1990–1999
Nosso Ambiente Moral
April 1992


Nosso Ambiente Moral

“Toda alma confinada a um campo de concentração de pecado e culpa tem a chave do portão.”

Jamais Me Lembrarei de Seus Pecados

Por mais longo e doloroso que seja o processo de arrependimento, o Senhor disse: “Este é o concerto que farei com eles… Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos;

E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades”. (Hebreus 10:16–17; grifo nosso.)

Civilizações como Sodoma e Gomorra destruíram-se a si mesmas pela desobediência às leis morais. “Porque o Espírito do Senhor não contenderá para sempre com o homem. E quando o Espírito cessa de empenhar-se com o homem a destruição vem rapidamente”. (2 Néfi 26:11; vide também Gênesis 6:3; Éter 2:15;D&C 1:33; Moisés 8:17.)

Arrependimento

Na batalha da vida, o adversário faz um número enorme de cativos, e muitos que não sabem como escapar são forçados a servi-lo. Toda alma confinada a um campo de concentração de pecado e culpa tem a chave do portão. Se souber como usá-la, o adversário não poderá impedir que o faça. A chave se chama arrependimento. Os princípios do arrependimento e perdão, juntos, sobrepujam em força o terrível poder do adversário.

Não conheço nenhum pecado moral que não possa ser perdoado. Não estou excluindo o aborto. A solução encontra-se em quarenta palavras:

“Eis que o que se tem arrependido de seus pecados, o mesmo é perdoado, e eu, o Senhor, deles não mais me lembro.

Por este meio podereis saber se um homem se arrependeu de seus pecados — eis que ele os confessará e os abandonará.” (D&C 58:42–43.)

A Medida do Sucesso dos Pais

É um grande desafio criar uma família em meio à névoa escura que envolve nosso ambiente moral.

Gostaria de ressaltar que a maior obra que podeis realizar é dentro das paredes de vosso lar (vide Harold B. Lee, Ensign, julho de 1973, p. 98), e que “nenhum sucesso compensa o fracasso no lar” (David O. McKay, Improvement Era, julho de 1964, p. 445).

Não podemos, no entanto, medir nosso sucesso como pais baseando-nos apenas no comportamento de nossos filhos. Esse tipo de julgamento só seria justo se estivéssemos criando nossas famílias num ambiente moralmente perfeito e isso não é possível.

Não é raro pais responsáveis verem os filhos se desviarem, por um determinado tempo, por causa de influências fora de seu controle. Eles sofrem pelos filhos rebeldes. Não compreendem a razão de isso acontecer, já que se esforçaram tanto para fazer tudo certo.

Estou convencido de que um dia essas influências iníquas serão vencidas.

“O Profeta Joseph Smith declarou – e ele nunca ensinou doutrina mais consoladora – que o selamento eterno de pais fiéis, e as promessas sagradas a eles feitas, por sua valorosa dedicação à causa da Verdade, não só os salvarão, mas também salvarão sua posteridade. Mesmo que algumas ovelhas se desviem, o Pastor estará olhando por elas; mais cedo ou mais tarde, perceberão a mão da Providência Divina estendida para elas, trazendo-as de volta ao rebanho. Seja nesta vida, ou na futura, elas voltarão. Terão de pagar seu débito à justiça; sofrerão pelos pecados e talvez tenham que trilhar um caminho espinhoso, mas, se ao final, arrependidos como o Filho Pródigo, voltarem para o lar, para um pai amoroso, a experiência dolorosa não terá sido vã. Orai por vossos filhos negligentes e desobedientes; continuai a ter fé. Tende esperança e confiança, até verdes a salvação de Deus.” (Orson F. Whitney, Conference Report, abril de 1929, p. 110.)

Não é possível exagerar o valor do casamento no templo, os vínculos criados pela ordenança de selamento e os padrões de dignidade requeridos. Quando os pais são fiéis aos convênios feitos no altar do templo, seus filhos estarão eternamente ligados a eles. O Presidente Brigham Young disse:

“Que pai e mãe, que são membros desta Igreja e reino, sigam um rumo justo e se empenhem com todo seu poder para não errar, mas fazer o bem durante a vida inteira; tenham eles um filho ou cem filhos, caso se portarem com eles como devem, ligando-os ao Senhor com sua fé e orações, não importa para onde esses filhos vão; eles estão ligados aos pais por um vínculo eterno, e não há poder da terra ou do inferno capaz de separá-los de seus pais na eternidade; eles retornarão para a fonte de onde brotaram.” (Doutrinas de Salvação, comp. por Bruce R. McConkie, Joseph Fielding Smith, Vol. 2 p. 90.)

