2013
Nunca Andamos Sozinhos
Novembro de 2013


Nunca Andamos Sozinhos

Um dia olharão para trás, para suas dificuldades, e perceberão que Ele sempre esteve a seu lado.

Minhas queridas irmãs, o espírito que sentimos nesta noite é um reflexo de sua força, sua devoção e sua bondade. Citando o Mestre: “Vós sois o sal da terra (…). Vós sois a luz do mundo”.1

Ao refletir sobre minha oportunidade de falar a vocês, lembrei-me do amor que minha querida esposa, Francis, tinha pela Sociedade de Socorro. Durante toda a sua vida, ela serviu em muitos cargos na Sociedade de Socorro. Quando nós dois tínhamos 31 anos de idade, fui chamado para ser o presidente da missão canadense. Durante os três anos daquela designação, Francis presidiu todas as Sociedades de Socorro daquela vasta área, que abrange as províncias de Ontário e Quebec. Algumas de suas amizades mais chegadas foram fruto daquela designação, bem como dos muitos outros chamados que ela ocupou mais tarde na Sociedade de Socorro em nossa própria ala. Ela era uma fiel filha de nosso Pai Celestial, minha amada companheira e minha mais querida amiga. Sinto muita saudade dela, mais do que consigo expressar.

Eu também amo a Sociedade de Socorro. Testifico a vocês que ela foi organizada por inspiração e que é uma parte vital da Igreja do Senhor aqui na Terra. Seria impossível calcular todo o bem proveniente dessa organização e todas as vidas que foram abençoadas por causa dela.

A Sociedade de Socorro é composta de uma grande variedade de mulheres. Há aquelas de vocês que são solteiras — talvez estudando, talvez trabalhando — mas desenvolvendo uma vida plena e rica. Algumas de vocês são mães atarefadas de crianças pequenas. Outras perderam o marido por causa do divórcio ou da morte e estão enfrentando dificuldades para criar seus filhos sem a ajuda de um marido e pai. Algumas de vocês já criaram seus filhos mas perceberam que eles continuam a ter necessidade de sua ajuda. Há muitas de vocês que têm pais idosos que exigem um cuidado amoroso e só vocês podem oferecer.

Onde quer que estejamos na vida, há momentos em que todos nós temos desafios e dificuldades. Embora eles sejam diferentes para cada um de nós, são comuns a todos.

Muitos dos desafios que enfrentamos existem porque vivemos neste mundo mortal, povoado por todo tipo de pessoas. Às vezes, perguntamos em desespero: “Como posso manter os olhos fitos no celestial enquanto navego por este mundo telestial?”

Haverá ocasiões em que vocês percorrerão um caminho cheio de espinhos e repleto de dificuldades. Haverá ocasiões em que vocês se sentirão distantes — até isoladas — Daquele que concede todas as boas dádivas. Vocês se preocupam, achando que caminham sozinhas. O temor substitui a fé.

Quando vocês se virem nessas circunstâncias, peço que se lembrem de orar. Adoro as palavras do Presidente Ezra Taft Benson a respeito da oração. Ele disse:

“Durante toda a minha vida, o conselho de confiar na oração foi valorizado acima de quase todos os outros conselhos que (…) recebi. Ele se tornou uma parte integral de mim: uma âncora, uma constante fonte de forças e a base de meu conhecimento das coisas divinas. (…)

Embora surjam revezes, na oração podemos encontrar consolo e segurança, porque Deus transmite paz à alma. Essa paz, esse espírito de serenidade, é a maior das bênçãos da vida”.2

O Apóstolo Paulo admoestou:

“As vossas petições sejam (…) conhecidas diante de Deus. (…)

E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”.3

Que gloriosas promessas! É a paz que buscamos, é por ela que ansiamos.

Não fomos colocados aqui na Terra para caminhar sozinhos. Que extraordinária fonte de força, poder e consolo está disponível para cada um de nós. Aquele que nos conhece melhor do que nós mesmos, Aquele que vê o quadro total e que conhece o fim desde o princípio assegurou-nos de que estará a nosso lado para nos ajudar se simplesmente pedirmos. Temos a promessa: “Orai sempre e sede crentes; e todas as coisas contribuirão para o vosso bem”.4

À medida que nossas orações ascendem ao céu, não esqueçamos as palavras ensinadas pelo Salvador. Quando Ele enfrentou a excruciante agonia do Getsêmani e da Cruz, orou ao Pai, dizendo: “Não se faça a minha vontade, mas a tua”.5 Por mais difícil que seja, às vezes, cabe a nós também confiar que o Pai Celestial sabe melhor como e quando e de que modo prover a ajuda que buscamos.

