Luz
“A luz nos persuade a fazer o bem; guia-nos a Cristo.”
Meus irmãos, neste claro e maravilhoso dia, gostaria de vos falar sobre a luz. O dicionário define luz como algo que torna a visão possível, ou aquilo que esclarece ou informa.
Existem dois tipos de luz: a luz física e a luz espiritual.
A luz física, especialmente a luz natural, afeta a disposição de ânimo das pessoas. Quando a luz do verão começa a enfraquecer, os dias se tornam mais curtos e o tenebroso inverno se revela ao longe, a luz natural se torna mais útil e preciosa, especialmente para as pessoas que vivem nas regiões boreais. Ali, onde até três meses por ano reina a escuridão, e depois o verão viceja em três meses de luz contínua, o ânimo das pessoas oscila com as estações do ano.
A luz tem um profundo efeito na disposição e comportamento do ser humano. Cada vez mais a evidência mostra que as pessoas que se sentem um pouco deprimidas e necessitam de algo que as anime, podem conseguir isto tendo contato com a luz natural. Andar à luz do dia é um estimulante natural do ânimo. Muita gente, que simplesmente caminha à luz do dia por meia hora ou mais, é grandemente beneficiada.
Os cientistas não estão completamente certos das vibrações que causam os efeitos estimuladores da luz. Pesquisadores acreditam que estes efeitos sejam causados pela luz assimilada pelos olhos, e não pela pele.
Um outro uso medicinal da luz é o tratamento de alguns tipos de câncer. Certas substâncias químicas combinadas com a luz podem destruir células cancerígenas. Existe uma pesquisa em andamento, para identificar a melhor fonte de luz e determinar como direcioná-la a partes do corpo.
Deixando de lado estas breves considerações sobre a luz física, gostaria de tratar de uma espécie de luz que tem efeito e poder infinitamente maiores. Refiro-me à luz espiritual. Essa luz vem de Deus e de seu evangelho. Nas escrituras encontramos referência a uma relação entre a luz física do sol e a luz espiritual. Na seção 88 de Doutrina e Convênios lemos sobre “a luz da verdade;
A qual verdade brilha. Essa é a luz de Cristo. Como ele está também no sol, e é a luz do sol, e é o poder pelo qual o sol foi feito…
E a luz que brilha, e que vos alumia, provém daquele que ilumina os vossos olhos, e é a mesma luz que vivifica a vossa compreensão;
Luz essa que provém da presença de Deus para encher a imensidade do espaço –
A luz que está em tudo, e dá vida a tudo, que é a lei pela qual todas as coisas são governadas”. (D&C 88:6-7,11-13.)
Esta terra será uma esfera celestial, como um mar de vidro e fogo. O profeta Brigham Young disse: “Não será um corpo opaco como é agora, mas será como as estrelas do firmamento, repleto de luz e glória: será um corpo de luz. João comparou-o, em seu estado celestializado, a um mar de vidro” (Journal of Discourses, 7:163; grifo nosso).
Na seção 88 lemos:
“E novamente, na verdade vos digo que a terra obedece à lei de um reino celeste, pois realiza o propósito da sua criação, e não transgride a lei –
Portanto, ela será santificada; sim, não obstante o fato de que morrerá, ela será vivificada outra vez, e se submeterá ao poder pelo qual será vivificada, e os justos a herdarão.” (D&C 88:25-26.)
Na seção 84:
“Pois a palavra do Senhor é a verdade, e tudo o que é verdade, é luz, e tudo o que é luz, é espírito, mesmo o Espírito de Jesus Cristo.
E o Espírito dá luz a todo o homem que vem ao mundo; e o Espírito alumia a todo o homem no mundo que atende àʼ sua voz” (D&C 84:45-46).”
A palavra luz aparece 535 vezes nas escrituras.
A luz tem uma relação com o Filho de Deus: “E se os vossos olhos estiverem fitos só na minha glória, os vossos corpos se encherão com luz, e em vós não haverá trevas; e o corpo que é cheio de luz compreende todas as coisas” (D&C 88:67).
Jesus Cristo é a luz do mundo. Morôni disse: “E agora, meus irmãos, vendo que conheceis a luz pela qual podeis julgar, luz essa que é de Cristo, tende cuidado para que não julgueis erradamente; pois da mesma forma que julgardes, assim sereis julgados” (Morôni 7:18; grifo nosso).
João declarou: “Falou-lhes pois Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12; grifo nosso).
Nosso Senhor é a luz do mundo em pelo menos três aspectos. O Élder Bruce R. McConkie escreveu:
“1. Por meio da luz de Cristo ele governa e controla o universo e dá vida a tudo que nele há.
2. Por meio desta mesma luz que envolve a imensidão — e para certas pessoas fiéis, pelo poder do Espírito Santo! — ele ilumina a mente e ativa o entendimento.
3. Graças à sua própria trajetória reta, perfeita e sem pecado, (na vida pré-mortal), na mortalidade e em glória ressurreta, ele é um exemplo perfeito e pode dizer a todos os homens: ʻSegui-meʼ” (2 Néfi 31:10) (The Promised Messiah, Salt Lake City: Deseret Book Co., 1978, p. 208).
Na Primeira Visão, a luz libertou o jovem Joseph das trevas opressivas.
Como a luz entra em nós? Como a recebemos? “Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mateus 6:23.)
