Conferência Geral
Viver à altura de seus privilégios
Conferência Geral de Outubro de 2024


11:46

Viver à altura de seus privilégios

Aprendam como o cumprimento de seu convênio batismal pode trazer o poder do Salvador para sua vida.

Meu esposo, Greg, recebeu recentemente um diagnóstico que exigiria uma cirurgia intensiva e meses de quimioterapia. Assim como muitos de vocês que enfrentaram uma situação semelhante, começamos imediatamente a orar por ajuda divina e pelo poder de Deus. No domingo, após a cirurgia de Greg, o sacramento foi ministrado em nosso quarto no hospital.

Nessa ocasião, fui a única a tomar o sacramento. Um pedaço de pão. Um copinho de água. Na igreja, minha mente geralmente se concentra no sistema de distribuição do sacramento: a preparação, a bênção e a distribuição. Mas, naquela tarde, ponderei sobre a dádiva do poder de Deus disponível para mim por meio da própria ordenança sagrada e da promessa do convênio que eu estava fazendo ao pegar aquele pedaço de pão e aquele copo d‘água. Aquele era um momento em que eu precisava do poder do céu. Em meio a grande sofrimento, exaustão e incerteza, eu me perguntava sobre essa dádiva que me permitiria obter do Salvador o poder de que eu tanto precisava. Participar do sacramento aumentaria a companhia do Espírito do Senhor comigo, permitindo-me recorrer à dádiva do poder de Deus, incluindo o ministério de anjos e o poder capacitador do Salvador para superar essa provação.

Eu nunca tinha percebido com tanta clareza que não é apenas quem realiza a ordenança que importa — o que a ordenança e nossa promessa do convênio possibilitam também merece o foco de nossa atenção. As ordenanças do sacerdócio e as promessas do convênio permitem que Deus nos santifique e então faça maravilhas em nossa vida. Mas como isso acontece?

Primeiro, para uma ordenança manifestar o poder de Deus em nossa vida, ela precisa ser feita com a autoridade do Filho de Deus. Como uma ordenança do sacerdócio se torna disponível é importante. O Pai confiou a Jesus Cristo as chaves e a autoridade para supervisionar a maneira como as ordenanças do Seu sacerdócio são entregues. Sob Sua orientação, dentro da ordem de Seu sacerdócio, os filhos de Deus foram ordenados para representar o Filho de Deus.

Segundo, não fazemos apenas promessas no convênio — devemos cumpri-las. Em muitas ordenanças, fazemos convênios sagrados com Deus. Ele promete nos abençoar se cumprirmos esses convênios. Será que compreendemos que é a combinação das ordenanças do sacerdócio com o cumprimento das promessas do convênio que nos permite recorrer ao poder de Deus?

Naquela tarde, ponderei se eu, uma filha do convênio de Deus, compreendia plenamente como acessar a dádiva do poder de Deus ao participar das ordenanças do sacerdócio e se verdadeiramente reconhecia como o poder de Deus agia em mim.

Em 2019, um convite profético foi feito a todas as mulheres da Igreja, ensinando a nós como invocar o poder do Salvador em nossa vida. O presidente Russell M. Nelson nos convidou a estudar Doutrina e Convênios 25, uma revelação dada a Emma Smith em Harmony, Pensilvânia. Aceitar esse convite mudou minha vida.

Mês passado, tive a oportunidade inesperada de visitar Harmony. Nesse lugar, embaixo das árvores de bordo, o sacerdócio foi restaurado a Joseph Smith e Oliver Cowdery. Perto daquelas árvores, fica a porta da frente da casa de Joseph e Emma. Nessa casa, há uma janela em frente à lareira. Fiquei de pé perto da janela e me perguntei o que Emma deve ter pensado enquanto olhava para aquelas árvores.

Em julho de 1830, Emma tinha 26 anos de idade; ela era muito jovem. Estava casada há três anos e meio. Ela havia perdido seu primeiro filho, que ainda era um bebê. Sua pequena sepultura ficava perto de sua casa, no final da rua. Ao olhar pela janela, não foi difícil imaginar em que ela deve ter pensado. Certamente, ela estava preocupada com as finanças, com a crescente perseguição que ameaçava sua segurança e com o futuro deles. E, ainda assim, a obra de Deus estava progredindo em todos os lugares ao seu redor. Será que ela também se perguntava sobre seu lugar no plano, seu propósito em Seu reino e seu potencial aos olhos de Deus?

Acho que sim.

Bem próximo àquela casa, a dádiva da autoridade do sacerdócio e as chaves do sacerdócio haviam sido restauradas na Terra. Aquele era um momento em que Emma realmente precisava do poder do céu. Durante grande sofrimento, exaustão e incerteza, imagino que ela tenha se perguntado sobre essa dádiva do sacerdócio de Deus que daria acesso ao poder Dele de que ela tanto precisava.

Mas Emma não ficou apenas de pé naquela janela pensando.

Enquanto o profeta Joseph estava sendo ensinado sobre chaves, ofícios, ordenanças e como servir utilizando o sacerdócio, o Senhor, por meio de Seu profeta, deu uma revelação a Emma. Não para a Emma presidente da Sociedade de Socorro de Nauvoo, mas para a Emma de 26 anos em Harmony. Por meio de revelação, ela aprenderia sobre a santificação interior e a conexão por convênio que aumentariam a capacidade dessas ordenanças do sacerdócio de atuar em sua vida.

