MENSAGEM DA PRESIDÊNCIA DA ÁREA
Santos Africanos: exemplos para o mundo do amor, alegria e fé em Cristo
“‘Agradecemos pela maneira como estão vivendo suas vidas, cheias de fé em Cristo e com um desejo tão sincero de construir o reino do Senhor neste continente extraordinário.’”
Minha esposa Jacqui e eu fomos chamados para servir em África em 2016. Antes de vir, pedi conselhos ao Elder Carl B. Cook, que tinha acabado de concluir sua missão como presidente da Área África Austral. Ele disse algo muito sábio que eu descobri desde então ser absolutamente verdade: “Você acha que vai ensinar os Santos, mas na verdade eles é que lhe vão ensinar.”
Vocês nos ensinaram a perdoar. Em países como a África do Sul e o Ruanda, experiências violentas do passado poderiam ter enchido as gerações futuras de ódio e amargura para sempre. No entanto, temos testemunhado, repetidas vezes, exemplos extraordinários de convertidos que estão vivendo os ensinamentos do Senhor de que devemos “perdoar todos os homens”,1 mesmo aqueles que “nos odeiam… nos usam e perseguem”.2
Vocês nos ensinaram a essência de ministração. E como cuidar uns dos outros em momentos de dificuldades é parte integrante da cultura africana. Lembro-me de estar em uma reunião de liderança em Gaborone, Botsuana, onde a nova forma mais elevada e sagrada de ensino no lar estava sendo introduzida e seria chamada de “ministração”. Mais tarde, eu estava conversando com um irmão que disse com um olhar confuso: “Isso vai ser fácil para nós, pois ministrar é o que já fazemos naturalmente em África.”
Vocês nos ensinaram sobre verdadeiras riquezas. Alguns de vocês vivem em circunstâncias prósperas e ainda assim permanecem humildes e servem fielmente. Outros que conhecemos podem ser considerados pelo mundo como pobres. No entanto, ao pensar em muitas memórias queridas e sagradas visitando membros nas suas casas e locais de adoração, sinto-me como Paulo ao descrever este último grupo “como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo.”3
Vocês nos ensinaram sobre a ligação entre a felicidade e a doação de nós próprios. A seguinte citação de Élder Chadambuka, enquanto presidente da missão do Botswana/Namibia, ilustra esta ligação:
“Tive múltiplas oportunidades de visitar membros e pesquisadores na nossa missão, juntamente com casais missionários seniores. Uma constatação que fiz ao visitar estas casas, e também a minha experiência de ser um local e ter uma compreensão mais profunda das culturas e modos de vida do nosso povo é [isto]: as suas circunstâncias podem parecer dramáticas em termos de bens temporais básicos, mas nunca vi um povo mais feliz que estivesse agradecido e satisfeito com aquilo com que o Senhor os abençoou. Mesmo na sua suposta pobreza, eles estão dispostos a partilhar o pouco que têm.
Testemunhei especialmente casais seniores (estrangeiros), que se desfizeram em lágrimas [por compaixão pelas terríveis circunstâncias temporais de alguns dos nossos membros] e fico muitas vezes a pensar porque é que eles sentem tanta pena destas pessoas corajosas, felizes e satisfeitas … de facto, uma pessoa com um milhão de dólares no bolso não poderia ser mais feliz.”4
Vocês nos ensinaram sobre o testemunho puro. No nosso primeiro domingo em África, assistimos a uma reunião sacramental na ala de Protea Glen, na estaca de Soweto. Cada discurso que ouvimos do púlpito nesse dia estava centrado em Cristo e incluía puro testemunho do Salvador e do Seu sacrifício expiatório. Descobrimos que era sempre assim nas reuniões sacramentais em toda África. Tal como os nefitas, pode-se dizer de vocês; “falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo, pregamos a Cristo, profetizamos de Cristo e escrevemos de acordo com nossas profecias, para que nossos filhos saibam em que fonte procurar a remissão de seus pecados.”5
Vocês nos ensinaram união. Nós sentimos a força na diversidade, e nós sentimos a verdadeira união como irmãos e irmãs de muitas origens e raças que servem lado a lado no reino do Senhor. O Livro de Mórmon ensina claramente que “todos são iguais perante Deus.”6
A primeira doutrina ensinada pelos missionários é que somos todos filhos de um Pai Celestial, o que significa simplesmente que somos literalmente irmãos e irmãs na família de Deus. O Apóstolo Paulo descreveu o que acontece quando abraçamos o evangelho de Jesus Cristo, dizendo: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus.”7 E é assim que a Irmã Palmer e eu nunca nos sentimos como estranhos ou estrangeiros, entre os santos, apesar de sermos de terras estrangeiras. Sabemos que os novos convertidos de diferentes nacionalidades e raças sentem a mesma aceitação e sentimento de pertença enquanto adoramos juntos e ministramos uns aos outros com amor.
