Fé no Senhor Jesus Cristo
Fé no Senhor Jesus Cristo é a convicção e a confiança de que Deus nos conhece e nos ama, e de que ouvirá nossas orações da forma que for melhor para nós e a elas responderá.
Amadas jovens, sinto-me inspirado pelas orações, pela música e pelos discursos desta reunião maravilhosa. Acho que cada jovem que está assistindo a esta conferência teve fortalecida sua determinação de tornar-se uma mulher de fé, justa e capaz de solucionar problemas, como foi o desafio lançado pela Presidente Janette C. Hales.
Essas mulheres extraordinárias que formam a Presidência Geral das Moças da Igreja do Senhor disseram-nos como isso pode ser conseguido—como buscar, obter e aumentar a fé no Senhor Jesus Cristo. Irmã Pearce deu-nos exemplos inspiradores de homens e mulheres que exerceram fé e confiaram no Pai Celestial e em Seu Filho, Jesus Cristo, acreditando que Eles são os responsáveis por este mundo, que nos conhecem, amam e têm um plano para nós. Irmã Pinegar disse-nos que podemos e devemos procurar crer em Jesus Cristo e em Seu amor e nos determinarmos a fazê-lo.
Esses ensinamentos são verdadeiros e podeis acreditar no que essas irmãs disseram. Sinto que é uma grande responsabilidade encerrar esta reunião com um tema tão fundamental.
O primeiro princípio do evangelho não é somente “fé”, mas “fé no Senhor Jesus Cristo”. (4ª Regra de Fé.) Quero falar-vos, jovens, sobre esta verdade de extrema importância.
A fé não existe por si mesma. Fé requer um objetivo. Exercemos fé em alguma coisa ou em alguém.
Nesse aspecto, fé é semelhante ao amor. O amor não existe se não for dirigido a um objeto.
Uma experiência pessoal servirá para ilustrar este ponto. Irmã Oaks e eu temos seis filhos e, desses, quatro são mulheres. Nossa filha mais nova é ainda adolescente. Como pais, temos aprendido muito sobre as adolescentes. Lembro-me de quando uma de nossas filhas nos participou que estava apaixonada por oito rapazes. Mostrou-nos uma lista de nomes. Pensei comigo que ela nunca saíra com alguns desses rapazes e um deles nem sequer conhecia. Em poucas semanas, ela cortou vários nomes da lista e acrescentou outros. Quando lhe perguntei como conseguia ficar apaixonada e perder o interesse por esses rapazes tão rapidamente, ela admitiu com sabedoria: “Acho que não estou apaixonada por esses rapazes; estou só apaixonada pelo amor”. Vossos pais e avós devem lembrar-se da letra desta música antiga: “Apaixonar-se pelo amor é apaixonar-se pelo faz-de-conta”. (Lorenz Hart, “Falling in Love with Love”, The Boys from Syracuse, Chappell & Co., 1938; tradução livre.)
O amor não tem significado, a menos que seja direcionado a alguém ou alguma coisa. Amamos nossos pais. Amamos nossos irmãos e irmãs e amamos a Deus.
Com a fé, dá-se o mesmo. Se achamos que temos fé, devemos perguntar: Fé em quem, ou em quê? Para alguns, a fé significa apenas fé em si mesmo. Isso é somente autoconfiança e egocentrismo. Outros têm fé na fé, que é algo como confiar no poder do pensamento positivo ou acreditar na tese de que podemos conseguir o que quisermos, manipulando nossos poderes inatos.
O primeiro princípio do evangelho é a fé no Senhor Jesus Cristo. Sem essa fé, o profeta Mórmon disse: “Não (seríamos) dignos de ser contados entre o povo de sua igreja” (Morôni 7:39).
As escrituras nos mostram que adquirimos fé quando ouvimos a palavra de Deus. (Ver Rom. 10:17.) Essa palavra, que recebemos por intermédio das escrituras, dos ensinamentos proféticos e da revelação pessoal, ensina-nos que somos filhos de Deus, o Pai Eterno. Ensina-nos sobre a identidade e missão de Jesus Cristo, o Filho Unigênito, nosso Salvador e Redentor. Com base nesses conhecimentos, a fé no Senhor Jesus Cristo é a convicção e a confiança de que Deus nos conhece e nos ama, e de que ouvirá nossas orações da forma que for melhor para nós; e a elas responderá.
