O LIVRO DE ABRAÃO
Sumário:
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Abraão procura as bênçãos dos pais (o sacerdócio)
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As promessas de Deus feitas a Abraão
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Abraão e Sarai entram no Egito
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Por meio do Urim e Tumim, Abraão aprende verdades a respeito do sol, da lua e das estrelas
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A natureza eterna dos espíritos
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Os Deuses planejam e criam esta Terra e todos os seres vivos que nela habitam
Quem Foi Abraão e Quando Ele Viveu?
Adão e Eva e a Queda (aproximadamente 4.000 a.C.), Enoque (aproximadamente 3.000 a.C.), Noé e o Dilúvio (aproximadamente 2.400 a.C.) e a torre de Babel (aproximadamente 2.200 a.C.) precederam a época de Abraão. Abraão, nascido por volta de 2000 a.C., foi pai de Isaque e avô de Jacó, cujo nome mais tarde foi mudado para Israel. (Ver Guia para Estudo das Escrituras, “cronologia”, pp. 49–52.)
Como a Igreja Recebeu o Livro de Abraão?
Em 3 de julho de 1835, um homem chamado Michael Chandler levou quatro múmias egípcias e vários rolos de papiro contendo escritos do egípcio antigo para Kirtland, Ohio. As múmias e os papiros tinham sido descobertos no Egito, vários anos antes, por Antonio Lebolo. Kirtland era uma das muitas paradas da exposição das múmias que Chandler estava fazendo no Leste dos Estados Unidos. Chandler tinha colocado as múmias e os papiros à venda e, a pedido do Profeta Joseph Smith, vários membros da Igreja fizeram uma doação para adquirirem-nas. Em uma declaração de 5 de julho de 1835, Joseph Smith escreveu o seguinte a respeito da importância desses antigos escritos egípcios: “Comecei a tradução de alguns dos caracteres hieroglíficos, e para minha grande alegria, descobri que os rolos continham escritos de Abraão (…). Verdadeiramente posso dizer que o Senhor está começando a revelar a abundância de paz e verdade”. (History of the Church, 2:236.)
Como o Profeta Traduziu os Antigos Escritos?
O Profeta Joseph Smith não explicou seu método de traduzir esses registros. Como acontece com todas as outras escrituras, um testemunho da veracidade desses escritos é basicamente uma questão de fé. A maior evidência da veracidade do livro de Abraão não se encontra em uma análise de suas evidências físicas nem de seu fundo histórico, mas ao ponderar-se fervorosamente o seu conteúdo e poder.
Por Que o Profeta Joseph Smith Disse Ter Traduzido os Escritos de Abraão Se os Manuscritos Não Datam da Época de Abraão?
Em 1966, onze fragmentos dos papiros que foram de propriedade do Profeta Joseph Smith foram descobertos no Metropolitan Museum of Art da cidade de Nova York. Eles foram dados à Igreja e analisados por estudiosos que os dataram entre 100 a.C. e 100 d.C. Uma objeção freqüente à autenticidade do livro de Abraão baseia-se no fato de que os manuscritos não são suficientemente antigos para terem sido escritos por Abraão, que viveu quase dois mil anos antes de Cristo. Joseph Smith jamais declarou que os papiros tivessem sido escritos pelo próprio Abraão nem que fossem de sua época. É freqüente referir-nos às obras de um autor como “seus” escritos, quer ele os tenha escrito pessoalmente ou ditado a outros, quer tenham sido copiados por outros posteriormente.
O Que o Profeta Joseph Smith Fez com Sua Tradução?
O livro de Abraão foi publicado originalmente em partes no Times and Seasons, uma revista da Igreja, a partir de março de 1842, em Nauvoo, Illinois. (Ver Introdução no início da Pérola de Grande Valor.) O Profeta Joseph Smith explicou que publicaria outras partes do livro de Abraão posteriormente, mas foi morto como mártir antes de poder fazê-lo. A respeito do possível tamanho da tradução completa, Oliver Cowdery disse certa vez que seriam necessários “volumes” para contê-la. (Ver Messenger and Advocate, dezembro de 1835, p. 236.)
Além dos escritos hieroglíficos, o manuscrito também continha desenhos egípcios. Em 23 de fevereiro de 1842, o Profeta Joseph Smith pediu a Reuben Hedlock, um entalhador de madeira profissional e membro da Igreja, que preparasse uma xilogravura dos desenhos para que pudessem ser impressos. Hedlock terminou a xilogravura em uma semana, e Joseph Smith publicou os fac-símiles juntamente com o livro de Abraão. As explicações de Joseph Smith dos desenhos acompanham os fac-símiles.
O Que Aconteceu com as Múmias e os Papiros?
Depois da morte do Profeta Joseph Smith, as quatro múmias e os papiros tornaram-se propriedade da mãe viúva de Joseph, Lucy Mack Smith. Quando Lucy morreu, em 1856, Emma Smith, a esposa do Profeta, vendeu a coleção ao Sr. A. Combs. Existem várias teorias sobre o que teria acontecido com as múmias e os papiros depois disso. Parece que pelo menos duas das múmias foram destruídas pelo fogo no grande incêndio de Chicago, em 1871. (Ver B. H. Roberts, New Witnesses for God, 3 vols., 1909–1911, 2:380–382.)
No início da primavera de 1966, o Dr. Aziz S. Atiya, um professor da Universidade de Utah, descobriu vários fragmentos dos papiros do livro de Abraão, enquanto fazia uma pesquisa no Metropolitan Museum of Art na cidade de Nova York. Esses papiros foram presenteados à Igreja pelo diretor do museu, em 27 de novembro de 1967. O paradeiro atual das outras múmias e dos outros papiros é desconhecido. (Ver H. Donl Peterson, “Some Joseph Smith Papyri Rediscovered, 1967”, em Studies in Scripture, Volume Two, pp. 183–185.)
Qual É o Significado do Livro de Abraão?
O livro de Abraão é uma evidência do chamado inspirado do Profeta Joseph Smith. Ele surgiu em uma época em que o estudo da língua e cultura do antigo Egito estava apenas começando. Os estudiosos do século XIX mal tinham acabado de começar a explorar o campo da egiptologia, mas sem nenhum estudo formal em línguas antigas e sem nenhum conhecimento do antigo Egito (com exceção de seu trabalho no Livro de Mórmon), Joseph Smith começou sua tradução dos antigos manuscritos. Seu conhecimento e capacidade foram-lhe concedidos pelo poder e dom de Deus, juntamente com sua determinação e fé.
O livro de Abraão revela verdades do evangelho de Jesus Cristo que eram anteriormente desconhecidas pelos membros da Igreja na época de Joseph Smith. Ele também esclarece passagens difíceis encontradas em outros textos das escrituras.
Abraão 1:1–4
ABRAÃO PROCURA AS BÊNÇÃOS DOS PAIS
Abraão 1:1. Os Caldeus e os Egípcios
Ur, terra natal de Abraão, geralmente é identificada com a moderna cidade de Mugheir, no atual Iraque. Ela fica a 150 milhas (240 quilômetros) do Golfo Pérsico e a 875 milhas (1.400 quilômetros) do Egito. Embora os povos da Caldéia e do Egito estivessem geograficamente separados entre si, aparentemente nos dias de Abraão eles tinham as mesmas práticas e crenças religiosas.
O Élder Mark E. Petersen, que foi membro do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou que Abraão “menciona que o sacerdote de Elquena também era sacerdote do Faraó. O altar [ver fac-símile 1, figura 4] era obviamente desenhado especificamente para o sacrifício humano.
Como essa influência egípcia chegou até a Mesopotâmia? O que o sacerdote do Faraó estava fazendo em Ur?
Naquela época, a influência egípcia se estendia por todo o Crescente Fértil [uma região geográfica que se estende em um arco que vai do norte do Egito até a Mesopotâmia e depois para o leste e para o sul novamente, até o Golfo Pérsico]. Grande parte do conhecimento avançado do povo do Nilo foi exportado para outros países, inclusive alguns de seus costumes religiosos”. (Abraham, Friend of God, 1979, pp. 42–43.)
Abraão 1:1. Os Primeiros Anos de Abraão
Abraão talvez tenha conhecido o profeta Noé. A cronologia bíblica indica claramente que Noé estava vivo nos primeiros anos da vida de Abraão. Em Abraão 1:19, o Senhor menciona Sua relação pactual com Noé a fim de ensinar a Abraão como seriam os convênios que o Senhor faria com ele.
Abraão 1:2. Por Que Abraão Procurou as Bênçãos dos Pais?
