Procurar o Bem
“Para os membros da Igreja, procurar o bem é mais do que um sublime ideal. É uma obrigação que aceitamos ao entrarmos nas águas do batismo.”
Amados irmãos, é um privilégio estar aqui nesta ocasião e ter a oportunidade de expressar meu testemunho quanto à veracidade do evangelho e meu profundo amor a seus líderes. É minha oração que o Espírito do Senhor esteja comigo enquanto me dirijo a vós.
Desde menino, provavelmente desde os cinco anos de idade, tenho assistido às conferências, e eu me lembro de que me sentava com meu pai na terceira fila, no meio, e apreciava todas as conferências a que ele me levava. Acho, porém, que nunca assisti a uma conferência melhor e mais inspiradora do que esta. Devo acrescentar também que talvez seja a mais longa de que participei, já que sou um dos últimos oradores.
Um documento importante da restauração do evangelho é uma carta escrita pelo Profeta Joseph Smith, atendendo a um pedido de John Wentworth, editor de um jornal de Chicago. Na Carta Wentworth, o Profeta escreveu um “esboço da ascensão, progresso, perseguição e fé dos santos dos últimos dias” (History of the Church, 4:535). Aparentemente, foi o primeiro relato que se publicou dos principais acontecimentos ocorridos nos 36 anos que se seguiram ao nascimento do Profeta. A última parte da carta, as Regras de Fé, é uma declaração que resume as crenças fundamentais da Igreja. Por ter sido uma pessoa inspirada pelos céus e não um conselho de eruditos que produziu este notável documento, é ele mais uma evidência do divino chamado de Joseph Smith. (Vide History of the Church, 4:535n.)
A última parte da décima terceira Regra de Fé afirma: “Se houver qualquer coisa virtuosa, amável ou louvável, nós a procuraremos”. (Decima Terceira Regra de Fé.)
A palavra procurar significa sair em busca, tentar descobrir, esforçar-se por adquirir. Isto requer uma abordagem ativa e vigorosa da vida. Por exemplo, Abraão buscou “as bênçãos dos patriarcas… e ser maior seguidor da justiça” (Abraão 1:2). É o oposto de esperar passivamente que algo de bom nos aconteça, sem esforço da nossa parte.
Podemos encher a vida com o bem, não deixando lugar para nada mais. Temos tantas coisas boas para escolher, que nunca precisamos participar do mal. O Élder Richard L. Evans declarou: “no mundo existe o mal, como existe o bem. Cabe-nos aprender a escolher um dos dois; aumentar a autodisciplina, a competência, a bondade; seguir avante – pôr um pé na frente do outro – um dia, uma hora, um momento, uma tarefa de cada vez”. (Richard L. Evans, Thoughts for One Hundred Years, 5 vols., Salt Lake City: Publishers Press, 1970,4:199.)
Se procurarmos as coisas virtuosas e louváveis, certamente as encontraremos. De igual maneira, se procurarmos o mal, também o encontraremos. Lúcifer sabe como tentar e como arrastar muitos filhos do Pai Celestial para onde ele e seus seguidores estão. Ele se rebelou e foi expulso; deseja tom^r-nos tão miseráveis como ele. (Vide 2 Néfi 2:18).
Minha mensagem pode ser o oposto da mensagem mundana das artimanhas de Satanás. Néfi definiu-as, quando escreveu: “E muitos dirão: Comei, bebei e diverti-vos, porque amanhã morreremos; e tudo nos irá bem…
Não obstante, temei a Deus – ele justificará a prática de pequenos pecados; sim, menti um pouco, aproveitai-vos…; não haverá mal nisso. Fazei todas estas coisas porque amanhã morreremos; e, se acontecer estarmos culpados, Deus nos castigará com uns poucos açoites e, ao fim, seremos salvos no reino de Deus” (2 Néfi 28:7–8).
Embora vivamos no mundo, não devemos ser do mundo. Para os membros da Igreja, procurar o bem é mais do que um sublime ideal. É uma obrigação que aceitamos quando somos batizados, e renovamos ao participarmos do sacramento. Lembremo-nos: “Eu, o Senhor, não posso encarar o pecado com o mínimo grau de tolerância;
Entretanto, aquele que se arrepende e faz a vontade do Senhor, será perdoado” (D&C 1:31–32).
Podemos procurar fortalecer a família e também promover a fé e felicidade no lar, tomando-os um refúgio contra os perigos que nos cercam. Pelo exemplo, os pais podem ensinar os filhos a serem bondosos, respeitosos, amáveis, a apoiar uns aos outros e evitar discórdias e contendas. Às vezes, as pessoas da família se tratam com menos cortesia e bondade do que tratam conhecidos e mesmo estranhos. Às vezes surgem divergências que podem causar discórdia, contudo, devem reservar sua maior ternura para os que lhes são mais íntimos: o cônjuge, os pais, irmãos e irmãs. A verdadeira grandeza no meu entender, evidencia-se na maneira como tratamos os outros quando não há uma expectativa de cortesia e bondade.
