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Capítulo 21: Princípios de Bem-Estar Material e Espiritual


Capítulo 21

Princípios de Bem-Estar Material e Espiritual

“Tudo o que interessa ao bem-estar econômico, social e espiritual da família humana interessa e sempre interessará à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.”

Da Vida de Ezra Taft Benson

Em 1936, enquanto as pessoas no mundo inteiro lutavam para vencer as dificuldades econômicas da Grande Depressão, a Primeira Presidência instituiu um novo programa de bem-estar. Esse programa, chamado de Plano de Segurança da Igreja, não foi estabelecido para a distribuição gratuita de bens aos necessitados, mas, sim, “para ajudar as pessoas a ajudarem a si mesmas”.1 Quando a Primeira Presidência e outros líderes da Igreja organizaram esse programa, ensinaram princípios básicos de trabalho árduo, autossuficiência e serviço. Eles incentivaram os membros da Igreja a pagar o dízimo e as ofertas de jejum, a produzir e armazenar alimentos, a evitar dívidas desnecessárias e a economizar para necessidades futuras.

Nessa época, o Presidente Ezra Taft Benson servia como conselheiro em uma presidência de estaca em Boise, Idaho. Era também economista, com especialização em propaganda, e especialista em gestão agrícola para o Estado de Idaho. Aceitou uma designação do presidente de sua estaca para comparecer a uma reunião na qual o Plano de Segurança da Igreja seria apresentado. Tempos depois, ele relembrou: “Minha alma concordou sinceramente com tudo o que ouvi naquele dia. Voltei à Estaca Boise e disse a meus irmãos que esse programa que fora anunciado era econômica, social e espiritualmente sábio, e expressei-lhes minha certeza de que os membros da Igreja responderiam a ele de todo coração, como algo que não só era sábio, mas também necessário”.2

Dois meses depois de o Presidente Benson apresentar o programa em sua estaca, “inúmeros projetos de bem-estar tiveram início: uma ala plantou uma horta multiacre, outra semeou 15 acres de beterrabas e a Sociedade de Socorro de outra produziu enlatados e fez colchas e roupas. [Uma das alas] até criou uma pequena fábrica de enlatados”.3

Ezra Taft Benson in Geneva, Switzerland. Caption: "Checking welfare supplies with Pres. Max Zimmer in Geneva Warehouse"  Collection Summary: Black-and-white views taken during Benson's February-December 1946 mission to postwar Europe to meet with Latter-day Saints, direct distribution of welfare supplies, and arrange for resumption of missionary work.

O Élder Ezra Taft Benson, à direita, com o Presidente Max Zimmer, presidente interino da Missão Suíça, verifica os suprimentos de bem-estar em Genebra, Suíça, em 1946.

O Presidente Benson viu a extensa influência do programa de bem-estar dez anos depois. Como membro do Quórum dos Doze Apóstolos, foi designado para presidir a Igreja na Europa logo depois da Segunda Guerra Mundial. Naquela terra destroçada pela guerra, conduziu uma força-tarefa da Igreja para levar mantimentos que ajudariam as pessoas a recuperar sua autossuficiência. Ele contou essa experiência quando o primeiro carregamento de artigos de bem-estar chegou a Berlin, Alemanha:

“Levei comigo o Presidente Richard Ranglack, presidente interino da missão. Caminhamos até o velho armazém esburacado que, sob uma guarda armada, abrigava os preciosos mantimentos. Lá no fundo do armazém, vimos as caixas empilhadas quase até o teto.

‘Essas caixas contêm alimentos?’ Richard perguntou. ‘Quer me dizer que essas caixas estão cheias de alimento?’

‘Sim, meu irmão’, respondi, ‘alimentos, roupas pessoais, roupas de cama — e, espero, alguns medicamentos’.

Richard e eu descemos uma das caixas. Nós a abrimos. Estava cheia do mais simples dentre os mais simples alimentos — feijão. Ao ver aquilo, esse bom homem enfiou as mãos na caixa e deixou que os grãos passassem entre os dedos; aí, não se conteve e chorou como uma criança, cheio de gratidão.