Ao comentar esta passagem, o Élder Bruce R. McConkie declara: “Cristo é luz; o evangelho é luz; o plano de salvação é luz; ʻo que é de Deus é luz; e aquele que recebe a luz e persevera em Deus, recebe mais luz, e essa luz se torna mais e mais brilhante até o dia perfeitoʼ. Assim como a luz do sol entra no corpo através de nossos olhos naturais, assim também a luz dos céus — a luz do Espírito que ilumina nossas almas — entra por nossos olhos espirituais” (The Mortal Messiah, Salt Lake City: Deseret Book Co., 1980, 2:153; grifo nosso).
O Presidente Joseph F. Smith declarou:
“Uma falta que deve ser evitada pelos santos, jovens e velhos, é a tendência de viverem sob luz alheia, tendo a sua própria escondida; permitindo que o sal do conhecimento que possuem se torne insípido e se perca; e que a luz que ostentam seja a refletida, ao invés da original…
Os homens devem firmar-se na verdade, e estabelecer seus alicerces no conhecimento do evangelho, não precisando emprestar ou refletir a luz de ninguém, mas confiando somente no Santo Espírito, que é sempre o mesmo, cuja luz resplandece eternamente e testifica ao sacerdócio e à pessoa que vive em harmonia com as leis do evangelho, da glória e vontade do Pai. Então terão a luz eterna, que não pode ser obscurecida. E tendo essa luz a resplandecer em suas vidas, levarão outros a glorificar a Deus; e graças ao comportamento exemplar, silenciarão a ignorância dos tolos, e mostrarão a glória daquele que os tirou das trevas para a sua maravilhosa luz” (Doutrina do Evangelho, p. 78, grifo nosso).
A luz nos persuade a fazer o bem; guia-nos a Cristo. Guiou minha família, assim como guiou as vossas, e guiará todos a ele.
Archibald Stewart e sua esposa, Esther Lyle, são meus trisavós. A família Stewart sabia o que era enfrentar perseguições e necessidades. Seus ancestrais foram obrigados a fugir da Escócia para a Irlanda do Norte, onde lhes fora prometida proteção. Entretanto, ao invés de encontrarem paz, foram novamente perseguidos, desta vez pelos radicais irlandeses. Independência e convicção inabalável faziam parte de sua herança.
O amor, a devoção e a profunda fé religiosa da família Stewart tornou-os receptivos ao evangelho. Quando os missionários chegaram à casa deles, Elizabeth, a terceira filha, percebeu imediatamente a veracidade de sua mensagem. Começou a estudar e a buscar mais evidências daquilo que sentia dentro de si. Seus sentimentos e estudos causaram uma reação imediata na avó idosa, que era a matriarca da família Stewart. Elizabeth passou muitas horas contando à avó a respeito do novo profeta de Deus, Joseph Smith, que trouxera de volta à terra a mensagem simples e inequívoca de que Cristo está vivo e apareceu ao homem. Elizabeth sentia o testemunho queimando em seu peito e pediu permissão para ser batizada. Devido à impopularidade dos mórmons, seus pais recusaram-lhe o pedido. A avó de Elizabeth saiu em seu auxílio, dizendo: “Deixem a menina em paz. Li todos os seus livros e acredito que ela está certa.”
A avó acompanhou Elizabeth, por ocasião de seu batismo. Naquele dia frio de março, as duas se dirigiram para o rio, no ponto em que os élderes haviam feito um buraco no gelo. Quando os élderes se aproximaram de Elizabeth para batizá-la, a avó se adiantou e disse: “Sejam bem educados, meus jovens; nunca passem na frente de um idoso.”
A avó foi batizada com as roupas que estava vestindo, até mesmo sua pequena touca branca. Ela não levara roupa para trocar, por isso voltou para casa com as roupas molhadas e geladas. Não se resfriou, embora só tivesse trocado de roupa depois que os outros membros da família foram dormir. Nada lhes disse a respeito de seu batismo. Continuou a realizar suas tarefas normais, como se nada tivesse acontecido. Depois que todos se recolheram, ela pendurou as roupas perto da lareira. Pela manhã, quando Archibald se levantou, viu as roupas secando. Começou a gracejar, com os outros, dizendo que a avó havia caído no rio juntamente com Elizabeth. Ela ouviu as brincadeiras e comentou: “Archibald, se você não quer que as pessoas o ouçam, pare de falar tão alto. Vocês não podem mais falar a respeito de minha avó, porque ela agora ouve melhor que qualquer um de vocês.”
Minha avó havia sido virtualmente surda durante vinte anos, mas um milagre restaurou-lhe a audição por ocasião de seu batismo. Desse dia até sua morte, ela ouviu perfeitamente. Archibald disse, rindo, que agora ela ouvia demais.
Em breve, a maior parte dos membros da família foi batizada. Isso aconteceu em 1841.
A luz do evangelho ilumina o caminho da vida para a eternidade, que de outro modo seria escuro e sem direção.
Podemos ser como um espelho e espalhar luz até mesmo em lugares tenebrosos. Não somos fontes de luz; no entanto, por nosso intermédio, a luz pode refletir-se nos outros.
Quando deixar esta vida mortal, terei de voltar e prestar contas, nos céus, de minha mordomia e de minhas palavras. Portanto, testifico, sem hesitar, que Deus vive. Jesus é seu santo filho, por meio de quem alcançamos salvação. Esta é sua Igreja e reino. Em nome de Jesus Cristo, amém.