Na verdade, Deus fará mais do que isso. Fará o que for melhor para todos os Seus filhos. Essa convicção é um ingrediente fundamental da fé no Senhor Jesus Cristo. Essa importante verdade foi descrita de forma muito bonita numa experiência registrada num livro recente do Élder John H. Groberg, In the Eye of the Storm (“No Olho da Tempestade”). Ele descreve uma lição que aprendeu quando era um jovem missionário e viajava num veleiro nas ilhas de Tonga.
“Devíamos sempre orar por proteção, sucesso, por mar calmo e bons ventos para nos levarem a nosso destino. Certa vez, pedi ao Senhor que nos abençoasse com um vento de popa, a fim de chegarmos rapidamente a Foa. Quando nos pusemos a caminho, um dos homens mais velhos disse: ‘Élder Groberg, você precisa modificar um pouco suas orações.’
‘Como assim?’, repliquei.
‘Você pediu ao Senhor um vento de popa para levar-nos rapidamente a Foa. Se orar por isso, o que acontecerá com quem está tentando vir de Foa para Pangai? São boas pessoas e está orando de uma forma que irá prejudicá-las. Ore só por um bom vento, não por um vento de popa!’
Isso me ensinou algo importante: às vezes oramos por coisas que nos beneficiarão, mas poderão prejudicar outras pessoas. Podemos orar por uma condição climática específica ou para preservar a vida de um indivíduo, e a resposta a essa oração pode prejudicar alguém. É por isso que devemos sempre orar com fé, porque não podemos ter a verdadeira fé dada por Deus em algo que não está de acordo com Sua vontade. Se estiver, todas as partes serão beneficiadas. Aprendi a orar por um vento bom e pela capacidade de chegar ao meu destino em segurança, e não necessariamente por um vento de popa.” ([Cidade do Lago Salgado: Bookcraft, 1993], p. 175.)
A fé deve incluir confiança. Fico contente que todos os membros da presidência tenham falado sobre isso. Quando temos fé no Senhor Jesus Cristo, temos que confiar Nele. Precisamos confiar Nele a ponto de ficarmos contentes em aceitar Sua vontade, compreendendo que Ele sabe o que é melhor para nós.
O tipo de fé que inclui confiança no Senhor contrasta com muitas imitações. Algumas pessoas não acreditam em nada, exceto em si mesmas. Outras depositam a mais alta confiança num amigo ou num outro membro da família, talvez porque sintam que essa pessoa é mais reta ou mais sábia que elas, mas essa não é a maneira do Senhor. Ele nos pede que tenhamos fé e confiança no Senhor Jesus Cristo.
O Salvador deu-nos um modelo desse tipo de fé e confiança. Estais lembrados de como Ele orou ao Pai na agonia do Getsêmani? Esse foi o evento culminante de Sua vida, o clímax de Sua missão como Salvador. O evangelho de Lucas descreve como Ele Se ajoelhou e orou:
“Pai, se queres, passa de Mim este cálix, todavia não se faça a Minha vontade, mas a Tua.” (Lucas 22:42.)
Vemos aqui a absoluta fé e confiança do Salvador no Pai. “Todavia, disse Ele, não se faça a Minha vontade, mas a Tua”. A resposta do Pai foi rejeitar o apelo do Filho Unigênito. A expiação tinha de ser realizada por aquele Cordeiro sem mácula. Embora o pedido do Filho tenha sido recusado, Sua oração fora respondida. A escritura registra: “E apareceu-Lhe um anjo do céu, que O confortava”. (Lucas 22:43.)
Fortalecido pelo céu para fazer a vontade do Pai, o Salvador cumpriu Sua missão. “E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até o chão.” (Lucas 22:44.)
Quando tentamos desenvolver fé em Jesus Cristo, em vez de meramente cultivá-la como um princípio abstrato de poder, entendemos o significado das palavras do Salvador: “Se tiverdes fé em Mim, tereis poder para fazer tudo quanto Me parecer conveniente”. (Morôni 7:33.)
Da mesma forma, o Salvador ensinou aos nefitas que sempre deveriam orar ao Pai em Seu nome; e acrescentou: “E tudo quanto pedirdes ao Pai, em Meu nome, se pedirdes o que é direito e com fé, eis que recebereis”. (3 Néfi 18:20.)