Abrimos outra caixa, cheia de trigo integral, nada mais nada menos que isso, como o Senhor o criou e como queria que fosse. Levou uma pitada do trigo até a boca. Depois de um instante, olhou-me com emoção — meus olhos também marejaram — e disse, enquanto balançava lentamente a cabeça: ‘Irmão Benson, é difícil acreditar que pessoas que nunca nos viram possam fazer tanto por nós’.

Esse é o sistema do Senhor! Doações voluntárias motivadas por amor fraternal e sacrifício voluntário para ajudar outros a se ajudarem a si mesmos. Isso garante a dignidade e o autorrespeito”.4

Ensinamentos de Ezra Taft Benson

1

O Senhor está ansioso e desejoso de abençoar Seu povo tanto materialmente como espiritualmente.

Acredito, meus irmãos e irmãs, que, no que se refere a questões materiais, o Senhor tenha dito:

“Todas as coisas são espirituais para mim e em tempo algum vos dei uma lei que fosse terrena (…)” (D&C 29:34).

O objetivo, é claro, é espiritual. Vivemos, porém, em um mundo material, físico e temporal. (…)

O homem é um ser dual, material e espiritual; e, nas primeiras revelações a este povo, o Senhor aproveitou, muitas vezes, para nos dar orientações e mandamentos quanto a assuntos materiais. Ele orientou os santos e os líderes da Igreja na compra de terras e outras propriedades; na construção de templos; mesmo no estabelecimento de uma imprensa, de uma loja e na edificação de uma pensão para o “viajante cansado” (ver D&C 124:22–23). Na grande revelação conhecida como Palavra de Sabedoria, Ele não só indicou o que é bom e o que não é bom para o homem, mas também delineou um plano para a alimentação do gado que, por mais de um século, foi gradualmente confirmado pela investigação científica humana (ver D&C 89). Tudo o que afete o bem-estar do homem foi e sempre será a preocupação da Igreja. Nosso povo sempre foi aconselhado quanto aos assuntos materiais. (…)

É importante que mantenhamos nosso raciocínio claro, meus irmãos e irmãs. Que sempre nos lembremos de que todas as coisas materiais são apenas meios para um fim; que o fim é espiritual, embora o Senhor esteja ansioso e disposto a abençoar Seu povo materialmente. Ele indicou isso em muitas revelações. Ele ressaltou, repetidamente, que devemos orar por nossas plantações, nosso gado, nossos familiares, nosso lar e invocar as bênçãos do Senhor em nossos negócios materiais. Ele prometeu que vai nos ajudar e estará pronto para nos abençoar e desejoso de fazê-lo. (…)

O Senhor não fará por nós o que podemos e devemos fazer sozinhos. Mas Seu propósito é cuidar de Seus santos. Tudo o que interessa ao bem-estar econômico, social e espiritual da família humana interessa e sempre interessará à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.5

Ao administrarmos qualquer aspecto do programa de bem-estar, devemos sempre nos lembrar do principal propósito para o qual ele foi criado. Esse propósito declaradamente é “estabelecer, se possível, um sistema sob o qual a maldição da indolência fosse banida, os males da esmola abolidos e a independência, a industriosidade, a frugalidade e o autorrespeito fossem mais uma vez estabelecidos entre o nosso povo. O objetivo da Igreja é ajudar as pessoas a se ajudarem. O trabalho deve ser reentronizado como o princípio governante na vida dos membros de nossa Igreja”.6

A força do programa de bem-estar da Igreja repousa em que cada família siga a orientação inspirada dos líderes da Igreja de ser autossuficiente por meio de uma preparação adequada. Deus deseja que Seus santos se preparem para que “a Igreja [conforme disse o Senhor] permaneça independente, acima de todas as outras criaturas abaixo do mundo celestial” (D&C 78:14).7

A parábola das escrituras sobre as cinco virgens sábias e as cinco tolas (ver Mateus 25:1–13) é um lembrete de que uma pessoa talvez espere tempo demais antes de começar a pôr sua casa espiritual e material em ordem. E nós, estamos preparados?8

2

Por meio de esforços enérgicos, altruístas e cheios de propósito, supriremos nossas necessidades vitais e cresceremos em atributos divinos.

