2023
“Fala-se com amor”
Novembro de 2023


13:14

“Fala-se com amor”

Que cada um de nós aprenda a falar com Seu amor e ouvir falarem com esse mesmo amor em nosso coração, nosso lar, nos chamados, nas atividades, na ministração e no serviço no evangelho.

Nossas crianças da Primária cantam o hino “Fala-se com amor”.1

Certa vez, dei à irmã Gong um pequeno medalhão. Nele, mandei gravar ponto-ponto, ponto-ponto, ponto-ponto-traço. Aqueles que conhecem o código Morse reconhecerão as letras I, I, U. Mas eu incluí um segundo código. Em mandarim, “ai” significa “amor”. Então, duplamente decodificada, a mensagem era: “I love you”, ou, em português, “Eu te amo”. Querida Susan: “I, ai (爱), U”.

Falamos com amor em vários idiomas. Disseram-me que a família humana fala 7.168 idiomas existentes.2 Na Igreja, falamos 575 idiomas principais documentados, e muitos dialetos. Também comunicamos intenção, entonação e emoção por meio da arte, música, dança, símbolos lógicos e expressão inter e intrapessoal.3

Hoje, vamos falar de três idiomas do evangelho de amor: o idioma da cordialidade e da reverência, o idioma do serviço e do sacrifício e o idioma de fazer parte do convênio.

Primeiro, o idioma do evangelho da cordialidade e da reverência.

Com cordialidade e reverência, a irmã Gong perguntou a crianças e jovens: “Como vocês sabem que seus pais e familiares os amam?”

Na Guatemala, as crianças disseram: “Meus pais trabalham arduamente para prover alimento para nossa família”. Na América do Norte, as crianças responderam: “Meus pais leem histórias para mim e me colocam para dormir à noite”. Na Terra Santa, as crianças disseram: “Meus pais me mantêm seguro”. No país de Gana, na África Ocidental, as crianças falaram: “Meus pais me ajudam com minhas metas do programa Crianças e Jovens”.

Uma criança disse: “Mesmo estando muito cansada depois de trabalhar o dia todo, minha mãe brinca comigo”. Sua mãe chorou quando ouviu que seus sacrifícios diários faziam a diferença. Uma jovem disse: “Embora minha mãe e eu às vezes discordemos, eu confio nela”. A mãe dela também chorou ao ouvir sua resposta.

Às vezes, precisamos saber que o que falamos com amor é ouvido e valorizado.

Com cordialidade e reverência, nosso sacramento e outras reuniões se concentram em Jesus Cristo. Falamos com reverência da Expiação de Jesus Cristo, como algo pessoal e real, e não apenas de expiação de modo abstrato. A Igreja restaurada de Jesus Cristo tem o nome Dele: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Usamos uma linguagem reverente em nossas orações quando nos dirigimos ao Pai Celestial, e demonstramos um caloroso respeito quando falamos uns com os outros. Ao reconhecermos que Jesus Cristo está no centro dos convênios do templo, usamos menos a expressão “ir ao templo” e mais “achegar-se a Jesus Cristo na casa do Senhor”. Cada convênio ecoa: “[Aqui,] fala-se com amor”.

Os membros novos dizem que o vocabulário da Igreja muitas vezes requer decodificação. É engraçado pensar que “sede de estaca” poderia significar um local feito com pedaços de madeira; “ala” poderia indicar um setor hospitalar; “atividades de abertura” poderiam nos convidar a fazer exercícios ouvindo a música “Cabeça, ombros, joelhos e pés” no estacionamento da igreja. Por isso, peço que sejamos compreensivos e gentis ao aprendermos juntos novos idiomas de amor. Falaram para uma irmã recém-conversa da Igreja que sua saia estava muito curta. Em vez de se ofender, ela respondeu: “Meu coração está convertido; peço que seja paciente enquanto minhas roupas se adequam também”.4

As palavras que usamos podem nos aproximar ou nos distanciar de outros cristãos e amigos. Às vezes, falamos de trabalho missionário, trabalho no templo, trabalho humanitário e de bem-estar, de uma forma que pode fazer com que as pessoas pensem que acreditamos que fazemos essas coisas por conta própria. Que falemos sempre com calorosa e reverente gratidão pela obra e glória de Deus e pelos méritos, pela misericórdia e pela graça de Jesus Cristo e de Seu sacrifício expiatório.5

O segundo idioma do evangelho é o do serviço e do sacrifício.

