2013
Decisões para a Eternidade
Novembro de 2013


Decisões para a Eternidade

O uso sábio de nossa liberdade para tomar nossas próprias decisões é fundamental para nosso crescimento espiritual, agora e na eternidade.

Meus queridos irmãos e irmãs, cada dia é um dia de decisão. O Presidente Thomas S. Monson nos ensinou que “as decisões determinam nosso destino”.1 O uso sábio de nossa liberdade para tomar nossas próprias decisões é fundamental para nosso crescimento espiritual, agora e na eternidade. Nunca somos jovens demais para aprender nem velhos demais para mudar. Nossos anseios em aprender e mudar vêm de um esforço divinamente instilado para alcançarmos o progresso eterno.2 Cada dia traz oportunidades para que tomemos decisões para a eternidade.

Somos seres eternos — filhos espirituais de pais celestes. A Bíblia registra que “criou Deus o homem à sua imagem; (…) homem e mulher os criou”.3 Recentemente ouvi um coro de crianças cantarem o querido hino “Sou um Filho de Deus”.4 Perguntei-me: “Por que não ouço esse hino ser cantado mais vezes por mães ou pais fiéis?” Não somos todos filhos de Deus? Na verdade, nenhum de nós pode deixar de ser filho de Deus!

Como filhos de Deus, devemos amá-Lo de todo o coração e de toda a alma, ainda mais do que amamos nossos pais terrenos.5 Devemos amar nossos semelhantes como irmãos e irmãs. Nenhum outro mandamento é maior do que esses dois.6 E devemos sempre reverenciar o valor da vida humana, em cada um de seus muitos estágios.

As escrituras ensinam que o corpo e o espírito são a alma do homem.7 Como seres duais, cada um de vocês pode agradecer a Deus por essa dádiva inestimável de seu corpo e de seu espírito.

O Corpo Humano

Meus anos de profissão como médico fizeram com que eu adquirisse um profundo respeito pelo corpo humano. Criado por Deus como dádiva para nós, ele é absolutamente assombroso! Pense em seus olhos que veem, ouvidos que ouvem e dedos que sentem todas as coisas maravilhosas a seu redor. Seu cérebro permite que vocês aprendam, pensem e raciocinem. Seu coração bombeia sangue incansavelmente, dia e noite, quase sem que vocês o percebam.8

Seu corpo se protege. A dor vem como aviso de que algo está errado e precisa de atenção. As doenças infecciosas atacam de tempos em tempos e, quando isso acontece, são formados anticorpos que aumentam sua resistência a uma infecção subsequente.

Seu corpo repara a si mesmo. Os cortes e machucados saram. Os ossos quebrados podem se tornar fortes novamente. Citei apenas uma minúscula amostra das muitas qualidades impressionantes do corpo que nos foi concedido por Deus.

Mesmo assim, parece que em toda família, senão em toda pessoa, existem alguns problemas físicos que exigem cuidados especiais.9 Um padrão para conseguirmos lidar com esses desafios nos foi dado pelo Senhor. Ele disse: “Dou a fraqueza aos homens a fim de que sejam humildes; (…) porque caso se humilhem (…) e tenham fé em mim, então farei com que as coisas fracas se tornem fortes para eles”.10

Espíritos extraordinários muitas vezes são abrigados em corpos imperfeitos.11 A dádiva de um corpo assim pode na verdade fortalecer a família à medida que os pais e irmãos edificam de boa vontade a sua vida em torno daquele filho nascido com necessidades especiais.

O processo de envelhecimento também é uma dádiva de Deus, assim como a morte. A morte final de seu corpo mortal é essencial para o grande plano de felicidade estabelecido por Deus.12 Por quê? Porque a morte permite que seu espírito retorne a Ele.13 Do ponto de vista eterno, a morte somente é prematura para aqueles que não estão preparados para se encontrar com Deus.

Visto que nosso corpo é uma parte tão essencial do plano eterno de Deus, não é de se admirar que o Apóstolo Paulo o tenha descrito como um “templo de Deus”.14 Toda vez que nos olhamos no espelho, vemos nosso corpo como o nosso templo. Essa verdade — renovada com gratidão a cada dia — pode influenciar positivamente nossas decisões sobre como vamos cuidar de nosso próprio corpo e como vamos usá-lo. E essas decisões determinarão nosso destino. Como isso pode acontecer? Porque o corpo é o templo de nosso espírito. E o modo como usamos nosso corpo afeta nosso espírito. Algumas das decisões que vão determinar nosso destino eterno incluem:

  • De que modo decidiremos como vamos cuidar de nosso corpo e usá-lo?

  • Que atributos espirituais vocês vão decidir desenvolver?