O Élder Neal A. Maxwell, membro do Quórum dos Doze Apóstolos, disse: “O verdadeiro discípulo tem um desejo inato de conhecer pessoalmente tudo o que Deus está disposto a nos ensinar. Néfi aceitou prontamente a visão de seu pai, Leí. Mas Néfi ‘[desejou] ver as coisas que [seu] pai viu’. (1 Néfi 11:1) Abraão buscou, embora tivesse um pai que se desviou da fé, ‘maior felicidade e paz’ e ‘[sua] designação ao Sacerdócio’. (Abraão 1:2, 4) Abraão descreveu-se a si mesmo como alguém desejoso de ser ‘possuidor de grande conhecimento e ser maior seguidor da retidão’ (Abraão 1:2), buscando a palavra de Cristo. A inspiração de origem divina pode levar-nos a banquetear-nos na palavra, porque sabemos que isso pode aumentar nosso conhecimento, eficácia e alegria”. (Wherefore, Ye Must Press Forward, 1977, p. 119.)
Abraão 1:2. O Que É o “Direito Que Pertencia aos Pais”?
O Profeta Joseph Smith ensinou que Adão recebeu o sacerdócio “na Criação, antes de ser formado o mundo” e que ele possuía as chaves da Primeira Presidência (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 153.)
O Presidente Ezra Taft Benson ensinou:
“A ordem do sacerdócio mencionada nas escrituras é muitas vezes chamada de ordem patriarcal porque foi passada de pai para filho (…).
Abraão, um servo justo de Deus, desejando, como ele mesmo disse, ‘ser maior seguidor da retidão’, buscou essas mesmas bênçãos. Falando a respeito da ordem do sacerdócio, ele disse: ‘Foi-me conferido pelos pais; veio dos pais desde o princípio do tempo (…) do primeiro homem, que é Adão, ou seja, o primeiro pai; e por meio dos pais até mim.’” (Abraão 1:2–3) (“What I Hope You Will Teach Your Children about the Temple”, Ensign, Agosto de 1985, p. 9).
Abraão explicou que tinha “os registros dos pais, sim, dos patriarcas, a respeito do direito ao Sacerdócio”. (Abraão 1:31) Esses registros confirmavam o direito de Abraão ao sacerdócio. Isso pode ser confirmado em Gênesis 5 (de Adão a Sem; ver também Moisés 6:8–25; 8:1–13) e Gênesis 11:10–26 (de Sem a Abrão [Abraão]; ver também D&C 84:14–16; 107:40–52).
O Presidente Joseph Fielding Smith, falando a respeito da organização patriarcal de Adão a Moisés, escreveu: “A ordem desse sacerdócio, estabelecida no princípio, foi a patriarcal. A autoridade passava de pai para filho, sendo que deviam ser sumos sacerdotes. Essa ordem de transmissão de Adão até Noé é dada em Doutrina e Convênios. Noé, que está logo abaixo de Adão em autoridade, preservou esse sacerdócio no dilúvio, e ele continuou de geração em geração. Abraão, o décimo após Noé, recebeu bênçãos especiais do Senhor, e o sacerdócio continuou por meio dele e de sua semente, com a promessa de que todos os que recebessem o evangelho seriam contados como sendo de sua semente e participariam de suas bênçãos”. (Doutrinas de Salvação, 3:162–163.)
Abraão 1:3. Quem Conferiu o Sacerdócio a Abraão?
Doutrina e Convênios 84:14–16 declara que “Abraão recebeu o sacerdócio das mãos de Melquisedeque, que o recebeu através da linhagem de seus pais, até Noé” e de Noé até Enoque, chegando por fim a Adão. O registro de Abraão mostra que seus pais tinham “afastado de sua retidão” (Abraão 1:5) e, portanto, não podiam conferir o santo sacerdócio a Abraão. Mas Abraão tornou-se um “herdeiro legítimo” do sacerdócio por meio de sua retidão e “[buscou as bênçãos dos pais” que possuíam o sacerdócio (v. 2). O Profeta Joseph Smith também mencionou o relacionamento de Abraão com o justo patriarca Melquisedeque ao escrever: “Abraão diz a Melquisedeque: Creio em tudo que me ensinaste a respeito do sacerdócio e da vinda do Filho do Homem; então Melquisedeque ordenou Abraão e o despediu. Abraão regozijou-se, dizendo: Agora tenho o sacerdócio”. (History of the Church, 5:555)
Abraão 1:5–19 e FAC-SÍMILE 1
JEOVÁ SALVA ABRAÃO
Abraão 1:4–6. A Coragem de Abraão
O Presidente Joseph Fielding Smith declarou: “Todos sabemos como é a coragem necessária para opor-nos ao costume e à crença da maioria. Nenhum de nós gosta de ser ridicularizado. Poucos são capazes de se colocar em posição contrária à opinião popular, mesmo quando sabem que ela é errada, e é difícil compreender a magnífica coragem mostrada por Abraão em sua profunda obediência a Jeová em meio às circunstâncias à sua volta. Quase não há o que se compare à sua coragem moral, sua fé implícita em Deus, seu destemor em erguer a voz em oposição à iniqüidade predominante”. (O Caminho da Perfeição, p. 86.)
Abraão 1:6–7. Por Que os Pais Procuraram Sacrificar Abraão?
Abraão 1 revela que o pai de Abraão, Terá, tinha-se entregado à adoração de deuses falsos e estava disposto a oferecer seu próprio filho em sacrifício. (Ver Abraão 1:5–6, 17; Josué 24:2.) O Élder John A. Widtsoe, que foi membro do Quórum dos Doze Apóstolos, escreveu: “A família de Abraão se havia desviado da retidão e tornara-se idólatra. Abraão, portanto, sendo ele próprio um seguidor da verdade de Deus, pregou-lhes a retidão, mas sem sucesso. Por sua insistência em adorar o único Deus verdadeiro e vivo, ele foi perseguido e ameaçado de morte. Tão forte era o ódio dos idólatras, que somente por intervenção do Senhor é que ele foi salvo de ser oferecido como sacrifício aos ídolos de seu povo”. (Evidences and Reconciliations, p. 398.)
Abraão 1:8–11. Sacrífio Humano Egípcio
O Presidente Joseph Fielding Smith, comentando a respeito dos sacrifícios humanos que ocorriam na época de Abraão, escreveu: “Abraão era a [décima] geração de Noé. Várias centenas de anos haviam-se passado após o dilúvio, e o povo multiplicara-se, alastrando-se sobre a face da Terra. Foram estabelecidas as civilizações do Egito, da Caldéia, da Assíria e as pequenas nações de Canaã. Com essa dispersão, o verdadeiro culto ao Pai quase foi perdido. O sacrifício instituído nos dias de Adão e continuado na prática e ensinamentos de Noé, à semelhança do grande sacrifício do Filho do Homem, foi pervertido. Em vez de oferecer animais limpos, tais como cordeiros ou bois, as nações apóstatas perderam-se na descrença, chegando ao ponto de oferecer sacrifício humano a seus falsos deuses”. (O Caminho da Perfeição, p. 82.)
Abraão 1:11. As Três Virgens
Juntamente com os três jovens extraordinariamente fiéis, Sadraque, Mesaque e Abednego (ver Daniel 3:12–30), o Élder Neal A. Maxwell comentou a respeito daquelas três jovens virtuosas, considerando-as um “maravilhoso exemplo de perseverança na incerteza e de confiança em Deus. As três jovens, cujo nome não conhecemos, estão à altura daqueles três rapazes. Elas são mencionadas no livro de Abraão, são jovens notáveis sobre as quais tenho grande desejo de conhecer melhor. Elas foram realmente oferecidas em sacrifício sobre o altar, porque ‘recusaram-se a curvar-se para adorar deuses de madeira ou de pedra’. (Abraão 1:11) Algum dia os fiéis chegarão a conhecê-las”. (“Not My Will, But Thine”, 1988, pp. 119–120.)
Abraão 1:12–20. O Sacrifício de Todas as Coisas, Se Necessário
O Profeta Joseph Smith ensinou:
“Para que um homem abandone tudo que possui, seu caráter e sua reputação, sua honra, a aclamação, seu bom nome entre os homens, suas casas, suas terras, seus irmãos e irmãs, sua esposa e filhos e até a própria vida—considerando tudo baixo e vil em relação à excelência do conhecimento de Jesus Cristo—é preciso mais do que a simples crença ou a suposição de que esteja fazendo a vontade de Deus; mas, sim, um conhecimento real, sabendo que quando esses sofrimentos terminarem, ele entrará para o descanso eterno e partilhará da glória de Deus (…).
(…) Uma religião que não exija o sacrifício de todas as coisas jamais terá poder suficiente para produzir a fé necessária para a vida e salvação; porque, desde que o homem existe, a fé necessária para se desfrutar a vida e a salvação nunca pôde ser alcançada sem o sacrifício de todas as coisas terrenas. Foi por meio desse sacrifício, e somente por ele, que Deus ordenou que o homem possa desfrutar da vida eterna; e é por intermédio do sacrifício de todas as coisas terrenas que o homem pode realmente saber que está fazendo as coisas que são muito agradáveis à vista de Deus. Se um homem ofereceu em sacrifício tudo o que possuía pela causa da verdade, não poupando sequer a sua própria vida, e acreditando perante Deus que foi chamado para fazer esse sacrifício porque procura fazer a vontade Dele, então ele saberá com toda a certeza que Deus aceita e aceitará seu sacrifício e oferta, e que ele não procurou nem procurará Sua face em vão. Sob essas condições, ele poderá então adquirir a fé necessária para alcançar a vida eterna.
