Testemunho
“Adquirimos um firme alicerce pessoal e um meio de controlar nossa vida neste mundo de mudanças constantes, quando temos um testemunho e o compartilhamos.”
Nos últimos dois anos nós presenciamos vários eventos políticos internacionais de grande importância, eventos que tiveram conseqüências importantíssimas e provocaram mudanças no mundo e também na Igreja. Estamos também testemunhando eventos — talvez não tão visíveis, mas certamente tão tangíveis — que afetam profundamente a qualidade de vida das pessoas e famílias, e que trazem conseqüências e mudanças ainda mais profundas em relação a Deus, igrejas e comportamento religioso. Essas mudanças causaram uma guinada nos valores tradicionais ou religiosos em relação aos costumes do mundo, o que é muito bem descrito em um versículo de revelação moderna: “Não buscam ao Senhor para estabelecer a sua justiça, mas cada um segue o seu próprio caminho, segundo a imagem do seu próprio Deus, a qual é à semelhança do mundo” (D&C 1:16).
Se não percebermos o desafio espiritual que nos é apresentado pelas mudanças políticas e econômicas e pelas constantes ameaças à estabilidade moral e espiritual das pessoas e famílias, não perceberemos as necessidades e exigências para nos adaptarmos a essas novas condições, nem encontraremos dentro de nós um alicerce firme e verdadeiro que determine um comportamento firme e insofismável.
Qual é o verdadeiro alicerce que nos deve levar a agir corretamente? O Élder Heber C. Kimball disse certa vez: “Digo-vos que muitos de vós vereis o tempo em que tereis todos os problemas, provações e perseguições que puderdes suportar, e muitas oportunidades para provar que sois fiéis a Deus e à sua obra. Esta Igreja tem, diante de si, muitos lugares estreitos pelos quais terá de passar, antes que a obra de Deus seja coroada com a vitória…
Tempo virá em que nenhum homem ou mulher poderão resistir com luz emprestada. Cada um terá que ser guiado pela luz que está em seu interior. Se não a tiverdes, como podereis resistir?” (Orson F. Whitney, Life of Heber C. Kimball, 3a ed., Cidade do Lago Salgado: Bookcraft, 1945, pp. 449–450.)
O que quer dizer “luz que está em seu interior?” É o testemunho, o verdadeiro alicerce, que deve determinar um comportamento autêntico.
O Presidente Harold B. Lee disse: “A verdadeira força da Igreja é medida pelo testemunho pessoal dos membros da Igreja” (Mexico City Area Conference Report, 25-27 de agosto de 1972, p. 117). Baseados nesta citação, podemos também dizer que a verdadeira força de uma pessoa pode ser encontrada em seu testemunho e no modo como esse testemunho atua em sua vida.
Se a medida da força e a estabilidade, ou o verdadeiro alicerce de um indivíduo e sua subseqüente conduta está em um testemunho, e não reconhecemos plenamente a sua importância, ou não compreendemos o que realmente significa, ou não podemos, ou não queremos prestá-lo ou partilhá-lo com os outros, e se não pudermos ensiná-lo ou explicá-lo a outros, talvez precisemos explorar seu profundo significado espiritual, e a bênção de se obter, manter e partilhar um testemunho pessoal.
Logo no início das escrituras, a santidade da palavra testemunho é ilustrada, quando foi dito a Adão que “todas as coisas são criadas e feitas para dar testemunho de mim” (Moisés 6:63). Era vital para Adão ter um conhecimento de nosso Pai e de seu Filho, e isto não mudou em nossa época nem nunca mudará. Tal coisa também se aplica ao princípio da obtenção de um testemunho e do conhecimento do que ele é. É saber, pelo poder do Espírito Santo, que Deus vive e é o mesmo ontem, hoje e para sempre (vide D&C 20:12) e que “a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Testemunho não é apenas uma prova de que Jesus é o Cristo, mas também uma declaração ou afirmativa de que Joseph Smith viu o Pai e o Filho; uma convicção de que o Livro de Mórmon tem origem divina e é um outro testamento de Jesus Cristo; e um conhecimento de que a Igreja de Jesus Cristo, com seu evangelho e santo sacerdócio, foi restaurada em verdade e realidade.
