O Sacerdócio de Aarão
O sacerdócio do qual vocês são portadores é uma dádiva especial, pois foi o próprio Senhor quem a concedeu. Usem-no, magnifiquem-no e vivam de modo a serem dignos dele.
Num discurso que fiz em uma conferência geral há 25 anos, utilizei um auxílio visual que ficou em pé, ao meu lado: meu neto mais velho. Ele acabara de receber o Sacerdócio Aarônico e de ser ordenado diácono. Aproveitei a oportunidade para dizer a ele o quanto era importante receber o Sacerdócio Aarônico.
Disse ao meu neto:
“Não estou muito contente com a situação do mundo que você e outros rapazes herdarão quando assumirem seu papel ao tornarem-se adultos. Durante o tempo em que nós da velha geração tivemos a idade e a possibilidade de influenciar o mundo, acho que falhamos com relação a vocês, pois deixamos o mundo chegar ao ponto em que chegou. Por esse motivo, vocês terão de conviver com muitas pessoas cuja criação não incluiu a compreensão dos valores tradicionais nem o respeito por esses valores. Com isso, a pressão do grupo fica muito mais difícil e intensa.
Temos em casa rádios, toca-discos e aparelhos de televisão. Ainda que todos esses aparelhos possam-nos proporcionar entretenimento sadio, muitas músicas e materiais audiovisuais produzidos para dar-nos prazer não têm o padrão necessário para inspirar e incentivar os rapazes. Na verdade, a maior parte desses materiais é degradante. O simples ato de ligar um aparelho dentro de sua casa tem o potencial de destruir a noção do certo e do errado que existe dentro de vocês” (ver “Eu Confiro o Sacerdócio de Aarão”, A Liahona, janeiro de 1986, p. 41).
Quanto mais mudanças existem, mais as coisas permanecem as mesmas — exceto a tecnologia. Fico tentado a perguntar aos rapazes do Sacerdócio Aarônico se eles ao menos sabem o que é um toca-discos. Para quem não sabe, o toca-discos é um aparelho que as pessoas tinham na sala da casa e que ligavam para ouvir música. Imaginem só, tínhamos de andar até ele, em vez de carregá-lo conosco!
Também ensinei meu neto, Terry, quatro lições com base na história de Daniel, do Velho Testamento. Eu disse a ele que (1) mantivesse o próprio corpo saudável e limpo; (2) desenvolvesse o intelecto e se tornasse sábio; (3) fosse forte e resistisse às tentações, neste mundo que é tão cheio delas; e (4) que confiasse no Senhor, principalmente quando mais precisasse de Sua proteção.
Encerrei meus conselhos ao Terry com estas palavras: As histórias encontradas nas escrituras nunca envelhecem. Elas serão uma leitura emocionante para você agora, como diácono, e continuarão emocionantes quando você for mestre, sacerdote, missionário, mestre familiar, presidente do quórum de élderes, ou em qualquer outro chamado que o Senhor lhe der. Elas lhe ensinarão a ter fé, coragem, amor ao próximo, confiança em si mesmo e no Senhor (ver A Liahona, janeiro de 1986, p. 43).
Tenho o prazer de dizer a vocês que Terry seguiu os conselhos que lhe dei há 25 anos. Ele posteriormente recebeu o Sacerdócio de Melquisedeque, foi missionário fiel, atualmente é presidente do quórum de élderes e é, claro, pai de uma bela filha.
Muita coisa mudou nestes últimos 25 anos. Outra coisa que aconteceu foi que muitos de meus netos cresceram e tiveram os próprios filhos. Em meados deste ano, tive a oportunidade de participar de um círculo de portadores do sacerdócio e colocar as mãos sobre a cabeça de meu bisneto mais velho, para que o pai lhe conferisse o Sacerdócio Aarônico. Apesar de meu bisneto não estar aqui ao meu lado hoje, quero dirigir minhas palavras a ele, bem como a todos vocês, rapazes excelentes que portam o Sacerdócio Aarônico.
O recebimento do Sacerdócio Aarônico é uma bênção muito especial. A história registra o dia glorioso em que o sacerdócio foi restaurado à Terra, dando ao homem o direito de agir novamente em nome de Deus na realização das ordenanças sagradas do sacerdócio. Foi no dia 5 de abril de 1829 que Oliver Cowdery chegou à casa de Joseph Smith, em Harmony, Pensilvânia. Oliver falou com o Profeta e lhe fez perguntas quanto ao seu trabalho de tradução de um registro antigo, o Livro de Mórmon. Convencido da origem divina daquele trabalho, aceitou ser o escrevente do restante da tradução. O trabalho de tradução passou a avançar rapidamente, depois que Oliver se dedicou à tarefa de escrevente.