Aqui o Salvador nos relembra que a fé, não importando quão grande seja, não pode produzir um resultado contrário à vontade Daquele que retém esse poder. O exercício da fé no Senhor Jesus Cristo está sempre sujeito à ordem dos céus, à bondade, vontade, sabedoria do Senhor, que escolherá o momento oportuno para que alguma coisa seja realizada. É por isso que não podemos ter uma fé verdadeira no Senhor, sem também confiar plenamente na vontade Dele e na Sua sabedoria quanto à hora certa de responder a nossas orações. Quando temos esse tipo de fé e confiança no Senhor, desfrutamos verdadeira segurança na vida. O Presidente Kimball disse: “A segurança não provém da riqueza inexaurível, mas da fé inabalável”. (The Teachings of Spencer W. Kimball, ed. Edward L. Kimball, Cidade do Lago Salgado: Bookcraft, 1982, pp. 72-73.)
Li sobre uma jovem que exerceu esse tipo de fé e confiança. Durante muitos meses, sua mãe estivera seriamente enferma. Finalmente, o fervoroso pai chamou os filhos à cabeceira da cama da mãe e disse-lhes que se despedissem dela, pois estava morrendo. A filha de doze anos protestou:
“Pai, não quero que minha mãe morra. Estive com ela no hospital ( … ) seis meses; muitas e muitas vezes ( … ) o senhor abençoou-a e ela sentiu alívio da dor e dormiu calmamente. Quero que imponha as mãos sobre minha mãe e cure-a.”
O pai, que era o Élder Heber J. Grant, disse aos filhos sentir que a hora de sua mãe havia chegado. As crianças saíram do quarto e ele ajoelhou-se ao lado da cama da esposa. Mais tarde, recordando sua oração, comentou: “Disse ao Senhor que sabia do Seu poder sobre a vida [e] a morte ( … ) mas que me faltavam forças para aceitar a morte de minha esposa e o efeito que isso causaria nos meus filhos pequenos”. Ele suplicou ao Senhor que desse à filha “o conhecimento de que era Sua vontade que a mãe morresse”.
Em uma hora a mãe morreu. Quando Élder Grant chamou novamente os filhos ao quarto da mãe e contou-lhes que ela havia falecido, seu filhinho de seis anos começou a chorar desconsoladamente. A filha de doze anos pegou-o no colo e disse: “Não chore, Heber; quando saímos do quarto, a voz do Senhor me disse dos céus: ‘A morte de sua mãe será a vontade do Senhor.’ (Bryant S. Hinckley, Heber J. Grant: Highlights in the Life of a Great Leader, Cidade do Lago Salgado: Deseret Book Co., 1951, pp. 243-44.)
Quando temos o tipo de fé e confiança demonstrado por esta jovem, temos a força necessária para nos sustentar em todos os acontecimentos importantes da vida. Presidente Spencer W. Kimball disse que precisamos ter o que ele chama de “reservatórios de fé” para permanecermos firmes e termos forças para resistir às tentações e adversidades da vida. ([Spencer W. Kimball, Faith Precedes the Miracle, Cidade do Lago Salgado: Deseret Book Co., 1972], pp. 110-11.)
Amadas jovens, cada uma de vós deve construir um reservatório de fé, a fim de utilizá-lo quando alguém que vós amais e respeitais não for leal convosco, quando alguma descoberta científica trouxer dúvidas a respeito de um princípio do evangelho, quando alguém fizer pouco caso das coisas sagradas, como o nome de Deus ou as cerimônias sagradas do templo. Será necessário recorrerdes a vosso reservatório de fé quando vos sentirdes fracas ou quando alguém contar convosco para fortalecer-se. Precisareis também recorrer a vosso reservatório de fé quando algum chamado para servir na Igreja interferir em vossos interesses pessoais.
Se quiserdes cumprir vosso dever de “servir de testemunhas de Deus em qualquer tempo, em todas as coisas e em qualquer lugar” (Mosiah 18:9), necessitais da força proveniente da fé e confiança no Senhor Jesus Cristo. Em tempos de provação, precisais do conforto que as escrituras oferecem, o que vos dá a certeza de que com o escudo da fé “podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno”. (D&C 27:17.)
A fé no Senhor Jesus Cristo prepara-vos para qualquer coisa na vida. Esse tipo de fé prepara-vos para lidar com as oportunidades da vida—aproveitar as que aparecem e superar as decepções causadas pelas oportunidades perdidas.
Acima de tudo, a fé no Senhor Jesus Cristo abre as portas da salvação e exaltação: “Nenhum homem pode ser salvo, a não ser que tenha fé em Seu nome.” (Morôni 7:38.)
Testifico que essas coisas são verdadeiras. Invoco as bênçãos do Todo-Poderoso Deus sobre vós, jovens fiéis, ao procurardes desenvolver e exercitar a fé e a confiança no Senhor Jesus Cristo e ao procurardes servi-Lo e guardar Seus mandamentos. Em nome de Jesus Cristo. Amém.