2018
Acho que vou ser eu mesma
Setembro de 2018


Ao púlpito

Acho que vou ser eu mesma

Jutta Baum Busche

Moldura: Getty Images

centerpiece

Lembro-me bem dos ajustes que tivemos que fazer quando nos mudamos para Utah. Meu primeiro chamado na ala foi como professora da Sociedade de Socorro. Eu observava as outras professoras atentamente e ficava muito impressionada com o esforço que faziam para dar aulas perfeitas. Até o penteado e o vestuário impecáveis mostravam seu esforço para alcançar a perfeição. Eu admirava a fluência e desenvoltura que tinham no idioma inglês. Como eu poderia competir com elas e ser professora delas com meu inglês tão fraco? Estava ansiosa para aprender e fiquei feliz ao saber que havia na estaca uma classe de treinamento para as professoras da Sociedade de Socorro.

Quando fui ao treinamento pela primeira vez, estava cheia de expectativa. Eu não estava preparada para a pergunta que foi feita sobre que tipo de arranjo de centro de mesa eu costumava usar quando dava minha aula. Como me senti incompetente! Não tinha ideia do que era um arranjo de centro de mesa e qual o seu propósito na apresentação da lição. Pensamentos negativos começaram a minar minha confiança. (…)

Continuei a me sentir inferior ao observar as irmãs da ala e vê-las cultivando hortas e fazendo conservas. Elas se exercitavam diariamente correndo. Costuravam e buscavam preços melhores. (…) Levavam refeições para as mães com recém-nascidos e os doentes na vizinhança. Tomavam conta de um parente idoso, às vezes dois. (…) Eram fiéis ao fazer o trabalho do templo e se preocupavam em manter seu diário em dia.

Intimidada pelos exemplos de perfeição à minha volta, aumentei o empenho de ser como minhas irmãs e sentia decepção e culpa quando não corria toda manhã, assava meu próprio pão, costurava minhas roupas ou ia à universidade. Sentia que precisava ser como as mulheres entre as quais vivia e me achava um fracasso porque não era capaz de me adaptar facilmente ao estilo de vida delas.

Eu poderia ter me beneficiado naquela época da história da criança de 6 anos a quem um parente perguntou: “O que você quer ser?” e ela respondeu: “Acho que vou ser eu mesma. Tentei ser como outras pessoas. Falhei a cada tentativa!” Como essa criança, depois de repetidos fracassos para ser outra pessoa, finalmente aprendi que deveria ser eu mesma. Porém, nem sempre isso é fácil porque nosso desejo de nos ajustar, competir, impressionar ou de simplesmente ser aceitos nos leva a imitar os outros e desvalorizar nossas raízes, nossos talentos, fardos e desafios. (…) Tive que aprender a superar minha ansiedade, a sensação de que, se eu não fosse como elas, não estaria à altura.

(…) Quando tentei imitar minhas maravilhosas irmãs ao dar a aula com um arranjo de centro de mesa e outras técnicas de ensino que não dominava, falhei porque o Espírito ainda fala comigo em alemão, não em inglês. Mas, quando me ajoelhei para pedir ajuda, aprendi a contar com o Espírito para me guiar, para me assegurar de que sou filha de Deus. Tive que aprender e acreditar que eu não precisava competir com outras pessoas para ser amada e aceita por meu Pai Celestial. (…)

women sitting together

Nosso empenho não deve ser imitar nem se adaptar a outras pessoas, mas ser transformadas pelo Espírito. (…)

Já temos muitas pressões neste mundo. Ser quem somos nos liberta para descobrir a vontade de Deus para nossa vida. (…)

Apesar de estarmos absorvidos na luta para vencer os desafios diários e aproveitar as oportunidades de crescimento, não podemos nos dar ao luxo de viver um só dia, um só minuto sem a consciência do poder que temos dentro de nós.