“Fazei Isto em Memória de Mim”
Que sejamos cheios do Espírito do Senhor ao tomarmos o sacramento dignamente.
Há muitos anos, quando eu era um jovem missionário no Canadá, fiquei impressionado com uma escritura que um artesão havia habilmente entalhado na frente da mesa do sacramento do ramo em Montreal: “Fazei isto em memória de mim” (Lucas 22:19).
Naquele pequeno ramo, os membros do Sacerdócio Aarônico, tanto por seu modo de vestir quanto por sua conduta, lembravam aos santos as instruções de nosso Salvador a respeito daquela ordenança tão significativa e sagrada. Aquelas palavras entalhadas ainda estão gravadas em minha mente a cada domingo, quando o sacramento é distribuído: “Fazei isto em memória de mim”.
Como povo do convênio do Senhor, chegamos às reuniões sacramentais alguns minutos mais cedo para demonstrar reverência e ponderar sobre aquela ordenança sagrada. Nesses momentos, ao chegarmos à Igreja preparados para tomar o sacramento, seguimos o conselho de Paulo aos santos em Corinto: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice” (I Coríntios 11:28).
A Instituição do Sacramento
O sacramento representa o sacrifício expiatório de Jesus Cristo. É uma ordenança sagrada e santa que deve ser ministrada da forma prescrita por portadores dignos do sacerdócio e tomada por dignos santos dos últimos dias. Deve-se dar muita atenção à atitude respeitosa que deve haver na preparação, na bênção e na distribuição do sacramento.
Paulo relembrou aos santos de que o sacramento havia sido instituído num momento de importância primordial, no meridiano dos tempos, quando Jesus realizou a Ceia de Páscoa com Seus Doze Apóstolos.
“Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim” (I Coríntios 11:23–25).
Naquele momento, a lei antiga, a lei mosaica, seria cumprida, quando o novo convênio — sim, uma lei maior — seria instituída. A ordenança vai continuar pelo menos até a Segunda Vinda de Jesus Cristo, quando nosso Salvador vai partilhar o sacramento com Seus santos (ver I Coríntios 11:26; D&C 27:5–14).
O cordeiro do sacrifício preparado para a Última Ceia era uma parte essencial do banquete anual da Páscoa. Quando os Doze Apóstolos estavam comendo, Jesus, o próprio Cordeiro Pascal, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e depois o deu a Seus discípulos (ver Mateus 26:26).
No Novo Mundo, depois de mostrar aos nefitas as marcas dos cravos em Suas mãos e pés, o Senhor ressuscitado instituiu o sacramento, dizendo:
“E sempre procurareis fazer isto tal como eu fiz, da mesma forma que eu parti o pão, abençoei-o e dei-o a vós.
E isto fareis em lembrança de meu corpo, o qual vos mostrei. E será um testemunho ao Pai de que vos lembrais sempre de mim. E se lembrardes sempre de mim, tereis meu Espírito convosco” (3 Néfi 18:6–7).
A respeito do cálice, Ele disse: “E isto fareis sempre a todos os que se arrependerem e forem batizados em meu nome; e o fareis em lembrança do meu sangue que derramei por vós, a fim de que testifiqueis ao Pai que sempre vos lembrais de mim. E se vos lembrardes sempre de mim, tereis o meu Espírito convosco” (3 Néfi 18:11).
O Salvador também disse aos nefitas: “Aquele que come este pão, come do meu corpo para a sua alma; e aquele que bebe deste vinho, bebe do meu sangue para a sua alma; e sua alma nunca terá fome nem sede, mas ficará satisfeita”. Depois que a multidão tomou o sacramento, o registro relata que “ficaram cheios do Espírito” (3 Néfi 20:8–9).
Tomar o Sacramento Dignamente
O Élder L. Tom Perry, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou:
“Antes de o mundo ser organizado, Deus estabeleceu um plano pelo qual ofereceria bênçãos a Seus filhos, de acordo com a obediência deles a Seus mandamentos. Ele sabia, porém, que às vezes nos distrairíamos pelas coisas do mundo e precisaríamos ser lembrados regularmente de nossos convênios e de Suas promessas. (…)
O propósito de tomarmos o sacramento, evidentemente, é renovar os convênios que fizemos com o Senhor. (…)
(…) Quando tomamos o sacramento dignamente, temos a oportunidade de crescer espiritualmente. (…)
(…) Se não levarmos o sacramento a sério, perderemos a oportunidade de renovar nosso crescimento espiritual”.1
Paulo ensinou à jovem Igreja em Corinto que seus membros estavam “fracos e doentes” e que “muitos dormiam” porque tomavam o sacramento “indignamente (…) não discernindo o corpo do Senhor” (I Coríntios 11:29, 30). O Salvador declarou: “Todo aquele que come e bebe da minha carne e do meu sangue indignamente, come e bebe condenação para sua alma” (3 Néfi 18:29).
“Eis que sou o Alfa e o Ômega, sim, Jesus Cristo.
Portanto, que todos os homens se acautelem de como tomam meu nome em seus lábios” (D&C 63:60–61).
Será que comemos e bebemos para a salvação de nossa alma? Será que saímos daquele “momento sagrado em um lugar santo”2 cheios do Espírito?
Partilhar [o Sacramento] Frequentemente
O Senhor disse: “É conveniente que a igreja se reúna amiúde para partilhar” do sacramento (D&C 20:75). Se é conveniente para o Senhor, então é absolutamente essencial para nós!
Nosso Salvador, ao limpar nosso vaso interior, não vai deixar-nos vazios, fracos e doentes, mas vai encher-nos com Seu amor e com a capacidade de resistir às tentações. Aqueles que se achegam a Cristo se tornam semelhantes a Cristo ao exercer fé Nele e partilhar do “pão da vida” e da “água viva” (João 4:10; 6:35).
Em 6 de abril de 1830, quando os primeiros santos desta dispensação se reuniram para organizar a Igreja, eles incluíram na primeira reunião oficial a ordenança do sacramento, conforme explicado pelo Senhor (ver D&C 20:75–79).
Como membros da Igreja, sabemos que nossa própria redenção pessoal só vem por intermédio de nosso Salvador Jesus Cristo. Declaramos e testificamos ao mundo que Ele expiou nossos pecados obedecendo perfeitamente à vontade do Pai. Podemos receber a maior dádiva de Deus, que é a vida eterna, por meio da obediência às leis e ordenanças do evangelho restaurado.
Também compreendemos o ensinamento do patriarca Leí a seu filho Jacó, quando disse: “Quão importante é tornar estas coisas conhecidas dos habitantes da Terra, para que saibam que nenhuma carne pode habitar na presença de Deus a menos que seja por meio dos méritos e misericórdia e graça do Santo Messias” (2 Néfi 2:8).
Que possamos comer e beber para que não tenhamos mais fome e sede espirituais. E que possamos ficar plenos do Espírito do Senhor a cada domingo, ao tomarmos o sacramento em memória Dele, para que nos tornemos um com Ele.