Um saco de roupas feito de amor
Ilustração: John Kachik
Foi difícil para minha família aceitar minha decisão de me tornar membro da Igreja. Quando anunciei que serviria missão de tempo integral, sem receber por isso, nem todos entenderam como, ou mesmo por que, eu desejaria fazer tal coisa. Meus pais queriam compartilhar de meu entusiasmo, mas era difícil para eles me ver “abandonar” a religião em que fui criado.
Quando recebi meu chamado para a Missão Honduras Tegucigalpa, recebi também, no envelope, uma lista de coisas que seria necessário levar. Minha mãe notou que um dos itens da lista era um saco para roupas. Ali estava algo que ela conseguia compreender! Rapidamente comprou um jeans azul grosso e confeccionou um saco para roupas simples e funcional, feito com amor. Foi um presente que permaneceu comigo por muito tempo.
Aquele saco de roupas me acompanhou ao Centro de Treinamento Missionário e depois para Honduras. Viajou comigo de uma vila para outra, desbotando aos poucos, do mesmo modo que uma calça jeans passa a se tornar sua favorita e a servir perfeitamente. No final da missão, doei a maior parte de minhas roupas para uma família especial que eu havia aprendido a amar, mas mantive meu saco de roupas. Minha mãe o havia feito especialmente para mim embora não entendesse o significado de uma missão.
Quase 30 anos depois, nosso filho mais velho recebeu seu chamado para a Missão Califórnia Carlsbad, com uma lista de itens que seriam necessários. Lemos a lista juntos e, quando chegamos ao “saco para roupas”, pegamos aquele que minha mãe havia feito para mim. Embora estivesse ainda mais desbotado, meu filho o levou com ele.
Alguns anos depois, minha filha foi chamada para servir na Missão Ohio Cleveland, e o saco de roupas a acompanhou também. Quando ela voltou, o saco de roupas estava ainda mais velho, mas sem danos significativos.
O saco de roupas me lembra que algumas coisas, como as lições que aprendemos ao servir missão e demonstrar amor pelas pessoas, como minha mãe fez, podem nos abençoar repetidas vezes. Ele se tornou parte de uma tradição familiar de serviço missionário que espero que nunca acabe.