No dia 15 de maio de 1829, Joseph e Oliver já tinham chegado até 3 Néfi. Ficaram entusiasmados com a história de quando, após a Ressurreição, o Salvador visitou as Américas, e com Seus ensinamentos relativos ao batismo. Com a leitura de 3 Néfi, começaram a ponderar sobre a questão do batismo. Qual seria a maneira correta de batizar? E quem teria autoridade para realizar essa ordenança sagrada de salvação? Eles procuraram uma resposta para essas questões doutrinárias fundamentais. Decidiram buscar a resposta em uma oração, e foram a um local próximo, às margens do rio Susquehanna. Abriram o coração, e os céus se abriram para eles. Um anjo apareceu, apresentou-se como João Batista e disse a Joseph e a Oliver que agia sob a direção de Pedro, Tiago e João, que tinham o sacerdócio maior (ver Joseph Smith—História 1:72).
Depois, colocou as mãos sobre a cabeça de cada um e disse: “A vós, meus conservos, em nome do Messias, eu confiro o Sacerdócio de Aarão, que possui as chaves do ministério de anjos e do evangelho do arrependimento e do batismo por imersão para remissão de pecados; e ele nunca mais será tirado da Terra, até que os filhos de Levi tornem a fazer, em retidão, uma oferta ao Senhor” (D&C 13:1).
Posteriormente, Oliver comentou esse acontecimento nestas palavras: “Mas (…) pensa, pensa um pouco mais na alegria que nos encheu o coração e na surpresa com que nos curvamos (…), quando recebemos de suas mãos o Santo Sacerdócio” (nota de rodapé referente a Joseph Smith—História 1:71).
Havia séculos que a humanidade esperava que a autoridade de Deus fosse restaurada, que o poder e a glória do santo Sacerdócio Aarônico voltasse à Terra. A seção 107 de Doutrina e Convênios nos diz o motivo por que o sacerdócio menor é chamado de Sacerdócio Aarônico:
“O segundo sacerdócio chama-se Sacerdócio de Aarão, porque foi conferido a Aarão e sua semente por todas as suas gerações.
A razão de ser chamado sacerdócio menor consiste em que ele é um apêndice do maior, ou seja, do Sacerdócio de Melquisedeque; e tem poder para administrar ordenanças exteriores. (…)
O poder e autoridade do menor, ou seja, do Sacerdócio Aarônico, é possuir as chaves do ministério de anjos e administrar as ordenanças exteriores, a letra do evangelho, o batismo de arrependimento para remissão de pecados, conforme os convênios e mandamentos” (D&C 107:13–14, 20).
Os rapazes do Sacerdócio Aarônico não só recebem o poder e a autoridade para agir em nome do Senhor, no cumprimento de suas responsabilidades do sacerdócio, como também recebem as chaves do ministério de anjos.
Rapazes do Sacerdócio Aarônico, testifico a vocês que o Senhor está obrigado — por convênio solene — a abençoá-los de acordo com sua fidelidade. Se vocês derem ouvidos à voz de advertência do Espírito Santo e seguirem Sua orientação, serão abençoados com o ministério de anjos. Essa bênção acrescentará a sua vida sabedoria, conhecimento, poder e glória. Essa é uma bênção garantida que lhes foi prometida pelo Senhor.
Há alguns meses, tive a oportunidade de assistir à reunião de jejum e testemunho de certa ala. Um dos que se levantaram para prestar testemunho era consultor do Sacerdócio Aarônico. Seu testemunho renovou minha compreensão do que significa, para os portadores do Sacerdócio Aarônico, ter as chaves do ministério de anjos.
Aquele consultor contou algumas coisas que aconteceram naquela manhã com o Sacerdócio Aarônico da ala. Indo a pé para a Igreja, ele viu dois diáconos que iam de casa em casa dos membros, levando os envelopes de ofertas de jejum. Ficou impressionado com o fato de estarem usando suas melhores roupas de domingo e pela dignidade e reverência com que cumpriam aquela tarefa. Mais tarde, acompanhou dois sacerdotes que foram ministrar o sacramento na casa de um homem com deficiência física e mental. Era a primeira vez que aqueles dois rapazes iam àquela casa, e o consultor observou o quanto foram respeitosos e atenciosos no cumprimento daquela responsabilidade do sacerdócio.
