2018
O foco são as pessoas
Maio de 2018


O foco são as pessoas

Na Igreja, o foco são vocês, os discípulos do Senhor — aqueles que O amam, que O seguem e que tomaram sobre si o nome Dele.

Enquanto nos preparávamos para a construção do magnífico Templo de Paris França, tive uma experiência da qual nunca me esquecerei. Em 2010, quando o terreno do templo foi encontrado, o prefeito da cidade pediu para reunir-se conosco a fim de saber mais a respeito de nossa Igreja. Essa reunião representava um passo crucial na obtenção de um alvará de construção. Preparamos meticulosamente uma apresentação que incluía várias fotos impressionantes de templos da Igreja. Minha esperança mais fervorosa era de que a beleza arquitetônica deles convenceria o prefeito a apoiar nosso projeto.

Para minha surpresa, o prefeito mencionou que, em vez de examinar nossa apresentação, sua equipe e ele preferiam conduzir sua própria investigação a fim de descobrirem que tipo de igreja nós éramos. No mês seguinte, fomos convidados a voltar para ouvir um relato de uma vereadora da cidade que, por acaso, também era uma professora de história da religião. Ela disse: “Antes de mais nada, queríamos entender quem são os membros de sua igreja. Em primeiro lugar, participamos de uma de suas reuniões sacramentais. Nós nos sentamos ao fundo da capela e observamos cuidadosamente as pessoas na congregação e o que elas faziam. Em seguida, visitamos seus vizinhos — os que moram perto de sua sede de estaca — e perguntamos a eles que tipo de pessoas vocês, mórmons, são”.

“Quais foram suas conclusões?” Perguntei, sentindo-me um pouco ansioso. Ela respondeu: “Descobrimos que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é mais parecida com a Igreja original de Jesus Cristo do que qualquer outra que conhecemos”. Quase contestei, dizendo: “Essa afirmação não está totalmente correta! Ela não é a igreja mais parecida; ela é a Igreja de Jesus Cristo — a mesma Igreja, a Igreja verdadeira!” Mas me contive e, em vez disso, fiz uma oração silenciosa de agradecimento. O prefeito então nos informou que, com base no que descobriram, sua equipe e ele não tinham objeções quanto à construção de um templo em sua comunidade.

Hoje, quando penso nessa maravilhosa experiência, sinto-me grato pela sabedoria do prefeito e por seu espírito de discernimento. Ele sabia que a chave para se compreender a Igreja não era enxergá-la pela aparência externa de seus edifícios ou mesmo como uma instituição bem organizada, mas por meio de seus milhões de membros fiéis, que se esforçam todos os dias para seguir o exemplo de Jesus Cristo.

A definição de a Igreja pode ser retirada de uma passagem no Livro de Mórmon que declara: “E os que eram batizados [referindo-se aos discípulos do Senhor] em nome de Jesus, eram chamados a igreja de Cristo”.1

Em outras palavras, na Igreja o foco são as pessoas. O foco são vocês, os discípulos do Senhor — aqueles que O amam, que O seguem e que tomaram sobre si o nome Dele por convênio.

O presidente Russell M. Nelson certa vez comparou a Igreja a um bonito automóvel. Todos ficamos felizes quando nosso veículo está limpo e brilhante. Mas o propósito de um carro não é se destacar como uma máquina atrativa, é transportar as pessoas que estão no carro.2 De modo semelhante, nós, como membros da Igreja, somos gratos por termos belos lugares de adoração, que são limpos e bem conservados, e também desfrutamos de programas que funcionam bem. Mas essas coisas são apenas um conjunto de auxílios. Nosso único propósito é convidar cada filho e filha de Deus a achegar-se a Cristo e guiá-los no caminho do convênio. Nada é mais importante. O foco de nosso trabalho são as pessoas e os convênios.

Não é maravilhoso saber que o nome dado por revelação à Igreja restaurada une os dois elementos mais importantes de cada convênio do evangelho? O primeiro é o nome de Jesus Cristo. Esta Igreja pertence a Ele, e Sua Expiação e Seus convênios santificadores são o único caminho para a salvação e exaltação. O segundo nome se refere a nós: os santos, ou, em outras palavras, Suas testemunhas e Seus discípulos.

Aprendi sobre a importância de se concentrar nas pessoas quando servi como presidente de estaca na França. No início de meu serviço, eu tinha em mente metas muito ambiciosas para a estaca: a criação de novas alas, a construção de novas capelas e até mesmo a construção de um templo em nossa área. Quando fui desobrigado seis anos depois, nenhum desses objetivos havia sido alcançado. Eu poderia ter sentido que aquilo tinha sido um completo fracasso não fosse o fato de que, no decorrer daqueles seis anos, meus objetivos tivessem mudado bastante.

Quando me sentei ao púlpito no dia de minha desobrigação, fui tomado por um profundo sentimento de gratidão e de realização. Olhei para o rosto das centenas de membros que estavam presentes. Pude me lembrar de uma experiência espiritual relacionada a cada um deles.