Adoro estas palavras do poeta:

Não sei por quais métodos raros

Mas isto eu sei: Deus responde as orações.

Sei que Ele deu Sua Palavra

Que me diz que a oração é sempre ouvida

E será respondida, cedo ou tarde,

Então oro e espero serenamente.

Não sei se a bênção pedida

Virá da maneira que imaginei,

Mas deixo minhas orações aos cuidados Dele

Que é mais sábio do que eu,

Com a certeza de que Ele atenderá meu pedido

Ou me enviará uma resposta bem mais abençoada.6

Evidentemente, a oração não é apenas para os momentos de dificuldades. As escrituras nos dizem muitas vezes que devemos “orar sempre”7 e manter uma oração no coração.8 As palavras de um hino conhecido e favorito servem bem para perguntarmos a nós mesmos todos os dias: “Com fervor fizeste a prece?”9

Junto com a oração para ajudar-nos a lidar com nosso mundo frequentemente difícil, contamos com o estudo das escrituras. As palavras de verdade e inspiração encontradas em nossas quatro obras-padrão são um tesouro muito valioso para mim. Nunca me canso de lê-las. Sinto-me elevado espiritualmente sempre que examino as escrituras. Essas palavras sagradas de verdade e amor orientam minha vida e me apontam o caminho para a perfeição eterna.

Ao ler e ponderar as escrituras, sentimos os doces sussurros do Espírito para nossa alma. Podemos encontrar respostas para nossas dúvidas. Aprendemos a respeito das bênçãos que advêm por cumprirmos os mandamentos de Deus. Adquirimos um testemunho seguro de nosso Pai Celestial e de nosso Salvador, Jesus Cristo, e do amor Deles por nós. Quando o estudo das escrituras é aliado a nossas orações, podemos ter a certeza de que o evangelho de Jesus Cristo é verdadeiro.

O Presidente Gordon B. Hinckley disse o seguinte: “Que o Senhor abençoe cada um de nós aqui para que nos banqueteemos em Suas santas palavras e tiremos delas a força, a paz e o conhecimento ‘que excede todo o entendimento’ (Filipenses 4:7)”.10

À medida que nos lembramos de orar e reservamos um tempo para voltar-nos para as escrituras, nossa vida será infinitamente mais abençoada e nossos fardos serão aliviados.

Gostaria de compartilhar com vocês o relato de como nosso Pai Celestial respondeu à oração e súplica de uma mulher e proporcionou-lhe a paz e a segurança que ela buscava tão desesperadamente.

As dificuldades de Tiffany começaram quando ela recebeu visitas em sua casa no Dia de Ação de Graças e depois novamente no Natal. O marido havia terminado a faculdade de medicina e estava então no segundo ano da residência médica. Devido às longas horas de trabalho que lhe eram exigidas, ele não podia ajudá-la tanto quanto ambos gostariam, então a maior parte do que era preciso ser feito durante aquela época festiva ficou aos cuidados de Tiffany, além da tarefa de cuidar dos quatro filhos pequenos. Ela estava ficando sobrecarregada quando então ficou sabendo que uma pessoa que lhe era querida estava com câncer. O estresse e a preocupação começaram a pesar em sua vida, e ela caiu em um período de desânimo e depressão. Buscou ajuda médica, mas nada mudou. Seu apetite desapareceu, e ela começou a perder peso, algo que a sua compleição delicada mal podia suportar. Buscou paz nas escrituras e orou para ser libertada da tristeza que a acometia. Quando nem a paz nem a ajuda pareciam vir, ela começou a sentir-se abandonada por Deus. Sua família e seus amigos oraram por ela, tentando desesperadamente ajudar. Levaram-lhe seus pratos favoritos, tentando mantê-la fisicamente saudável, mas ela só conseguia engolir pedacinhos e não conseguia terminar de comer.

Num dia particularmente difícil, uma amiga tentou em vão animá-la com pratos que ela sempre havia adorado. Quando nada funcionou, a amiga disse: “Deve haver alguma coisa que lhe pareça boa”.

Tiffany pensou um pouco e disse: “A única coisa em que consigo pensar que me parece bom é pão feito em casa”.

Mas não havia nenhum à mão.

