O poder selador
O poder selador torna a salvação individual e a exaltação da família universalmente disponíveis para os filhos de Deus.
Tem sido profetizado pelo menos desde a época de Isaías1 que, nos últimos dias, o antigo povo do convênio do Senhor, a casa de Israel, seria “[coligada] de sua longa dispersão, desde as ilhas do mar e dos quatro cantos da Terra”2 e restituída às “terras de sua herança”.3 O presidente Russell M. Nelson tem falado repetidamente e de maneira poderosa sobre essa coligação, ensinando que é “a coisa mais importante que está acontecendo na Terra hoje em dia”.4
Qual é o propósito dessa coligação?
Por revelação ao profeta Joseph Smith, o Senhor identificou um propósito como uma proteção para o povo do convênio. Ele disse: “A reunião na terra de Sião e em suas estacas [será] uma defesa e um refúgio contra a tempestade e contra a ira, quando for derramada, sem mistura, sobre toda a Terra”.5 A “ira”, nesse contexto, pode ser entendida como as consequências naturais da desobediência generalizada às leis e aos mandamentos de Deus.
Mais importante ainda, a coligação tem o propósito de levar as bênçãos da salvação e da exaltação a todos os que as aceitarão. É assim que as promessas do convênio feitas a Abraão são cumpridas. O Senhor prometeu a Abraão que, por meio de seus descendentes e de seu sacerdócio, “[seriam] abençoadas todas as famílias da Terra, sim, com as bênçãos do Evangelho, que são as bênçãos de salvação, sim, de vida eterna”.6 O presidente Nelson explicou isso desta maneira: “Quando abraçamos o evangelho e somos batizados, (…) tomamos sobre nós o sagrado nome de Jesus Cristo. O batismo é a porta que nos leva a ser coerdeiros de todas as promessas dadas anteriormente pelo Senhor a Abraão, Isaque, Jacó e sua posteridade”.7
Em 1836, Moisés apareceu ao profeta Joseph Smith no Templo de Kirtland e “[conferiu] as chaves para coligar Israel das quatro partes da Terra”.8 Na mesma ocasião, Elias apareceu e “conferiu-nos a dispensação do evangelho de Abraão, dizendo que em nós e em nossa semente todas as gerações depois de nós seriam abençoadas”.9 Com essa autoridade, agora levamos o evangelho de Jesus Cristo — as boas novas da redenção por meio Dele — a todas as partes e a todos os povos da Terra e coligamos ao convênio do evangelho todos os que tiverem o desejo. Eles se tornam “a semente de Abraão; e a igreja e reino e os eleitos de Deus”.10
Naquela mesma ocasião, no Templo de Kirtland, um terceiro mensageiro celestial apareceu a Joseph Smith e Oliver Cowdery. Falo de Elias, o Profeta, e é sobre a autoridade e as chaves que ele restaurou que quero falar hoje.11 O poder de validar todas as ordenanças do sacerdócio e ligá-las tanto na Terra como no céu — o poder selador — é crucial para coligar e preparar um povo do convênio em ambos os lados do véu.
