Decidi Ouvir
Nancy Williamson Gibbs, Colorado, EUA
Há muitos anos, comecei a ter a sensação persistente de que precisava montar um livro de receitas da família, que contivesse também receitas de parentes mais afastados. Deixei a ideia de lado. Pensava comigo mesma: “Não tenho tempo para fazer um fútil livro de receitas! Tenho seis filhos agitados! Montar livros de receitas é para as mães que passam o dia fazendo pães caseiros e rosquinhas de canela. Não tenho tempo para isso!”
Mas aquele sentimento ainda me perseguiu durante anos, até que um dia, finalmente, decidi levar a ideia a sério. Perguntei-me quem, em minha família, gostaria de participar. Eu era o único membro da Igreja na família. Meus pais eram falecidos, eu não tinha irmãos, e a maioria dos outros parentes morava longe. Contudo, decidi dar ouvidos àquela inspiração mesmo assim.
Entrei em contato com meus familiares e expliquei-lhes que estava montando um livro de receitas da família e pedi-lhes que me mandassem receitas. Durante o ano que se seguiu, recebi diversas receitas. Alguns parentes mandaram também relatos e fotografias da família. Isso me inspirou a entrevistar meus parentes vivos mais idosos e reunir as histórias de nossa família, que decidi incluir no livro.
Na montagem do livro, percebi que nem sequer conhecia muitos dos membros da família que haviam enviado as receitas. Por essa razão, decidi incluir também uma árvore genealógica. Solicitei os dados pessoais de todo mundo, coloquei-os na árvore da família e acrescentei ao manuscrito.
Ao fazer a última revisão do livro depois de montado, parei na página da árvore genealógica e subitamente senti-me subjugada pelo Espírito. Não pude conter as lágrimas ao perceber de modo pungente o motivo pelo qual eu devia montar aquele “fútil” livro de receitas. Não se tratava, na verdade, de um livro de receitas. Eu havia colecionado nomes e datas de gerações de antepassados. Todas aquelas pessoas poderiam então receber as ordenanças do templo. Além disso, eu tinha preservado histórias maravilhosas para as gerações vindouras.
Hoje mantenho regularmente contato com vários primos e desfruto um relacionamento maravilhoso com meus parentes. Quando olho para meu livro de receitas, penso sempre na escritura: “Portanto, não vos canseis de fazer o bem, porque estais lançando o alicerce de uma grande obra. E de pequenas coisas provém aquilo que é grande” (D&C 64:33). Ainda me assombro quando paro para pensar em todas as coisas alegres e maravilhosas que resultaram do fato de eu seguir uma inspiração e montar um simples livro de culinária.