(…) É inútil uma pessoa supor que será ou possa vir a ser herdeira juntamente com aqueles que ofereceram tudo o que tinham em sacrifício, e por esse meio alcançaram a fé em Deus e o Seu favor para receberem a vida eterna, a menos que ela, de igual modo, ofereça a Ele o mesmo sacrifício, e por meio dessa oferta adquira o conhecimento de que foi aceita por Ele (…).
(…) Desde a época do justo Abel até o presente, é por meio do sacrifício que os homens ficam sabendo que foram aceitos à vista de Deus (…).
(…) Aqueles, portanto, que fazem o sacrifício terão o testemunho de que sua vida é agradável à vista de Deus; e aqueles que têm esse testemunho terão fé necessária para alcançar a vida eterna e serão capazes, por meio da fé, de perseverar até o fim e receber a coroa que foi reservada para aqueles que amam a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas aqueles que não fazem esse sacrifício não podem desfrutar dessa fé, porque os homens dependem desse sacrifício para alcançarem essa fé: portanto, não podem alcançar a vida eterna, porque as revelações de Deus não lhes garantem a autoridade para que o façam, e sem essa garantia a fé não pode existir.” (Lectures on Faith, pp. 68–70.)
Abraão 1:20. Houve Lamentação na Corte do Faraó
A Caldéia ficava a uma grande distância do Egito, mas houve lamentação no Egito quando o Senhor derrubou o altar e feriu o sacerdote. A respeito desse acontecimento, o Élder Mark E. Petersen escreveu:
“Quando a escritura menciona que o Senhor quebrou os altares dos deuses da terra, isso deve ter tido grande repercussão, porque fez com que houvesse lamentação na Caldéia e também na corte do Faraó. O Faraó e sua corte ficavam no Egito. Só um acontecimento muito incomum poderia ter causado tamanha reação em um lugar tão afastado.
Obviamente, o breve relato de Abraão não nos conta toda a história.” (Abraham, Friend of God, pp. 48–49.)
Abraão 1:20–31
FARAÓ, REI DO EGITO
Abraão 1:20–27. Um Faraó no Egito
O Élder Bruce R. McConkie, membro do Quórum dos Doze Apóstolos, escreveu: “Depois da imersão da Terra nas águas de Noé, chegou o dia de um novo início. Como na época de Adão, os fiéis viviam sob um sistema teocrático, e como nos dias antes do dilúvio, aqueles que escolheram viver segundo a maneira do mundo estabeleceram seu próprio governo e sua própria forma de adoração. As sementes de Sem, Cão e Jafé começaram a povoar a Terra, e isso continuou por mais de quatrocentos anos, até que Abraão, que recebeu seu poder teocrático de Melquisedeque, foi para o Egito. Ele encontrou ali um descendente de Cão reinando como Faraó, com um governo que seguia o padrão dos governos patriarcais da antigüidade, mas sem o sacerdócio e sem a revelação, e conseqüentemente, ao menos no que se refere à adoração—adoração essa que era determinada, ordenada e comandada pelo Faraó—voltado à idolatria’”. (Abraão 1:20–27) (A New Witness for the Articles of Faith, p. 660).
Abraão 1:25. “O Primeiro Governo do Egito (…) Foi à Semelhança do Governo de Cão, Que Era Patriarcal”
O Élder Joseph Fielding Smith, quando era membro do Quórum dos Doze Apóstolos, escreveu:
“O Egito não era a única nação, naquela época, que tentou imitar a ordem patriarcal de governo. Vemos no registro de Abraão que essa era a ordem de governo no reino de Adão, até a época de Noé.
Evidentemente essa forma de governo seria perpetuada em grande parte por todas as tribos, à medida que começaram a espalhar-se pela face da Terra. À medida que os homens se multiplicavam, eles organizaram-se primeiro em grupos familiares, depois em tribos e por fim em nações. As grandes potências evidentemente ocupariam os locais mais favoráveis. As tribos mais fortes venceriam as mais fracas e as forçariam a unir-se ao governo nacional, caso contrário seriam subjugadas e tratadas como escravas, ou forçadas a pagar impostos. À medida que a ordem patriarcal foi passada de pai para filho, o mesmo se deu com a autoridade política a ser perpetuada com a mesma reivindicação de autoridade. Sabemos que nos tempos antigos, o Egito, a Assíria, a Caldéia, a Babilônia e a Pérsia, e no meio de todas as pequenas nações da Mesopotâmia e da Palestina, o monarca passava o trono para sua descendência, por direito hereditário.” (The Progress of Man, 3ª ed., 1944, pp. 100–101.)
Abraão 1:24–27. O Faraó e o Sacerdócio
Às vezes, no passado, o poder e a autoridade para agir em nome do Senhor era concedido apenas a alguns homens dignos e a ninguém mais. Na época em que Moisés liderou os filhos de Israel, por exemplo, apenas a tribo de Levi tinha o privilégio de possuir o sacerdócio. (Ver Números 8:5–26.) É chegado o dia, “há muito prometido (…) em que todo homem da Igreja fiel e digno poderia receber o santo sacerdócio”. Em 8 de junho de 1978, a Primeira Presidência anunciou:
“Cônscios das promessas feitas pelos profetas e presidentes da Igreja que nos precederam, de que, a um dado momento no plano eterno de Deus, todos os nossos irmãos dignos receberiam o sacerdócio; e testemunhando a fidelidade daqueles que haviam sido impedidos de recebê-lo, imploramos longa e fervorosamente por esses nossos fiéis irmãos, passando muitas horas na Sala Superior do Templo, a suplicar a orientação divina do Senhor.
Ele ouviu nossas orações e, por revelação, confirmou que era chegado o dia, há muito prometido, em que todo homem da Igreja fiel e digno poderia receber o santo sacerdócio, com o poder para exercer sua autoridade divina e usufruir, com seus entes queridos, todas as bênçãos que dele provêm, incluindo-se as bênçãos do templo. Portanto todos os homens dignos da Igreja podem ser ordenados ao sacerdócio, independentemente de sua raça ou cor. Instruímos os líderes do sacerdócio a seguirem a diretriz de, cuidadosamente, entrevistar todos os candidatos à ordenação, seja ao Sacerdócio Aarônico ou ao de Melquisedeque, para verificar se atendem aos padrões de dignidade estabelecidos.
Declaramos solenemente que o Senhor deu agora a conhecer Sua vontade para bênção de todos os Seus filhos, em toda a Terra, que atenderem à voz de Seus servos autorizados e se prepararem para receber todas as bênçãos do evangelho.” (Declaração Oficial 2)
Abraão 2:1–13
O CONVÊNIO ABRAÂMICO
Abraão 2:1. A Fome Se Agravou sobre a Terra
A fome na terra foi muito provavelmente causada pela seca, um período prolongado de clima seco no qual as plantações fenecem e os animais morrem por falta de comida. Observem como o Senhor usou a fome para influenciar Abraão e sua família: uma fome em Ur ajudou Terá, o pai de Abraão, a abandonar a idolatria e reunir seus filhos na terra de Harã (ver Abraão 1:30); a fome em Ur também fez com que Abraão se apressasse ainda mais para sair de Ur (ver Abraão 2:1–2); a fome foi um dos possíveis motivos da partida de Abraão da terra de Harã e foi uma provável causa da morte de Terá (ver Abraão 2:17; ver também Gênesis 11:32); uma fome persuadiu Abraão e sua família a deixar a terra de Canaã e continuar sua jornada até o Egito (ver Abraão 2:21). Ver também Helamã 11:3–20.
Abraão 2:6. Qual Foi a “Terra Estranha” Prometida a Abraão?
A Bíblia e o livro de Abraão identificam a terra estranha como sendo a terra de Canaã. (Ver Gênesis 17:8; Abraão 2:15.) Não é a mesma terra possuída pelo povo de Canaã, segundo Moisés 7:6–8. A Canaã de Abraão recebeu esse nome por causa de Canaã, o quarto filho de Cão. (Ver Gênesis 9:22; 10:6.) Canaã e sua família originalmente habitou a terra que se localiza nas planícies baixas na orla mediterrânea da Palestina. Canaã às vezes se refere a todo o país a oeste do rio Jordão, de Dã ao norte, até Berseba ao sul. Foi essa mesma terra que Josué dividiu entre as doze tribos de Israel. (Ver Josué 14–21.) Para aprender mais a respeito da terra e do povo de Canaã, ver Gênesis 15:18–21; 24:1–4; 28:1–2, 8–9; e Josué 24:11.