Ao nos reunirmos semanalmente na igreja para nos alegrar no Dia do Senhor e honrar esse dia, podemos expressar uns para os outros e para Jesus Cristo o nosso comprometimento em relação ao convênio sacramental por meio de nossos chamados na Igreja, companheirismo, sociabilidade e serviço.

Quando pergunto aos líderes locais da Igreja o que os preocupa, tanto os irmãos como as irmãs dizem: “Alguns de nossos membros não têm aceitado chamados na Igreja”. Os chamados para servir ao Senhor e uns aos outros em Sua Igreja dão a oportunidade de aumentar nossa compaixão, capacidade e humildade. Ao sermos designados por imposição de mãos, podemos receber a inspiração do Senhor para elevar e fortalecer outras pessoas e a nós mesmos. É claro que mudanças nas circunstâncias e épocas de nossa vida podem afetar nossa capacidade de servir, mas esperamos que nunca afetem nosso desejo de servir. Assim como o rei Benjamim, dizemos: “Se tivesse, daria”6 e ofereceria tudo o que posso.

Líderes da estaca e da ala, que façamos nossa parte. Ao chamarmos (e desobrigarmos) irmãos e irmãs para servirem na Igreja do Senhor, façamos isso com decência e inspiração. Ajudem cada pessoa a se sentir valorizada e a sentir que pode ter sucesso. Peço que se aconselhem com as irmãs que são líderes e as ouçam. Lembremos, como ensinou o presidente J. Reuben Clark, que na Igreja do Senhor servimos onde somos chamados, “algo que não se busca nem se recusa”.7

Quando a irmã Gong e eu nos casamos, o élder David B. Haight nos aconselhou: “Sempre tenham um chamado na Igreja. Especialmente quando a vida estiver agitada. Vocês precisam sentir o amor do Senhor por aqueles a quem servem e o amor Dele por vocês enquanto servem”, disse ele. Prometo que falamos com amor, aqui e em todo lugar, quando respondemos “sim” aos líderes da Igreja para servirmos ao Senhor em Sua Igreja com o Seu Espírito e por nossos convênios.

A Igreja restaurada do Senhor pode ser uma incubadora para uma comunidade de Sião. Ao adorar, servir, desfrutar e conhecer Seu amor juntos, ancoramos uns aos outros em Seu evangelho. Podemos discordar politicamente ou em questões sociais, mas encontramos harmonia ao cantar juntos no coro da ala. Cultivamos a conexão e lutamos para que ninguém fique isolado ao ministrarmos no lar uns dos outros e na vizinhança regularmente e de todo o coração.

Durante as visitas aos membros com presidentes de estaca, sinto seu profundo amor pelos membros, em todas as circunstâncias em que se encontram. Quando passávamos pelas casas dos membros de sua estaca, um presidente de estaca observou que, quer moremos em uma casa com piscina ou em uma casa com chão de terra batida, o serviço na Igreja é um privilégio que muitas vezes inclui sacrifício. No entanto, observou ele sabiamente que, quando servimos e nos sacrificamos juntos no evangelho, encontramos menos falhas uns nos outros e mais paz. Quando O permitimos, Jesus Cristo nos ajuda a expressar Seu amor.