Um dos primeiros princípios revelados ao patriarca Adão, quando foi expulso do Jardim do Éden, foi este: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra” (Gênesis 3:19). Tudo o que obtemos na vida, que seja de natureza material, vem-nos como produto do trabalho e da providência divina. Somente o trabalho supre as necessidades da vida.9

O homem recebeu de Deus o mandamento de viver pelo suor do próprio rosto, de ninguém mais.10

Este evangelho é um evangelho de trabalho — com propósito, altruísta e oferecido no espírito do verdadeiro amor de Cristo. Só assim poderemos crescer em atributos divinos. Só assim nos tornaremos instrumentos dignos nas mãos do Senhor para abençoar outras pessoas por meio desse poder que pode nos levar a mudar para melhor a vida de homens e mulheres.

Devemos ser humildemente gratos por essa mudança, por essa herança, essa oportunidade de serviço e sua rica recompensa. Benditos são os que seguirem o plano do Senhor e desenvolverem esse poder e o usarem para abençoar outros. Isso foi o que o Cristo fez. Isso é o que temos o privilégio de fazer.11

Os beneficiários do plano de bem-estar devem trabalhar o máximo que puderem para merecer os bens ou a ajuda da oferta de jejum. Se não se oferecessem trabalhos dignificantes, se as pessoas não fossem incentivadas a trabalhar, isso se transformaria em uma doação degradante, e o propósito para o qual o programa de bem-estar foi criado logo se perderia. Essa é uma lei celeste, uma lei que nós ainda não aprendemos completamente aqui na Terra, de que não se pode ajudar as pessoas permanentemente, fazendo por elas o que elas podem e devem fazer por si mesmas.12

Devemos pedir as bênçãos do Senhor em tudo o que fizermos e nunca devemos fazer algo para o qual não podemos pedir Suas bênçãos. Não devemos esperar que o Senhor faça por nós o que podemos fazer sozinhos. Acredito na fé com obras e que o Senhor abençoará mais plenamente quem trabalha para receber aquilo pelo que ora do que abençoaria quem só ora.13

O trabalho árduo e com propósito leva a uma saúde vigorosa, a realizações louváveis, a uma consciência limpa e a um sono tranquilo. O trabalho sempre foi benéfico para o homem. Que sempre tenhamos respeito salutar pelo trabalho, seja ele feito pela mente, pelo coração ou pelas mãos. Que sempre desfrutemos da satisfação de um trabalho honesto. (…) Não se chega ao céu apenas desejando ou sonhando. É preciso pagar o preço sob a forma de cansaço, de sacrifício e de um viver justo.14

3

Quando produzimos e armazenamos alimentos, colhemos benefícios imediatos e nos preparamos para necessidades futuras.

Já pensaram no que aconteceria à sua comunidade ou à nação se os transportes fossem interrompidos ou se houvesse uma guerra ou uma depressão? Como vocês e seus vizinhos obteriam alimentos? Por quanto tempo o armazém da esquina — ou o supermercado — supriria as necessidades da comunidade?

Pouco depois da Segunda Grande Guerra, fui chamado pela Primeira Presidência para ir à Europa e restabelecer nossas missões e conduzir um programa de distribuição de alimentos e roupas aos santos. Trago viva na lembrança a imagem de pessoas que pegavam o trem cada manhã, com todo tipo de quinquilharia nos braços, e iam para a área rural a fim de trocar seus pertences por alimento. À noitinha, a estação de trem se enchia de pessoas com os braços repletos de vegetais e frutas, além de uma grande variedade de galinhas e porcos barulhentos. Nunca tinha visto tamanha comoção. Tais pessoas estavam, é claro, dispostas a trocar praticamente qualquer coisa por esse bem que sustém a vida: o alimento.

Uma forma quase totalmente esquecida de autossuficiência econômica é a produção caseira de alimentos. Estamos demasiadamente acostumados a ir ao mercado e comprar o que é preciso. Ao produzirmos parte de nosso alimento, reduzimos em grande parte o impacto da inflação sobre o dinheiro. Mais importante, aprendemos a produzir nossa própria comida e todos os membros da família se envolvem em um excelente projeto. (…)

A family working in a garden.

Todos os membros da família podem participar da produção caseira de alimentos.

Gostaria de sugerir que façam o que outros já fizeram. Juntem-se a outros e obtenham autorização para usar um terreno vazio para fazer uma horta ou aluguem um pedaço de terra para cultivo. Alguns quóruns de élderes já fizeram isso como quórum, e todos os que participaram colheram o benefício da safra de vegetais e frutas, além das bênçãos da cooperação e do envolvimento familiar. Muitas famílias já substituíram o gramado por uma horta.

