E Apiedai-vos de Alguns, Usando de Discernimento
A beleza no programa de professoras visitantes é ver vidas transformadas, lágrimas enxugadas, testemunhos florescendo, pessoas amadas, famílias fortalecidas.
Queridas irmãs, que bênção é estar com vocês, sentir sua força e seu amor ao Senhor. Obrigada pelo amor e pela compaixão que partilham com as pessoas diariamente.
Nos primeiros dias da Sociedade de Socorro em Nauvoo, sabemos que as irmãs viajavam de casa em casa, ministrando umas às outras, avaliando necessidades, levando alimentos, cuidando dos enfermos e demonstrando compaixão a cada mulher e sua família.1 Isso me traz à mente a seguinte passagem do livro de Judas: “E apiedai-vos de alguns, usando de discernimento”.2 Ao ponderar sobre essa escritura e seu significado, meus pensamentos voltam-se para o Salvador e as muitas passagens das escrituras que nos falam do amor e da compaixão que Cristo teve por todos.
No Novo Testamento lemos, com frequência, que Cristo sentia “grande compaixão”3 pelas pessoas ao cuidar de suas necessidades. Ele teve compaixão ao ver que estavam famintas e as alimentou; que estavam doentes e as curou; que precisavam de conhecimento espiritual e as ensinou.
Ter compaixão significa sentir amor e misericórdia por alguém. Significa ser solidário e desejar aliviar o sofrimento alheio. Significa mostrar bondade e carinho ao próximo.
O Salvador pede-nos que façamos o que Ele fez:4 que carreguemos os fardos uns dos outros, que consolemos quem necessitar de consolo, que choremos com os que choram,5 que alimentemos os famintos, que visitemos os enfermos,6 que socorramos os fracos, que ergamos as mãos que pendem7 e que “[ensinemos] a doutrina do reino uns aos outros”.8 Para mim, essas palavras e atos descrevem as professoras visitantes — aquelas que ministram umas às outras.
O trabalho das professoras visitantes dá às mulheres a oportunidade de cuidar, fortalecer e ensinar umas às outras. Assim como um mestre do Sacerdócio Aarônico tem a responsabilidade de “zelar sempre pela Igreja [e] estar com os membros e fortalecê-los”,9 uma professora visitante demonstra amor ao levar em conta, em espírito de oração, as necessidades de cada mulher a quem foi chamada para servir.
A irmã Julie B. Beck nos lembrou: “Por seguirmos o exemplo e os ensinamentos de Jesus Cristo, valorizamos essa sagrada atribuição de amar, conhecer, servir, compreender, ensinar e ministrar em Seu nome”.10
Hoje gostaria de abordar dois assuntos:
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As bênçãos que vocês levam às pessoas ao servir como professoras visitantes;
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E as bênçãos que recebemos ao servir ao próximo.
As Bênçãos Que Vocês Levam às Pessoas ao Servir Como Professoras Visitantes
Há pouco tempo, conversei com um grupo de mulheres em Anchorage, no Alasca. Havia cerca de doze mulheres na sala e outras seis acompanhavam o evento por teleconferência, espalhadas por cidades de todo o Alasca. Muitas dessas mulheres moravam a centenas de quilômetros da capela. Elas me ensinaram o que é ser professora visitante.
Para visitar pessoalmente todas as irmãs seria preciso pegar avião ou barco ou percorrer distâncias enormes de carro. É claro que o tempo e os gastos inviabilizavam as visitas a cada casa. Contudo, essas irmãs sentiam-se intimamente ligadas, pois oravam com fervor umas pelas outras e buscavam a orientação do Espírito Santo para conhecer as necessidades umas das outras, embora o contato pessoal fosse pouco frequente. Elas conseguiam manter contato por telefone, correio e Internet. Serviam com amor porque tinham feito convênios com o Senhor e desejavam abençoar e fortalecer suas irmãs.
