O Sagrado Local da Restauração
Palmyra foi o palco da Restauração, onde a voz do Pai seria ouvida após quase dois milênios.
Por alguns anos, um bom amigo meu, que era membro da Igreja, tentou me ensinar o evangelho das famílias eternas. Mas foi apenas durante a visitação do Templo de São Paulo, em outubro de 1978, quando entrei na sala de selamento, que a doutrina sobre famílias eternas adentrou meu coração e, por dias seguidos, orei para saber se esta era a Igreja verdadeira.
Eu não era religioso, mas havia sido criado por pais que eram, e tinha visto o que havia de bom em outras religiões. Até aquele ponto da minha vida, achava que todas as religiões eram aceitáveis a Deus.
Após minha visita ao templo, busquei uma resposta por meio da oração, tendo fé e certeza de que Deus me responderia, fazendo-me saber qual era a Sua Igreja na Terra.
Após travar uma grande luta espiritual, finalmente recebi uma resposta clara. Fui convidado ao batismo, que aconteceu em 31 de outubro de 1978, na noite da véspera de uma das sessões dedicatórias do Templo de São Paulo.
Dei-me conta de que o Senhor me conhecia e Se importava comigo ao responder às minhas orações.
Na manhã seguinte, minha esposa e eu fomos a São Paulo para assistir a uma sessão dedicatória do templo.
Estávamos ali, mas eu ainda não sabia muito bem como apreciar aquela oportunidade maravilhosa. No dia seguinte, participamos de uma conferência de área.
Tínhamos começado nossa jornada na Igreja e encontramos bons amigos que nos acolheram nesse período de transição da vida.
As aulas para membros novos a que assistimos nas reuniões dominicais a cada semana eram maravilhosas. Enchiam-nos de conhecimento e faziam-nos desejar que a semana passasse logo para podermos, no domingo seguinte, receber um pouco mais daquela nutrição espiritual.
Minha esposa e eu ansiávamos por entrar no templo para sermos selados à nossa família para a eternidade. Isso aconteceu um ano e sete dias após meu batismo, e foi um momento maravilhoso. Senti como se as eternidades tivessem se dividido naquele altar, separando o que viera antes daquilo que aconteceu depois do selamento.
Tendo morado como imigrante legal na costa leste dos Estados Unidos por alguns anos, eu conhecia algumas das cidades dali, sabendo que eram, em sua maioria, bem pequenas.
Cada vez que lia ou ouvia falar algo sobre os acontecimentos que culminaram na Primeira Visão, multidões de pessoas eram mencionadas, o que não fazia sentido para mim.
Começaram a surgir dúvidas em minha mente. Por que a Igreja tinha de ser restaurada nos Estados Unidos, e não no Brasil ou na Itália, a terra dos meus antepassados?
Onde estavam aquelas multidões de pessoas que estavam envolvidas no reavivamento espiritual e na confusão de religiões; e tudo isso acontecera em um lugar tão tranquilo e calmo?
Fiz muitas perguntas a muitas pessoas, mas não obtive respostas. Li tudo o que pude encontrar em português e depois em inglês, mas não encontrei nada que pudesse acalmar meu coração. Continuei a pesquisar.
Em outubro de 1984, fui para uma conferência geral sendo conselheiro na presidência de uma estaca. Depois disso, fui a Palmyra, Nova York, ansioso por encontrar uma resposta.
Ali chegando, tentei entender: Por que a Restauração precisava ter sido ali e por que tamanho alvoroço espiritual? De onde tinham vindo todas aquelas pessoas mencionadas no relato de Joseph? Por que naquele lugar?
Na época, a resposta mais razoável para mim era porque a constituição dos Estados Unidos garantia liberdade.
Naquela manhã, visitei o Edifício Grandin, onde a primeira edição do Livro de Mórmon foi impressa. Fui ao Bosque Sagrado, onde orei muito.
Não havia quase ninguém nas ruas da pequena cidade de Palmyra. Onde estavam as multidões de pessoas mencionadas por Joseph?
Naquela tarde, decidi ir à fazenda de Peter Whitmer e, quando lá cheguei, encontrei um homem à janela de uma cabana. Ele tinha um brilho intenso no olhar. Cumprimentei-o e depois comecei a fazer-lhe aquelas mesmas perguntas.