Nós os incentivamos a ser mais autossuficientes para que, como o Senhor declarou, “não obstante as tribulações que sobre vós cairão, a igreja permaneça independente, acima de todas as outras criaturas abaixo do mundo celestial” (D&C 78:14). O Senhor quer que sejamos independentes e autossuficientes porque esses serão dias de tribulação. Ele nos advertiu e nos preveniu quanto a essa possibilidade. (…)

A produção de alimentos é só uma parte da ênfase redobrada para que armazenemos uma quantidade de alimento (…) onde quer que isso seja legalmente permitido. A Igreja não nos disse quais alimentos devemos armazenar. Essa decisão fica por conta de cada membro. (…)

A revelação para produzir e armazenar alimentos pode ser tão essencial para o nosso bem-estar material quanto o foi a instrução de entrar na arca para o povo nos dias de Noé. (…)

Planejem montar seu suprimento de alimentos da mesma forma que lidariam com uma conta de poupança. No dia do pagamento, reservem um pouco para o armazenamento. Enlatem ou engarrafem as frutas e os vegetais de sua horta e de seu pomar. Aprendam a preservar os alimentos usando técnicas de desidratação e de possível congelamento. Façam do armazenamento uma parte do seu orçamento. Armazenem sementes e tenham ferramentas suficientes à mão para a tarefa. Se estiverem fazendo poupança para a compra de um segundo carro ou uma televisão nova ou qualquer coisa que só lhes traga conforto ou prazer, talvez tenham de mudar suas prioridades. Nós os exortamos a fazer isso em espírito de oração, mas façam-no já. (…)

Com demasiada frequência nos recolhemos a nossa confortável complacência e racionalizamos que as devastações da guerra, os desastres econômicos, a fome e os terremotos são improváveis aqui. Os que acreditam nisso não conhecem as revelações do Senhor ou não acreditam nelas. Os que presunçosamente acham que essas calamidades não acontecerão e que, de algum modo, serão poupados devido à retidão dos santos, enganam-se e lamentarão o dia em que pensaram assim.

O Senhor nos advertiu e preveniu a respeito de um dia de grande tribulação e nos aconselhou, por meio de Seus servos, quanto à maneira de nos prepararmos para esses tempos trabalhosos. E nós, atendemos a Seu conselho? (…)

Sejam fiéis, meus irmãos e minhas irmãs, a esse conselho e serão abençoados — sim, os mais abençoados de toda a Terra. Vocês são pessoas boas. Sei disso. Mas todos nós precisamos ser melhores do que somos. Que tenhamos condição não só de alimentar a nós mesmos por meio da produção e do armazenamento caseiros, mas a outros também.

Que Deus nos abençoe para estarmos preparados para as dificuldades do porvir, que podem ser ainda maiores.15

4

Paz e contentamento inundam nosso coração quando economizamos parte de nossos rendimentos e evitamos dívidas desnecessárias.

Gostaria de respeitosamente exortá-los a viver segundo os princípios básicos do trabalho, da frugalidade e da autossuficiência, e de ensiná-los a seus filhos pelo exemplo. (…) Vivam dentro de seu orçamento. Acostumem-se a pôr na poupança regularmente uma parte dos seus rendimentos. Evitem dívidas desnecessárias. Sejam sábios não tentando prosperar muito rapidamente. Aprendam a administrar bem o que têm antes de pensar em aumentar suas posses.16

Infelizmente, tem crescido na mente de alguns a expectativa de que, quando passamos por dificuldades, quando somos tolos e extravagantes com nossos recursos e vivemos além dos nossos meios, devemos procurar a Igreja ou o governo para pedir socorro. Alguns de nossos membros se esqueceram de um princípio fundamental do plano de bem-estar da Igreja de que “nenhum verdadeiro santo dos últimos dias vai, enquanto for fisicamente capaz, transferir para outro a responsabilidade pelo próprio sustento”. (…)