Muitos descendentes de Abraão habitaram na terra de Canaã, mas de tempos em tempos alguns foram expulsos daquela terra prometida. (Ver Abraão 2:6.) O Presidente Joseph Fielding Smith explicou: “Os descendentes de Abraão, isto é, as tribos de Israel, tornaram-se o povo eleito do Senhor, de acordo com a promessa. O Senhor os honrou, nutriu, vigiou com cioso cuidado, até que se tornassem uma grande nação na terra que havia concedido a seus pais. Não obstante esse solícito cuidado e as instruções e admoestações que o povo recebia de tempos em tempos, por meio de seus profetas, eles não compreenderam a bondade do Senhor e Dele se afastaram. Por causa de sua rebeldia, foram expulsos de sua terra e acabaram espalhados entre as nações”. (Doutrinas de Salvação, 1:179.)
Abraão 2:6. Uma Possessão Eterna
O Élder Bruce R. McConkie ensinou que “a herança de Abraão em Canaã, para ele e para sua semente, deveria ser uma herança eterna, que perdurasse por todo o tempo e a eternidade. Essa promessa é a esperança de Israel, a esperança de que os mansos herdarão a Terra, primeiro durante a era milenar e por fim naquele estado imortal, quando a Terra se tornar uma esfera celeste”. (Doctrinal New Testament Commentary, 2:71.)
Abraão 2:6, 9–11. O Convênio Abraâmico
A Promessa de Deus |
Referência das Escrituras |
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Terra |
Abraão 2:6 |
Posteridade |
Abraão 2:9 |
Sacerdócio |
Abraão 1:18 |
Salvação e exaltação |
Abraão 2:10 |
O Élder Bruce R. McConkie explicou:
“Abraão ocupa a mesma posição que Noé para todos os que viveram a partir de sua época, no que se refere às bênçãos eternas. Mesmo aqueles que não são literalmente de sua semente receberão as bênçãos eternas por meio dele e do convênio que Deus fez com ele. O Senhor prometeu várias vezes a Abraão que ele se tornaria uma grande nação e também que nele ‘[seriam] benditas todas as famílias da terra’. (Gênesis 12:2–3) Foi-lhe prometida a terra de Canaã como herança eterna, para ele e sua semente. ‘E farei a tua descendência como o pó da terra: de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua descendência será contada’. (Gênesis 13:16) Isso se refere a uma descendência eterna, pois a semente de nenhum homem pode exceder o número de partículas do pó da Terra. ‘Olha agora para os céus’, disse o Senhor, ‘e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência’. E Abraão ‘creu (…) no Senhor; e imputou-lhe isto por justiça’. (Gênesis 15:5–6) Todas essas coisas fazem parte do convênio abraâmico.
E o Senhor disse ainda a Abraão: ‘Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações; (…) E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti. E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti. E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.’ (Gênesis 17:4–8) Abraão assim faz convênio para si mesmo e sua semente de que servirão o Senhor Jeová, que por Sua vez promete-lhes uma herança eterna.
Em sua melhor e mais pura forma, no que se refere à palavra antiga, o convênio abraâmico foi estabelecido assim: [cita Abraão 2:9–11.]
Qual é, portanto, o convênio abraâmico? É que Abraão e sua descendência (inclusive os que forem adotados em sua família) terão todas as bênçãos do evangelho, do sacerdócio e da vida eterna. A porta da vida eterna é o casamento celestial, cuja santa ordem do casamento permite que a unidade familiar continue na eternidade, de modo que seus integrantes possam ter uma posteridade tão numerosa quanto as areias da praia ou as estrelas do céu. O convênio abraâmico permite que os homens criem para si próprios uma unidade familiar eterna à semelhança da família de Deus, nosso Pai Celestial. Uma parte menor do convênio é que a descendência de Abraão herdará no milênio uma possessão eterna na própria terra de Canaã por onde passaram os justos no passado.” (A New Witness for the Articles of Faith, pp. 503–505; ver também “O Convênio Abraâmico”, pp. 93–98, deste manual.)
Abraão 2:10. A Descendência de Abraão
O Élder John A. Widtsoe declarou: “Todos os que aceitam o evangelho se tornam membros adotados da família de Abraão”. (Evidences and Reconciliations, p. 399.) O Profeta Joseph Smith ensinou: Ao descer o Espírito Santo sobre o que é descendente literal de Abraão, seguem-se calma e serenidade, e toda a sua alma e corpo sentem tão somente o espírito puro da inteligência, enquanto o efeito do Espírito Santo num gentio é retirar-lhe o sangue velho e convertê-lo efetivamente em descendente de Abraão. O homem que não tem (fisicamente) o sangue de Abraão deve sofrer uma nova criação por meio do Espírito Santo”. (Ver Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 145.)
Abraão 2:11. “Este Direito Continuará em Ti e em Tua Semente”
Abraão desejou as bênçãos dos pais: o direito de ministrar no Sacerdócio de Melquisedeque. Ele era um herdeiro legítimo, e devido a sua retidão ele se tornou um sumo sacerdote no Sacerdócio de Melquisedeque. (Ver Abraão 1:2.) O Senhor prometeu-lhe que seus descendentes também seriam herdeiros legítimos do sacerdócio. “Ser um herdeiro do convênio abraâmico não nos transforma automaticamente em uma ‘pessoa escolhida’, mas significa que fomos escolhidos para recebermos a responsabilidade de levar o evangelho para todos os povos da Terra. Os descendentes de Abraão têm realizado atividades missionárias em todas as nações, desde a época de Abraão”. (Mateus 3:9; Abraão 2:9–11) (Bible Dictionary, “Abraham, covenant of”, p. 602).
O Presidente Ezra Taft Benson ensinou: “A responsabilidade da semente de Abraão, que somos nós, é ser missionários para levar ‘este ministério e Sacerdócio a todas as nações’”. (Abraão 2:9) (Conference Report, abril de 1987, p. 107; ou Ensign, maio de 1987, p. 85.)
As mesmas chaves do sacerdócio conferidas a Abraão foram restauradas na Terra nestes últimos dias. Em 3 de abril de 1836, um profeta chamado Elias apareceu a Joseph Smith e Oliver Cowdery no recém-dedicado Templo de Kirtland e conferiu a eles “o evangelho de Abraão, dizendo que em nós e em nossa semente todas as gerações depois de nós seriam abençoadas”. (D&C 110:12) Com essas chaves do sacerdócio novamente na Terra, uma pessoa pode receber todas as bênçãos dadas a Abraão. (Ver D&C 132:29–33.)
Abraão 2:13. “Bem Farei Dando Ouvidos a Tua Voz”
O Profeta Joseph Smith ensinou: “O Senhor orientou Abraão em todos os seus assuntos familiares; com ele conversaram os anjos e até o próprio Senhor; foi-lhe dito onde teria de ir e quando deveria parar; e prosperou grandemente em tudo o que empreendeu, porque ele e sua família obedeceram aos conselhos do Senhor”. (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 245.)
Abraão 2:14–25
ABRAÃO CONTINUA SUA JORNADA
Abraão 2:14. Cronologia dos Últimos Anos da Vida de Abraão
Idade |
Evento |
---|---|
? |
Abraão sai de Ur indo para a terra de Harã. (Ver Abraão 2:3–4.) |
62 |
Abraão e sua família saem da terra de Harã indo para a terra de Canaã. (Ver Abraão 2:14; observem que em Gênesis 12:4 lemos que ele tinha 75 anos quando deixou Harã.) |
? |
Abraão e sua família moraram no Egito. (Ver Gênesis 12:11–20.) |
? |
Abraão se estabelece em Hebrom (na terra de Canaã) e o Senhor aparece a ele novamente. (Ver Gênesis 13.) |
? |
Abraão salva Ló e encontra-se com Melquisedeque. (Ver Gênesis 14.) |
86 |
Nasce Ismael, filho de Abraão com Hagar. (Ver Gênesis 16:16.) |
99 |
O Senhor aparece novamente a Abraão, confirmando Seu convênio com ele. (Ver Gênesis 17:1.) |
100 |
Nasce Isaque, filho de Abraão com Sara. (Ver Gênesis 21:5.) |
? |
Abraão obedece ao mandamento de oferecer seu filho Isaque como sacrifício ao Senhor; o convênio abraâmico é reconfirmado. (Ver Gênesis 22.) |
? |
Sara, mulher de Abraão, morre. (Ver Gênesis 23.) |
175 |
Abraão morre e é enterrado com Sara em Hebrom. (Ver Gênesis 25:7–10.) |
O chamado de Abraão para sair de Ur dos caldeus e ir para as terras de Canaã e do Egito alteraram o curso de sua vida, a de seus descendentes e, por fim, de outras nações e civilizações.
