2017
Resplandeça a sua luz
November 2017


Resplandeça a sua luz

Os profetas estão nos chamando, minhas irmãs. Vocês vão ser fiéis? Vão expressar sua fé? Vocês vão resplandecer sua luz?

Talvez vocês não saibam disso, mas o presidente Monson e eu somos gêmeos. No mesmo dia em que nasci — e na mesma hora — no norte da Califórnia, Thomas S. Monson, aos 36 anos de idade, foi apoiado como o mais novo apóstolo. Gosto muito de minha ligação especial, pessoal com o profeta de Deus, o presidente Monson.

Os profetas estão falando sobre as mulheres.1 Vocês vão ouvir algumas de suas palavras nesta reunião. Para minha mensagem, vou lembrar uma profecia extraordinária escrita pelo presidente Spencer W. Kimball há quase 40 anos. Em setembro de 1979, era apenas a segunda vez que as mulheres da Igreja em todo o mundo tinham sua própria reunião geral. O presidente Kimball havia preparado seu discurso, mas, quando chegou o dia da conferência, ele estava hospitalizado. Então, pediu à sua esposa, Camilla Eyring Kimball, que lesse o discurso em nome dele.2

A irmã Camila Kimball fala ao púlpito

A irmã Kimball leu as palavras do profeta, que enfatizavam a influência das mulheres SUD sobre as boas mulheres do mundo antes da Segunda Vinda do Salvador. Perto do final, foi dada uma injeção de ânimo às mulheres da Igreja, da qual temos falado desde aquela época.

Permitam-me citar um pouco do que o presidente Kimball disse:

“Por fim, queridas irmãs, gostaria de sugerir a vocês algo que ainda não foi dito ou, pelo menos, não desta maneira. Boa parte do enorme crescimento que ocorrerá na Igreja nestes últimos dias se dará porque muitas das boas mulheres do mundo (…) serão atraídas à Igreja em grande número. Isso acontecerá na medida em que as mulheres da Igreja demonstrarem retidão e expressividade em sua vida e na medida em que as mulheres da Igreja forem vistas como diferentes e distintas — de modo positivo — das mulheres do mundo.

Entre as verdadeiras heroínas deste mundo que se unirão à Igreja, há mulheres que se preocupam mais com a retidão do que com o comportamento egoísta. Essas verdadeiras heroínas têm autêntica humildade, a qual atribui mais valor à integridade do que à visibilidade. (…)

Serão (…) os membros da Igreja do sexo feminino [que] constituirão uma força significativa no crescimento tanto numérico quanto espiritual da Igreja nos últimos dias”.3

Que afirmação profética! Só para resumir:

  • Serão (…) os membros da Igreja do sexo feminino [que] constituirão uma força significativa no crescimento tanto numérico quanto espiritual da Igreja nos últimos dias.

  • As amizades que as mulheres da Sociedade de Socorro, as moças e as meninas da Primária fazem com mulheres e meninas sinceras, fiéis e tementes a Deus de outras religiões e crenças serão uma força significativa para o crescimento da Igreja nos últimos dias.

  • O presidente Kimball chamou essas mulheres de outras formações religiosas de “heroínas” que estarão mais preocupadas com a retidão do que com o egoísmo, que vão nos mostrar que a integridade é mais valiosa do que a visibilidade.

Tenho conhecido muitas dessas boas mulheres ao realizar meu trabalho em todo o mundo. A amizade delas é muito preciosa para mim. Vocês também as conhecem entre seus amigos e vizinhos. Elas podem ou não ser membros da Igreja no momento, mas a amizade que fazemos é importante. Bem, como fazemos nossa parte? O que devemos fazer? O presidente Kimball menciona cinco coisas:

A primeira é ser digna. Ser digna não significa ser perfeita ou nunca cometer erros. Significa desenvolver um forte relacionamento com Deus, arrepender-nos de nossos pecados e erros e ajudar livremente outras pessoas.

As mulheres que se arrependem mudam o curso da história. Tenho uma amiga que se envolveu em um acidente de carro quando era jovem e, a partir disso, se tornou dependente de analgésicos. Mais tarde, seus pais se divorciaram. Ela ficou grávida em um curto relacionamento e suas dependências continuaram. Certa noite, ela olhou para o caos e a confusão de sua vida e pensou: “Basta”. Suplicou ao Salvador Jesus Cristo que a ajudasse. Ela contou que aprendeu que Jesus Cristo era mais forte até mesmo do que suas terríveis circunstâncias e que ela poderia confiar na força Dele ao trilhar o caminho do arrependimento.

