2015
Você Não Está Sozinho no Trabalho
Novembro de 2015


Você Não Está Sozinho no Trabalho

Ao passarem de um serviço do sacerdócio a outro, vocês verão que o Senhor está no trabalho com vocês.

Meus amados irmãos, somos gratos pelo Senhor ter chamado o Élder Ronald A. Rasband, o Élder Gary E. Stevenson e o Élder Dale G. Renlund como apóstolos do Senhor Jesus Cristo. Nosso coração, nossas orações e nossa fé os apoiam.

Sabemos de sua grande capacidade. Ainda assim, eles precisarão sentir-se reconfortados em seu chamado, como todos nós, de que o Senhor está com eles no trabalho. O mais jovem diácono precisa dessa confiança, assim como o sumo sacerdote mais experiente ao receber um novo chamado.

Essa confiança cresce à medida que entendemos que Ele nos chamou por meio de Seus servos. Meu desejo é ajudá-los a saber que, quando vocês fazem sua parte, o Senhor acrescenta o poder Dele aos seus esforços.

Qualquer chamado que recebemos no reino do Senhor exige mais do que o nosso discernimento humano e a nossa capacidade pessoal. Esses chamados exigem a ajuda do Senhor, e ela virá. Mesmo o jovem diácono aprenderá, agora e ao longo dos anos, que isso é verdade.

Um de meus netos está aqui esta noite, em sua primeira sessão geral do sacerdócio. Ele foi ordenado diácono há seis dias. Ele vai realizar um dever do sacerdócio pela primeira vez ao distribuir o sacramento no domingo que vem. Oro para que ele enxergue esse momento como ele realmente é.

Ele pode pensar que seu trabalho para o Senhor seja passar a bandeja do sacramento para as pessoas sentadas na reunião sacramental. Mas o propósito do Senhor não é apenas que as pessoas partilhem do pão e da água. É que guardem o convênio que irá fazê-los seguir adiante no caminho que leva à vida eterna. E para que isso aconteça, o Senhor precisa proporcionar uma experiência espiritual para a pessoa a quem o diácono oferece a bandeja.

Vi isso acontecer uma vez numa casa de repouso para idosos, quando um diácono se inclinou para passar a bandeja para uma senhora de cabelos brancos. Ela olhou para o pão como se fosse precioso. Nunca esqueci o sorriso que ela deu quando o tomou e depois estendeu a mão para alisar a cabeça do diácono, dizendo em uma voz bem alta: “Oh, muito obrigada!”

Aquele diácono estava simplesmente cumprindo seu dever do sacerdócio. No entanto, o Senhor então multiplicou o ato do diácono. Era evidente que a irmã se lembrou do Salvador ao expressar sincera gratidão pelo serviço do diácono. Enquanto ele lhe servia o sacramento, ela sentiu-se reconfortada por ter o Espírito consigo. Ela não estava sozinha naquele dia, na casa de repouso. Nem o diácono estava sozinho em seu serviço modesto.

Um jovem mestre, no Sacerdócio Aarônico, talvez não sinta, ao visitar uma família, que ele é companheiro do Senhor em Sua obra. Ainda me lembro do simples testemunho de um jovem companheiro de mestre familiar que veio à nossa casa. O Espírito confirmou suas palavras para mim e para minha família. Ele talvez não se lembre daquele dia, mas eu, sim.

O Senhor magnificará os esforços de um jovem rapaz novamente quando ele for chamado para se tornar um sacerdote. O primeiro batismo que ele realizar, por exemplo, talvez seja de um jovem que ele não conheça. Pode ser que esteja preocupado em dizer as palavras certas e realizar a ordenança corretamente.

Mas o Senhor, de Quem ele é servo, magnificará seu chamado. A pessoa que ele batizar decidiu seguir adiante no caminho que conduz à vida eterna. O Senhor fará a parte Dele, que é a maior. Ele fez isso por mim certa vez quando o menino que eu batizei, com lágrimas escorrendo pelo rosto, disse em meu ouvido: “Estou limpo. Estou limpo”.

Ao passarem de um serviço do sacerdócio a outro, vocês verão que o Senhor está no trabalho com vocês. Descobri isso ao me reunir com um presidente de quórum de élderes, em uma conferência de estaca, há vários anos. Na conferência foram apresentados mais de 40 nomes de homens que iriam receber o Sacerdócio de Melquisedeque.

O presidente da estaca se inclinou na minha direção e me sussurrou: “Esses homens eram todos élderes em perspectiva menos ativos”. Admirado, perguntei ao presidente qual tinha sido seu plano para resgatar aqueles homens.

