2017
Ganhar a confiança do Senhor e de sua família
November 2017


Ganhar a confiança do Senhor e de sua família

Os homens que têm “integridade de coração” são confiáveis porque a confiança é edificada sobre a integridade.

Irmãos, talvez não exista um elogio maior que poderíamos receber do Senhor do que saber que Ele confia em nós como dignos portadores do sacerdócio e excelentes maridos e pais.

Uma coisa é certa: ganhar a confiança do Senhor é uma bênção que nos advém por meio de um grande esforço de nossa parte. A confiança é uma bênção fundamentada na obediência às leis de Deus. Ganhamos a confiança do Senhor como resultado de nossa fidelidade aos convênios que fizemos nas águas do batismo e no templo sagrado. Quando cumprimos as promessas que fizemos ao Senhor, Sua confiança em nós aumenta.

Amo as escrituras antigas e modernas que usam o termo “integridade de coração” para descrever o caráter digno de uma pessoa.1 A integridade, ou a falta dela, é um elemento fundamental do caráter de uma pessoa. Os homens que têm “integridade de coração” são confiáveis porque a confiança é edificada sobre a integridade.

Ser um homem íntegro significa que sua vontade e suas ações são puras e dignas em todos os aspectos de sua vida, tanto em público como em particular. Com as decisões que tomamos, a confiança que Deus tem em nós pode aumentar ou diminuir. Esse princípio talvez seja mais claramente manifestado em nossas responsabilidades divinamente atribuídas como maridos e pais.

Como maridos e pais, recebemos de profetas, videntes e reveladores modernos uma responsabilidade divina, citada no documento “A Família: Proclamação ao Mundo”. Esse documento nos ensina que (1) “o pai deve presidir a família com amor e retidão”, (2) o pai tem “a responsabilidade de atender às necessidades de seus familiares” e (3) o pai tem a responsabilidade de proteger sua família.2

Para ganhar a confiança de Deus, precisamos cumprir à maneira do Senhor três responsabilidades divinamente atribuídas em relação a nossa família. Conforme declarado na proclamação sobre a família, a maneira do Senhor para que cumpramos essas responsabilidades em relação a nossa esposa é sendo “parceiros iguais”.3 Para mim, isso quer dizer que não tomamos qualquer decisão importante com relação a essas três responsabilidades sem que haja total união com nossa esposa.

A primeira coisa que devemos fazer para ganhar a confiança do Senhor é colocar nossa confiança Nele. O profeta Néfi exemplificou esse tipo de compromisso em sua oração: “Ó Senhor, confiei em ti e em ti confiarei sempre. Não porei minha confiança no braço de carne”.4 Néfi era totalmente comprometido em fazer a vontade do Senhor. Além de falar “eu irei e cumprirei as ordens do Senhor”, Néfi era inabalável no compromisso de cumprir as designações que recebia, como demonstrado nesta declaração: “Assim como vive o Senhor e vivemos nós, não desceremos para o deserto onde está nosso pai até havermos cumprido o que o Senhor nos ordenou”.5

Por Néfi ter confiado primeiramente em Deus, Deus depositou grande confiança em Néfi. O Senhor o abençoou com grandes manifestações do Espírito, que, por sua vez, trouxeram bênçãos à sua própria vida, à vida de seus familiares e à vida de seu povo. Por ter presidido com amor e retidão, sustendo e protegendo a família e o povo, Néfi registrou: “E aconteceu que vivemos segundo o padrão da felicidade”.6

Para descrever a perspectiva das mulheres sobre esse assunto, pedi a ajuda de minhas duas filhas casadas. Pedi a elas que colocassem em uma ou duas frases a visão que elas tinham sobre a importância da confiança e como ela afeta o casamento e a vida familiar. Aqui estão os sentimentos de Lara Harris e de Christina Hansen.

Lara escreveu o seguinte: “Uma das coisas mais importantes para mim é saber que, durante todo o dia, meu marido está fazendo escolhas que demostram respeito e amor por mim. Quando confiamos um no outro dessa maneira, temos paz em nosso lar e alegria ao criar juntos nossa família”.

Christina escreveu: “Confiar em alguém é a mesma coisa que ter fé em alguém. Sem essa confiança e fé, há medo e dúvida. Para mim, uma das grandes bênçãos que tenho por confiar plenamente em meu marido é sentir paz em minha mente por saber que ele fará o que diz que vai fazer. A confiança traz paz, amor e cria um ambiente propício para que o amor aumente”.

Lara e Christina não viram o que cada uma tinha escrito. Acho muito interessante as duas considerarem que a paz no lar é uma consequência direta de ter um marido em quem podem confiar. Como demonstrado pelo exemplo de minhas filhas, o princípio da confiança tem um papel extremamente importante no desenvolvimento de um lar centralizado em Cristo.

Também desfrutei da mesma cultura centralizada em Cristo no lar em que cresci, com um pai que magnificou seu sacerdócio e que ganhou a confiança de toda a família como resultado de sua “integridade de coração”.7 Quero compartilhar uma experiência de minha juventude que demonstra o impacto positivo e duradouro que um pai pode ter sobre a família quando entende e vive o princípio da confiança edificada sobre a integridade.

