2020
Aprendei de Mim
Outubro de 2020


MENSAGEM DA PRESIDÊNCIA DA ÁREA

Aprendei de Mim

“Por que você decidiu ficar e servir a sua missão?” Ele disse que achava que era a coisa certa a fazer. Depois, acrescentou: “Eu decidi ficar não por mim, mas por meus filhos e netos”.

Em dezembro de 2015 em Madziva, Zimbábue, Naume e eu vimos um homem a arar seu campo com uma equipa de dois bois. Fiquei surpreso ao ver que um animal era um boi enorme e o outro um bezerro pequeno. Fiquei perplexo. Perguntei-me em voz alta: “Por que um agricultor araria com dois animais desiguais no jugo?”

A mãe da Naume, que se encontrava por perto, apontou para o jugo. Olhei mais de perto e vi traços unindo o jugo ao bezerro. O boi grande estava a puxar todo o peso, e o pequeno bezerro estava a ser forçado, a aprender a arar.

Pensei imediatamente no convite do Senhor: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para a vossa alma” (Mateus 11:29). Num jugo normal, a carga é distribuída igualmente. Quando estamos jungidos com Jesus Cristo, Ele carrega a carga e nós partilhamos a alegria do trabalho.

O convite do Senhor a cada um de nós para aprender com Ele, é a única fonte segura que traz paz, alegria e dá respostas à mente conturbada. Tenho essa imagem na minha mente de um Salvador amoroso e bondoso com os braços estendidos para mim, exortando-me a sentir seu abraço: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; Porque sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para a vossa alma.

Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28–30).

Aceitar o convite do Salvador é muito crucial nos tempos de grandes problemas, aflições e angústias em que vivemos. Precisamos de proteção, esperança, paz e descanso para as nossas almas, que só podem vir através de um firme testemunho do nosso Salvador, Jesus Cristo.

Aprender Dele ajudará e, especialmente a leitura diária do Livro de Mórmon ajudar-nos-á a navegar estes tempos de incerteza. Numa época em que os nefitas estavam em perigo físico e espiritual, Alma foi entre eles pregar o evangelho. Ele estava acompanhado de Amuleque, Zeezrom, três dos filhos de Mosias e dois de seus próprios filhos. Alma e seus companheiros compartilharam o evangelho porque “a pregação da palavra exercia uma grande influência sobre o povo, levando-o a praticar o que era justo — sim, surtia um efeito mais poderoso sobre a mente do povo do que a espada ou qualquer outra coisa que lhe houvesse acontecido” (Alma 31:5).

A parte mais importante a aprender Dele é por meio da conferência geral em que os profetas e apóstolos falam sob a orientação do Espírito. “O que eu, o Senhor, disse está dito e não me desculpo; e ainda que passem os céus e a Terra, minha palavra não passará, mas será toda cumprida, seja pela minha própria voz ou pela voz de meus servos, é o mesmo” (Doutrina e Convênios 1:38).

Igualmente importante é não apenas a preparação para assistir e ouvir a conferência geral, mas rever as mensagens durante os meses seguintes e agir de acordo com a inspiração recebida.

Uma experiência que permanece viva na minha mente, onde senti o Salvador jungido comigo, foi durante a conferência geral de outubro de 2010. Um missionário que havia lutado durante mais de seis meses com saudades de casa e que queria ir para casa, estava realmente a pesar sobre mim. Ao aproximarmo-nos da conferência geral, pedi inspiração sobre como lidar com este desafio. Também pedi aos missionários que identificassem as questões pessoais com que estavam a debater-se, para depois ouvirem atentamente o que seria dito na conferência geral. Foi pedido aos missionários que escutassem as palavras faladas e não faladas.

Tínhamos acabado de assistir à sessão de sábado à tarde, e estávamos à espera da sessão do sacerdócio. Como estávamos a assistir às sessões ao vivo, já passava da meia-noite em Harare. Alguns de nós estávamos fora, e este missionário que tinha lutado contra a saudade de casa veio e ficou ao meu lado. Ele simplesmente disse: “Presidente, decidi ficar”.

Eu mal podia acreditar no que ele tinha dito. Perguntei a ele: “Porque você decidiu ficar e servir a sua missão?”

Ele disse que achava que era a coisa certa a fazer. Depois, acrescentou: “Eu decidi ficar não por mim, mas por meus filhos e netos”.

Abraçamo-nos e regozijamo-nos juntos.

Este missionário tornou-se um dos nossos missionários mais fortes. Ele inspirou outros missionários a buscar o Senhor e a servir com humildade, fé e poder.

Agora ele e a sua querida foram selados no templo e são pais nobres e justos. A sua decisão de permanecer na missão certamente trouxe bênçãos a sua família, e continuará a fazê-lo para sempre.

Senti o amor do Senhor ao tomar sobre mim seu jugo enquanto ouvíamos a conferência geral e sentimos que este missionário sentia o mesmo. Ao refletir sobre o que aconteceu, vêm-me à mente as palavras do Élder Jeffrey R. Holland: “Se ensinarmos pelo Espírito e você ouvir pelo Espírito, alguém dentre nós vai abordar a sua situação, enviando uma epístola profética pessoal especialmente para você.”1

As bênçãos que advêm da preparação para a conferência geral e de escutar as mensagens compartilhadas são imensuráveis. Aceitar o convite do Salvador para aprender Dele pode ser a chave para desbloquear a revelação, a orientação e a inspiração do Espírito Santo. Tirar um tempo para ouvir e analisar a conferência geral pode acalmar uma alma angustiada, dar-lhe paz, esperança, e restaurar a confiança na capacidade de vencer os desafios da vida.

Espero que todos nos lembremos e aceitemos o convite do Salvador. Porque quando nos esforçamos para vir a Ele, aprender Dele e tomar sobre nós o Seu jugo, começamos a vê-Lo como Ele realmente é. Ele começa a nos ensinar quem realmente somos e quem podemos nos tornar.

O Élder Dube recebeu o chamado de setenta autoridade geral em abril de 2013. É casado com Naume Keresia Salizani. Eles têm quatro filhos.

Nota

  1. Jeffrey R. Holland, “Um Estandarte entre as Nações”, A Liahona, maio de 2011, 111; Conferência geral, abril de 2011.

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