Primeiro, o Senhor lembrou Emma de seu lugar em Seu plano, incluindo quem e de quem ela era — uma filha em Seu reino. Ela foi convidada a “[andar] nos caminhos da virtude”, um caminho que incluía ordenanças que dariam acesso ao poder de Deus se Emma permanecesse fiel a seus convênios.

Segundo, em seu momento de profundo luto, o Senhor lhe deu um propósito. Emma não era apenas uma observadora em primeira mão da Restauração; ela era uma participante essencial no trabalho que estava sendo realizado. Ela seria designada a “explicar as escrituras e exortar a igreja”. Seu tempo “[seria] dedicado a escrever e a aprender muito”. Emma recebeu um papel sagrado de ajudar a preparar os santos para a adoração; as músicas que eles cantariam para o Senhor seriam recebidas como orações e seriam respondidas “com uma bênção sobre sua cabeça”.

Por fim, o Senhor traçou um processo de santificação interior que prepararia Emma para a exaltação. “A não ser que faças isso”, o Senhor explicou, “onde estou não poderás vir”.

Se lermos a seção 25 com atenção, descobrimos que um importante progresso estava acontecendo. Emma passaria de filha do reino para “mulher eleita” e, por fim, rainha. Os esforços de Emma para cumprir suas promessas de convênio, com o recebimento das ordenanças do Sacerdócio Aarônico e de Melquisedeque, aumentariam a companhia do Espírito e dos anjos na vida dela, capacitando-a a guiar sua vida com orientação divina. Por meio de Seu poder divino, Deus curaria seu coração, ampliaria sua capacidade e a transformaria na versão de si mesma que Ele sabia que ela poderia se tornar. E, por meio das ordenanças do Sacerdócio de Melquisedeque, “o poder da divindade [seria manifestado]” em sua vida, e o Senhor abriria o véu para que ela pudesse receber entendimento vindo Dele. É assim que o poder de Deus age dentro de nós.

O presidente Russell M. Nelson ensinou:

Tudo o que aconteceu [em Harmony] tem consequências profundas em sua vida. A restauração do sacerdócio, assim como o conselho do Senhor a Emma, pode orientar e abençoar cada [um] de vocês. (…)

Invocar o poder de Deus em sua vida exige as mesmas coisas que o Senhor instruiu a Emma e a cada [um] de vocês”.

Havia coisas importantes acontecendo em ambos os lados daquela janela em Harmony, incluindo a revelação dada à mulher eleita, a quem o Senhor havia chamado — uma revelação que fortaleceria, encorajaria e instruiria Emma Smith, filha de Deus.

Quando nossa neta Isabelle recebeu um nome e uma bênção, seu pai a abençoou com a compreensão do sacerdócio; que ela continuaria a crescer e a aprender sobre as bênçãos que ele proporcionaria em sua vida; e que sua fé no sacerdócio cresceria à medida que ela continuasse a aumentar sua compreensão.

Não é comum uma garotinha ser abençoada para compreender o sacerdócio e aprender como aquelas ordenanças do sacerdócio e as promessas dos convênios a ajudarão a acessar o poder de Deus. Mas me lembrei de Emma e pensei comigo mesma: Por que não? Essa pequena filha tem o potencial de se tornar uma mulher eleita em Seu reino e, no final, uma rainha. Por meio das ordenanças do sacerdócio de Deus e do cumprimento de suas promessas de convênio, ela poderá acessar o poder de Deus para ajudá-la a superar tudo o que a vida trouxer e se tornar a mulher que Deus sabe que pode se tornar. Isso é algo que gostaria que cada moça do reino compreendesse.

“Vivam à altura de seus privilégios.”

Aprendam como as ordenanças do sacerdócio e as promessas de convênio permitirão que o poder de Deus entre em sua vida com maior eficácia, atuando em vocês e por meio de vocês, capacitando e preparando vocês para que alcancem seu pleno propósito e potencial.

Estudem e reflitam cuidadosamente sobre as ordenanças do Sacerdócio Aarônico e de Melquisedeque, as promessas do convênio que fazemos em cada uma e o poder de Deus que acessamos por meio dessas ordenanças.

Lembrem-se de que não é apenas quem oficia na ordenança que importa; aquilo que a ordenança e a nossa promessa do convênio possibilitam também merece o foco de sua atenção.

Partilhar do pão e da água é um lembrete semanal de Seu poder agindo em nós para nos ajudar a superar as provações. Usar o garment do santo sacerdócio é um lembrete diário da dádiva de Seu poder agindo em nós para ajudar a nos transformarmos.

Todos nós temos acesso à dádiva do poder de Deus.

Toda vez que tomamos o sacramento.

Sempre que passamos pelo umbral de um templo.

Esse é o ponto alto do Dia do Senhor para mim. É por isso que dou valor à minha recomendação para o templo.

“Em suas ordenanças manifesta-se o poder da divindade.”

Dessa dádiva testifico, em nome de Jesus Cristo, amém.