Procuremos ser bons vizinhos. Geralmente, os bons vizinhos têm bons vizinhos. Ser um bom vizinho representa mais do que fazer um gesto de cordialidade ocasional, num fim-de-semana ou numa crise. Significa esforçar-se continuamente por edificar e manter uma amizade verdadeira. Reagimos rapidamente em casos de emergência. Por exemplo, no Natal passado, o carro do nosso vizinho pegou fogo. Todos os que viram as chamas correram imediatamente para ajudar. Reagimos assim quando a necessidade é menos urgente, mas talvez muito importante? Visitamos nossos vizinhos quando ninguém está doente e não há nenhuma crise?
Podemos procurar ajudar abnegadamente, em virtude do amor a nossos semelhantes. O Salvador citou esse amor logo após o amor a Deus, quando disse: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
Este é o primeiro e grande mandamento.
E o segundo semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas” (Mateus 22:37–40).
A respeito destes dois mandamentos: lemos em I João o seguinte: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?
E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão” (I João 4:20–21).
Ajudar as pessoas deve ser uma atitude natural na vida de todos os seguidores de nosso Salvador. Quando renunciamos aos interesses pessoais por causa de amor ao próximo, e ajudamos sem nenhuma intenção de receber algo em troca, estamos nos tornando verdadeiros discípulos: “O Senhor… ordenou a seu povo que cuide dos pobres e necessitados. Ele disse: E em todas as coisas lembrai-vos dos pobres e necessitados, dos doentes e aflitos, pois aquele que não faz essas coisas, o mesmo não é meu discípulo (D&C 52:40). (Prover à maneira do Senhor, p. 3.) Em uma estaca que visitei recentemente, o índice de desemprego era elevado. Entretanto, os santos e líderes fiéis dali se uniram para dar uma generosa oferta de jejum, a fim de que ninguém passasse necessidade.
Procuremos ser mais auto-suficientes, até onde for possível, ao invés de depender de alguém para suprir nossas necessidades. Algumas pessoas parecem ter a noção errônea de que temos o direito de ter tudo na vida, sem o menor esforço da nossa parte. Muitos acreditam que o governo e outras pessoas devem cuidar de nós; acham que precisam fornecer alimentos, cuidados médicos e habitação. É óbvio que a sociedade deve cuidar de alguns de seus elementos, mas a população precisa abandonar a idéia de depender do governo para obter as coisas que eles mesmos podem conseguir para si e seus familiares.
Devemos procurar ser felizes e ter bom ânimo, e não permitir que Satanás nos vença pelo desânimo, desespero ou depressão. Como disse o Presidente Benson: “De todas as pessoas, nós, como santos dos últimos dias, devemos ser mais otimistas e menos pessimistas.” (Ensign, outubro de 1986, p. 2.) Se o pecado for a causa da nossa infelicidade, arrependamo-nos e voltemos a viver dignamente, porque “a iniqüidade nunca foi felicidade” (Alma 41:10) e “não podeis praticar o mal e vos sentirdes bem. Seria impossível”. (Ezra Taft Benson, New Era, junho de 1986, p. 5.)
Creio que a felicidade provém de uma consciência limpa e de uma vida sem dolo nem engano. Significa evitar ciúme e inveja. Significa cultivar a paz no lar e desfrutar a paz proporcionada pela retidão. Provém do conhecimento e da certeza, dados pelo Espírito, de que o caminho que seguimos na vida está de acordo com a vontade de Deus e é aceitável aos seus olhos. (Joseph Smith, Lectures on Faith, Salt Lake City: Deseret Book Co., 1985, 3:5.) Em última análise, continua em vigor a citação muito usada de Joseph Smith que diz: “A felicidade é o objetivo e o propósito de nossa existência; e também será o fim, se seguirmos o caminho que nos leva até ela; e esse rumo é a virtude, retidão, fidelidade, santidade e obediência a todos os mandamentos de Deus”.
(Ensinamentos, p. 249.) Não fiquemos deprimidos ou desanimados com as condições do mundo, pois o Senhor nos ajudará a encontrar o bem que nos levará à felicidade.
Numa época em que os meios de comunicação e a literatura têm entrada bastante livre em nosso lar, devemos procurar divertimentos limpos e edificantes, seja na televisão, em vídeos, cinema, revistas, livros e outros materiais impressos. Precisamos ser muito seletivos e escolher somente as coisas que são virtuosas, amáveis ou louváveis. Se forem questionáveis devemos evitá-las.
Especialmente num ano de eleições, como é o caso dos Estados Unidos, procuremos apoiar aqueles que, a nosso ver, agirão com integridade e concretizarão nossas idéias de um bom governo. O Senhor disse: “Quando os iníquos governam, o povo pranteia.
