Tire as Crianças da Água!
Era um dia agradável, no verão de 2003. Fui com meus cinco filhos visitar a família de minha irmã, saindo de nossa casa em Logan, Utah, viajando de carro até Bear Lake. Da casa dela até o lago, são poucos minutos de caminhada. Depois de conversarmos um pouco, decidi levar meus filhos e duas primas, Kami e Erin, para brincar à beira do lago.
Junto à margem, a água estava quente, e soprava uma brisa suave quando me sentei numa cadeira, para ler e relaxar. Olhei para o lago e notei que Kami estava a uns 50 metros da margem, flutuando numa prancha de isopor. Como o lago ficava muito fundo bem perto da margem, acenei para ela e a chamei para mais perto, mas, àquela distância, ela não ouviu minha voz.
Naquele momento, comecei a sentir-me inquieta e ouvi o Espírito sussurrar que as crianças precisavam sair da água. Chamei todas as crianças para que viessem para perto da margem, e relutantemente elas vieram em minha direção. De repente, o Espírito falou bem alto e claro, dizendo: “Tire as crianças da água!” Virei-me para as montanhas que estavam atrás de nós e vi nuvens escuras se juntando. Um relâmpago brilhou intensamente no céu.
“Saiam da água”, gritei. “Está chegando uma tempestade com raios e trovões!” Corri para Kami, que estava então a uns 70 metros de distância. Naquele momento, uma rajada de vento nos atingiu. Meu filho de oito anos, Dallin, tentava carregar outra prancha para fora da água, mas o vento o atingiu como a uma vela de barco e o derrubou no chão.
Tentei chegar até onde Kami estava o mais rápido que pude, mas o vento a carregava para mais longe na água. Não sou boa nadadora, e com as ondas se erguendo a meu redor, continuei a caminhar dentro da água. Vi que ela estava batendo os pés o mais forte que podia, inclinando-se para um lado da prancha, mas isso de nada valia contra o vento feroz. Ela ainda estava sendo carregada para as águas profundas.
As águas começaram a ficar cada vez mais profundas enquanto eu caminhava, até atingirem meus ombros. Então, senti meus pés atingirem um local em que o leito do lago se aprofundava subitamente. Tive de parar, mas ainda estava a uns 18 metros de Kami. Abri a boca para chamá-la, mas para meu terror, não pude emitir som algum. Quando finalmente consegui, minha voz saiu engasgada. Foi então que me dei conta de o quanto a água estava fria naquele lugar. Percebi que eu estava entrando em hipotermia. Eu também não conseguiria voltar. Nós duas iríamos nos afogar.
Naquele momento, usando todas as forças que me restavam, gritei para Kami de modo que ela ouvisse minhas palavras e soubesse que eu estava orando. “Pai Celestial, por favor, dá-nos forças para fazer isso”. Num instante, um calor inundou meu corpo, e minhas forças voltaram. Minha voz tornou-se clara e forte, e gritei: “Kami, reme com as mãos!” Os braços da garotinha de dez anos a impulsionaram num nado “cachorrinho”. Ela mal tinha forças para fazer qualquer diferença contra o vento terrível, mas foi como se mãos gigantescas a estivessem empurrando gentilmente até meu braço estendido. Continuei a gritar-lhe palavras encorajadoras, até que nossos dedos se tocaram; naquele momento eu soube que o Pai Celestial tinha me levado até ela, e que conseguiríamos salvar-nos.
Na margem, Dallin chorava enquanto o vento e a areia o fustigavam cruelmente. Tive de usar todas as forças para carregar o menino, as outras crianças, as pranchas e os brinquedos para dentro do carro. Ao longe, o som estridente de uma sirene encheu o ar, anunciando um incêndio causado pelos relâmpagos nas montanhas. Aquilo pareceu piorar a situação dramática em que nos encontrávamos, mas eu sabia que tínhamos sido preservados por auxílio divino.
Contei às crianças o que havia acontecido na água e, assim que chegamos à casa da minha irmã, agradecemos em oração por Ele ter salvado nossa vida. Quando o fizemos, senti o imenso amor do nosso Pai Celestial. Sei que Ele conhece cada um de Seus filhos e sinto-me muito grata por Ele ter estado conosco naquele dia.