Ele apontou para um rapaz no fundo da capela. Ele disse: “Ali está ele. A maioria desses homens voltou por causa daquele presidente de quórum de élderes”. Ele estava no último banco, vestindo roupas comuns, com as pernas esticadas e cruzadas diante dele, calçando botas gastas.

Pedi ao presidente da estaca que me apresentasse a ele depois da reunião. Quando nos reunimos, eu disse ao jovem que estava surpreso pelo que ele havia feito e perguntei como o fizera. Ele deu de ombros. Ele obviamente não pensava que merecia qualquer crédito.

Depois, disse baixinho: “Conheço todos os homens inativos desta cidade. A maioria deles tem uma caminhonete. Eu tenho uma caminhonete também. Lavo minha caminhonete onde eles lavam as deles. Com o tempo, tornamo-nos amigos.

Depois, espero até acontecer algo de errado na vida deles. Sempre acontece. Eles me contam. Escuto e não faço acusações. Depois, quando eles dizem: ‘Há algo de errado na minha vida. Simplesmente tem que haver algo melhor do que isso’. Digo-lhes o que está faltando e onde podem encontrá-lo. Às vezes eles acreditam em mim e, quando o fazem, eu os levo comigo”.

Vocês podem ver por que ele foi modesto. Era porque sabia que ele tinha feito sua pequena parte, e o Senhor fizera o restante. Foi o Senhor que tocou o coração daqueles homens em meio a seus problemas. Foi o Senhor que lhes dera o sentimento de que devia haver algo melhor para eles e a esperança de que poderiam encontrar isso.

O rapaz que — como vocês — era um servo do Senhor, simplesmente acreditou que, se fizesse sua pequena parte, o Senhor ajudaria aqueles homens ao longo do caminho de volta para casa e para a felicidade que somente Ele poderia lhes conceder. Aquele homem também sabia que o Senhor o havia chamado para ser o presidente do quórum de élderes porque ele faria sua parte.

Haverá ocasiões em seu serviço em que não terão o sucesso extraordinário e visível que teve aquele presidente de quórum de élderes. Esse será o momento em que terão de confiar que o Senhor, sabendo que vocês fariam sua parte do trabalho, chamou vocês por meio de Seus servos autorizados. Ter fé no chamado dos servos do Senhor foi algo crucial no serviço missionário de meu bisavô, Henry Eyring.

Ele foi batizado em 11 de março de 1855, em Saint Louis, Missouri. Erastus Snow o ordenou ao ofício de sacerdote pouco tempo depois. O Presidente da Estaca St. Louis, John H. Hart, chamou-o no dia 6 de outubro para ser missionário entre o povo cherokee.1 Ele foi ordenado élder em 11 de outubro. Partiu a cavalo para a Missão Cherokee, em 24 de outubro. Ele tinha 20 anos de idade e filiara-se à Igreja havia apenas sete meses.

Se algum portador do sacerdócio tinha razão para sentir-se incapaz ou despreparado, esse era Henry Eyring. O único motivo pelo qual ele poderia ter tido a coragem para ir foi o de que sabia, em seu coração, que Deus o havia chamado por intermédio de Seus servos autorizados. Essa era a fonte de sua coragem. Essa deve ser a fonte da nossa coragem de perseverar, seja qual for nosso chamado no sacerdócio.

Depois de ter servido por três anos bem difíceis e após a morte do presidente da missão, o Élder Eyring foi indicado e apoiado como presidente da missão em uma reunião realizada em 6 de outubro de 1858. Ele ficou tão surpreso e tão chocado quanto ficaria um diácono recém-ordenado. Ele escreveu: “Para mim, foi muito inesperado ser chamado para esse ofício de grande responsabilidade, mas, como era a vontade dos irmãos, aceitei com alegria, sentindo ao mesmo tempo minha grande fraqueza e falta de experiência”.2

O então Presidente Eyring viajou para as Nações Cherokee, Creek e Choctaw, em 1859. Por meio de seu empenho, o Senhor “acrescentou”, como disse Henry, “um certo número de membros à Igreja”. Ele organizou dois ramos, mas observou que “bem poucos estavam ativos na causa”.3

Um ano mais tarde, Henry enfrentou a difícil realidade de que os líderes políticos do local em que ele servia não mais permitiam que os missionários santos dos últimos dias fizessem seu trabalho. Ao ponderar sobre o que fazer, lembrou-se das instruções recebidas de seu presidente de missão anterior, instruindo-o a prolongar sua missão até 1859.4

Em outubro daquele ano, Henry escreveu ao Presidente Brigham Young para pedir orientações, mas não recebeu resposta à sua pergunta. Henry relatou: “Sem poder receber nenhuma mensagem da Presidência da Igreja, clamei ao Senhor em oração, pedindo que me revelasse Sua mente e vontade em relação à minha permanência por mais tempo ou minha ida a Sião”.