Portanto, deve-se procurar diligentemente homens honestos e sábios, e aos homens bons e sábios vós devereis apoiar” (D&C 98:9–10). A Igreja defende a norma de estrita neutralidade política, não favorecendo qualquer partido ou candidato, mas todos os membros devem participar ativamente no processo político. Estudemos as mensagens e os candidatos, para que nossos votos se baseiem em conhecimento e não em boatos. Oremos por nossos líderes públicos, pedindo ao Senhor que os ajude a tomar as decisões importantes que nos afetam. Nossas crenças relativas a governos e leis estão resumidas na seção 134 de Doutrina e Convênios, e na décima segunda Regra de Fé. Devemos apoiar as decisões políticas que coincidam com as nossas crenças morais.
Os membros da Igreja devem procurar transmitir a mensagem do evangelho a todos os que puderem ouvi-la. E mister que procuremos sem demora pregar por preceito e por exemplo, para nos assegurarmos de que todos os que estejam dispostos a aceitar as verdades do evangelho tenham a oportunidade de fazê-lo. O melhor meio de pregar o evangelho é vivê-lo. Os pais devem preparar seus filhos, ensinando-lhes os princípios do evangelho, ensinando-os a viver de maneira limpa e pura, para que possam ser dignos missionários e embaixadores do Senhor, incentivando-os a adquirir um forte testemunho do evangelho e ajudando-os a se prepararem financeiramente para esta obra sagrada. Além disso, os casais mais idosos devem ordenar seus negócios, para que possam servir como missionários.
Podemos procurar ir freqüentemente ao templo sagrado, a fim de realizarmos regularmente ordenanças essenciais pelos que partiram antes de nós. Podemos realizar pelos outros as ordenanças que eles não podem fazer por si mesmos. É uma obra de amor, que permite a nossos antepassados continuar progredindo para a vida eterna. Assim como as ordenanças do templo são valiosas e os beneficiam, também o são para nós. A casa do Senhor é um lugar onde podemos fugir das influências mundanas e ver nossa vida de uma perspectiva eterna. Podemos refletir nas instruções e convênios que nos ajudam a entender mais claramente o plano de salvação e o infinito amor do Pai Celestial a seus filhos. Podemos meditar em nosso relacionamento com Deus; o Pai Eterno, e seu Filho, Jesus Cristo. Doutrina e Convênios nos ensina que o templo é um lugar de ações de graças, “um lugar de instrução para todos os que forem chamados à obra do ministério, nos diversos chamados e ofícios;
Para que se aperfeiçoem na compreensão do seu ministério, em teoria, em princípio, e em doutrina, em todas as coisas concernentes ao reino de Deus na terra.” (D&C 97:13–14.)
A freqüência regular ao templo nos proporciona vigor espiritual. Pode ser uma âncora na vida diária, uma fonte de orientação, proteção, sqgurança, paz e revelação. Obra alguma é mais espiritual que as ordenanças do templo.
Nas palavras de Hugh B. Nibley: “O templo é um modelo em escala do universo. A mística do templo reside em sua extensão a outros mundos: é um reflexo da ordem celestial na terra e o poder que a plenifica, vindo do alto”. (“Nibley Considers the Temple in the Cosmos”, Insights, an Ancient Window, março de 1992, p. 1.)
Como filhos espirituais de nosso Pai Celestial, procuremos sempre reconhecer o potencial divino que temos em nós e jamais restrinjamos nossa perspectiva ao escopo limitado da vida mortal.
Procuremos obter o Espírito Santo, que pode ser o companheiro constante de todos os membros da Igreja obedientes e justos. Ele pode revelar toda a verdade à nossa mente e ao nosso coração, consolar-nos nas aflições, levar-nos a tomar decisões e a fazer escolhas corretas, e ajudar a purificar-nos do pecado. Não conheço bênção maior que possamos receber na mortalidade que a companhia do Espírito Santo.
Sem dúvida vivemos numa época atribulada, mas podemos procurar e obter o bem, apesar das tentações e ardis do adversário. Ele não pode tentar-nos além de nossa capacidade de resistência. (Vide I Coríntios 10:13.) Ao procurarmos “alguma coisa virtuosa, amável ou louvável”, estamos procurando imitar o Salvador e seguir seus ensinamentos. Encontramo-nos, então, no caminho que pode levar-nos à vida eterna.
Presto humilde testemunho de que o Pai Celestial conhece e ama cada um de nós, e que seu Filho Amado, Jesus Cristo, é nosso Salvador e Redentor. Joseph Smith é o Profeta da restauração do Evangelho de Jesus Cristo. Seus sucessores, de Brigham Young ao profeta atual, Presidente Ezra Taft Benson, também são profetas modernos de Deus. Eles nos ensinam a procurar o que é bom. Testifico em nome de Jesus Cristo, amém.