Quando eu era bem jovem, meu pai fundou uma empresa especializada em automação industrial. A empresa desenvolvia, fabricava e instalava linhas de produção automatizadas em todo o mundo.

Quando eu estava no Ensino Fundamental, meu pai queria que eu aprendesse a trabalhar. Ele também queria que eu conhecesse todos os detalhes do negócio. Meu primeiro trabalho foi cuidar da manutenção do terreno e da pintura de áreas da fábrica que não eram visíveis ao público em geral.

Quando entrei no Ensino Médio, fui promovido para trabalhar no chão da fábrica. Comecei aprendendo a ler plantas e a operar o maquinário pesado de fabricação de aço. Depois que me formei, comecei meus estudos universitários e em seguida fui para a missão. Quando voltei da missão, comecei imediatamente a trabalhar. Eu precisava ganhar dinheiro para pagar meus estudos no ano seguinte.

Um dia depois de minha missão, eu estava trabalhando na fábrica quando meu pai me chamou ao escritório e perguntou se eu gostaria de acompanhá-lo em uma viagem de negócios a Los Angeles. Foi a primeira vez que ele me fez tal convite. Na realidade, ele estava permitindo que eu representasse a empresa publicamente.

Antes da viagem, ele me preparou dando alguns detalhes sobre seu novo cliente em potencial. Primeiro, o cliente era uma corporação multinacional. Segundo, eles estavam atualizando suas linhas de produção em todo o mundo com as mais modernas tecnologias de automação. Terceiro, nossa empresa nunca lhes havia fornecido serviços de engenharia ou de tecnologia. E, por último, o executivo principal da corporação encarregado da compra tinha solicitado essa reunião para analisar nossa proposta para o novo projeto. A reunião representava uma oportunidade nova e potencialmente importante para nossa empresa.

Ao chegarmos a Los Angeles, meu pai e eu fomos ao hotel para nossa reunião com o executivo. O primeiro assunto era debater e analisar as especificações de engenharia do projeto. O próximo item era relativo a detalhes operacionais, incluindo logística e datas de entrega. O item final da agenda se concentrava no preço, nos termos e nas condições. Foi aí que as coisas ficaram interessantes.

Esse executivo nos explicou que nossa proposta de preço era a menor comparada a de outras empresas que estavam participando da concorrência do projeto. Curiosamente, ele nos disse qual era o preço da segunda melhor proposta e então nos perguntou se queríamos fazer uma nova proposta. Ele disse que nosso novo preço deveria ser um pouco menor do que o do orçamento logo acima do nosso. Ele explicou que dividiríamos com ele, de forma igual, o valor adicionado. Ele justificou, dizendo que todos nos beneficiaríamos. Nossa empresa ganharia porque receberíamos muito mais dinheiro do que o valor apresentado em nossa proposta original. A empresa dele ganharia porque ainda fecharia o negócio com o menor orçamento. E, claro, ele ganharia sua parte do dinheiro adicional porque fechou um grande negócio.

Ele então nos deu o número de sua caixa postal para onde poderíamos enviar o dinheiro solicitado. Depois de tudo isso, ele olhou para meu pai e perguntou: “Temos um acordo?” Para minha surpresa, meu pai se levantou, apertou as mãos dele e lhe disse que voltaríamos a falar com ele.

Depois de sair da reunião e entrar no carro que tinha sido alugado, meu pai olhou para mim e perguntou: “Muito bem, o que você acha que devemos fazer?”

Respondi que achava que não deveríamos aceitar essa oferta.

Meu pai então perguntou: “Você não acha que temos uma responsabilidade para com nossos funcionários de manter um bom volume de trabalho?”

Enquanto pensava na pergunta e antes que eu pudesse responder, ele mesmo a respondeu. Ele disse: “Ouça, Rick, depois que você aceita um suborno ou compromete sua integridade, é muito difícil recuperá-la. Nunca faça isso, nem ao menos uma vez”.

Estou compartilhando essa experiência porque nunca mais esqueci o que meu pai me ensinou naquela primeira reunião de negócios com ele. Compartilhei essa experiência para demonstrar a influência duradoura que exercemos como pais. Vocês podem imaginar a confiança que eu tinha em meu pai por causa de sua integridade de coração. Ele viveu esses mesmos princípios em sua vida pessoal com minha mãe, com os filhos e com todos com quem se associou.

Irmãos, é minha oração hoje à noite que todos primeiramente coloquemos nossa confiança no Senhor, como exemplificado por Néfi, e depois, por causa da integridade de nosso coração, ganhemos a confiança do Senhor e também a de nossa esposa e de nossos filhos. Ao entendermos e aplicarmos esse sagrado princípio da confiança edificada na integridade, seremos fiéis aos nossos sagrados convênios. Também teremos sucesso ao presidir nossa família com amor e retidão, provendo-lhe as necessidades da vida e protegendo-a das maldades do mundo. Presto testemunho dessas verdades em nome de Jesus Cristo. Amém.