O Mais Abominável

Se poluirmos a fonte da vida, haverá perdas “pungentes” e “difíceis de suportar” (vide D&C 19:15); nenhum prazer físico valeria a pena. Alma disse a seu filho Coriânton: “Não sabes, meu filho, que estas coisas são abomináveis à vista do Senhor? Sim, mais detestáveis que todos os pecados, com exceção de derramamento de sangue inocente e negação do Espírito Santo”? (Alma 39:5.)

Encontramos o código de conduta moral nas escrituras, em palavras simples como: “Iniqüidade nunca foi felicidade”. (Alma 41:10.) As escrituras falam de modo genérico, deixando-nos livres para aplicar os princípios do evangelho às diversas circunstâncias da vida, mas quando elas dizem — “Não”, é melhor prestarmos atenção.

A única maneira de utilizarmos corretamente o poder da procriação é entre marido e mulher, legal e legitimamente casados. Qualquer outra coisa é violação dos mandamentos de Deus. Alma ensinou: “Se vos manifestardes contra isto pouco importa, porque a palavra de Deus deve-se cumprir” (Alma 5:58).

O Conceito do Adversário

Nenhuma idéia foi mais destrutiva para a felicidade, nenhuma filosofia provocou mais sofrimento, mais dano; nenhuma idéia fez mais para destruir a família do que o conceito de que não somos progénie de Deus, e sim animais desenvolvidos, compelidos a ceder a todos os impulsos carnais.

Não existe lei moral entre os animais. Ainda que em termos gerais sejam promíscuos no comportamento sexual, seus rituais de acasalamento seguem padrões estabelecidos e têm rígidas limitações. Por exemplo, os animais não se acasalam com os de seu próprio sexo para satisfazer seus instintos de acasalamento. Tampouco o fazem molestando suas crias.

A fonte da vida está agora relegada ao plano do prazer fora do casamento, comprado, vendido e, até mesmo pervertido em rituais satânicos. Os filhos de Deus podem render-se propositadamente à sua natureza carnal e, sem remorsos, desafiar as leis da moral e degradar-se abaixo do nível dos animais.

Filhos de Deus

Não existe revelação mais grandiosa do que a verdade sublime de que somos filhos de Deus; pela natureza de nossa criação, somos distintos de todos os demais seres vivos. (Vide Moisés 6:8–10, 22, 59.)

Impossível de Ser Forçado

Suponhamos que surgisse uma nova lei, determinando que todas as crianças fossem tiradas de seus pais e criadas pelo Estado. Essa lei seria perversa, mas é provável que pudesse ser imposta. Coisas desse tipo já aconteceram.

Suponhamos, porém, que um dos artigos da lei declarasse: “No período de quinze dias a mãe terá de romper qualquer vínculo afetivo com a criança”.

Seria absolutamente impossível o cumprimento de tal cláusula. Não importa quão severa fosse a punição ou o número de executores; ninguém poderia ser forçado a cumprir essa lei, pois seria contrária à lei natural e à lei moral.

Não faria diferença se o prazo de seu cumprimento fosse de quinze semanas, quinze meses ou quinze anos, a lei não poderia ser imposta! Poderia funcionar com animais, mas “Nem toda a carne”, diz a escritura “é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais” (I Coríntios 15:39). Nunca daria certo com mães humanas. Jamais!

Da mesma forma que seria impossível defender uma lei criada pelo homem contra a natureza, seria impossível cumprir uma lei que pretendesse acabar com o amor de mãe e filho.

Leis Físicas e Morais

Existem leis físicas e morais “irrevogavelmente decretada (s) nos céus, desde antes da fundação deste mundo” (D&C 130:20) que o homem não pode anular.

Por exemplo, acreditais que um voto para repelir a lei da gravidade faria alguma diferença?

O Direito de Manifestar-se

Quando se levanta uma questão moral, os líderes da Igreja têm a responsabilidade de se manifestar. O jogo, por exemplo, é uma questão moral. A vida é uma questão moral. Quando a moralidade está envolvida, temos tanto o direito como o dever de erguer a voz de advertência. Nós, como Igreja, não nos manifestamos a respeito de questões políticas a menos que envolva moralidade, Em milhares de entrevistas que fiz nestes trinta anos, jamais perguntei a um membro da Igreja qual era seu partido político.

Dar Ouvidos à Advertência

O Senhor advertiu membros de sua Igreja: “Aquilo que eu designei não seja manchado por meus inimigos, pelo consentimento daqueles que se chamam pelo meu nome: Pois este é um pecado sério e grave contra mim e contra o meu povo”. (D&C 101:97–98; grifo nosso.)

Porque as leis do homem, de modo geral, não levantam questões morais, somos ensinados a obedecer, honrar e manter a lei (vide Décima Segunda Regra de Fé) e que “o que guarda as leis de Deus não tem necessidade de desobedecer às leis da terra” (D&C 58:21).

