Vem, e Segue-Me
“Eu vos guiarei”
Embora sejamos como crianças em termos espirituais, o Senhor vai nos guiar se confiarmos Nele.
Em Doutrina e Convênios 78:17–18, o Salvador diz:
“Em verdade, em verdade vos digo: Vós sois criancinhas e ainda não compreendestes quão grandiosas são as bênçãos que o Pai tem nas mãos e preparou para vós;
E não podeis suportar tudo agora; contudo, tende bom ânimo, porque eu vos guiarei. Vosso é o reino e são vossas as suas bênçãos e são vossas as riquezas da eternidade”.
Se cada um de nós pensar em nossas experiências de vida, sem dúvida nos lembraremos de ocasiões em que o Senhor nos guiou.
A fé que tinha um missionário
Lembro-me de uma ocasião em que o Senhor guiou várias pessoas. Eu estava servindo como presidente da Missão Brasil Porto Alegre Sul. Um de nossos missionários tinha um problema de saúde chamado fenda palatina, que nunca tinha sido tratado. Quando ele falava, o ar passava pelo céu da boca e saía pelo nariz. Era difícil para as pessoas entenderem o que ele dizia.
Aquele jovem élder me contou que tinha orado sobre seu problema. Disse que o Espírito lhe sussurrara que eu o ajudaria a achar uma resposta. Sua fé simples e determinada me inspirou. Voltei-me a Deus pedindo ajuda para encontrar uma solução.
Uma cirurgia simples corrigiria o problema, mas não seria simples conseguir a operação. Se fosse feita na rede privada, ela seria muito cara para a família do missionário. Por outro lado, para utilizar o sistema de saúde público, seria preciso fazer muitas consultas e trâmites, o que provavelmente tomaria todos os meses que lhe restavam na missão.
A fé demonstrada por minha esposa
Toda vez que tenho uma missão difícil a cumprir, conto com a fé e a ajuda de minha esposa. Expliquei-lhe o problema daquele missionário e pedi que ela conversasse com as pessoas que trabalhavam no hospital público mais próximo. Será que haveria um modo de a cirurgia ser realizada sem custos e no tempo disponível?
Depois de pedir auxílio em oração, minha esposa foi ao hospital. Entrou em uma longa fila de espera para falar com a atendente. À medida que a fila andava, minha esposa ouviu como os casos em frente ao dela estavam sendo encaminhados. De modo geral, as consultas estavam sendo marcadas para dali a seis meses, às vezes mais.
Minha esposa sabia que seria tempo demais para nosso missionário. Ela se sentiu inspirada a sair da fila e passar por outra porta. Ali, encontrou outra funcionária do hospital. Minha esposa se apresentou e explicou a necessidade de nosso missionário.
A funcionária a instruiu a ir falar diretamente com o cirurgião, que estava no hospital naquele dia realizando uma cirurgia em outro andar. Ela explicou ao cirurgião o que os missionários fazem e como aquele élder seria abençoado se pudesse ser operado para corrigir sua fenda palatina.
O cirurgião fez algumas perguntas. Depois, perguntou: “Será que podemos marcar a cirurgia para daqui a duas semanas?” Ele preencheu um formulário do hospital e explicou que aquela cirurgia era do interesse da comunidade e que ele tinha interesse pessoal nela. Entregou o formulário a seu assistente e pediu que ele marcasse a data.
Dez dias depois, o cirurgião operou nosso missionário. Em pouco tempo, aquele élder estava de volta ao campo, muito feliz e falando de modo claro. Com renovado entusiasmo, ele reconheceu que o Senhor o conduzira o tempo todo.
O que aconteceu com aquele missionário é um testemunho de que nosso Pai ouve nossas orações e nos conduz pela mão.
Sem Deus nada somos
Em termos espirituais, somos como criancinhas. Não compreendemos as grandiosas bênçãos que o Pai Celestial preparou para nós. À medida que crescemos fisicamente, começamos a entender melhor as leis terrenas que governam nossa vida. No entanto, jamais devemos permitir que o conhecimento secular se torne mais importante do que a compreensão das bênçãos maravilhosas que o Pai Celestial reservou para nós.
Moisés, um grande profeta do Velho Testamento, teve uma experiência que lhe mostrou o quão pouco ele realmente sabia. Depois de ter “[visto] o mundo e seus confins e todos os filhos dos homens que existem e que foram criados; (…) maravilhou-se e assombrou-se muito com isso”. Então, Deus Se retirou. Moisés ficou sozinho e caiu por terra.
“E aconteceu que se passaram muitas horas antes que Moisés recobrasse sua força natural como homem; e disse a si mesmo: Ora, por esta razão sei que o homem nada é, coisa que nunca havia imaginado” (Moisés 1:8–10).
Se o Senhor realmente nos mostrasse todas as coisas que podemos fazer com Seu poder, é bem provável que nos sentíssemos sobrecarregados. Tal como Moisés, veríamos que, sem Deus, nada somos.
Passo a passo
Porém, em vez de nos sobrecarregar, o Senhor nos conduz passo a passo. Isso permite que realizemos muito mais do que conseguiríamos sozinhos.
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.
Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55:8–9).
Como o Senhor diz em Doutrina e Convênios 78:18, “não [podemos] suportar tudo agora”. Ainda não podemos compreender tudo o que Ele compreende. Então, o que devemos fazer? O Senhor responde: “Tende bom ânimo!”
O empenho de seguir pelo caminho do convênio com bom ânimo inclui sermos humildes, como uma criancinha. Precisamos estar dispostos a ser ensinados e guiados pelo Pai (ver Doutrina e Convênios 112:10). A vida é tão complexa que não temos controle de todos os detalhes de nossa jornada. E não podemos entender cada uma das coisas que acontecem a nós ou a nossos entes queridos aqui na Terra.
Mas, se confiarmos em Deus e permitirmos que nos conduza pela mão, poderemos realizar mais em Seu reino do que jamais teríamos imaginado. Estaremos em condições de abençoar melhor a vida dos filhos de nosso Pai Celestial. Conseguiremos reconhecer melhor a mão do Salvador em nossa vida. Seremos mais capazes de sentir gratidão por Sua infinita misericórdia e amor.
São vossas as bênçãos
Por fim, o Senhor nos conduz lembrando-nos: “Vosso é o reino e são vossas as suas bênçãos e são vossas as riquezas da eternidade” (Doutrina e Convênios 78:18).
Volto ao exemplo de meu missionário. Ele foi conduzido a pedir ajuda e foi abençoado com uma cirurgia que agora lhe permite se comunicar com clareza. Ele foi guiado aos que estavam prontos para receber o evangelho e suas bênçãos, inclusive o batismo. Também vejo o exemplo de minha esposa. O testemunho dela cresceu à medida que o Senhor a guiou. Em seguida, Ele abriu as janelas do céu e derramou bênçãos.
Sinto-me grato por ter tido a oportunidade de trabalhar com aquele jovem missionário imbuído de uma fé simples e poderosa. E sou grato por poder viver eternamente com minha esposa, que me dá o exemplo ao permitir que o Senhor a conduza.
Realmente o reino e as bênçãos são nossos.