O Espírito Humano

Seu espírito é uma entidade eterna. O Senhor disse a seu profeta Abraão: “Abraão, (…) foste escolhido antes de nasceres”.15 O Senhor disse algo semelhante a respeito de Jeremias16 e de muitos outros.17 Ele disse o mesmo até a respeito de vocês.18

Seu Pai Celestial já os conhece há muito tempo. Vocês, como Seus filhos e Suas filhas, foram escolhidos por Ele para vir à Terra precisamente nesta época, para ser um líder em Sua grandiosa obra na Terra.19 Vocês não foram escolhidos por suas características corpóreas mas por seus atributos espirituais, tais como bravura, coragem, integridade de coração, sede de verdade, fome de sabedoria e desejo de servir ao próximo.

Vocês desenvolveram alguns desses atributos na pré-mortalidade. Outros vocês podem desenvolver aqui na Terra20 se persistentemente os buscarem.21

Um atributo espiritual essencial é o do autodomínio — a força de colocar a razão acima do apetite. O autodomínio edifica uma consciência forte. E sua consciência determina suas respostas morais em situações difíceis e tentadoras que os põem à prova. O jejum ajuda seu espírito a desenvolver domínio sobre seus apetites físicos. O jejum também aumenta seu acesso à ajuda celestial à medida que intensifica suas orações. Por que necessitamos de autodomínio? Deus implantou dentro de nós fortes apetites por nutrição e amor, que são vitais para que a família humana seja perpetuada.22 Quando dominamos nossos apetites dentro das leis de Deus, podemos desfrutar uma vida mais longa, mais amor e imensa alegria.23

Não é de surpreender, portanto, que a maioria das tentações para que nos desviemos do plano de felicidade estabelecido por Deus venha por meio do mau uso desses apetites essenciais que nos foram dados por Deus. O controle de nossos apetites nem sempre é fácil. Nenhum de nós os domina perfeitamente.24 Acontecem erros. Cometemos enganos. Pecados são cometidos. O que podemos fazer então? Podemos aprender com eles. E podemos nos arrepender sinceramente.25

Podemos mudar nosso comportamento. Nossos próprios desejos podem mudar. Como? Existe apenas um meio. A verdadeira mudança — a mudança permanente — somente pode vir pelo poder curador, purificador e capacitador da Expiação de Jesus Cristo.26 Ele ama vocês — cada um de vocês!27 Ele permite que vocês tenham acesso a Seu poder à medida que guardarem Seus mandamentos com avidez, sensibilidade, sinceridade e precisão. É tão simples e claro assim. O evangelho de Jesus Cristo é um evangelho de mudanças!28

Um forte espírito humano, que controla os apetites da carne, domina suas emoções e paixões e não é escravo delas. Esse tipo de liberdade é vital para o espírito, assim como o oxigênio é para o corpo! A liberdade da autoescravidão é uma libertação verdadeira!29

Somos “livres para escolher a liberdade e a vida eterna (…) ou para [escolher] o cativeiro e a morte”.30 Quando escolhemos o caminho mais elevado rumo à liberdade e a vida eterna, esse caminho inclui o casamento.31 Os santos dos últimos dias proclamam que “o casamento entre homem e mulher foi ordenado por Deus e que a família é essencial ao plano do Criador para o destino eterno de Seus filhos”. Também sabemos que o “sexo (masculino ou feminino) é uma característica essencial da identidade e do propósito pré-mortal, mortal e eterno de cada um”.32

O casamento entre um homem e uma mulher é fundamental para a doutrina do Senhor e essencial para o plano eterno de Deus. O casamento de um homem e uma mulher é o padrão de Deus para uma plenitude de vida na Terra e no céu. O padrão de casamento estabelecido por Deus não pode ser utilizado indevidamente, mal compreendido ou distorcido.33 Não se quisermos ter a verdadeira alegria. O padrão de casamento estabelecido por Deus protege o poder sagrado de procriação e a alegria da verdadeira intimidade conjugal.34 Sabemos que Adão e Eva foram casados por Deus antes de vivenciarem a alegria de se unirem como marido e mulher.35

Em nossos dias, os governos civis têm absoluto interesse em proteger o casamento porque as famílias fortes constituem a melhor maneira de proporcionar saúde, educação, bem-estar e prosperidade para as novas gerações.36 Mas os governos civis são fortemente influenciados pelas tendências sociais e pelas filosofias seculares ao elaborarem, reescreverem e implantarem leis. Independentemente de quais leis civis sejam implantadas, a doutrina do Senhor em relação ao casamento e à moralidade não pode ser mudada.37 Lembrem-se: o pecado, mesmo que legalizado pelo homem, continua sendo pecado aos olhos de Deus!