Outra dupla dedicada de professoras visitantes na República Democrática do Congo caminhava grandes distâncias para visitar uma mulher e seu bebê. Essas irmãs preparavam a mensagem em espírito de oração, ávidas por saberem como fazer a diferença na vida da querida mulher que visitavam. Essa irmã vibrava com sua visita. Afinal, era uma mensagem do céu enviada especialmente para ela. Com a visita àquele lar humilde, tanto a irmã e seus familiares quanto as professoras visitantes, foram todos edificados e abençoados. A longa caminhada não pareceu um sacrifício. Essas professoras visitantes tiveram compaixão, fazendo a diferença para o bem e abençoando a vida da mulher.
Longas distâncias, custos elevados e preocupações com a segurança inviabilizam contatos pessoais mensais em algumas regiões do mundo; mas, por meio de revelação pessoal, as irmãs que verdadeiramente tentam amar-se, fortalecer-se e zelar umas pelas outras encontram maneiras significativas de cumprir esse chamado do Senhor.
Uma presidente inspirada da Sociedade de Socorro reúne-se em conselho com seu bispo e distribui as designações das professoras visitantes a fim de ajudá-lo a zelar por todas as mulheres da ala. Ao compreendermos esse processo de coordenação e revelação, entenderemos melhor nossa importante responsabilidade de ministrar, e confiaremos mais plenamente na orientação do Espírito em nosso trabalho.
Sou uma daquelas que visitava várias mulheres a cada mês e depois declarava orgulhosamente, com um suspiro de alívio: “Cumpri meu dever de professora visitante!” Bem, minha prestação de contas pode ter sido perfeita; mas, se essa foi a única motivação, que vergonha!
A beleza no programa de professoras visitantes não é exibir 100 por cento no relatório mensal, mas sim, ver vidas transformadas, lágrimas enxugadas, testemunhos florescendo, pessoas amadas, famílias fortalecidas, pessoas alegres, famintos alimentados, enfermos visitados e os que choram sendo consolados. Na verdade, o trabalho das professoras visitantes nunca termina, pois estamos sempre zelando e fortalecendo.
Outra bênção do programa das professoras visitantes é o aumento do amor e da união. As escrituras nos indicam como conseguir isso: “E mandou (…) que olhassem para frente com um único fito, tendo uma fé e um batismo, tendo os corações entrelaçados em unidade e amor uns para com os outros”.11
Muitas mulheres contam que o que as levou de volta à atividade na Igreja foi o fato de uma professora visitante fiel visitá-las todos os meses e ministrar a elas, resgatando-as, amando-as e abençoando-as.
Às vezes, a mensagem será a coisa mais importante a partilhar em determinada visita. Algumas mulheres têm raras oportunidades de aprimorar a própria espiritualidade; uma delas é a mensagem que vocês levam. As Mensagens das Professoras Visitantes, publicadas na revista A Liahona, são mensagens do evangelho que ajudam cada mulher a aumentar a fé, fortalecer a família e ressaltar o serviço abnegado.
Outras vezes, a bênção mais importante de sua visita será simplesmente ouvir. O ato de ouvir traz consolo, compreensão e cura. Já em outras ocasiões, talvez vocês precisem arregaçar as mangas para ajudar a fazer algo na casa ou acalmar uma criança que chora.
As Bênçãos Que Recebemos ao Servir ao Próximo
As bênçãos que recebemos ao servir ao próximo são muitas. Já me flagrei dizendo: “Preciso terminar meu trabalho de professora visitante!” (Esses eram momentos em que me esquecia que estava visitando e ensinando mulheres. Eram momentos em que eu considerava esse trabalho um fardo, em vez de uma bênção.) Posso dizer honestamente que, quando fazia as visitas, sempre me sentia melhor. Eu era edificada, amada e abençoada — em geral muito mais do que a irmã visitada. Meu amor cresceu. Meu desejo de servir aumentou. E pude ver como é belo esse programa criado pelo Pai Celestial para cuidarmos umas das outras e zelarmos umas pelas outras.
Outras bênçãos de ser professora visitante são as oportunidades de conhecer irmãs e fazer amizades que não seriam possíveis de outra forma. Às vezes, esse trabalho permite que sejamos a resposta às preces de alguém. A revelação pessoal e as experiências espirituais estão estreitamente ligadas ao programa das visitas.