Vocês nos ensinaram sobre ALEGRIA. Nunca esqueceremos a alegria enorme dos santos nas dedicatórias do templo de Kinshasa e Durban. A pura alegria daqueles que se reuniram em Harare e Nairobi para ouvir do nosso novo profeta, o Presidente Nelson, juntamente com a Irmã Nelson e o Élder e a Irmã Holland. A alegria de mais de 7.000 santos em Joanesburgo que ouviram o Élder Holland proclamar que “a resposta a cada problema em África pode ser encontrada no evangelho de Jesus Cristo”. E em contextos mais pequenos, a alegria que sentimos dos recém-conversos e dos que vão ao templo pela primeira vez, enquanto se selam a Cristo em convênios sagrados. O Presidente Nelson proferiu em 2016 um discurso marcante intitulado “Alegria e Sobrevivência Espiritual”. Nesse discurso ele fez uma declaração que penetrou a minha alma enquanto eu ponderava as circunstâncias desafiantes com que tantos membros se deparam em África. “A alegria que sentimos tem pouco a ver com as circunstâncias de nossa vida e tem tudo a ver com o enfoque de nossa vida.
Quando o enfoque … é … Jesus Cristo e Seu evangelho, podemos sentir alegria a despeito do que está acontecendo — ou não — em nossa vida.”8
Estas são algumas das coisas que aprendemos durante esta extraordinária experiência de viver e servir convosco nestes últimos cinco anos. Agradecemos-vos pela forma como estão a viver as vossas vidas, cheios de fé em Cristo e com um desejo tão sincero de construir o reino do Senhor neste continente extraordinário.
Finalmente, gostaria de partilhar uma experiência pessoal do ano passado, que considero um presente do Senhor para vós através do Seu profeta vivo.
Em Julho último, no meio da pandemia, tive a bênção de me sentar com o Presidente Nelson e fiz-lhe a seguinte pergunta: “Em breve regressarei aos nossos amados Santos em África. Tem uma mensagem pessoal que deseja que eu partilhe com eles?”. Ele ponderou a questão de forma atenciosa e respondeu o seguinte:
“Diga-lhes que algumas coisas estão fora do nosso controlo, mas devemos concentrar-nos nas coisas que podemos controlar. Especificamente, a forma como vivemos as nossas vidas. Precisamos viver as nossas vidas de forma a estarmos sempre prontos para conhecer o nosso Criador.”
Estas palavras de um profeta vivo são para vocês e para mim neste tempo e nesta circunstância. Convido-vos a ponderar esta mensagem muito pessoal e o convite de um dos servos escolhidos do Senhor. Partilho isto com amor e com um testemunho fervoroso do chamado divino do Presidente Nelson como profeta e vidente, que nos ensina o caminho a seguir mesmo numa época de angústia e preocupação.
Seremos eternamente gratos pelo privilégio de estar entre vós. Prestamos homenagem a vós — os fiéis Santos dos países das regiões da África Austral e Central — que tanto nos ensinaram e a quem sempre amaremos como nossos irmãos e irmãs em Cristo.
S. Mark Palmer foi chamado como Setenta Autoridade Geral em Abril de 2016. É casado com Jacqueline Ann Wood; eles são pais de seis filhos.