Abraão 2:19. O Senhor Aparece Novamente a Abraão
As escrituras revelam diversas ocasiões em que o Senhor apareceu a Abraão ou falou com ele. Até aqui o livro de Abraão relatou:
-
A visão de Deus, um anjo e a voz do Senhor, enquanto Abraão estava deitado sobre o altar. (Ver Abraão 1:15–19.)
-
O Senhor aparece a Abraão quando ele ora na terra de Harã. (Ver Abraão 2:6–11.)
-
Outra vez que o Senhor aparece a Abraão em resposta a sua oração, ao entrar na terra de Canaã. (Ver v. 19.)
Mais tarde, o Senhor falou com Abraão ou apareceu a ele:
-
Antes que Abraão fosse para o Egito. (Ver Abraão 2:22.)
-
Depois de ele regressar do Egito e estabelecer-se na terra de Canaã. (Ver Gênesis 13:14–18.)
-
Quando ele orou por filhos. (Ver Gênesis 15).
-
Quanto tinha 99 anos de idade. (Ver Gênesis 17.)
-
Quando ele rogou pelos habitantes de Sodoma. (Ver Gênesis 18:17–33.)
-
Pouco antes do nascimento de Isaque. (Ver Gênesis 21:12–14.)
-
Quando lhe foi ordenado que oferecesse Isaque como sacrifício. (Ver Gênesis 22:1–2.)
-
Quando ia oferecer Isaque no alto da montanha. (Ver Gênesis 22:6–19.)
“Abraão recebeu todas as coisas que recebeu, por revelação e mandamento, pela minha palavra, diz o Senhor; e entrou para sua exaltação e assenta-se em seu trono.” (D&C 132:29)
Abraão 2:22–25. Abraão e Sarai no Egito
O fac-símile 3 mostra que Abraão não apenas sobreviveu ao passar pelo Egito, mas também foi convidado pelo Faraó a sentar-se no trono e ensinar os princípios da astronomia. O Senhor abençoou Abraão e Sarai espiritual, social e economicamente durante sua vida terrena no Egito. (Ver Gênesis 12:16–20.)
Abraão 2:24–25. A Obediência de Sarai
Sarai foi instruída a dizer aos egípcios que Abraão era seu irmão. Foi um teste de sua fé, assim como deve ter sido uma experiência indubitavelmente dolorosa para Abraão. Seja o que for que o Senhor ordene a uma pessoa isso será o certo e deve ser cumprido. (Teachings of the Prophet Joseph Smith, p. 256.) Abraão e Sarai compreendiam esse princípio e passaram no teste divino que lhes foi proposto pelo Senhor. O Élder Mark E. Petersen escreveu: “Para proteger-se, Abraão disse ao Faraó que Sara era sua irmã, o que de fato era verdade. Se ele tivesse dito que ela era sua mulher, ele poderia ter sido morto. Mas sendo sua irmã, o Faraó mostrou-se interessado em comprá-la por um bom preço”. (Abraham, Friend of God, p. 69; ver também Gênesis 20:12; para outros comentários a esse respeito, ver S. Kent Brown, “Biblical Egypt: Land of Refuge, Land of Bondage”, Ensign, setembro de 1980, pp. 45, 47.)
Sarai deriva da raiz de uma palavra que significa “princesa” em hebraico e “rainha” na língua acadiana. Sem dúvida alguma Sarai era uma mulher de grande estatura espiritual. O Élder Bruce R. McConkie explicou: “O Senhor nunca envia apóstolos e profetas e homens justos para ministrar a Seu povo sem colocar mulheres de igual estatura espiritual a seu lado. Adão é o grande sumo sacerdote, abaixo de Cristo, que governa como patriarca natural todos os homens de todas as épocas, mas ele não pode governar sozinho; Eva, sua mulher, governa a seu lado, tendo qualidades e atributos equivalentes aos dele. Abraão foi provado como poucos homens o foram, quando o Senhor ordenou-lhe que oferecesse Isaque sobre o altar (Gênesis 22:1–19); e Sara debateu-se com problemas semelhantes quando o Senhor ordenou-lhe que ocultasse dos egípcios a sua condição de esposa de Abraão (…). Em todas as dispensações e em todas as épocas, quando houve homens santos sempre havia também mulheres santas. Nenhum pode apresentar-se sozinho perante o Senhor. A exaltação de um depende da exaltação do outro”. (Doctrinal New Testament Commentary, 3:302.)
Abraão 3:1–17
O SENHOR MOSTRA AS ESTRELAS A ABRAÃO
Abraão 3:1. O Que São o Urim e o Tumim?
Urim e Tumim derivam de palavras hebraicas que significam “luzes” e “perfeições”. O título Urim e Tumim foi dado a um instrumento que o Senhor preparou para auxiliar o homem a receber revelação e traduzir línguas. O mais antigo uso do Urim e Tumim citado nas escrituras está associado ao irmão de Jarede. (Ver Éter 3:21–28.)
O Profeta Joseph Smith recebeu o Urim e Tumim que tinha sido do irmão de Jarede. (Ver D&C 17:1.) O Profeta descreveu-os como sendo “duas pedras em aros de prata— e essas pedras, presas a um peitoral, constituíam o que é chamado Urim e Tumim”. (Joseph Smith—História 1:35)
As escrituras revelam que houve mais de um Urim e Tumim. Enquanto os profetas do Livro de Mórmon estavam usando um conjunto de pedras (ver Ômni 1:20–21; Mosias 8:13–19; 21:26–28; 28:11–20), os profetas do Velho Testamento estavam usando outro grupo (ver Êxodo 28:30; Números 27:21; Deuteronômio 33:8; I Samuel 28:6; Esdras 2:63.)
Abraão 3:2–16. O Nome da Grande é Colobe
O Presidente Joseph Fielding Smith escreveu: “O Senhor deu-lhe a conhecer os seguintes fatos: Que Colobe é a primeira criação, a mais próxima do celestial, ou a residência de Deus. É a primeira em governo, a última no que se refere ao cálculo do tempo. Esse cálculo está de acordo com o tempo celestial. Um dia de Colobe é igual a mil anos, segundo o cálculo de tempo desta Terra, que era chamada pelos egípcios Ja-o-e. Oliblis, como é chamada pelos egípcios, é a seguinte depois de Colobe entre as grandes criações governantes próximas do celeste, ou seja, da morada de Deus. Essa grande estrela também é uma estrela governante e é igual a Colobe em suas revoluções e em seu cálculo de tempo. Outras grandes estrelas governantes também foram reveladas a Abraão”. (Man: His Origin and Destiny, 1954, p. 461.)
Abraão 3:2–10, 16–17. Outras Estrelas Governantes
Abraão aprendeu que, tal como Colobe, havia outras estrelas que eram “muito grandes”, e que essas grandes estrelas eram estrelas governantes. (Ver Abraão 3:2–3.) O Senhor ensinou a Abraão “o tempo estabelecido de todas as estrelas”. (Versículo 10; ver também vv. 4–9.) Abraão também aprendeu que havia outras estrelas governantes localizadas perto de Colobe e que giravam mais lentamente, ou “mais [vagarosamente]”, do que muitas outras estrelas (mas não mais lentamente que Colobe).
Abraão 3:3–4. “A Mesma Ordem Daquela Onde Te Encontras”
Os ensinamentos do Senhor a respeito das estrelas e planetas ajudaram Abraão a compreender melhor esta Terra e sua relação com Colobe. Por exemplo: Ele ensinou a Abraão que um dia de Colobe era igual a mil anos do tempo desta Terra. (Ver Abraão 3:4.)
Abraão 3:5–7. O Cálculo do Tempo Pode Variar
“Abraão aprendeu que os planetas e as estrelas no espaço possuem períodos de revolução diferentes e que se movem segundo sua maneira de calcular o tempo. (Abraão 3:4) Cada planeta, ou estrela, opera de acordo com uma base de tempo que foi estabelecida por sua localização em relação a um corpo governante central (…).
Para esclarecer melhor essa questão, imaginemos um explorador da lua que tenha de passar muito tempo na superfície lunar. Depois de algum tempo, ele irá considerar mais conveniente redefinir sua base de cálculo do tempo em termos do movimento do sol no céu da lua (seu novo ambiente). Seguindo o método por ele conhecido em relação a sua experiência na Terra (o antigo ambiente), ele define que o dia lunar começa quando o sol se levanta em determinado lugar no horizonte e termina quando o sol se põe no horizonte oposto (…).
Muito tempo depois de os dias, meses e anos lunares estarem bem definidos para o intrépido viajante lunar, ele compara seu sistema lunar com o calendário da Terra. Ele descobre que um dia lunar completo (rotação completa) corresponde a aproximadamente 29 dias terrestres(…). O observador na lua irá admitir que seu dia passa muito mais lentamente do que os dias calculados na Terra.” (Fred Holmstrom, “Astronomy and the Book of Abraham”, Sydney B. Sperry Symposium, 1982: The Pearl of Great Price, 1982, pp. 110–111.)