Hoje, mais do que nunca, precisamos aprender e aplicar os princípios da autossuficiência econômica. Não sabemos quando uma crise envolvendo doença ou desemprego poderá afetar nossa vida. O que sabemos é que o Senhor decretou calamidades globais para o futuro e nos advertiu e preveniu para que nos preparássemos. Por essa razão, as Autoridades Gerais têm repetidamente enfatizado um programa de “volta ao básico” para o bem-estar material e espiritual.17

O Senhor deseja que Seus santos sejam livres e independentes nos dias críticos que nos esperam. Mas nenhum homem é verdadeiramente livre se estiver em escravidão financeira.18

Lemos, no livro de Reis, a respeito de uma mulher que, em prantos, procurou Eliseu, o profeta. O marido morrera, e havia uma dívida que ela não podia pagar. O credor procurou-a para levar-lhe os filhos e vendê-los como escravos.

Por milagre, Eliseu fez com que ela conseguisse um bom estoque de azeite. E disse à mulher: “Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto” (ver II Reis 4:1–7).

“Paga tua dívida, e vive.” Como essas palavras foram produtivas! Que conselho sábio para nós hoje em dia! (…)

Muitas pessoas não acreditam que haverá novamente uma grave crise da economia. Por se sentirem seguras em sua expectativa de continuarem empregadas e terem um fluxo constante de renda e salário, comprometem seu rendimento futuro sem pensar no que fariam se perdessem o emprego ou se não recebessem salário por alguma outra razão. Mas as maiores autoridades têm repetidamente afirmado que ainda não somos suficientemente inteligentes para controlar nossa economia sem ajustes drásticos. Mais cedo ou mais tarde, esses ajustes virão.

Outra razão para o aumento do volume de dívidas é ainda mais grave e mais preocupante. Trata-se da ascensão do materialismo, que contrasta com o comprometimento a valores espirituais. Muitas famílias, a fim de “manter as aparências”, vão se comprometer a ter uma casa maior e mais cara que o necessário, em um bairro elegante. (…) Com o crescente padrão de vida, essa tentação aumenta toda vez que aparece algo novo no mercado. As técnicas sutis e cuidadosamente planejadas da propaganda moderna têm por alvo o ponto mais fraco da resistência do consumidor. Infelizmente, como resultado, existe um sentimento crescente de urgência na aquisição de coisas materiais, sem planos, sem poupança, sem sacrifício.

Muito pior é que uma grande proporção de famílias com dívidas pessoais não tem quaisquer ativos líquidos [poupança] para saldá-las. Quantos problemas enfrentarão se seus rendimentos forem subitamente interrompidos ou drasticamente reduzidos! Todos nós conhecemos famílias que se endividaram mais do que poderiam pagar. Existe uma enorme tristeza por trás de casos como esses!19

A couple sitting at a table as they look at financial papers and tax forms.

Viver além do orçamento pode criar “uma enorme tristeza”.

Não quero com isso dizer que todo tipo de dívida seja ruim. É claro que não. A dívida em prol de um negócio seguro faz parte do crescimento. Um bom crédito imobiliário é uma ajuda efetiva para a família que precisa de um empréstimo para ter uma casa própria.20

De modo geral, é mais fácil viver dentro do orçamento e resistir à tentação de usar as reservas futuras, exceto no caso de uma necessidade — nunca, porém, para satisfazer um capricho. Não é justo para nós mesmos ou para nossa comunidade sermos tão imprudentes em nossos gastos que, no dia em que nosso rendimento cessar, precisemos recorrer a entidades filantrópicas ou à Igreja para receber ajuda financeira.

Não façam isso, exorto-os solenemente; não se acorrentem ao pagamento de encargos e juros que sempre são exorbitantes. Economizem agora e comprem depois, e vocês chegarão muito mais longe. Não terão de pagar altíssimos juros e outros encargos, e o dinheiro economizado possibilitará que façam a compra mais tarde a um preço à vista com desconto.

(…) Resistam à tentação de fazer uma dívida para comprar uma propriedade muito mais pretensiosa ou espaçosa do que vocês realmente precisam.