Havia irmãos e irmãs que tinham entrado nas águas do batismo, irmãos para quem assinei a primeira recomendação para que recebessem as sagradas ordenanças do templo e jovens e casais que eu havia designado ou desobrigado como missionários de tempo integral. Havia muitos outros a quem eu tinha ministrado quando passaram por desafios e adversidades em sua vida. Senti um intenso amor fraterno por cada um deles. Eu havia encontrado pura alegria ao servir a eles e alegrei-me por sua lealdade e fé no Salvador terem aumentado.

O presidente M. Russell Ballard ensinou: “A coisa mais importante em nossas responsabilidades na Igreja não são as estatísticas dos relatórios nem as reuniões realizadas, mas, sim, que as pessoas, individualmente — de quem cuidamos uma a uma como o Salvador fazia — sejam elevadas e incentivadas e, por fim, transformadas”.3

Meus queridos irmãos e irmãs, somos ativos no evangelho ou estamos simplesmente ocupados na Igreja? O segredo é seguir o exemplo do Salvador em todas as coisas. Se fizermos isso, naturalmente nos concentraremos em salvar pessoas em vez de realizar tarefas e implementar programas.

Já se perguntaram como seria se o Salvador visitasse sua ala ou seu ramo no próximo domingo? O que Ele faria? Ele estaria preocupado em saber se os auxílios visuais são bons o suficiente ou se as cadeiras foram posicionadas corretamente na sala de aula? Ou Ele encontraria alguém para amar, ensinar e abençoar? Talvez Ele procuraria um membro novo ou um amigo para acolher, um irmão ou uma irmã doente que necessitasse de consolo ou um jovem que não estivesse tão firme e precisasse ser elevado e encorajado.

Que salas de aula Jesus visitaria? Eu não ficaria surpreso se Ele visitasse, em primeiro lugar, as crianças da Primária. Ele provavelmente se ajoelharia e falaria a elas olhando em seus olhos. Ele expressaria Seu amor a elas, contaria histórias, parabenizaria as crianças por seus desenhos e testificaria de Seu Pai Celestial. Sua atitude seria simples, genuína e não fingida. Podemos agir da mesma forma?

Prometo-lhes que, ao se esforçarem para estarem alinhados ao Senhor, nada será mais importante do que encontrar essas pessoas que vocês podem ajudar e abençoar. Na Igreja, vocês se concentrarão em ensinar indivíduos e em tocar seu coração. Sua preocupação será proporcionar uma experiência espiritual em vez de organizar uma atividade perfeita, será ministrar aos outros membros em vez de listar quantas visitas vocês fizeram. Não será algo voltado a vocês, mas a eles, a quem chamamos de nossos irmãos e nossas irmãs.

Às vezes falamos de ir à igreja. Mas a Igreja é mais do que um edifício ou um local específico. Ela é tão real e viva nas mais humildes moradias das áreas mais remotas do mundo quanto aqui na sede da Igreja em Salt Lake City. O próprio Senhor disse: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.4

Levamos a Igreja conosco para onde quer que vamos: ao trabalho, à escola, às férias e especialmente ao nosso lar. Nossa própria presença e influência podem ser suficientes para fazer com que qualquer lugar onde nos encontremos seja um lugar santo.

Lembro-me de uma conversa que tive com um amigo que não é membro de nossa religião. Ele ficou surpreso ao saber que qualquer homem digno em nossa Igreja poderia receber o sacerdócio. Ele perguntou: “Mas quantos portadores do sacerdócio vocês têm em sua ala?”

Respondi: “Entre 30 e 40”.

Perplexo, ele continuou: “Em minha congregação, temos apenas um sacerdote. Por que vocês precisam de tantos sacerdotes no domingo de manhã?”

Intrigado com sua pergunta, senti-me inspirado a responder: “Concordo com você. Não creio que precisemos de tantos portadores do sacerdócio na igreja aos domingos. Mas realmente precisamos de um portador do sacerdócio em cada lar. E, quando uma família não tem um portador do sacerdócio no lar, outros portadores do sacerdócio são chamados para zelar por essa família e ministrar a ela”.

Nossa Igreja não é apenas uma igreja de domingo. Nossa adoração continua todos os dias da semana a despeito de onde estejamos ou do que façamos. Em especial, nosso lar é “o principal santuário de nossa fé”.5 Na maioria das vezes, é em nosso lar que oramos, abençoamos, estudamos, ensinamos a palavra de Deus e servimos com puro amor. Posso testificar por experiência própria que nosso lar é um lugar sagrado que pode estar repleto do Espírito — tanto quanto nossos ambientes formais de adoração e às vezes até mais.

Presto testemunho de que esta Igreja é a Igreja de Jesus Cristo. Sua força e vitalidade advêm das ações diárias de milhões de discípulos de Cristo que se empenham todos os dias para seguir Seu exemplo supremo ao cuidar das outras pessoas. Cristo vive e Ele dirige esta Igreja. O presidente Russell M. Nelson é o profeta que Ele escolheu para nos guiar e liderar em nossos dias. Presto testemunho disso em nome de Jesus Cristo. Amém.