Abraão 3:13. O Senhor Conhece Todas as Suas Criações
O Senhor identificou o nome de vários dos planetas e estrelas de Suas criações. Falando de Suas numerosas e maravilhosas obras, o Senhor disse:
“Há muitos mundos que pela palavra de meu poder passaram. E há muitos que agora permanecem e são inumeráveis para o homem; mas todas as coisas são enumeráveis para mim, pois são minhas e eu conheço-as (…).
(…) Os céus, eles são muitos e são inumeráveis para o homem; mas são enumeráveis para mim, pois são meus.” (Moisés 1:35, 37.)
Abraão 3:14. “Multiplicarei a Ti e a Tua Semente Depois de Ti”
O Senhor cumpriu Sua promessa a Abraão com respeito a sua posteridade, pois há muitos bilhões de pessoas que nasceram nesta Terra e que podem ser consideradas seus filhos. A promessa de uma grande posteridade se aplica a todos os fiéis. O Élder Joseph Fielding Smith, quando era membro do Quórum dos Doze Apóstolos, escreveu:
“Os filhos de Abraão, se guardarem os convênios, como os receberam na casa do Senhor, como Abraão seu pai continuarão a multiplicar-se por toda a eternidade, e sua posteridade não terá fim. Assim são-lhes dadas igualmente as bênçãos de Abraão, Isaque e Jacó e participarão delas em sua plenitude, pois haverá entre os que recebem exaltação no reino de Deus aqueles que terão continuação das ‘sementes para sempre.’” (O Caminho da Perfeição, p. 93.)
Abraão 3:16–17. As Estrelas Diferem em Grandeza
Abraão aprendeu que sempre que houver duas estrelas, uma será maior que a outra, e que haverá outras estrelas maiores do que as duas, até Colobe, que é a maior de todas. Ele aprendeu que não é o tamanho que torna uma estrela ou planeta maior do que o outro, mas, sim, sua proximidade a Colobe. O mesmo acontece com os filhos de Deus: sua grandeza e glória dependem de sua proximidade ao Criador, Jesus Cristo, que está “mais perto do trono de Deus”, que é “o maior de todos”, “a primeira criação” e foi colocado para “reger todos os que pertencem à mesma ordem”. A grande estrela Colobe, portanto, é um símbolo de Jesus Cristo.
Abraão 3:17. As Perfeições do Senhor Deus
Deus cuida para que tudo o que coloca em Seu coração seja cumprido até o fim. Nisso Ele difere muito da natureza humana. O Senhor explicou:
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos (…).
Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” (Isaías 55:8–9)
Abraão 3:18–28
O SENHOR ENSINA ABRAÃO A RESPEITO DA EXISTÊNCIA PRÉ-MORTAL
Abraão 3:18–23. Os Filhos Espirituais do Pai Celestial
Abraão aprendeu que existem diversos graus de inteligência entre os filhos espirituais do Pai Celestial. (Abraão chamou os filhos espirituais do Pai Celestial de “espíritos” em Abraão 3:18–19, “inteligências” no versículo 22, e “almas” no versículo 23.) Ele aprendeu que Deus habitava no meio de todos os espíritos e inteligências e que Deus era “mais inteligente que todos eles”. (v. 19)
Abraão 3:18–23. A Existência Pré-Mortal
O Profeta Joseph Smith declarou: “O próprio Deus, vendo que estava no meio de espíritos e glória, por ser mais inteligente, considerou conveniente instituir leis pelas quais os demais teriam o privilégio de progredir como Ele próprio. O relacionamento que tivemos com Deus coloca-nos em condições de progredirmos em conhecimento. Ele tem o poder de instituir leis para instruir as inteligências mais fracas, de modo que possam ser exaltadas com Ele, recebendo glória sobre glória e todo o conhecimento, poder, glória e inteligência necessários para salvá-los no mundo dos espíritos”. (History of the Church, 6:312.)
Abraão 3:18–19. O Que Significa Ser “Mais Inteligente”?
Falando sobre as diferenças entre os espíritos, o Presidente Joseph Fielding Smith disse: “Sabemos que todos eram no começo inocentes; mas o direito do livre-arbítrio que lhes foi concedido permitiu que uns ultrapassassem outros, e assim, através das eras da existência imortal, se tornassem mais inteligentes, mais fiéis, pois tinham liberdade de agir por si, de raciocinar sozinhos, de aceitar a verdade ou rebelar-se contra ela”. (Doutrinas de Salvação, 1:65.)
Abraão 3:18–19. Os Espíritos São Eternos
O Profeta Joseph Smith ensinou: “Estou referindo-me à imortalidade do espírito do homem. Seria lógico dizer que a inteligência dos espíritos é imortal mas que teve um princípio? A inteligência dos espíritos não teve início nem terá fim. Isso é absolutamente lógico”. (History of the Church, 6:311.)
Falando a respeito da natureza eterna de nosso espírito, o Presidente Brigham Young declarou: “A humanidade foi organizada de elementos destinados a durar por toda a eternidade; nunca teve um começo e nunca poderá ter fim. Jamais houve uma ocasião em que não existiu essa matéria da qual eu e vocês fomos criados, e jamais poderá existir uma época em que ela deixará de existir, pois não pode ser aniquilada. Ela é reunida, organizada e tornada capaz de receber conhecimento, para ser entronizada em glória, para dela serem feitos anjos, Deuses—seres que controlarão os elementos, e que terão o poder, por meio de sua palavra, de ordenar a criação e redenção de mundos, ou de extinguir sóis por meio de seu sopro, de desorganizar mundos, fazendo com que voltem novamente ao seu estado caótico. Foi com esse objetivo que eu e vocês fomos criados.” (Discursos de Brigham Young, p. 48.)
A respeito da origem de nosso espírito na vida pré-mortal, o Presidente Marion G. Romney, que foi conselheiro na Primeira Presidência, ensinou: “Em sua origem, o homem é um filho de Deus. Os espíritos dos homens ‘são filhos e filhas gerados para Deus’. (D&C 76:24) Por meio desse processo de nascimento, a inteligência que existia por si mesma foi organizada em seres espirituais individuais”. (Conference Report, setembro-outubro de 1978, p. 18; ou Ensign, novembro de 1978, p. 14.)
O Élder Neal A. Maxwell escreveu: “Reconhecemos não nos ser possível compreender todas as implicações das palavras: ‘[os] espíritos (…) não tiveram princípio; eles existiam antes (…) pois são (…) eternos’. (Abraão 3:18) Mas sem dúvida compreendemos o suficiente para percebermos um Deus amoroso e redentor trabalhando e Se esforçando para ajudar-nos a tornar-nos como Ele é—algo que deveria nos inspirar profunda gratidão e alegria, em vez de desespero e dúvida, bem como uma submissão voluntária a tudo o que Ele considere que nos levará para mais perto desse objetivo”. (“Not My Will, But Thine”, p. 40.)
Abraão 3:19–21. O Senhor É “Mais Inteligente do que Todos Eles”
O Élder Neal A. Maxwell escreveu: “Não nos esqueçamos do grandioso conhecimento que nos foi revelado a respeito do mundo pré-mortal. A superioridade de Jesus Cristo (em meio a todos os nossos irmãos e irmãs espirituais) é claramente definida. A Seu respeito foi dito que Ele era ‘mais inteligente do que todos eles’. (Abraão 3:19) (…) Além disso, o conhecimento do Senhor é, felizmente, imensamente maior—não apenas um pouco maior—do que a combinação de todo o conhecimento possuído por todos os mortais”. (All These Things Shall Give Thee Experience, 1979, p. 22.)
Abraão 3:22–23. As Nobres e Grandes
Entre os espíritos ou inteligências que Abraão viu havia muitas “nobres e grandes”. (Abraão 3:22) Deus disse que esses espíritos nobres e grandes eram bons e que Ele os faria Seus governantes. Abraão foi um desses grandes e nobres. O Presidente Joseph F. Smith também teve uma visão dos muitos grandes e nobres espíritos “que foram escolhidos no princípio para serem governantes na Igreja de Deus”. (D&C 138:55) A respeito deles o Presidente Smith declarou: “Mesmo antes de nascerem, eles, com muitos outros, receberam suas primeiras lições no mundo dos espíritos e foram preparados para nascer no devido tempo do Senhor, a fim de trabalharem em Sua vinha para a salvação da alma dos homens”. (V. 56)
Abraão 3:23–24. “Foste Escolhido Antes de Nasceres”
O Senhor disse a Abraão que ele, Abraão, tinha sido escolhido na existência pré-mortal para ser um governante na Terra. O Élder Bruce R. McConkie explicou: “Tal como aconteceu com Abraão, o mesmo se deu com Joseph Smith. Cada um deles foi pré-ordenado [escolhido e designado antes do nascimento mortal] para presidir uma grande dispensação do evangelho”. (A New Witness for the Articles of Faith, p. 4.)
