Servir na Igreja
Onde encontrar alívio
A autora mora em Utah, EUA.
A Sociedade de Socorro é um lugar onde as irmãs em todas as situações podem e devem encontrar ajuda em suas necessidades ao cuidarem umas das outras, servirem e se amarem mutuamente.
Ilustração: Emily Shay
Quando minha família e eu vivíamos em Las Vegas, Nevada, EUA, servi algum tempo como presidente da Sociedade de Socorro da ala. Fui edificada pelo convívio maravilhoso com as boas irmãs de nossa ala. Adorava planejar atividades edificantes, dirigir a Sociedade de Socorro, frequentar as reuniões com os líderes da ala e ajudar as famílias.
Dediquei muito tempo indo aos lares para visitar as irmãs. Ministrei também a mães exaustas, doentes ou simplesmente sobrecarregadas — irmãs que necessitavam de consolo, tanto físico como espiritual. Sentia-me realizada e necessária apesar de minhas responsabilidades como uma jovem mãe de seis filhos.
Foi então que, subitamente, minha vida mudou.
Meu marido aceitou uma promoção no trabalho em outro estado. Em um mês encaixotamos tudo e nos mudamos de nossa casa na Las Vegas ensolarada para uma pequena casa alugada na gelada cidade de Casper, no Wyoming. Na mesma semana de nossa mudança, descobri que estava grávida — de gêmeos!
Na noite da chegada a nossa casa alugada, fiquei muito doente. Lembro-me de estar deitada na cama, com dificuldade de mover-me, enquanto observava meu marido cuidando de nossos filhos e do descarregamento de nossa van. Esse foi o início de um dos maiores desafios físicos da minha vida. Durante os dois meses seguintes, não conseguia reter o que eu comia e mal tinha energia suficiente para dar atenção a minha família, cuidar de nossos filhos e — ocasionalmente — cozinhar.
À medida que meu marido se adaptava ao novo trabalho, eu me ajustava à nova localidade e matriculei quatro dos nossos filhos na escola. Nossa casa alugada era pequena e desconfortável e, durante várias semanas, vivemos com as nossas coisas ainda nas caixas. Eu mandava as crianças para a escola todas as manhãs e então passava o dia no sofá enquanto meus filhos pequenos ficavam por perto.
Certa manhã, depois que as crianças já haviam ido para a escola, a campainha tocou. Um dos meus filhos abriu a porta, e lá estava uma irmã que era da presidência da Sociedade de Socorro de nossa nova ala. Ela estava carregando uma cesta com uma série de coisas, acompanhada de sua própria filha. Ela viera para me dar as boas-vindas à ala.
Fiquei com muita vergonha.
Ali estava eu, ainda de pijama, deitada no sofá com um balde ao meu lado. Meus dois filhos pequenos, parcialmente vestidos, estavam brincando no chão em desordem, no meio de caixas da mudança que ainda precisavam ser desempacotadas.
Essa irmã maravilhosa entrou e colocou sua cesta num canto da mesa. Em seguida, sentou-se em nossa sala de estar bagunçada e conversou comigo — perguntando tudo a meu respeito e de minha família.
À medida que conversávamos, fiquei sensibilizada. Apenas um mês antes, eu estava na posição dela, visitando pessoas e oferecendo ajuda. Agora a situação se invertera. Eu estava acamada, numa casa desarrumada e com grande necessidade de ajuda. Estava sozinha, sobrecarregada e lidando com uma situação acima da minha capacidade. Eu era como uma daquelas irmãs que necessitavam tanto de ajuda. O Senhor relembrou-me, rápida e acertadamente, que eu precisava Dele e da ajuda oferecida por meio de Seus servos.
Depois que ela partiu, a visão da sua cesta de boas-vindas na mesa me trouxe reconforto e entusiasmo. Nas semanas seguintes, saboreei o conteúdo da cesta e me senti muito grata por nossa amizade que se fortalecia à medida que ela me visitava, vez após vez, oferecendo ajuda e apoio durante aqueles meses difíceis. Adquiri uma apreciação renovada pela esperança e ajuda que uma irmã pode trazer a outra.
Alguns meses depois, mudamo-nos para uma casa maior, grande o suficiente para nossa família em crescimento. Minha gravidez difícil terminou com o nascimento de duas belas crianças. E a bondosa irmã da Sociedade de Socorro se tornou minha amiga pessoal e continua a me fortalecer e me elevar com seu testemunho e exemplo. Sempre me volta à mente aquela manhã difícil da sua primeira visita, e sinto gratidão por ela ter cumprido seu chamado.
Testifico que somos “todos mendigos” diante de Deus (ver Mosias 4:19). Nossas circunstâncias podem mudar a cada momento, fazendo com que compreendamos mais sobre o quanto dependemos de nosso Pai — e daqueles que por Ele nos servem. Sei agora, mais do que nunca, que a Sociedade de Socorro é um lugar onde as irmãs em todas as situações podem e devem encontrar ajuda em suas necessidades ao servir e amar umas as outras.