Ensinar as crianças a amar e servir pelo exemplo
No momento em que este artigo for publicado, o Natal — e o espírito maravilhoso que vivemos naquela estação especial de dar, compartilhar, amar e servir uns aos outros — será uma memória distante para a maioria. Algumas das nossas resoluções do Ano Novo ainda podem estar em prática, mas muitos provavelmente podem ter sido abandonadas. Sim, é esperado que a ocupação da vida assuma o controle após as férias, mas eu ouço — pelo menos aqui e ali — pessoas que dizem: “Eu gostaria de sentir o Espírito do Natal todos os dias”.
Enquanto pensava em como manter esse Espírito de Natal de forma contínua, eu estava um dia refletindo sobre a vida do Salvador: Seu exemplo, ensinamentos, amor — e a misericórdia que Ele estende à todos. Durante este momento calmo pensando sobre o Salvador, eu estava a ler as palavras do Ápostolo Paulo, que escreveu: “como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou fazendo o bem, e curando todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (Atos 10:38). Por ser ungido com o Espírito Santo e com virtude, Jesus “andou fazendo o bem” — e esses atos de “fazer o bem” eram o propósito dele, o foco dele e o legado da Sua vida.
Da mesma forma, quando aceitamos o Evangelho de Jesus Cristo — e somos então batizados e confirmados por aqueles que possuem as chaves restauradas do Sacerdócio — nós também recebemos esse Dom do Espírito Santo. Em nossas famílias, nosso trabalho, nossos chamados da Igreja — nossos relacionamentos com amigos e vizinhos em nossas comunidades — todos nós podemos e devemos operar sob o poder e inspiração do Espírito Santo, para “fazer o bem”. Muito simplesmente, então, prolongar o Espírito de Natal além do dia 25 de dezembro é uma questão de viver como Ele vive, fazer o bem como Ele faz e amar aos outros como Ele ama.
Manter o Natal em nossos corações significa concentrar nossas mentes no Salvador e seguir continuamente o exemplo dele. Embora o Seu propósito seja trazer a imortalidade e a vida eterna para todos os filhos do Pai, Ele faz isso de maneira muito pessoal ao servir cada um de nós individualmente. De maneira semelhante, devemos alcançar de forma muito íntima de bondade e serviço. Como povo do convênio do Senhor, devemos estar dispostos “… a chorar com os que choram; sim, consolar os que necessitam de consolo e servir de testemunhas de Deus em todos os momentos e em todas as coisas e em todos os lugares em que vos encontreis…” e porquê? Alma dá a resposta no mesmo verso das escrituras: “… para que sejais redimidos por Deus e contados com os da primeira ressurreição, para que tenhais a vida eterna” (Mosias 18:9). Aqueles que receberam a ordenança do batismo fizeram um convênio para fazer tudo o que puderem, por meio de serviço e de exemplo, ajudar os outros a vir a Cristo e participar da vida eterna.
Uma das declarações no nosso Plano da Área é “Amar e Servir uns aos Outros”. Isso inclui “alcançar, um por um, resgatar aqueles que são menos ativos” e “compartilhar o Evangelho com outros que não são da nossa fé”. Como membros da Sua Igreja, nós próprios, devemos nos esforçar em viver por esse princípio de serviço e depois ensiná-lo às próximas gerações — nossos filhos e netos — através de ação e de exemplo, seguindo o caminho do Salvador. Em abril de 1995, o Presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) fez um apelo para todos nós para nos esforçarmos a viver o evangelho, para sermos gentis e amorosos. Ele ensinou: “[Esta] é hora de demonstramos delicadeza e amor por aqueles que sofrem e que vagam na dor e escuridão. É o momento de termos consideração, bondade, honestidade e cortesia uns para com os outros em todos os tipos de relacionamento. Em outras palavras, de nos tornarmos mais semelhantes a Cristo” (Gordon B. Hinckley, “Esta É a Obra do Mestre,” Conferência Geral de Abril de 1995; também, A Liahona, julho de 1995, 74).
Tive o privilégio de conhecer muitos membros fiéis da Igreja que se esforçam a ensinar as suas famílias esses princípios do evangelho tanto em palavras quanto em ação. E porque as crianças têm uma fé natural em seus pais e avós, ensinar-lhes pelo exemplo ajuda-as a aprender e desenvolver a fé em Jesus Cristo e instila nelas lições de amor e serviço.
Em uma das minhas muitas viagens a trabalho por toda a África, tive o privilégio de conhecer uma família em Nairobi, no Quênia, e com quem me tornei amigo — a família Alumande. Naquela época — em 2010 — O Irmão Alumande era Bispo da ala do Upperhill; hoje, ele é o Patriarca da estaca. O irmão Alumande se esforça em elevar o lugar onde ele mora, por servir e amar aqueles ao seu redor e convidando a sua família a fazer o mesmo. Conheci os seus netos, Amari (8 anos de idade) e Jabari (4 anos de idade), e vejo que foram ensinados a ser gentis e a servir seus amigos e vizinhos. Eles aprenderam isso com o exemplo de seu avô. Com sua permissão e a permissão dos envolvidos, deixem-me contar sobre uma experiência recente que aconteceu durante a Época passada (2017) do Natal — uma experiência que envolve a sua família e outros que não são da nossa fé.
Recentemente, visitei a família Alumande em sua casa, e enquanto compartilhávamos uma lição do evangelho — e já bem avançado com esta lição — uma senhora e o seu filho entraram em sua casa. Eles estavam entusiasmados, apertando a mão e saudando a todos com entusiasmo e alegria. De repente aperceberam-se que estávamos tendo uma lição e, como o Irmão Alumande explicou o que estávamos discutindo, eles concordaram em ficar e juntar-se a nossa conversa. Mais tarde, soube que esta irmã enfrentava sérios problemas de saúde e outros — durante os quais o Irmão Alumande e sua família apoiavam à ela e aos seus filhos com amor, gentileza e serviço. Eles compartilhavam aulas do evangelho com a família e convidaram-nos para várias reuniões e atividades da igreja. Os netos do irmão Alumande, Amari e Jabari, tornaram-se amigos dos filhos desta irmã e gostam de brincar juntos — e aprenderam a compartilhar o pouco que têm. É fácil ver a senso de atenção e bondade inculcada em uma idade tão jovem nos netos de Alumande através de serem ensinados, por palavras e ações, o princípio de amor e de serviço mútuo.
Os nossos líderes da Igreja continuam a ensinar e a aconselhar-nos a sermos mais amorosos e gentis. Em um dos seus últimos discursos da Conferência Geral, o Presidente Thomas S. Monson (1927–2018) disse: “examinemos nossa vida e decidamos seguir o exemplo do Salvador, demostrando bondade, amor e caridade. E assim fazendo, estaremos em melhor condição de invocar os poderes do céu para nós mesmos, para nossa família e para nossos companheiros de viagem nesta jornada, por vezes difícil, de volta a nosso lar celestial” (“Bondade, Caridade e Amor,” A Liahona, maio de 2017, 66).
Seis meses depois, o Presidente Henry B. Eyring enfatizou: “orar sempre, ter fé e servir ao Senhor de todo o coração, poder, mente e força. Temos que orar com toda a energia de nosso coração pelo dom da caridade, o puro amor de Cristo” (Henry B. Eyring, “Não tenhais receio de praticar o bem,” A Liahona, novembre de 2017, 100).
Ao fazer essas coisas — e ensiná-las aos nossos filhos — teremos o Espírito do Natal todos os dias em nosso coração. Também teremos o companheirismo do Espírito Santo para nos guiar e nos levar a nós e aos outros “para casa” com segurança.