O Profeta Joseph Smith disse: “Todo homem que recebe o chamado para exercer seu ministério a favor dos habitantes do mundo foi ordenado precisamente para esse propósito no grande conselho dos céus, antes que este mundo existisse. Suponho que eu tenha sido ordenado a este ofício naquele grande conselho”. (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 357.)
Abraão 3:24–28. “Estava entre Eles um que Era Semelhante a Deus”.
Abraão aprendeu outras coisas a respeito de Jesus Cristo. Por exemplo: Jesus Cristo foi quem criou a Terra sobre a qual os filhos espirituais do Pai Celestial iriam habitar. (Ver Abraão 3:24.) Ele também foi escolhido e enviado à Terra para ser o Salvador. (Ver vv. 27–28; ver também Moisés 4:1–4.)
Abraão 3:24. “Faremos uma Terra”
O Élder Bruce R. McConkie ensinou: “Cristo, agindo sob a direção do Pai, foi e é o Criador de todas as coisas. (D&C 38:1–4; 76:22–24; João 1:1–3; Colossenses 1:16–17; Hebreus 1:1–3; Moisés 1; 2; 3) Pelos escritos de Abraão, fica evidente que Ele foi auxiliado na criação desta Terra por ‘muitos dos grandes e nobres’ filhos espirituais do Pai (…). Miguel ou Adão foi um deles. Enoque, Noé, Abraão, Moisés, Pedro, Tiago e João, Joseph Smith e muitos outros ‘nobres e grandes’ desempenharam um papel nesse grande empreendimento criativo”. (Doctrinal New Testamento Commentary, 3:194.)
Abraão 3:25. “E Assim Os Provaremos”
O Presidente Ezra Taft Benson resumiu a mensagem de Abraão 3:25, dizendo: “O maior teste da vida é a obediência a Deus”. (Conference Report, abril de 1988, p. 3; ou Ensign, maio de 1988, p. 4.) Não estamos aqui para testar ou “provar” Deus, mas para sermos testados e provados nós mesmos. Somos nós que estamos sendo julgados, não Deus.
O Élder Rex C. Reeve Sênior, que foi membro dos Setenta, disse: “Esta vida é um tempo de provação. Não de recompensas. Elas virão mais tarde. Estamos aqui para sermos testados. O teste está acontecendo neste exato momento!”. (Conference Report, outubro de 1982, p. 37; ou Ensign, novembro de 1982, p. 26.)
Abraão 3:26. O Que Significa “Guardar” um Estado?
O “primeiro estado” refere-se ao período de tempo antes de nascermos nesta Terra, também conhecido como vida prémortal. Para “guardar” esse primeiro estado, o filho espiritual de Deus na vida pré-mortal teve que usar seu arbítrio para escolher seguir o plano de salvação oferecido pelo Pai Celestial. Um terço dos filhos espirituais do Pai Celestial seguiu Lúcifer (o diabo) e rebelou-se contra Deus e o plano de salvação, deixando, portanto, de guardar seu primeiro estado. Por isso eles foram expulsos do céu, sendo-lhes negada a oportunidade de progredir.
O “segundo estado” refere-se à existência mortal da humanidade nesta Terra. Esse estado é um período probatório no qual as pessoas fazem sua “preparação para o encontro com Deus”. (Alma 12:24) Todos os que aceitarem e obedecerem aos princípios e ordenanças de salvação do evangelho de Jesus Cristo receberão a vida eterna, o maior dos dons de Deus, e terão “um acréscimo de glória sobre sua cabeça para todo o sempre”. (Abraão 3:26) Aqueles que não tiveram a oportunidade de aceitar e viver o evangelho na mortalidade receberão essa oportunidade no mundo espiritual, depois de morrerem.
Outras explicações a respeito do primeiro e segundo estados foram dadas pelo Élder Neal A. Maxwell:
“A doutrina da vida pré-mortal não implica em descanso. Temos escolhas a fazer, tarefas constantes e difíceis a executar, ironias e adversidades a suportar, tempo a ser bem empregado, talentos e dotes a serem bem aproveitados. Só por termos sido escolhidos ‘lá e então’ não significa que podemos ser negligentes ‘aqui e agora’(…).
Na verdade, a aprovação no primeiro estado pode ter meramente assegurado um severo segundo estado, com mais deveres e nenhuma imunidade! Admoestações e sofrimentos adicionais parecem ser a regra para os discípulos mais aptos do Senhor. (Ver Mosias 3:19; I Pedro 4:19.) Nossa existência, portanto, a vida mortal é uma continuação da vida pré-mortal, na qual o Senhor continua a nos ensinar o que devemos fazer para progredir (…).
Quando concordamos em aceitar o segundo estado, portanto, foi como se tivéssemos aceitado de antemão um anestésico: o anestésico do esquecimento. O médico não interrompe a anestesia de um paciente no meio de uma cirurgia para perguntar-lhe de novo se deve prosseguir. Concordamos em vir para cá e nos submeter a certas experiências sob determinadas condições.” (Conference Report, outubro de 1985, p. 21; ou Ensign, novembro de 1985, p. 17.)
FAC-SÍMILES 2-3
ABRAÃO ENSINOU OS EGÍPCIOS
Fac-Símiles 2–3. Interpretação dos Fac-Símiles
As figuras dos fac-símiles são simbólicas. Outras explicações dos fac-símiles além daquelas oferecidas pelo Profeta Joseph Smith que se encontram impressas com os fac-símiles da Pérola de Grande Valor são pura especulação, estando sujeitas a modificações resultantes de novas revelações e esclarecimentos recebidos por meio dos profetas modernos.
Fac-Símile 2. Informações Gerais
O tipo do desenho mostrado no fac-símile 2 é conhecido entre os estudiosos como “hipocéfalo”, que significa “sob a cabeça” ou “abaixo da cabeça”. “Um hipocéfalo é um pequeno objeto em formato de disco feito de papiro, linho gessado, bronze, ouro, madeira ou barro, que os egípcios colocavam embaixo da cabeça do morto. Eles acreditavam que por mágica o hipocéfalo faria com que a cabeça e o corpo fossem envolvidos por chamas ou brilho, tornando o falecido divino. O hipocéfalo propriamente dito simbolizava o olho de Rá ou Hórus, ou seja, o sol, e as cenas representadas nele relacionavam-se ao conceito egípcio da ressurreição e da vida após a morte”. (Michael D. Rhodes, The Joseph Smith Hypocephalus (…) Seventeen Years Later, artigo F.A.R.M.S., RHO–94, p. 1.)
Se o hipocéfalo representa o olho de Deus, conforme explicado acima, o que estaria representado nele? Sabemos que o foco da atenção de Deus está voltado para o processo de levar a efeito a imortalidade e a vida eterna de Seus filhos. (Ver Moisés 1:39.) Não é de se estranhar, portanto, que o desenho simbólico do olho de Deus, conforme representado no fac-símile 2 de Abraão, mostre essa grande esperança para todos os Seus filhos. De fato, o fac-símile 2 contém figuras e explicações referentes ao plano de salvação do Senhor. Por exemplo: As explicações das figuras 3, 7 e 8 determinam uma clara relação entre o conteúdo do fac-símile 2 e as ordenanças do templo.
O Presidente Joseph Fielding Smith ensinou: “Abraão escreveu coisas e as selou, para que não possam ser lidas. Não podem ser reveladas ao mundo, mas devem ser obtidas no santo templo de Deus. São certas chaves e bênçãos obtidas na casa do Senhor que precisamos ter para conseguir a exaltação”. (Doutrinas de Salvação, 2:252.)
Fac-símile 2, figura 1. Colobe
O centro do fac-símile 2 contém uma representação de Colobe. Em sua explicação da figura 1, o Profeta Joseph Smith disse que Colobe é “a primeira em governo, a última pertencente ao cálculo de tempo”. Isso significa que Colobe é a estrela mais próxima da presença de Deus (ver Abraão 3:2–3), é a estrela governante de todo o universo (ver v.3) e que o tempo passa mais vagarosamente em Colobe do que em qualquer outra estrela dessa ordem (ver v. 4). Colobe também simboliza Jesus Cristo, a figura central do plano de salvação de Deus.
Fac-símile 2, figura 3. Uma Coroa de Luz Eterna
Observem na explicação da figura 3, a menção de uma coroa de luz eterna sobre a cabeça de Deus. Observem também que as estrelas representadas nas figuras 22–23 recebem sua luz de Colobe (como explicado na figura 5). Jesus Cristo é a fonte de toda luz. (Ver D&C 88:7–13.)