Algumas das experiências mais tocantes, alegres e espirituais de minha vida foram as que eu tive ao visitar o lar das mulheres em minha ala e no mundo afora. Nessas ocasiões, ensinamos o evangelho umas às outras, choramos juntas, rimos juntas, resolvemos problemas juntas, e eu fui edificada e abençoada.
Certa noite, nos últimos dias do mês, estava-me preparando para viajar e ainda não visitara uma de minhas irmãs. Já era tarde. Eu não havia combinado nada. Não telefonara. Estava sem companheira. Mas decidi que era importante visitar minha amiga Julie. A filha de Julie, Ashley, nascera com a doença dos ossos de vidro. Embora tivesse quase seis anos de idade, Ashley era muito pequena e conseguia fazer poucas coisas além de mexer os braços e falar. Passava o dia todo deitada num tapete de pele de carneiro. Ashley era uma criança alegre e feliz, e eu adorava ficar ao lado dela.
Naquela noite, quando cheguei à casa de Julie, ela me convidou para entrar e Ashley chamou, dizendo que queria mostrar-me algo. Entrei e me ajoelhei no chão ao lado de Ashley, enquanto sua mãe ficou do outro lado. Ashley disse: “Olhe só o que consigo fazer!” Então, com um pouco de ajuda da mãe, Ashley conseguiu virar-se de lado e voltar à posição inicial. Ela demorara quase seis anos para atingir essa meta maravilhosa. Ao batermos palmas, incentivarmos, rirmos e chorarmos juntas, naquela ocasião especial, agradeci ao Pai Celestial por ter feito meu trabalho de professora visitante e não ter perdido aquele grande momento. Embora essa visita tenha ocorrido há muitos anos e a doce Ashley já tenha falecido, serei eternamente grata por essa experiência especial que tive com ela.
Minha própria mãe querida foi uma professora visitante maravilhosa e dedicada por muitos anos. Ela refletia continuamente sobre as maneiras de abençoar as famílias que visitava. Prestava atenção especial aos filhos das mulheres que visitava, na esperança de fortalecer a família. Lembro-me de ver uma criança de cinco anos correr até a minha mãe na igreja e dizer: “A senhora é minha professora visitante. Amo você”. Fazer parte da vida de cada mulher maravilhosa e sua respectiva família era uma bênção para minha mãe.
Nem todas as experiências relacionadas ao trabalho de professoras visitantes são doces e maravilhosas. Às vezes é algo difícil, como visitar um lar onde não somos muito bem-vindas ou tentar marcar horário com uma irmã que tem a agenda sempre lotada. Pode ser que a construção de um bom relacionamento com certas irmãs demore mais. Mas, quando verdadeiramente procuramos amar todas as irmãs, orar por elas e cuidar delas, o Espírito Santo nos ajudará a encontrar maneiras de zelar por elas e fortalecê-las.
O Presidente Thomas S. Monson é mestre em ministrar como o Salvador. Ele é visto constantemente visitando e ajudando as pessoas. Ele ensinou: “Estamos cercados por pessoas que necessitam de nossa atenção, de nosso incentivo, de nosso apoio, de nosso consolo e de nossa bondade. (…) Somos as mãos do Senhor aqui na Terra, com o encargo de servir e edificar Seus filhos. Ele precisa de cada um de nós”.12
“E ninguém pode participar desta obra, a menos que seja humilde e cheio de amor, tendo fé, esperança e caridade, sendo temperante em todas as coisas, em tudo o que lhe for confiado.”13
As mulheres de quem somos professoras visitantes foram confiadas a nós. Que tenhamos amor e compaixão, para assim fazermos a diferença na vida das irmãs confiadas aos nossos cuidados.
Irmãs, eu as amo. Oro para que se sintam envolvidas pelo amor de nosso Pai Celestial e de nosso Salvador, Jesus Cristo. Testifico-lhes que o Salvador vive. Em nome de Jesus Cristo. Amém.