Seu relato continua: “O seguinte sonho me foi dado em resposta à minha oração. Sonhei que havia chegado a [Salt Lake] City e ido imediatamente ao escritório do [Presidente Brigham] Young, onde o encontrei. Eu lhe disse: ‘[Presidente] Young, deixei minha missão, vim por conta própria, mas, se houver algo de errado nisso, estou disposto a retornar e terminar minha missão’. [No sonho, o profeta] respondeu: ‘Você permaneceu por tempo suficiente, está tudo bem’”.

Henry escreveu em seu diário: “Tendo já tido sonhos que foram literalmente cumpridos, tive fé para acreditar que isso também aconteceria, e consequentemente comecei de imediato a preparar-me para a viagem”.

Ele chegou a Salt Lake City em 29 de agosto de 1860, tendo percorrido a pé a maior parte do caminho. Dois dias depois, foi até o escritório do Presidente Brigham Young.5

Henry descreveu o que aconteceu com as seguintes palavras: “Procurei o [Presidente] Young, que [me] recebeu de modo muito bondoso. Eu lhe disse: ‘[Presidente] Young, vim sem ter sido chamado. Se fiz algo de errado, estou disposto a retornar e terminar minha missão’. [Brigham Young] respondeu: ‘Tudo bem, estávamos procurando você’”.

Henry descreveu sua alegria, dizendo: “Assim, meu sonho foi literalmente cumprido”.6

Sua alegria provinha de uma confirmação de que o Senhor estivera trabalhando com ele e zelando por ele. Ele aprendeu algo que se aplica a todos nós — que os servos do Senhor são inspirados para conhecer a vontade do Senhor. E Henry Eyring havia confirmado o que sei também: que o profeta, como presidente do sacerdócio, é inspirado por Deus para zelar pelos servos do Senhor, para cuidar deles e para chamá-los.

Seja qual for seu chamado no sacerdócio, vocês podem às vezes ter sentido que o Pai Celestial não estava ciente de vocês. Vocês podem orar para conhecer Sua vontade e, com o sincero desejo de fazer qualquer coisa que Ele lhes peça, vocês receberão uma resposta.

O Pai Celestial vai permitir que sintam que Ele os conhece, que Ele aprecia seu serviço e que vocês estão se tornando dignos do cumprimento que tanto desejam ouvir do Senhor: “Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.7

É minha oração que todo portador do sacerdócio estenda a mão com fé para resgatar todas as almas pelas quais ele é responsável. Deus vai acrescentar Seu poder aos esforços de Seu servo. O coração das pessoas será tocado para que elas tomem decisões que as levem rumo à felicidade e para longe da tristeza.

É minha oração também que todo portador do sacerdócio sinta o carinho amoroso e cuidadoso do Pai Celestial, do Salvador e do profeta de Deus em seu chamado no sacerdócio.

Presto meu testemunho especial de que estamos a serviço do Senhor Jesus Cristo ressuscitado. Testifico que Ele chamou a mim e a vocês para o Seu serviço, conhecendo as nossas capacidades e a ajuda da qual vamos precisar. Ele vai abençoar nossos empenhos além de nossas mais ternas expectativas, à medida que oferecermos tudo o que temos a serviço Dele. Testifico que o profeta de Deus, que é o presidente de todo o sacerdócio na Terra, é inspirado por Deus.

Sinto-me grato pelo exemplo de fiéis portadores do sacerdócio do mundo todo. O Pai Celestial e o Salvador são gratos por vocês fazerem sua parte. Eles os conhecem, Eles velam por vocês e Eles os amam. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Ver “Minutes of the Conference”, St. Louis Luminary, 13 de outubro de 1855, p. 187.

  2. Carta de Henry Eyring a Brigham Young, 7 de outubro de 1858, Arquivos do Escritório de Brigham Young, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.

  3. Relatório de Henry Eyring ao Escritório do Historiador da Igreja, agosto de 1860, Relatórios Missionários, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.

  4. Ver carta de Henry Eyring a Brigham Young, 9 de outubro de 1859, Arquivos do Escritório de Brigham Young, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.

  5. Ver President’s Office Journals, 31 de agosto de 1860, vol. D, p. 137, Arquivos do Escritório de Brigham Young, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.

  6. Recordações de Henry Eyring, 1896, documento datilografado, pp. 27–28, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.

  7. Mateus 25:23.