Joseph Fielding Smith deu esta definição: “Um testemunho do evangelho é o conhecimento convincente, dado por revelação à pessoa que procura humildemente a verdade” (Answers to Gospel Questions, comp. Joseph Fielding Smith Jr., 5 vols., Cidade do Lago Salgado: Deseret Book Co., 1957-1966, 3:31).
Quais são os passos essenciais para se obter um testemunho? Primeiro, procurar humildemente a verdade, desejar saber pelo exercício da crença ou fé. Quando obtemos uma bênção de Deus, tal como uma resposta à oração ou um conhecimento convincente, é pela obediência à lei na qual ela se baseia. (Vide D&C 130:21.) Aqui, então, se acham os padrões exigidos pela lei: pedir em nome de Cristo e exercer fé nele, ter um coração sincero, procurar humildemente a verdade, ser receptivo, desfazer-se de conceitos religiosos preconcebidos, e purificar-se dos pecados do mundo. Precisais aceitar as regras, sintonizar-vos corretamente para receber o sinal apropriado, e, uma vez em harmonia com o Espírito Santo, podereis saber a verdade de todas as coisas. Isto representa um dom espiritual proveniente de Deus, não para ser negado, mas para nos trazer benefícios. Está permanentemente à nossa disposição, e nunca nos será tirado, a não ser por nossa descrença ou falta de desejo de procurar humildemente a verdade.
O segundo passo é conhecer, por revelação, que o Espírito fala ao espírito. Uma coisa é poder dizer: “eu creio, eu acho, eu espero que o evangelho seja verdadeiro”, mas é necessário revelação pessoal, reconhecimento e identificação pessoais para declarar: “Eu sei que a Igreja é verdadeira.”
Alma nos dá um exemplo perfeito do conhecimento convincente que recebeu por revelação. Aprendemos, em quatro versículos, a respeito de sua luz interior. Primeiro, a segurança de seu testemunho: “Eis que vos afirmo que as coisas de que falei são verdadeiras” (Alma 5:45). Segundo, a fonte de seu testemunho: “Elas me foram mostradas pelo Santo Espírito de Deus” (versículo 46). Terceiro, o processo de obtenção de seu testemunho: “Jejuei e orei” (versículo 46). Quarto, a evidência de seu testemunho: “O Senhor Deus mas revelou por seu Santo Espírito; e esse é o espírito de revelação que está em mim” (versículo 46). Quinto, a origem de seu testemunho: “As palavras que foram ditas por nossos pais são verdadeiras” (versículo 47). Sexto, o poder de seu testemunho: “Digo-vos que sei por mim mesmo… que Jesus Cristo virá” (versículo 48). Este conhecimento convincente ou testemunho não seria completo, sem aceitarmos também a responsabilidade de levá-lo avante. E Alma ainda declarou: “Fui chamado… para pregar… declarando-lhes que se arrependam e nasçam de novo” (versículo 49).
Examinemos agora as chaves do espírito de revelação.
A chave número um é saber por si. Não depender de ninguém mais.
A chave número dois é saber pelo poder do Espírito Santo. Não procurar a lógica, a razão, ou as filosofias dos homens e teorias do mundo.
A chave número três é saber pela busca às escrituras e às revelações dadas e publicadas em nossos dias pelos profetas — A Primeira Presidência e os Doze. Não ouvir vozes apóstatas, desautorizadas, ou especulações.
A chave número quatro é saber perguntando ao Pai Celestial, em nome de seu Filho Jesus Cristo. Não procureis debates e fóruns públicos. O propósito de ter e usar certas chaves é muito simples: abrir a porta certa com uma determinada chave. A finalidade dessas chaves espirituais é abrir portas espirituais, uma a uma, para se chegar a um testemunho claro, como descrito pelos profetas. Quando as crianças começam a ler, elas olhain para as letras e perguntam o que são. Depois de certo tempo, elas podem reconhecer as letras por seus nomes e ajuntá-las, a fim de formar uma palavra. E então acontece um milagre. Elas podem ler uma palavra, depois uma sentença, e então um livro. Os passos para obtenção de um testemunho seguem o mesmo modelo. Desejamos saber; começamos com aquilo que sabemos; e quando sabemos, enriquecemos mais o nosso conhecimento, partilhando e praticando aquilo que sabemos.