Ao voltar para o Senhor e para os caminhos Dele, ela mudou o curso de sua história, da história de seu filho e de seu novo marido. Ela é digna, tem um coração aberto para as pessoas que cometeram erros e desejam mudar. E, assim como todas nós, ela não é perfeita, mas sabe como se arrepender e continuar tentando.

A segunda é ser articulada. Ser articulada significa expressar claramente como se sente sobre algo e por quê. No início deste ano, vi uma postagem no Facebook que criticava o cristianismo. Eu a li e fiquei um pouco incomodada, mas a ignorei. Mas uma conhecida que não é membro da Igreja respondeu com um comentário. Ela escreveu: “[Isso é] exatamente o oposto do que Jesus representava, Ele era (…) radical [em] seu tempo porque Ele (…) igualava o mundo. (…) Ele [falou com] prostitutas, [comeu] com cobradores de impostos (…), fez amizade com mulheres e crianças oprimidas (…) [e] nos deu a história do bom samaritano. (…) Assim, concluímos que (…) os verdadeiros cristãos se esforçam para ser o povo MAIS amável do mundo”. Quando li isso, pensei comigo mesma: “Por que não escrevi isso?”

Cada uma de nós precisa expressar melhor as razões de nossa fé. Como vocês se sentem a respeito de Jesus Cristo? Por que permanecem na Igreja? Por que acreditam que o Livro de Mórmon é uma escritura? Onde encontram paz? Por que é importante que o profeta tem algo a dizer em 2017? Como sabem que ele é um profeta verdadeiro? Usem sua voz e seu poder para expressar o que sabem e sentem — nas redes sociais, nas conversas com amigos e quando estiver batendo papo com seus netos. Digam-lhes por que acreditam, qual é o sentimento, se vocês alguma vez duvidaram, como superaram e o que Jesus Cristo significa para vocês. Como o apóstolo Pedro disse: “Não temais (…); antes, santificai o Senhor Deus em vosso coração; e estai sempre preparados para responder a qualquer que vos perguntar a razão da esperança que há em vós”.4

A terceira é ser diferente. Vou lhes contar uma história que aconteceu em julho, em Panama City Beach, na Flórida.5 No final da tarde, Roberta Ursrey viu seus dois jovens filhos gritando por socorro a 90 metros dentro do mar. Eles foram pegos por uma corrente de retorno e estavam sendo levados para o mar aberto. Um casal que estava perto tentou resgatar os meninos, mas também foi levado pela corrente. Então os membros da família Ursrey mergulharam para resgatar os banhistas que estavam em dificuldades, e rapidamente nove pessoas foram apanhadas pela corrente.

Não havia cordas. Não havia salva-vidas. A polícia enviou um barco de resgate, mas as pessoas já estavam em dificuldades no mar havia 20 minutos e estavam exaustas afundando na água. Entre as pessoas que observavam na praia estava Jessica Mae Simmons. Seu marido teve a ideia de formar uma corrente humana. Eles gritaram chamando as pessoas na praia para que os ajudassem, e dezenas de pessoas uniram os braços e marcharam para dentro do mar. Jessica escreveu: “Ver pessoas de raças e sexos diferentes entrarem em ação para ajudar pessoas totalmente desconhecidas [foi] absolutamente incrível!”6 Uma corrente de 80 pessoas se estendeu até os banhistas. Vejam a foto daquele momento incrível.

Banhistas criando uma corrente humana

Todos na praia só conseguiam pensar em soluções tradicionais e ficaram paralisados. Mas um casal, em uma fração de segundo, pensou em uma solução diferente. A inovação e a criação são dons espirituais. Quando guardamos nossos convênios, isso talvez nos faça diferentes dos outros em nossa cultura e sociedade, mas isso também nos dá acesso à inspiração para que possamos pensar em soluções, abordagens e aplicações diferentes. Nem sempre vamos nos encaixar no mundo, mas ser diferente de maneira positiva pode ser um salva-vidas para outras pessoas com dificuldades.

A quarta é ser distinta. Ser distinta significa ser claramente bem definida. Vamos voltar à história sobre Jessica Mae Simmons na praia. Assim que a corrente humana estava se estendendo em direção aos banhistas, ela sabia que poderia ajudar. Jessica Mae disse: “Eu consigo prender a respiração (…) e rodear uma piscina olímpica com facilidade! [Eu sabia como sair de uma corrente de retorno.] Sabia que poderia trazer [cada banhista] para a corrente humana”.7 Ela e o marido pegaram pranchas de bodyboard, nadaram pela corrente até que eles e outras pessoas que foram ajudar no resgate alcançassem os banhistas e depois carregassem um por um até a corrente formada pelas pessoas, que os conduziu em segurança para a praia. Jessica tinha uma habilidade distinta: ela sabia nadar contra a corrente de retorno.