Anos antes, Morôni deixara claro a Joseph Smith que Elias traria a autoridade essencial do sacerdócio: “Eis que vos revelarei o Sacerdócio pela mão de Elias, o profeta”.12 Posteriormente, Joseph Smith explicou: “Por que enviar Elias? Porque ele possui as chaves da autoridade para ministrar em todas as ordenanças do sacerdócio; e [a menos] que a autoridade seja concedida, nenhuma ordenança poderia ser ministrada em retidão”,13 ou seja, as ordenanças não seriam válidas para o tempo e a eternidade.14
Em um ensinamento agora canonizado como escritura em Doutrina e Convênios, o profeta declarou: “A alguns a doutrina de que falamos poderá parecer muito arrojada — um poder que registra ou liga na Terra e liga nos céus”. Contudo, em todas as épocas do mundo, sempre que o Senhor deu uma dispensação do sacerdócio a qualquer homem ou grupo de homens, por revelação real, esse poder sempre foi dado. Por isso, tudo o que esses homens fizeram com autoridade em nome do Senhor e fizeram-no verdadeira e fielmente, conservando um registro fiel e adequado do mesmo, tornou-se lei na Terra e nos céus e, de acordo com os decretos do grande Jeová, não podia ser revogado”.15
Temos a tendência de pensar que a autoridade seladora se aplica apenas a certas ordenanças do templo, mas essa autoridade é necessária para tornar qualquer ordenança válida e indissolúvel após a morte.16 O poder selador confere um selo de legitimidade sobre seu batismo, por exemplo, para que ele seja reconhecido aqui e no céu. Por fim, todas as ordenanças do sacerdócio são realizadas sob as chaves do presidente da Igreja, e conforme explicou o presidente Joseph Fielding Smith: “Ele [o presidente da Igreja] deu-nos autoridade, ele colocou o poder selador em nosso sacerdócio porque ele porta essas chaves”.17
Há outro propósito vital na coligação de Israel que tem um significado especial quando falamos sobre o selamento na Terra e no céu, ou seja, a construção e operação de templos. Conforme o profeta Joseph Smith explicou: “Que objetivo poderá ter a coligação (…) do povo de Deus, em qualquer época do mundo? (…) O objetivo principal foi edificar uma casa ao Senhor, na qual revelaria a Seu povo as ordenanças de Sua casa e as glórias de Seu reino e ensinaria às pessoas o caminho da salvação; porque há certas ordenanças e princípios que, para serem ensinados e praticados, devem ser efetuados em um lugar ou em uma casa edificada para tal propósito”.18
O valor que o poder selador confere às ordenanças do sacerdócio inclui, é claro, as ordenanças vicárias realizadas no local designado pelo Senhor: Seu templo. Aqui vemos a majestade e a santidade do poder selador: ele torna a salvação individual e a exaltação familiar universalmente disponíveis aos filhos de Deus, quando e onde quer que tenham vivido na Terra. Nenhuma outra teologia, filosofia ou autoridade pode se igualar a uma oportunidade tão inclusiva. Esse poder selador é uma manifestação perfeita da justiça, da misericórdia e do amor de Deus.
Com o acesso ao poder selador, nosso coração naturalmente se volta para aqueles que já se foram. A coligação dos últimos dias pelo convênio atravessa o véu. Na ordem perfeita de Deus, os vivos não conseguem vivenciar a vida eterna em sua plenitude sem estabelecer laços duradouros com “os pais”, nossos antepassados. Da mesma forma, o progresso daqueles que já estão do outro lado ou que ainda cruzarão o véu da morte sem o benefício dos selamentos é incompleto até que ordenanças vicárias os liguem a nós, seus descendentes, e nos liguem a eles na divina ordem.19 O compromisso de ajudar uns aos outros através do véu pode ser classificado como uma promessa do convênio, parte do novo e eterno convênio. Nas palavras de Joseph Smith, queremos “selar nossos mortos para que surjam [conosco] na primeira ressurreição”.20
A manifestação mais elevada e sagrada do poder selador está na união eterna de um homem e uma mulher no casamento e na ligação da humanidade através de todas as suas gerações. Uma vez que a autoridade para oficiar nessas ordenanças é tão sagrada, o presidente da Igreja pessoalmente supervisiona sua delegação a outros. O presidente Gordon B. Hinckley disse em certa ocasião: “Já disse muitas vezes que se nada mais resultar da tristeza, dor e labuta da restauração, além do poder do santo sacerdócio de unir as famílias para sempre, ainda assim terá valido a pena todo o esforço”.21