Na tarde seguinte, a campainha da casa de Tiffany tocou. O marido, que por acaso estava em casa, foi atender à porta. Quando voltou, trazia um pão feito em casa. Tiffany ficou admirada quando ele disse que havia sido entregue por uma mulher chamada Sherrie, que eles mal conheciam. Ela era amiga da irmã de Tiffany, Nicole, que morava em Denver, Colorado. Sherrie havia sido brevemente apresentada a Tiffany e ao marido, vários meses antes, quando Nicole e sua família passaram o Dia de Ação de Graças com Tiffany. Sherrie, que morava em Omaha, tinha ido até a casa de Tiffany com Nicole.

Então, meses mais tarde, com o delicioso pão na mão, Tiffany ligou para sua irmã, Nicole, para lhe agradecer por ter enviado Sherrie numa missão de misericórdia. Em vez disso, ficou sabendo que Nicole não havia pedido que ela fizesse aquela visita e nem tinha conhecimento disso.

O restante da história se revelou quando Nicole ligou para sua amiga Sherrie, a fim de descobrir o que a havia levado a entregar aquele pão. O que ela descobriu foi uma inspiração para ela, para Tiffany e para Sherrie — e é uma inspiração para mim.

Naquela manhã em que ela entregou o pão, Sherrie foi inspirada a fazer dois pães, em vez de apenas um, como ela tinha planejado. Disse que se sentiu inspirada a levar o segundo pão consigo no carro naquele dia, embora não soubesse o motivo disso. Depois do almoço na casa de uma amiga, sua filha de um ano começou a chorar, tendo que ser levada para casa a fim de tirar uma soneca. Sherrie hesitou quando teve o inconfundível sentimento de que precisava entregar aquele pão extra para a irmã de Nicole, Tiffany, que morava a 30 minutos do outro lado da cidade e que ela mal conhecia. Tentou racionalizar e afastar o pensamento, querendo levar para casa a filha que estava muito cansada e sentido-se meio sem graça de entregar um pão a uma pessoa quase desconhecida. No entanto, o sentimento de que deveria ir à casa de Tiffany foi tão forte que ela atendeu à inspiração.

Quando chegou, o marido de Tiffany atendeu à porta. Sherrie lembrou a ele que ela era a amiga de Nicole, que ele havia conhecido rapidamente no Dia de Ação de Graças, entregou-lhe o pão e foi embora.

O que aconteceu foi que o Senhor enviou uma pessoa praticamente desconhecida para o outro lado da cidade a fim de entregar não apenas o tão desejado pão caseiro, mas também uma clara mensagem de amor para Tiffany. O que aconteceu a ela não pode ser explicado de nenhuma outra forma. Ela tinha uma necessidade urgente de sentir que não estava sozinha, que Deus estava ciente dela e que não a havia abandonado. Aquele pão — exatamente aquilo que ela queria — foi-lhe entregue por alguém que ela mal conhecia, alguém que não tinha conhecimento de suas necessidades, mas que ouviu os sussurros do Espírito e seguiu a inspiração. Ficou óbvio para Tiffany que seu Pai Celestial estava ciente de suas necessidades e que a amava o suficiente para enviar-lhe ajuda. Ele tinha respondido a seu clamor por alívio.

Minhas queridas irmãs, seu Pai Celestial as ama — ama a cada uma de vocês. Esse amor nunca muda. Não é influenciado por sua aparência, por suas posses ou pela quantia de dinheiro que vocês têm em sua conta bancária. Não muda por causa de seus talentos ou de sua capacidade. Ele simplesmente está lá. Está lá para vocês quando estiverem tristes ou felizes, desanimadas ou esperançosas. O amor de Deus está lá para vocês, quer sintam que o mereçam ou não. Ele está sempre lá, simples assim.

Ao buscarmos nosso Pai Celestial por meio de fervorosa e sincera oração e de ardoroso e dedicado estudo das escrituras, nosso testemunho será fortalecido e criará raízes mais profundas. Conheceremos o amor de Deus por nós. Compreenderemos que nunca caminhamos sozinhos. Prometo a vocês que um dia olharão para trás, para suas dificuldades, e perceberão que Ele sempre esteve a seu lado. Sei que isso é verdade com o falecimento de minha companheira eterna — Frances Beverly Johnson Monson.

Deixo-lhes a minha bênção. Deixo com vocês minha gratidão por todo o bem que vocês fazem e pela vida que levam. É minha oração que vocês sejam abençoadas com todas as boas dádivas, em nome de nosso Salvador e Redentor, sim, Jesus Cristo, o Senhor. Amém.