nosso Advogado junto ao Pai, rogando:

“Pai, contempla os sofrimentos e a morte daquele que não cometeu pecado, em quem te rejubilaste; contempla o sangue de teu Filho, que foi derramado, o sangue daquele que deste para que fosses glorificado;

Portanto, Pai, poupa estes meus irmãos que creem em meu nome, para que venham a mim e tenham vida eterna”.19

Todos recebemos a dádiva do arbítrio moral. “Os homens são livres (…) para escolher a liberdade e a vida eterna por meio do grande Mediador de todos os homens, ou para escolherem o cativeiro e a morte, de acordo com o (…) poder do diabo.”20

Há vários anos, meu irmão exerceu seu arbítrio quando escolheu um estilo de vida que lhe custou a saúde, a família e sua condição de membro da Igreja. Anos depois, ele exerceu esse mesmo arbítrio quando decidiu se arrepender, tornar sua vida condizente com os ensinamentos do Salvador e literalmente nascer de novo por meio do poder da Expiação.

Presto testemunho do milagre da Expiação. Vi seu poder de cura na vida de meu irmão, e na minha própria vida. O poder de cura e de redenção oferecido pela Expiação está ao alcance de todos nós — sempre.

Testifico-lhes que Jesus é o Cristo — o Médico de nossa alma. Oro para que cada um decida aceitar o convite do Salvador: “Não volvereis a mim agora, arrependendo-vos de vossos pecados e convertendo-vos, para que eu vos cure?”21 Em nome de Jesus Cristo. Amém.