Meu primeiro testemunho
Como toda família, a minha é dividida em duas partes: a paterna e a materna. Ambas seguiam um lado religioso, porém eu me considero uma pessoa crítica e havia muitas questões sem resposta.
Desde pequeno, eu já sabia da existência da Igreja de Jesus Cristo. Contudo, com tantas igrejas pelo mundo, acabei me afastando de todas. O tempo foi passando e, sem saber da verdade, fui vivendo um momento complicado na minha vida e sempre duvidando de tudo.
Com 16 anos, minha família recebeu um convite de minha tia-avó paterna para ir a uma festa junina. Por algum motivo, eu me senti confortável com aquele convite. Pouco antes da festa, minha família desistiu de ir, e isso me fez ter dúvidas se eu aparecia na festa ou não.
Resolvido e determinado, eu dei as caras e, fi nalmente depois de anos, entrei novamente em uma capela de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e meu primeiro pensamento foi “Eu conheço esse lugar”. Na hora, veio um fl ashback na minha mente, com lembranças daquele lugar. Era tudo tão grande e mágico na época. Pensei: “Como as coisas diminuíram”. Depois desse meu momento dramático de retorno, fui andar pela capela, e o que mais me chamou atenção foi a sala da Primária. Eu lembrava até dos detalhes. Lembro-me que tinha os nomes das crianças e, por alguma razão, ao lado havia várias bolinhas douradas. Isso tudo para mim foi uma experiência incrível, mas eu não estava lá para isso, eu fui para uma festa! Subindo as escadas até a quadra de esportes, dois rapazes de gravata e plaqueta me abordaram, fazendo várias perguntas. Parecia uma entrevista. Depois de ter passado algumas informações sobre mim, eu fi nalmente cheguei à festa, mas estava um pouco tímido. Não conhecia ninguém além de minha tia-avó e meus primos, mas não deixei isso me entristecer. Já bastava minha família não ter ido! Então, eu fui curtir a festa e comer com meu primo.
No fi nal da festa, o bispo da ala falou que não adiantava ir apenas às festas e não estar presente na reunião mais importante, e eu fi quei confuso, pensando: “Qual seria essa reunião?” Por que a reunião é tão importante? Pela curiosidade, no dia seguinte, eu voltei lá. No momento em que os diáconos estavam passando com o pão e a água, eu lembrei que, quando era mais novo, eu já tinha visto aquilo acontecer, mas ainda assim não entendia o motivo daquilo tudo, todo aquele silêncio e o motivo de ser a reunião mais importante. Quando essa reunião terminou, um membro da Igreja veio falar comigo. Ele foi simpático e atencioso, e esse foi meu primeiro contato com algum membro da Igreja. Logo depois, um dos líderes me levou para uma sala, e eu meio assustado vi o rapaz que tinha falado comigo antes e sentei-me perto dele. Tinha muitos jovens naquela sala, e isso me fez fi car com vergonha até de me apresentar. Era só falar meu nome. Não lembro o assunto da aula que tivemos, mas lembro que, quando terminou, os mesmos meninos de gravata e plaqueta vieram novamente falar comigo e disseram que estavam felizes em me ver.
Depois disso, eu voltei para a casa da minha tia e, pouco tempo depois, os mesmos meninos bateram na porta e chamaram por ela. Eu pensei que tinha feito algo de errado, mas eles só foram almoçar lá e, no fi nal do almoço, eles deixaram uma pequena mensagem e me perguntaram quando eu estaria na casa da minha tia novamente para que pudessem deixar outra mensagem. Eu respondi que todo fi nal de semana eu estaria na casa dela. No fi nal de semana seguinte, apenas um deles veio falar omigo. O outro eu não conhecia. Ele era de Utah, a mesma cidade do que foi embora. Porém, diferente dele, esse novo rapaz era muito calado, só falava quando necessário ou para dar alguma mensagem. Na mensagem que eles deram, eu ganhei um Livro De Mórmon e fui convidado a ler e a orar, perguntando se aquele livro era verdadeiro. Depois de duas semanas lendo, lembrei que tinha que ter feito uma oração para saber se o livro era verdadeiro. Em casa, no meu quarto, eu peguei um panfl eto que ensinava a fazer uma oração e perguntei ao Pai Celestial se tudo aquilo era verdadeiro. Depois de alguns dias lendo o livro, eu fi z novamente a oração e fui dormir. Na mesma noite, eu sonhei que alguém me entregava o Livro De Mórmon na frente da igreja e me falava: “Vá, siga em frente”. Não contei para ninguém sobre aquilo, apenas sabia que algo grandioso estava por vir.
Após ter aceitado ser ensinado por aqueles meninos de gravata e plaqueta, eu soube que eles eram missionários da Igreja de Jesus Cristo e que estavam servindo um chamado único. Fui ensinado por eles, e o élder que tinha acabado de chegar na ala foi transferido para outro lugar. Isso me deixou triste, mas eu aprendi que todos os missionários eram transferidos a cada certo tempo. E eu sabia que um dia o élder que estava me ensinando também iria embora, mas isso não me abalou, só me fez querer saber cada vez mais sobre a Igreja.
Um tempo depois, fui convidado a ser batizado e eu com Certeza aceitei. Então, fui avisado de uma entrevista que eu iria ter na semana que eu fosse batizado e aquilo me fez estudar muito sobre o evangelho. E eu senti que estava cem por cento preparado. E, então, num fi nal de semana, na casa da minha tia-avó, perguntei a ela como fazia para antecipar meu batismo. Eu queria ser batizado logo. Depois de conversar com os missionários, tive a data antecipada com sucesso. Eu não via a hora daquilo acontecer. Fiz a entrevista, mas não eram os mesmos missionários que estavam lá. Fiquei tenso, pois não sabia como seria a nova dupla.
Então, os missionários foram à minha casa e lá tivemos um probleminha. Minha mãe não quis assinar a autorização para meu batismo, mas deu tudo certo. Consegui explicar a ela que essa era a nova vida que eu queria para mim. Na mesma semana, chamei para me batizar aquele mesmo rapaz que veio falar comigo na minha primeira vez na reunião, e ele aceitou. Fiquei muito feliz com isso. Já por outro lado, minha família materna não me apoiou tanto Nessa minha decisão, mas eu não liguei.
No dia do meu batismo, tive a mesma sensação de quando eu entrei na capela pela primeira vez depois de anos. Era tudo muito mágico para mim, parecia uma festa organizada para mim. Depois do meu batismo, todos vieram me dar os parabéns pela minha decisão. Eu fui muito bem tratado pelos membros. Sou grato a todos por isso.
E, de lá para cá, mesmo sozinho na Igreja, venho me mantendo fi rme. Sinto que sou um fi lho amado de Deus.