Depois, o consultor narrou um acontecimento que o tocou profundamente, pois um dos sacerdotes lembrou-lhe do significado de ser um verdadeiro ministro de Jesus Cristo, sendo literalmente um anjo ministrador. O jovem sacerdote que passava a água para a congregação chegou a um homem que parecia ter Síndrome de Down. O homem não tinha condições de, por si mesmo, pegar o copo da bandeja e beber. O jovem sacerdote imediatamente cuidou da situação: com a mão esquerda, apoiou a parte de trás da cabeça do homem para que ele pudesse beber e, com a direita, pegou um copinho da bandeja e, gentil e lentamente, levou-o a seus lábios. Uma expressão de gratidão surgiu no rosto daquele homem — a expressão que se vê no rosto daqueles a quem alguém ministrou. Depois, aquele excelente jovem sacerdote prosseguiu com sua tarefa de passar a água abençoada aos demais membros da congregação.
Em seu testemunho, o consultor expressou os sentimentos que lhe vieram ao coração naquele terno momento. Disse que verteu lágrimas de alegria, pois sabia que a Igreja estava em boas mãos, nas mãos de jovens atenciosos e obedientes que portavam o Sacerdócio Aarônico.
O presidente Ezra Taft Benson disse, certa vez: “Mostrem-me um rapaz que se conservou moralmente puro e que frequenta fielmente as reuniões da Igreja; mostrem-me um rapaz que magnificou seu sacerdócio e conquistou o Reconhecimento Dever para com Deus e é um Escoteiro da Pátria; mostrem-me um rapaz que se formou no seminário e tem um testemunho ardente do Livro de Mórmon; mostrem-me um jovem assim, e eu lhes mostrarei um jovem capaz de realizar milagres para o Senhor no campo missionário e durante toda a sua vida” (ver “Aos ‘Jovens de Nobre Estirpe’”, A Liahona, julho de 1986, p. 46).
Aos pais desses jovens magníficos, tanto rapazes como moças: nós lhes encarregamos com a sagrada responsabilidade de ensinar aos seus filhos as doutrinas do santo sacerdócio. Seus filhos precisam aprender, desde cedo, que bênção é ter o sacerdócio eterno do Senhor; e que cada um deles, individualmente, precisa qualificar-se para receber essa bênção.
Bispos, vocês têm as chaves do sacerdócio para presidir os rapazes do Sacerdócio Aarônico, para reunir-se com eles em conselho e para ensinar-lhes seus deveres do sacerdócio. Peço-lhes que se certifiquem de que todo rapaz digno de receber o Sacerdócio Aarônico compreenda as obrigações que terá e as bênçãos que receberá por portar esse sacerdócio. Ajudem-nos a aprender a magnificar o sacerdócio agora, dando-lhes tarefas importantes e ajudando-os a servir e ministrar a outras pessoas.
Rapazes, eu os desafio a edificar a vida sobre o alicerce da verdade e da retidão. Esse é o único alicerce que resistirá às pressões da vida e permanecerá firme ao longo das eternidades. O sacerdócio do qual vocês são portadores é uma dádiva especial, pois foi o próprio Senhor quem a concedeu. Usem-no, magnifiquem-no e vivam de modo a serem dignos dele. Quero que saibam que tenho um testemunho especial e pessoal do poder desse sacerdócio. Já recebi muitas — as mais variadas — bênçãos graças a ele.
Além disso, eu os desafio a decidirem hoje que vão honrar essa bênção grandiosa e vão preparar-se para avançar e receber todos os ofícios do Sacerdócio Aarônico: o ofício de diácono, o de mestre e o de sacerdote. Preparem-se para a grande bênção que é receber o Sacerdócio de Melquisedeque, pois precisarão estar dignos de recebê-lo antes de servir como missionários de tempo integral. É necessário que vocês se preparem para servir na obra do Senhor, principalmente para cumprir a grande responsabilidade de declarar o Seu evangelho ao mundo. Prometo-lhes que, se vocês se prepararem para receber Seu santo sacerdócio, Ele literalmente derramará bênçãos sobre sua cabeça. Presto-lhes esse testemunho em nome de nosso Senhor e Salvador, sim, de Jesus Cristo. Amém.