Fac-símile 2, figura 5, Enish-go-on-dosh
O desenho mostrado na figura 5 representa outra das grandes estrelas na expansão do espaço que ajudam a governar com poder. (Ver Abraão 3:2, 13.) A Lua, a Terra e o Sol de nosso sistema solar são exemplos desses tipos de estrelas. Essas estrelas podem também ser símbolos de outros grandes e nobres espíritos da existência pré-mortal. (Ver Abraão 3:22–23.) Observem como nesse fac-símile esse “nobre e grande” está próximo no centro do desenho de Colobe, ou Jesus Cristo.
Fac-Símile 2, figuras 7–8. Retorno à Presença de Deus
Os egiptólogos sugerem que o hipocéfalo contenha informações para ajudar os mortos a voltarem à presença de Deus. De modo semelhante, o Senhor forneceu aos santos dos últimos dias um auxílio divino para que retornem à Sua presença. O Presidente Brigham Young ensinou: “Vosso endowment (investidura) é receber todas as ordenanças na Casa do Senhor, que são necessárias para que possais, depois de haverdes deixado esta vida, caminhar de volta à presença do Pai, passando pelos anjos que estão de sentinela (…)”. (Discursos de Brigham Young, p. 416.)
Fac-Símile 3. Informações Gerais
Em Abraão 3:15, o Senhor diz a Abraão que ele deveria ensinar aos egípcios as coisas que aprendeu. (Ver Abraão 3:15.) Comentando a esse respeito, o Profeta Joseph Smith disse: “Sem dúvida alguma, foram Abraão e José que ensinaram aos egípcios sua ciência e conhecimento da astronomia, segundo consta em seus anais, e aqueles o receberam do Senhor”. (Ensinamentos dos Profeta Joseph Smith, p. 245.)
Fac-Símile 3, figura 1. Abraão no Trono de Faraó
Na figura 1 do fac-símile 3, Abraão aparece sentado no trono de Faraó “arrazoando sobre os princípios da astronomia na corte do rei”. (Explicação do fac-símile 3; ver também a explicação da figura 1.) É evidente em Abraão 3:1–16 e no fac-símile 2, figuras 1–5, que Abraão tinha muito conhecimento dos princípios da astronomia. A figura 1 também pode simbolizar Abraão recebendo sua exaltação, estando sentado em um trono na presença de Deus. (Ver D&C 132:37.)
Abraão 4–5
A VISÃO DE ABRAÃO DA CRIAÇÃO DA TERRA
Há três relatos da Criação nas escrituras: Gênesis 1–2; Moisés 2–3; e Abraão 4–5. Cada relato contém parte da história, com certas variações em relação aos outros relatos (ver “Concordância dos Relatos da Criação”, pp. 82–92, neste manual.)
Abraão 4:1. “Eles, Isto É, os Deuses”
Ver também Moisés 1:31–33; 2:1. O Élder Bruce R. McConkie explicou: “No sentido final e definitivo da palavra, o Pai é o Criador de todas as coisas. O fato de Ele ter usado o Filho e outros para realizar muitos dos atos criativos, delegando a eles Seu poder de criação, não faz desses outros criadores por direito próprio, independentes Dele. Ele é a fonte de todo o poder de criação, e simplesmente escolhe outros para agir por Ele em muitos de Seus empreendimentos criativos”. (A New Witness for the Articles of Faith, p. 63.)
Abraão 4:1. A Terra Foi Formada a Partir da Matéria Existente
A crença do cristianismo tradicional é de que Deus criou todas as coisas ex nihilo, que significa “do nada”. O Profeta Joseph Smith ensinou que “não existe algo como matéria imaterial” (D&C 131:7), e o Senhor disse que “os elementos são eternos” (D&C 93:33). A palavra criar, como se encontra no relato de Gênesis da Criação, vem de uma palavra hebraica que significa “organizar”. (Ver Gênesis 1:1; Abraão 3:24.) Joseph Smith comparou a atividade criativa com a construção de um navio (ver Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pp. 341–343). Assim como o construtor de navios precisa de material para criar o navio, o Criador fez os céus e a Terra a partir de materiais existentes.
Abraão 4:2. “A Terra, Depois de Formada, Estava Vazia e Desolada”
O Profeta Joseph Smith explicou que a tradução “sem forma e vazia”, que se encontra em Gênesis 1:2 e em Moisés 2:2, deve ser lida como “vazia e desolada”, como em Abraão 4:2. (Ver Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 176.)
Abraão 4:2. “O Espírito dos Deuses Pairava”
A tradução “pairar” vem de uma palavra que significa aquilo que uma galinha faz com os ovos e os pintinhos; ela os protege, aquece, alimenta e defende. Jesus usou essa analogia de uma galinha reunindo os pintinhos, em Sua descrição do que Ele faria por Seus seguidores. (Ver Mateus 23:37; 3 Néfi 10:3–6.) Nesse sentido, o Espírito ainda está pairando sobre as criações de Deus.
Abraão 4:5. Noite e Dia
Uma das diferenças interessantes entre o relato de Abraão da Criação e os outros relatos das escrituras está no conceito encontrado em Abraão 4:5: “Do entardecer até a manhã, chamaram noite; e da manhã até o entardecer chamaram dia”. (Ver também vv. 8, 13, 19, 23, 31.) Os outros relatos simplesmente se referem a cada período criativo como um dia. Além disso, os períodos criativos de Abraão 4 são chamados de “vez”, e não de dia. (Ver Abraão 4:8, 13, 19, 23, 31.)
Abraão 4:6. Separar as Águas das Águas
Ver Moisés 2:6–8 e as explicações do fac-símile 1, figura 12, e do fac-símile 2, figura 4 do livro de Abraão.
Abraão 4:12. “Segundo Sua Espécie”
Comparado ao livro de Moisés, o livro de Abraão parece declarar mais vigorosamente a idéia de que todos os seres podem reproduzir-se apenas segundo a sua própria espécie. Falando a respeito da Criação, o Élder Bruce R. McConkie ensinou: “Não há nenhuma referência a qualquer evolução ou mudança de uma espécie para outra”. (“Christ and the Creation”, Ensign, junho de 1982, p. 12.)
Abraão 5:1–3, 5. Os Deuses Aconselharam-Se Entre Si e Planejaram
A respeito do planejamento da Criação, o Presidente Spencer W. Kimball disse: “Antes de a Terra ser criada, o Senhor elaborou uma planta, como faz todo grande empreiteiro antes de começar a construir. Ele fez os planos, estabeleceu as especificações e as apresentou. Ele desenhou o projeto, e estávamos com Ele (…). Nosso Pai nos reuniu, conforme explicam as escrituras, e foram então aperfeiçoados os planos para a formação de uma Terra. Em Suas próprias palavras: ‘E estava entre eles um que era semelhante a Deus; e ele disse aos que se achavam com ele: Desceremos, pois há espaço lá, e tomaremos destes materiais e faremos uma terra onde estes possam habitar; E assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar’. (Abraão 3:24–25) Essa assembléia incluía todos nós. Os deuses fariam a terra, a água e a atmosfera, e depois o reino animal, e daria o domínio de tudo ao homem. Esse era o plano (…). Deus era o mestre-de-obras, e Ele nos criou e fez com que existíssemos”. (Teaching of Spencer W. Kimball, Edward L. Kimball, org., 1982, pp. 29–30; ver também Lucas 14:28–30.)
Abraão 5:7. O Fôlego da Vida
Moisés 3:7 declara que Deus “[formou] o homem do pó da Terra e [soprou] em suas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se uma alma vivente”. Abraão 5:7 nos ajuda a compreender que o fôlego da vida era o “espírito do homem”. (Ver também Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 293.) O homem é um ser de natureza dupla, feito de carne mortal e de um espírito imortal. (Ver D&C 88:15.)
Abraão 5:13. O Tempo no Jardim do Éden Era Segundo o Tempo de Colobe
O Presidente Joseph Fielding Smith declarou: “Quando esta Terra foi criada, não o foi de acordo com nosso tempo atual, mas segundo o tempo de Colobe, pois o Senhor diz que ela foi criada em tempo celestial que é o tempo de Colobe. Depois, Ele revelou a Abraão que Adão estava sujeito ao tempo de Colobe antes da transgressão”. (Doutrinas de Salvação, 1:86.)
Isso nos ajuda a compreender o aviso que o Senhor dá a Adão e Eva por terem comido do fruto do conhecimento do bem e do mal. “Porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. (Moisés 3:17; ver também Gênesis 2:17; Abraão 5:13.) Depois que Adão e Eva comeram do fruto, eles não morreram fisicamente nem dentro de um período de vinte e quatro horas, que hoje chamamos de dia. Adão, porém, morreu dentro do período de um dia de Colobe (mil anos, contados a partir da Queda; ver Abraão 3:4; explicação de Abraão fac-símile 2, figura 1; ver também II Pedro 3:8.) Moisés 6:12 indica que Adão morreu 930 anos depois da Queda.