Nesse verão, nossa família conheceu membros da Igreja e amigos maravilhosos em Loughborough e em Oxford, na Inglaterra. Esses importantes encontros me lembraram de como as atividades sociais e de serviço da ala podem criar novos e duradouros laços do evangelho. Há algum tempo, tenho sentido que, em muitos lugares da Igreja, algumas atividades da ala, obviamente planejadas e implementadas com o propósito do evangelho, poderiam nos aproximar com ainda mais inclusão e união.

Inspirados, uma pessoa encarregada pelo comitê de atividades da ala e os membros desse comitê nutrem cada pessoa e uma comunidade de santos. Suas atividades bem planejadas ajudam todos a se sentirem valorizados, incluídos e convidados a desempenhar um papel necessário. Tais atividades unem pessoas com diferentes idades e origens, criam lembranças duradouras e podem ser realizadas com pouco ou nenhum custo. Atividades agradáveis do evangelho também são convidativas para vizinhos e amigos.

Sociabilidade e serviço geralmente andam juntos. Os jovens adultos sabem que, se realmente querem conhecer alguém, devem ficar lado a lado com essa pessoa, e participar juntos em um projeto de serviço.

Jovens adultos pintando em um projeto de serviço.

É claro que nenhuma pessoa e nenhuma família é perfeita. Todos nós precisamos de ajuda para falar com mais amor. “O perfeito amor lança fora o temor.”8 A fé, o serviço e o sacrifício nos levam a colocar menos foco em nós mesmos e a nos achegar a nosso Salvador. Quanto mais compassivos, fiéis e altruístas forem nosso serviço e sacrifício em prol Dele, mais chance teremos de compreender a compaixão e a graça expiatória de Jesus Cristo para conosco.

E isso nos leva ao idioma do evangelho de fazer parte do convênio.

Vivemos em um mundo egoísta, no qual há tanto de: “Eu escolho a mim”. É como se acreditássemos que somos os mais aptos a entender o que é do nosso próprio interesse e como buscá-lo.

Mas, em última análise, isso não é verdade. Jesus Cristo personifica esta poderosa verdade atemporal:

“Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por causa de mim, achá-la-á.

Pois que aproveita ao homem [ou mulher], se ganhar o mundo inteiro, e perder a sua alma?”9

Jesus Cristo oferece um caminho melhor: relacionamentos alicerçados em convênios divinos, mais fortes do que os laços da morte. Fazer parte do convênio junto a Deus e uns aos outros pode curar e santificar nossos relacionamentos mais valiosos. Na verdade, Ele nos conhece melhor e nos ama mais do que conhecemos ou amamos a nós mesmos. Na verdade, quando fazemos convênio de entregar tudo o que somos, podemos nos tornar mais do que somos. O poder e a sabedoria de Deus podem nos abençoar com todas as boas dádivas, no Seu tempo e à Sua maneira.

A inteligência artificial (IA) atingiu grandes avanços na tradução de idiomas. Já se foi o tempo em que um computador traduziria a expressão idiomática “o espírito está pronto, mas a carne é fraca” como “o vinho é bom, mas a carne está estragada”. É interessante notar que repetir exemplos extensos de um idioma ensina esse idioma a um computador de modo mais eficaz do que ensinar as regras gramaticais.

Da mesma forma, nossas próprias experiências repetidas podem ser nossa melhor maneira espiritual de aprender os idiomas do evangelho da cordialidade e da reverência, do serviço e do sacrifício, e de fazer parte do convênio.

Então, onde e como Jesus Cristo fala com vocês com amor?

Onde e como vocês ouvem alguém falar com o amor Dele?

Que cada um de nós aprenda a falar com Seu amor e ouvir falarem com esse mesmo amor em nosso coração, em nosso lar, nos chamados, nas atividades, na ministração e no serviço no evangelho.

No plano de Deus, um dia cada um de nós fará a transição desta vida para o mundo vindouro. Quando encontrarmos o Senhor, imagino-O dizendo, com palavras de instrução e promessa: “[Aqui,] fala-se com [o Meu] amor”. No sagrado nome de Jesus Cristo, amém.