Embora devamos imitar a bondade e a compaixão de nosso Salvador, embora devamos valorizar os direitos e os sentimentos de todos os filhos de Deus, não podemos mudar a Sua doutrina. Não nos cabe mudá-la. Sua doutrina é nossa para estudarmos, compreendemos e apoiarmos.

O modo de vida do Salvador é bom. Seu modo inclui a castidade antes do casamento e total fidelidade dentro do casamento.38 O modo do Senhor é a única maneira de vivenciarmos a felicidade duradoura. Seu modo proporciona consolo contínuo para nossa alma e paz duradoura para nosso lar. E, melhor de tudo, Seu modo nos leva de volta à presença Dele e de nosso Pai Celestial, para a vida eterna e a exaltação.39 Essa é a própria essência da obra e glória de Deus.40

Meus queridos irmãos e irmãs, cada dia é um dia de decisão, e nossas decisões determinam nosso destino. Um dia, cada um de nós estará diante do Senhor para ser julgado.41 Cada um de nós terá uma entrevista pessoal com Jesus Cristo.42 Prestaremos contas das decisões que tomamos a respeito de nosso corpo, de nossos atributos espirituais e de como honramos o padrão de Deus para o casamento e a família. Que sejamos sábios nas decisões que tomamos a cada dia para a eternidade, é minha sincera oração no sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Thomas S. Monson, “Decisions Determine Destiny”, serão do Sistema Educacional da Igreja, 6 de novembro de 2005, speeches.byu.edu.

  2. O conceito de progresso eterno foi retratado muito bem por W. W. Phelps em sua letra do hino “If You Could Hie to Kolob” (Hymns, nº 284). Lemos na quarta estrofe: “Não há fim para a virtude; / Não há fim para o poder; / Não há fim para a sabedoria; / Não há fim para a luz. / Não há fim para a união; / Não há fim para a juventude; / Não há fim para o sacerdócio; / Não há fim para a verdade”. E a quinta estrofe conclui: “Não há fim para a glória; / Não há fim para o amor; / Não há fim para a existência; / Não há morte no céu”.

  3. Gênesis 1:27; ver também Colossenses 3:10; Alma 18:34; Éter 3:15; Moisés 6:9.

  4. “Sou um Filho de Deus”, Hinos, nº 193.

  5. Ver Mateus 10:37.

  6. Ver Marcos 12:30–31.

  7. Ver Doutrina e Convênios 88:15.

  8. Outros mecanismos concedidos por Deus também estão em funcionamento no corpo. Elementos como o sódio, o potássio e o cálcio e compostos como a água, a glicose e as proteínas são essenciais para a sobrevivência. O corpo lida com gases como o oxigênio e o dióxido de carbono. Produz hormônios como a insulina, a adrenalina e a tiroxina. Os níveis de cada um deles e de muitos outros constituintes do corpo são autorregulados dentro de certos limites. Existe um relacionamento servo-regulatório entre as glândulas do corpo. A hipófise, por exemplo, na base do cérebro, emite um hormônio que estimula o córtex das glândulas suprarrenais a produzir hormônios córtico-suprarrenais. A elevação dos hormônios corticais, por sua vez, suprime a produção de hormônios estimulantes pela hipófise, e vice-versa. Nossa temperatura corpórea é mantida numa faixa de normalidade em torno de 37˚C, quer estejamos no Equador ou no Polo Norte.

  9. Alguns problemas são facilmente visíveis, outros são latentes. Alguns são genéticos, outros não. Algumas pessoas são predispostas a contrair câncer, outras têm alergias e assim por diante. Cada um de nós deve ficar alerta às suas próprias áreas de fraqueza e aprender o que o Senhor deseja ensinar, que a fraqueza pode se tornar um ponto forte.

  10. Éter 12:27.

  11. Alguns problemas não serão plenamente corrigidos até a Ressurreição, quando “todas as coisas serão restauradas na sua própria e perfeita estrutura” (Alma 40:23).

  12. Ver Alma 42:8.

  13. O salmista escreveu: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (Salmos 116:15). A morte é preciosa porque é uma “volta ao lar” para os santos do Senhor.

  14. I Coríntios 3:16; ver também 6:19.

  15. Abraão 3:23.

  16. Ver Jeremias 1:5.

  17. Ver Alma 13:2–3.

  18. Ver Doutrina e Convênios 138:55–56.

  19. Ver Alma 13:2–3; Doutrina e Convênios 138:38–57.

  20. Os atributos “da fé, da virtude, do conhecimento, da temperança, da paciência, da bondade fraternal, da piedade, da caridade, da humildade [e] da diligência” (Doutrina e Convênios 4:6) estão entre os dons espirituais que podemos desenvolver e que podem nos ser concedidos. A gratidão é outro atributo espiritual que pode ser desenvolvido. A gratidão molda o estado de humor e a produtividade. E, quando espiritualmente “nascemos de Deus”, podemos receber com gratidão a Sua imagem em nosso semblante (ver Alma 5:14).