Uma vez que haja um testemunho, da mesma forma que uma chama que precisa de combustível e oxigênio para queimar, ele precisa ser alimentado e cuidado, para não esmaecer e morrer. Um testemunho moribundo corresponde, na verdade, a uma futura negação de Cristo, nosso Salvador e Redentor. Néfi ensinou: “O caminho reto é acreditar em Cristo e não o negar, porque, negando-o, negaríeis também os profetas e a lei” (2 Néfi 25:28).
Infelizmente, alguns obtêm um testemunho e depois o negam, perdendo-o. Como isto acontece? Se seguistes os passos para a obtenção de um testemunho, fazei exatamente o oposto para negá-lo ou perdê-lo. Não oreis; a porta da revelação estará fechada. Não vos humilheis, mas ouvi vossa própria voz superior. Não participeis das ordenanças do evangelho, mas segui as práticas do mundo. Não obedeçais aos líderes da Igreja, mas sede seus críticos. Não ouçais aos profetas e não sigais seus conselhos, mas interpretai suas declarações de acordo com vossos próprios desejos. Não obedeçais aos mandamentos, mas vivei de acordo com vossos próprios apetites e desejos.
Estes são apenas alguns dos problemas mais evidentes que levam à perda do testemunho. Da mesma forma que as cinzas representam a evidência de um fogo agonizante, a morte de um testemunho é caracterizada por cinzas espirituais, como a perda de apetite pelo evangelho, pela caridade, e pelo seu propósito, assim como os sentimentos de apatia, amargura e vazio. As cinzas espirituais podem ser tudo o que sobra daquilo que já foi um testemunho certa vez ardente, dedicado, significativo e construtivo.
Para manter e fortalecer um testemunho, os profetas nos têm sempre lembrado de prestá-lo e partilhá-lo. O Élder Spencer W. Kimball declarou: “Para manter o testemunho, a pessoa precisa prestá-lo freqüentemente e viver de modo digno” (Conferência Geral, outubro de 1944). Tomai-o conhecido depois de conhecê-lo; tornai evidente o seu poder depois que o conhecerdes e vivei de acordo com o que tiverdes aprendido.
Adquirimos um firme alicerce pessoal e um meio de controlar nossa vida neste mundo de mudanças constantes, quando temos um testemunho e o compartilhamos.
Quando Moisés recebeu as tábuas nas quais estavam escritas as palavras do convênio, elas foram chamadas de tábuas do testemunho e deveriam permanecer dentro da arca para lembrar o convênio do Senhor com seus filhos. Moisés e seu povo tinham um testemunho muito sólido.
Quando Joseph Smith teve a visão, ele também sabia. Foi um testemunho indestrutível. Em suas próprias palavras: “Porque havia visto uma visão; eu o sabia, e compreendia que Deus o sabia, e não podia negá-lo, nem ousaria fazê-lo”(JS-2:25).
Esses testemunhos foram alicerces verdadeiros, para serem edificados e seguidos, por obediência e boas obras. E nós? Seremos diferentes, quando recebemos um testemunho do convênio? Talvez comecemos a perceber e compreender agora a importância de um testemunho e a força que dele pode derivar, com suas conseqüências mortais e eternas. Ele é, definitivamente, o bem mais precioso, algo que devemos desejar agora e para sempre, porque determina nossa vida aqui e a vida eterna no porvir.
O Presidente Benson, nosso profeta vivo, declarou: “Um testemunho é um dos poucos bens que podemos levar conosco ao deixarmos esta vida… Um testemunho de Jesus significa que aceitais a missão divina de Jesus Cristo, abraçais o seu evangelho e fazeis suas obras; significa que aceitais a missão profética de Joseph Smith e seus sucessores” (Conferência Geral, abril de 1982).
Um profeta vivo falou. É tempo agora de nos levantarmos e sermos verdadeiros para com nosso testemunho. Acrescento ao vosso o meu testemunho, e presto-o solenemente. Busquei-o com toda humildade e adquiri-o pelo poder do Espírito Santo. Testifico saber pessoalmente que Deus vive, que Jesus é o Cristo, nosso Salvador e Redentor, que esta igreja é verdadeira e é dirigida por um profeta vivo, o Presidente Ezra Taft Benson. Isto testifico em nome de Jesus Cristo, amém.