Então, ele me perguntou: “Você tem tempo?” Eu disse que sim.
Ele explicou que o Lago Erie, o Lago Ontário e, mais a leste, o Rio Hudson se localizam naquela região.
No início dos anos de 1800, decidiu-se construir um canal para navegação que passaria por aquela região, estendendo-se por quase 480 quilômetros até desaguar no Rio Hudson. Era um grande empreendimento para a época, e era possível contar apenas com a força humana e com a tração animal.
Palmyra era o centro de parte daquela construção. Os construtores precisavam de pessoas habilidosas e de técnicos com sua família e amigos. Muitas pessoas começaram a chegar de toda a vizinhança e de lugares distantes, como a Irlanda, para trabalhar no canal.
Aquele foi um momento muito sagrado e espiritual para mim, porque finalmente eu havia encontrado “a multidão”. As pessoas trouxeram consigo seus costumes e suas crenças. Quando o homem mencionou as crenças, minha mente se iluminou e meus olhos espirituais foram abertos por Deus.
Naquele momento, entendi como a mão de Deus, nosso Pai, em Sua imensa sabedoria, havia preparado em Seu plano um lugar para levar o jovem Joseph Smith, colocando-o no meio daquela confusão religiosa; pois ali, no Monte Cumora, estavam ocultas as preciosas placas do Livro de Mórmon.
Aquele foi o palco da Restauração, no qual a voz do Pai seria ouvida, após quase dois milênios, numa maravilhosa visão, falando ao menino Joseph Smith, quando ele foi ao Bosque Sagrado para orar, dizendo: “Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!”1
Ali ele viu dois personagens cujo resplendor e glória desafiavam qualquer descrição. Sim, o próprio Deus revelou-Se ao homem novamente. As trevas que cobriam a Terra começavam a se dissipar.
As profecias referentes à Restauração começaram a ser cumpridas: “E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para proclamá-lo aos que habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e língua, e povo”.2
Poucos anos depois, Joseph foi conduzido aos registros de profecias, de convênios e de ordenanças deixados por antigos profetas: o nosso amado Livro de Mórmon.
A Igreja de Jesus Cristo não poderia ser restaurada sem o evangelho eterno, revelado no Livro de Mórmon, como outro testamento de Jesus Cristo, sim, o Filho de Deus, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo.
Cristo disse a Seu povo em Jerusalém:
“Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco”.3
“Eu sou o bom pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.”4
Ao deixar a fazenda Whitmer, não lembro de ter-me despedido. Só me lembro das lágrimas que corriam livremente por meu rosto. O sol estava se pondo em um céu lindo.
Em meu coração, imensa alegria e paz acalmavam-me a alma. Eu me sentia repleto de gratidão.
Agora compreendia claramente o motivo. Novamente o Senhor me dera conhecimento e luz.
Durante minha viagem para casa, escrituras continuavam a fluir para minha mente: as promessas feitas ao pai Abraão de que, em sua semente, todas as famílias da Terra seriam abençoadas.5
E para isso, templos seriam erguidos para que o poder divino pudesse ser conferido novamente ao homem na Terra, de modo que as famílias pudessem ser unidas, não até que a morte as separasse, mas, sim, por toda a eternidade.
“E acontecerá nos últimos dias que o monte da casa do Senhor se firmará no cume dos montes, e se exalçará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações .”6
Se você que me ouve tiver quaisquer dúvidas no coração, não desista!
Convido-o a seguir o exemplo do Profeta Joseph Smith ao ler em Tiago 1:5: “E se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente”.
O que aconteceu em Cumora foi uma parte importante da Restauração, quando Joseph Smith recebeu as placas que continham o Livro de Mórmon. Esse livro nos ajuda a chegar mais perto de Cristo do que qualquer outro livro na face da Terra.7
Presto testemunho de que o Senhor levantou profetas, videntes e reveladores para guiar Seu reino nestes últimos dias e que, em Seu plano eterno, as famílias existem para permanecerem unidas para sempre. Ele Se importa com Seus filhos. Ele responde às nossas orações.
Por causa de Seu grande amor, Jesus Cristo expiou por nossos pecados. Ele é o Salvador do mundo. Disso presto testemunho, no sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.