O evangelho restaurado é claramente bem definido, mas temos que ser distintas sobre como o seguimos. Assim como Jessica praticava natação, precisamos praticar viver o evangelho antes da emergência para que, sem medo, sejamos fortes o suficiente para ajudar quando as pessoas estiverem sendo varridas pela corrente de retorno.

E, por fim, a quinta é fazer os quatro passos anteriores com felicidade. Ser feliz não significa colocar um sorriso falso no rosto, não importa o que aconteça. Significa guardar os mandamentos de Deus e edificar e elevar os outros.8 Quando edificamos alguém, quando carregamos o fardo de outras pessoas, recebemos bênçãos em nossa vida que as provações não podem tirar de nós. Tenho uma citação do presidente Gordon B. Hinckley colocada em um lugar onde posso ver todos os dias. Ele disse: “Não se consegue construir nada com pessimismo ou cinismo. Observando com otimismo e trabalhando com fé, as coisas acontecem”.9

Um exemplo desse espírito feliz e otimista é o de uma menina de 13 anos que conheço chamada Elsa, cuja família está se mudando para Baton Rouge, Louisiana, quase 3 mil quilômetros longe de seus amigos. Não é muito fácil se mudar para um novo lugar quando se tem 13 anos. Com razão, Elsa estava insegura sobre a mudança, então seu pai lhe deu uma bênção. No momento exato da bênção, o telefone de sua mãe tocou com uma mensagem. As moças que moravam em Louisiana tinham enviado esta foto com os dizeres: “Por favor, mude-se para nossa ala!”10

Moças segurando o cartaz de boas-vindas

Essas moças estavam otimistas e gostavam de Elsa mesmo sem conhecê-la. O entusiasmo delas fez com que Elsa ficasse otimista sobre a mudança iminente e respondeu à sua oração sobre se tudo ficaria bem.

Há uma energia que vem da felicidade e do otimismo que não apenas nos abençoa — edifica todas as pessoas ao nosso redor. Qualquer coisa pequena que fizerem para criar uma felicidade verdadeira nos outros mostra que vocês já estão carregando a tocha que o presidente Kimball acendeu.

Eu tinha 15 anos na época em que o presidente Kimball deu o discurso. Nós, que temos mais de 40 anos, estamos carregando essa responsabilidade dada pelo presidente Kimball desde aquele dia. Agora, olho para as jovens de 8, de 15, de 20 e de 35 anos de idade, e vou passar essa tocha para vocês. Vocês são as futuras líderes da Igreja, e vai depender de vocês levar essa luz adiante e fazer parte do cumprimento dessa profecia. Nós, que temos mais de 40 anos, damos os braços a vocês e sentimos sua força e energia. Precisamos de vocês.

Ouçam esta escritura em Doutrina e Convênios 49:26–28. Pode ter sido escrita em circunstâncias diferentes, mas esta noite, pelo Espírito Santo, espero que vocês a considerem como seu chamado pessoal para esse trabalho sagrado.

“Eis que vos digo: Ide, como vos mandei; arrependei-vos de todos os vossos pecados; pedi e recebereis; batei e ser-vos-á aberto.

Eis que eu irei adiante de vós e serei vossa retaguarda; e estarei no meio de vós e não sereis confundidos.

Eis que eu sou Jesus Cristo e depressa venho.”11

Suplico a vocês que estejam em condições de sentir o amor generoso de Deus em sua vida. Vocês não podem estar em uma condição distante desse amor. Quando sentirem Seu amor, quando O amarem, vão buscar se arrepender e guardar Seus mandamentos. Quando guardam Seus mandamentos, Ele pode usá-las em Sua obra. Sua obra e glória é a exaltação e a vida eterna das mulheres e dos homens.

Os profetas estão nos chamando, minhas irmãs. Vocês vão ser fiéis? Vão expressar sua fé? Vocês conseguem ser distintas e diferentes? Sua felicidade, apesar das provações, vai atrair as pessoas que são boas e nobres e que precisam de sua amizade? Vocês vão resplandecer sua luz? Testifico que o Senhor Jesus Cristo irá adiante de nós e estará em nosso meio.