Vocês se sairão muito melhor, especialmente famílias jovens que estão começando, se primeiro comprarem uma casa pequena que saibam que poderão quitar em um prazo relativamente curto. (…)

Não deixe que sua família ou você mesmo fique desprotegido nas tempestades financeiras. Fuja do luxo, ao menos temporariamente, para compor uma poupança. É sábio poupar para a futura educação de seus filhos e para sua velhice. (…)

Irmãos e irmãs, paz e contentamento inundam nosso coração quando vivemos dentro do orçamento. Que Deus nos conceda sabedoria e fé para atentarmos ao conselho inspirado do sacerdócio, de evitar a dívida, viver dentro do orçamento e pagar o que devemos — em resumo, “paga tua dívida, e vive”.21

Sugestões para Estudo e Ensino

Perguntas

  • Na seção 1, o Presidente Benson descreveu os princípios básicos do programa de bem-estar da Igreja. De que maneira esses princípios contribuem para nosso bem-estar material? De que maneira eles contribuem para nosso bem-estar espiritual?

  • Cite alguns benefícios do “trabalho árduo e com propósito”. (Para exemplos, ver a seção 2.) Quais são algumas coisas de que você gosta a respeito do trabalho? O que podemos fazer para ajudar as crianças e os jovens a aprenderem a gostar do trabalho?

  • Quais são algumas bênçãos que recebemos ao seguir o conselho do Presidente Benson na seção 3? Pense nas coisas que fará, considerando sua circunstância atual, para seguir esse conselho.

  • Por que você acha que o uso sábio do dinheiro leva-nos a ter “paz e contentamento”? Por outro lado, o que poderemos passar se não “[vivermos] dentro do orçamento”? (Ver seção 4.)

Escrituras Relacionadas

Jacó 2:17–19; Alma 34:19–29; D&C 19:35; 42:42; 75:28–29; 104:78; Moisés 5:1

Auxílio Didático

“A fim de ajudar seus alunos a prepararem-se para responder a perguntas, informe-lhes, antes de iniciarem a leitura ou a apresentação de algo, que vai pedir a participação deles ao final (…). Você pode dizer, por exemplo: ‘Enquanto leio esta passagem, ouçam com atenção para poderem relatar o que mais lhes chamar a atenção’” (Ensino, Não Há Maior Chamado, 2009, p. 69).

Notas

  1. Heber J. Grant, Conference Report, outubro de 1936, p. 3.

  2. “Church Welfare—Economically Socially Spiritually Sound” [O Bem-Estar da Igreja: Sólido Econômica, Social e Espiritualmente], Welfare Agricultural Meeting, 7 de outubro de 1972, p. 5.

  3. Sheri Dew, Ezra Taft Benson: A Biography, 1987, p. 119.

  4. “Atender às Necessidades Através do Sistema de Armazéns do Senhor”, A Liahona, outubro de 1977, p. 82.

  5. Conference Report, outubro de 1945, pp. 160, 163, 164.

  6. “Atender às Necessidades Através do Sistema de Armazéns do Senhor”, p. 82; citação de Heber J. Grant, Conference Report, outubro de 1936, p. 3.

  7. “Prepare Ye” [Preparai-vos], Ensign, janeiro de 1974, p. 81.

  8. Conference Report, abril de 1967, p. 61.

  9. “Preparai-vos para os Dias de Tribulação”, A Liahona, março de 1981, p. 44.

  10. The Teachings of Ezra Taft Benson, 1988, p. 481.

  11. The Teachings of Ezra Taft Benson, p. 484.

  12. “Atender às Necessidades Através do Sistema de Armazéns do Senhor”, p. 82.

  13. The Teachings of Ezra Taft Benson, p. 485.

  14. The Teachings of Ezra Taft Benson, p. 481.

  15. “Preparai-vos para os Dias de Tribulação”, p. 44.

  16. “The Ten Commandments: America at the Crossroads” [Os Dez Mandamentos: A América na Encruzilhada], New Era, julho de 1978, p. 39.

  17. “Preparai-vos para os Dias de Tribulação”, p. 44; citação do Welfare Plan Handbook [Manual do Plano de Bem-Estar], 1952, p. 2, como citado por Marion G. Romney, em “Church Welfare—Some Fundamentals” [O Bem-Estar na Igreja: Alguns Fundamentos], Ensign, janeiro de 1974, p. 91.

  18. “Prepare Ye” [Preparai-vos], p. 69.

  19. “Paga Tua Dívida e Vive”, A Liahona, outubro de 1987, p. 2.

  20. Conference Report, abril de 1957, p. 54.

  21. “Paga Tua Dívida e Vive”, p. 2.