Inexistência de Livre-arbítrio

A frase “livre-arbítrio” não aparece nas escrituras. Só encontramos arbítrio moral, “que”, disse o Senhor, “eu lhes dei, para que todo homem seja responsável por seus próprios pecados no dia do juízo” (D&C 101:78; grifo nosso).

Argumento Incoerente

A despeito de quão elevado e moral pareça o argumento da “livre-escolha”, ele é incoerente. Partindo desse mesmo raciocínio, poderíamos argumentar que todos os sinais e barreiras de trânsito que protegem os descuidados do perigo deveriam ser eliminados, já que cada indivíduo deve ser livre para escolher.

Liberdade de Escolha

Enquanto aprovamos leis para reduzir a poluição na terra, qualquer proposta para proteger o ambiente moral e espiritual é recebida com protestos e marchas, como violadora da liberdade e do direito de escolha.

É interessante como uma virtude, quando enfatizada com exagero ou fanatismo, pode ser usada para destruir outra, como é o caso da liberdade, uma virtude, invocada para proteger o vício. As pessoas que estão determinadas a transgredir encaram qualquer restrição a seu estilo de vida como uma interferência em seu livre-arbítrio, e procuram justificar suas ações tornando-as legais.

Pessoas que em outros aspectos são sensatas dizem: “Não pretendo pecar, mas voto pela liberdade de escolha daqueles que o fazem”.

O Tentador

O adversário sente inveja de todos os que têm o poder de gerar vida. Ele não pode gerar vida; ele é impotente. Ele e aqueles que o seguiram, foram expulsos e perderam o direito de ganhar um corpo mortal. Seus anjos até imploraram para habitar os corpos de porcos. (Vide Mateus 8:31.) E as revelações nos dizem que “ele procura tomar todos os homens tão miseráveis como ele próprio” (2 Néfi 2:27).

Com exceções que se tornam cada vez mais raras, tudo o que vemos, lemos e ouvimos tem como tema central o sexo. A censura é banida como violadora da liberdade de expressão.

Algo que deveria ser absolutamente reservado, é assunto público, encenado no centro do palco. Atrás do palco estão a dependência de drogas, a pornografia, a depravação, a infidelidade, o aborto e — o que é mais grave — o incesto e o abuso de crianças. E ao lado de tudo isso agora está uma praga de proporções bíblicas. Todas essas coisas estão aumentando.

A sociedade se omite dessa responsabilidade, apenas ensinando às crianças, nas escolas, o processo físico de reprodução para evitar gravidez precoce e doenças, e distribuindo material supostamente adequado para proteger os adolescentes desses dois riscos.

Quando é feita qualquer tentativa de incluir valores morais no currículo escolar, valores universais básicos, não apenas os valores da Igreja, mas os valores da civilização, da própria sociedade, surgem os protestos: “Estais impondo vossa religião, violando nossa liberdade”.

O Ambiente Espiritual

A rápida e violenta queda de valores é caracterizada por uma preocupação – até mesmo obsessiva com o sexo, que é o canal da procriação. A abstinência antes do casamento e a fidelidade conjugal são motivos de chacota; o casamento e a paternidade são ridicularizados e considerados fardos desnecessários. O recato, uma virtude de indivíduos e sociedades refinados, acabou.

O Ambiente Moral

Falo hoje aos membros da Igreja como defensor do meio ambiente. Minha mensagem não é sobre o ambiente físico, mas sobre o ambiente moral e espiritual em que devemos criar nossas famílias. Testando o meio ambiente moral, veremos que o índice de poluição está em constante elevação.

O Livro de Mórmon retrata a humanidade debatendo-se em meio a uma “névoa de escuridão” e define-a como sendo as “tentações do demônio” (1 Néfi 8:23; 12:17). Tão densa era a poluição moral, que muitos vagaram por “caminhos desconhecidos” e “se extraviaram… e… se perderam” (vide 1 Néfi 8:23–32).

A poluição deliberada da fonte da vida deixa nosso ambiente moral nublado. O dom da vida mortal e a capacidade de gerar outras vidas é uma bênção divina. Seu valor é incalculável!

Sou uma Autoridade Geral há mais de trinta anos, e membro do Quorum dos Doze Apóstolos há vinte e dois. Durante esse tempo, não sei quantos membros da Igreja entrevistei, mas com certeza, milhares deles. Conversei com cada um intimamente a respeito de dignidade, das tristezas e alegrias. Menciono isto apenas na esperança de que a credencial da experiência possa persuadir-vos a refletir acerca de assuntos que nos preocupam muito.

Que Deus nos conceda sabedoria e nos proteja da névoa de escuridão que a cada dia penetra mais em nosso ambiente moral. O destino de toda a humanidade está por um fio.

Que ele, nosso Pai e nosso Deus nos proteja, e que sejamos merecedores do amor e bênçãos de seu Filho, nosso Redentor, em cujo nome, o nome de Jesus Cristo, presto testemunho, amém.