Termino com as palavras de nosso amado profeta, Thomas S. Monson: “Minhas queridas irmãs, este é seu dia, este é seu tempo”.12 Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Presidente Brigham Young: “Deixem-nas [as irmãs] organizar a Sociedade de Socorro feminina nas diversas alas. Temos muitas mulheres talentosas entre nós e desejamos que nos ajudem nesse assunto. Algumas pessoas podem pensar que isso é uma coisa sem importância, mas não é. Irão perceber que as irmãs serão a mola mestra do movimento” (Filhas em Meu Reino: A História e o Trabalho da Sociedade de Socorro, 2011, p. 45).

    Presidente Lorenzo Snow: “Vocês sempre estiveram ao lado do sacerdócio, prontas para fortalecer-lhes a mão e fazer sua parte, ajudando a levar adiante os interesses do reino de Deus; e, ao compartilharem esses trabalhos, vocês sem dúvida compartilharão o triunfo da obra e a exaltação e a glória que o Senhor dará a Seus filhos fiéis” (Filhas em Meu Reino, p. 7).

    Presidente Spencer W. Kimball: “Há um grande poder nessa organização [da Sociedade de Socorro] que ainda não foi plenamente exercido para fortalecer os lares de Sião e edificar o reino de Deus — nem será até que tanto as irmãs quanto o sacerdócio compreendam o valor da Sociedade de Socorro” (Filhas em Meu Reino, p. 155).

    Presidente Howard W. Hunter: “Parece-me que há uma grande necessidade de reunir as mulheres da Igreja para que apoiem e defendam as autoridades gerais, ajudando-nos a deter a enxurrada do mal que nos cerca e a levar adiante a obra do Salvador. (…) Pedimos também que exerçam sua vigorosa influência positiva para fortalecer as famílias, a Igreja e as comunidades” (Filhas em Meu Reino, pp. 169–170).

    Presidente Gordon B. Hinckley: “As mulheres da Igreja são fortes e capazes. Existe nelas liderança, senso de direção e um certo espírito de independência, além de uma grande satisfação em fazer parte do reino do Senhor e de trabalhar lado a lado com o sacerdócio, a fim de fazer esse reino progredir” (Filhas em Meu Reino, p. 155).

    Presidente Thomas S. Monson: citando Belle Smith Spafford, nona presidente geral da Sociedade de Socorro: “‘Nunca as mulheres tiveram maior influência no mundo do que hoje. Nunca as portas da oportunidade estiveram tão abertas para elas. Esta é uma época convidativa, emocionante, desafiadora e difícil para as mulheres. É uma época de grandes recompensas, se mantivermos o equilíbrio, aprendermos os verdadeiros valores da vida e sabiamente determinarmos nossas prioridades’ (A Woman’s Reach [O Alcance de uma Mulher], 1974, p. 21). Minhas queridas irmãs, este é seu dia, este é seu tempo” (“A grande força da Sociedade de Socorro”, A Liahona, janeiro de 1998, p. 108).

    Presidente Russell M. Nelson: “Rogo a minhas irmãs de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que deem um passo adiante! Ocupem seu lugar de direito tão necessário em sua casa, em sua comunidade e no reino de Deus — mais do que nunca o fizeram antes. Rogo-lhes que cumpram a profecia do presidente Kimball. E prometo-lhes em nome de Jesus Cristo que, ao fazê-lo, o Espírito Santo vai magnificar sua influência de um modo sem precedentes!” (“Um apelo às minhas irmãs”, A Liahona, novembro de 2015, p. 97.)

  2. Ver o vídeo da irmã Camilla Kimball lendo o discurso do presidente Spencer W. Kimball no site conference.LDS.org; ver também Spencer W. Kimball, “O papel das mulheres justas”, A Liahona, março de 1980, p. 152.

  3. Spencer W. Kimball, “O papel das mulheres justas”, p. 155; grifo do autor.

  4. 1 Pedro 3:14–15.

  5. Ver McKinley Corbley: “80 Beachgoers form Human Chain to Save Family Being Dragged Out to Sea by Riptide” [Oitenta banhistas formam uma corrente humana para salvar uma família que estava sendo arrastada para o mar por uma correnteza], 12 de julho de 2017, goodnewsnetwork.org.

  6. Jessica Mae Simmons, em Corbley, “80 Beachgoers form Human Chain” [Oitenta banhistas formam uma corrente humana].

  7. Simmons, em Corbley, “80 Beachgoers form Human Chain” [Oitenta banhistas formam uma corrente humana].

  8. Ver Alma 41:10; 34:28; Doutrina e Convênios 38:27; Lucas 16:19–25.

  9. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Gordon B. Hinckley, 2016, p. 73.

  10. Observações da família de Virginia Pearce.

  11. Doutrina e Convênios 49:26–28.

  12. Thomas S. Monson, “A grande força da Sociedade de Socorro”, p. 108.