Envelhecer com fé
Vestida de maneira apropriada
A autora mora na Califórnia, EUA.
Desta vez, era nossa obrigação garantir que ela estivesse devidamente vestida.
Desde a mais tenra infância, nossa mãe estava sempre a nosso lado para garantir que nos vestíssemos adequadamente para todas as ocasiões. Com cinco filhas, isso deu trabalho. Se estivéssemos de calças quando era necessário um vestido, ela nos fazia trocar de roupa. Quando uma de nós estava usando uma linda roupa nova que não queríamos deixar por baixo de um casaco, por mais frio que estivesse fazendo, ela sempre insistia para que todas nos agasalhássemos. Ela própria sempre se vestia de acordo com a ocasião e fazia questão que agíssemos da mesma forma.
Mamãe passou a vida ensinando a cada uma de nós não apenas como nos vestir, mas também como viver. Ela nos transmitia suas ideias sobre a alegria do evangelho e seu testemunho da importância do templo. Deixava claro que esperava que cada uma de nós compreendesse o efeito das ordenanças do templo em nossa felicidade eterna.
Então chegou o dia em que tivemos que nos reunir para vestir a mamãe para o enterro. Ela havia deixado este mundo depois de nos ensinar tudo o que teve tempo de nos ensinar. Essa foi nossa oportunidade de lhe mostrar nossa devoção e nossa gratidão pelos princípios que ela instilara em nosso coração.
Desta vez, era nossa obrigação garantir que ela estivesse devidamente vestida.
Quando entramos na sala em que mamãe seria vestida para o sepultamento, seu corpo sem vida parecia vazio. O calor de seu espírito se fora, substituído pela frieza da morte. Quando suas filhas e algumas das netas a rodeavam, honramos a vida daquela nobre senhora, querendo lhe expressar, pela última vez, nossa gratidão pelas bênçãos que ela proporcionara em nossa vida.
Éramos então seis filhas: Leah, Heather, Gaylene, Lori, Melinda e a nora Adrianne. Nós seis formamos um círculo mais próximo em torno da mamãe. Depois, nossas filhas formaram um segundo anel ao nosso redor. Aqueles dois círculos nos trouxeram à mente as ondas de amor geradas pela vida dela. Graças à sua influência e às escolhas corretas de suas descendentes, as bênçãos dos convênios do templo se estenderiam por gerações, expandindo para sempre as bênçãos dos convênios do sacerdócio.
Suas filhas a preparariam para o enterro. Cobrimos cuidadosamente seu corpo frio com o calor das vestes do templo. Amarramos cada fita com cuidado; calçamos as sapatilhas; esforçamo-nos para garantir que todas as roupas fossem corretamente vestidas. Só faltava dar um laço final. Ao fazermos isso, com o cuidado de amarrar da melhor maneira possível, uma lembrança veio à mente de cada uma de nós — ela havia amarrado aquele laço para todas nós na primeira vez que entramos no templo. Ao amarrarmos o dela pela última vez, estávamos então lhe devolvendo simbolicamente, com eterna gratidão, a dádiva das bênçãos do templo.
Quando olhamos para ela, cada uma de nós foi tomada por um cálido sentimento. O frio da morte não mais a envolvia. Ela estava linda. Era fácil imaginá-la no céu, cercada por aqueles que ela amava, ansiosa por voltar à presença de seu Pai Celestial.
Ao sair da sala, ocorreu-me que eu havia passado então por um momento da vida em que pude cuidar de minha mãe. Ela tinha perseverado até o fim. Havia envelhecido fielmente e abençoado sua posteridade por meio de seu exemplo. Minha esperança e oração era poder fazer o mesmo e um dia conseguir deixar um legado semelhante para minhas filhas e netas.