  21. Ver I Coríntios 12; 14:1–12; Morôni 10:8–19; Doutrina e Convênios 46:10–29.

  22. Alguns são tentados a comer demais. “A obesidade atingiu proporções epidêmicas no mundo inteiro, com pelo menos 2,8 milhões de pessoas que morrem a cada ano devido ao excesso de peso” (“10 Facts on Obesity”, World Health Organization, março de 2013, www.who.int/features/factfiles/obesity/en). Outros são tentados a comer bem pouco. A anorexia e a bulimia arrasam muitas vidas, casamentos e famílias. E alguns são tentados por apetites sexuais proibidos por nosso Criador. Os esclarecimentos se encontram no Manual 2: Administração da Igreja, que declara: “A lei de castidade dada pelo Senhor significa abstinência de qualquer relação sexual fora dos laços do matrimônio e a fidelidade no casamento. (…) O adultério, a fornicação, as relações homossexuais ou lésbicas e todas as outras práticas profanas, contrárias à natureza ou impuras, são pecaminosas”. Ainda citando o manual: “O comportamento homossexual viola os mandamentos de Deus, é contrário aos propósitos da sexualidade humana, e impede as pessoas de receberem as bênçãos que só são encontradas na vida em família e nas ordenanças de salvação do evangelho. (…) Embora se oponha ao comportamento homossexual, a Igreja expressa compreensão e respeito aos que se sentem atraídos por pessoas do mesmo sexo” (2010, 21.4.5; 21.4.6).

  23. Ver I Coríntios 6:9–20; Tiago 1:25–27; Doutrina e Convênios 130:20–21. Devemos sempre lembrar que “os homens existem para que tenham alegria” (2 Néfi 2:25).

  24. A mortalidade é um período de teste, conforme explicado nas escrituras: “E assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar” (Abraão 3:25).

  25. Ver Mosias 4:10; Alma 39:9; Helamã 15:7. O Manual 2 inclui esta mensagem: “O comportamento homossexual pode ser perdoado por meio de arrependimento sincero” (21.4.6).

  26. Por meio da Expiação de Jesus Cristo e pela obediência aos princípios do evangelho, toda a humanidade pode ser salva (ver Doutrina e Convênios 138:4; Regras de Fé 1:3).

  27. Ver Éter 12:33–34; Morôni 8:17.

  28. Ver Mosias 5:2; Alma 5:12–14.

  29. Ver Romanos 8:13–17; Gálatas 5:13–25; Doutrina e Convênios 88:86.

  30. 2 Néfi 2:27.

  31. Ver Doutrina e Convênios 131:1–4.

  32. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, novembro de 2010, última contracapa.

  33. Ver Mateus 19:4–6; Mosias 29:26–27; Helamã 5:2.

  34. Cada pessoa nasce com uma identidade, cromossomos e DNA (ácido desoxirribonucleico) exclusivos. O DNA é uma molécula que codifica as instruções genéticas utilizadas no desenvolvimento e funcionamento das células vivas. O DNA de cada pessoa é criado quando o DNA de um pai e de uma mãe se combinam para criar o DNA de um novo corpo: uma parceria entre pai, mãe e filho.

  35. Ver Gênesis 2:24–25; 3:20–21; 4:1–2, 25.

  36. O Dr. Patrick F. Fagan escreveu: “O indispensável tijolo do qual depende as fortunas da economia é a família cujos pais são casados — especialmente a família cheia de filhos que adora ao Senhor todas as semanas. Todo casamento cria uma nova família, uma unidade econômica independente que gera renda, gasta, economiza e investe” (“The Family GDP: How Marriage and Fertility Drive the Economy”, The Family in America, vol. 24, nº 2, primavera de 2010, p. 136).

  37. Ver Êxodo 20:14; Levítico 18:22; 20:13; Deuteronômio 5:18; Mateus 5:27–28; Marcos 10:19; Lucas 18:20; Romanos 1:26–27; 13:9; Mosias 13:22; 3 Néfi 12:27–28; Doutrina e Convênios 42:24; 59:6.

  38. Ver Gordon B. Hinckley, “This Thing Was Not Done in a Corner”, Ensign, novembro de 1996, p. 49.

  39. Ver Doutrina e Convênios 14:7.

  40. Ver Moisés 1:39.

  41. Ver 2 Néfi 9:41, 46; Mosias 16:10.

  42. Seremos julgados de acordo com nossas obras e o desejo de nosso coração (ver Doutrina e Convênios 137:9; ver também Hebreus 4:12; Alma 18:32; Doutrina e Convênios 6:16; 88:109).