Sem os selamentos que criam famílias eternas e unem gerações no presente e no futuro, ficaríamos na eternidade sem raízes e ramos, ou seja, sem antepassados e sem posteridade. É esse estado descompromissado e desconectado dos indivíduos, por um lado, ou conexões que desafiam o casamento e as relações familiares que Deus designou,22 por outro lado, que frustrariam o próprio propósito da criação da Terra. Se isso se tornasse a norma, seria como se a Terra fosse ferida por uma maldição ou “completamente devastada” na vinda do Senhor.23
Podemos ver por que “o casamento entre homem e mulher foi ordenado por Deus e que a família é essencial ao plano do Criador para o destino eterno de Seus filhos”.24 Ao mesmo tempo, reconhecemos que, no presente imperfeito, essa não é a realidade, nem mesmo uma possibilidade realista para alguns. Porém, temos esperança em Cristo. Enquanto esperamos no Senhor, o presidente M. Russell Ballard nos lembra que “as escrituras e os profetas modernos confirmam que todos os que forem fiéis no cumprimento dos convênios do evangelho terão a oportunidade de exaltação”.25
Algumas pessoas passaram por circunstâncias familiares infelizes e prejudiciais e sentem pouco desejo de ter uma família eterna. O élder David A. Bednar fez a seguinte observação: “Para vocês que vivenciaram a dor de um divórcio em sua família ou sentiram a agonia da confiança violada, lembrem-se [de que o padrão de Deus para as famílias] começa novamente com vocês! Um elo na corrente de suas gerações pode ter sido quebrado, mas outros elos justos e o que resta da corrente são eternamente importantes. Vocês podem fortalecer sua corrente e talvez até ajudar a restaurar os elos quebrados. Esse trabalho será realizado de maneira individual, um por um”.26
No funeral da irmã Pat Holland, esposa do élder Jeffrey R. Holland, em julho passado, o presidente Russell M. Nelson ensinou: “Um dia, Patricia e Jeffrey serão reunidos. Posteriormente, eles serão acompanhados por seus filhos e sua posteridade que cumpre os convênios e vivenciarão a plenitude da alegria que Deus reservou para Seus filhos fiéis. Sabendo disso, entendemos que a data mais importante na vida de Patricia não foi a de seu nascimento ou de sua morte. A data mais importante de sua vida foi 7 de junho de 1963, quando ela e Jeff foram selados no Templo de St. George. (…) Por que isso é tão importante? Porque a razão pela qual a Terra foi criada foi para que famílias pudessem ser formadas e seladas umas às outras. A salvação é um assunto individual, mas a exaltação é um assunto de família. Ninguém pode ser exaltado sozinho”.
Há não muito tempo, minha esposa e eu nos juntamos a uma querida amiga em uma sala de selamento no Templo de Bountiful Utah. Conheci essa amiga quando ela era criança, em Córdoba, Argentina. Meu companheiro de missão e eu estávamos fazendo contato com pessoas em uma vizinhança a poucos quarteirões do escritório da missão, e ela abriu a porta quando chegamos em sua casa. Pouco depois, ela, a mãe e os irmãos se filiaram à Igreja e permaneceram membros fiéis. Agora ela é uma adorável mulher, e naquele dia estávamos no templo para selar seus falecidos pais e, depois, selá-la a eles.
Um casal que ao longo dos anos se tornou amigo próximo representou os pais dela no altar. Foi um momento emocionante que ficou ainda mais doce quando nossa amiga argentina foi selada a seus pais. Havia apenas seis pessoas presentes em uma tarde tranquila, longe do mundo, e ainda assim uma das coisas mais importantes na Terra estava acontecendo. Fiquei grato por meu papel e minha associação terem completado o círculo, desde bater à sua porta como um jovem missionário até agora, muitos anos depois, ao poder realizar as ordenanças de selamento que a ligavam a seus pais e às gerações passadas.
Essa é uma cena que ocorre constantemente nos templos em todo o mundo. Esse é o passo final para coligar o povo do convênio. É nosso maior privilégio como membros da Igreja de Jesus Cristo. Prometo que, se buscarem fielmente esse privilégio, no tempo ou na eternidade ele certamente será seu.
Testifico que o poder e a autoridade seladores restaurados na Terra por meio de Joseph Smith são reais e que o que é assim ligado na Terra é verdadeiramente ligado no céu. Testifico que o presidente Russell M. Nelson, como presidente da Igreja, é o único homem na Terra hoje que dirige o uso desse poder celestial. Testifico que a Expiação de Jesus Cristo tornou real a imortalidade e a possibilidade de relacionamentos familiares exaltados. Em nome de Jesus Cristo, amém.