Eles Falaram para Nós
Crescer no Senhor
Extraído de um discurso proferido num devocional realizado na Universidade Brigham Young–Idaho, em 29 de abril de 2008. Para o texto completo do discurso em inglês, entre no site http://web.byui.edu/DevotionalsandSpeeches.
Ao ler novamente o Livro de Mórmon, cheguei ao capítulo de Helamã em que somos apresentados aos filhos de Helamã: “E aconteceu que teve dois filhos. Deu ao mais velho o nome de Néfi e, ao mais novo, o nome de Leí. E principiaram a crescer no Senhor” (Helamã 3:21; grifo do autor).
Aqueles meninos não apenas cresceram até tornar-se adultos que conheciam, amavam e serviam o Senhor, mas permaneceram nesse mesmo caminho por toda a vida. É sobre esse conceito, o de permanecer fiel e perseverante, que desejo dedicar minhas palavras.
Mesmo que vocês sejam a primeira geração em sua família que aceitou o evangelho, imagino que tenham crescido sentindo anseios espirituais. Todos nós, cedo ou tarde, tornamo-nos adultos e deixamos o lugar em que fomos criados e nutridos. Eu morava com meus pais quando fiz faculdade, e foi só quando comecei a dar aulas na escola e meus pais se mudaram, que tive de começar a crescer e a viver sozinha.
Esse período de transição é um momento decisivo em nosso comprometimento com o evangelho. O mundo nos oferece tentações tanto ostensivas quanto sutis. Sempre precisamos perguntar o que estamos fazendo ao nosso espírito. É o divino dentro de nós que está sendo nutrido ou nossas ações impedem o Espírito de se tornar a força predominante em nossa vida?
Uma vida virtuosa não exige muito esforço ou tempo, se observarmos o que aconteceu com o povo do Livro de Mórmon. Nos primeiros capítulos de 3 Néfi, vemos que os nefitas eram, em sua maior parte, corruptos. Os lamanitas, que se haviam tornado um grupo mais justo, também estavam decaindo. Mórmon escreveu:
“Muitos de seus filhos, à medida que cresciam e ficavam mais velhos, começavam a agir por conta própria, sendo levados (…).
E assim os lamanitas também foram afligidos e começaram, devido à iniquidade da nova geração, a decair em sua fé e retidão” (3 Néfi 1:29–30; grifo do autor).
Precisamos estar atentos para não “[começar] a agir por conta própria”. Essa é uma frase interessante. Para mim, ela significa que olharam para si mesmos em primeiro lugar e deram vazão a desejos que os profetas tinham alertado que evitassem. Cederam às tentações e seduções de Satanás. Em algum ponto de nossa vida, cada um de nós precisa decidir aceitar nossa fé ou degenerar na incredulidade ou rebelar-nos intencionalmente contra o evangelho de Cristo (ver 4 Néfi 1:38).
Quisera poder dizer-lhes que há um meio seguro de impedir que caiamos nessas armadilhas, mas não há. No entanto, existe um padrão que, se for seguido, pode garantir que, após termos escolhido o plano de nosso Pai, permaneçamos seguros e fiéis.
Em 4 Néfi aprendemos a respeito daqueles que permaneceram fiéis e cujo testemunho cresceu. Eles “[continuaram] a jejuar e a orar e a reunir-se amiúde, para orar e ouvir a palavra do Senhor” (4 Néfi 1:12). Portanto, a oração e o jejum são os primeiros elementos desse padrão. Para mim, uma das partes mais reconfortantes e tranquilizadoras do evangelho de Jesus Cristo é a oportunidade e bênção de orar. Frequentemente, estamos em lugares nos quais não podemos fazer nossas orações em voz alta, mas como Amuleque ensina em Alma 34:27, podemos manter nosso coração “voltado continuamente (…) em oração.”
Associado à oração fervorosa, o jejum tem o poder de mover o céu de modo direto e significativo. Às vezes, o jejum pode proporcionar uma renovação de saúde e forças a um corpo enfraquecido pela doença; às vezes, ele pode abrir a mente e o coração para auxiliar pessoas necessitadas; às vezes, ele pode interromper secas e períodos de escassez de alimentos. E jejuar sempre pode nos proporcionar paz — a paz de saber que o Senhor nos conhece e compreende nossas necessidade e nosso coração.
O elemento seguinte do padrão é que eles se reuniam amiúde para “orar e ouvir a palavra do Senhor”. Em muitos lugares, simplesmente chegar até a Igreja é bastante difícil, exigindo um grande sacrifício de tempo e recursos. Mas no mundo inteiro, milhões de santos fiéis fazem isso todos os domingos.
Quero acrescentar algo a esse padrão: algo que acredito que pode fazer muito para manter-nos dentro do evangelho. Estou falando do templo. Assim como tomamos o sacramento todas as semanas para renovar nossos convênios batismais com o Senhor, a participação das ordenanças do templo nos relembram a importância de nossos convênios e fortalecem em nós a capacidade de vencer os males deste mundo.
Orar e jejuar, reunir-se amiúde para orar e para ouvir a palavra de Deus, frequentar o templo e (espero que não seja preciso dizer) estudar as escrituras: esse é um padrão que podemos e devemos seguir se quisermos permanecer firmes e fiéis e crescer para o Senhor.