O Princípio do Trabalho
A segunda milha de trabalho árduo é o que faz a diferença entre a alegria da realização e a aceitação da mediocridade.
Há mais de 6.000 anos, o Pai Adão recebeu um mandamento: “No suor do teu rosto comerás o teu pão” (Gênesis 3:19).
Há cerca de 2.700 anos, um poeta grego disse que “antes de chegar à excelência os deuses imortais verteram suor, e longo e íngreme é o caminho” (Hesiod, Works and Days, 1. 287; como citado em Familiar Quotations de John Bartlett, 14. ed., Boston: Little, Brown e Co., 1968, p. 67).
Meus jovens amigos do Sacerdócio Aarônico e vós, instrutores deste grande exército de Cristo: o princípio do trabalho tem sido ensinado desde a fundação do mundo. E o fundamento de todo sucesso duradouro. O assustador desaparecimento do trabalho como parte da ética básica é alarmante. Constantemente ouvimos de nossos jovens: “É muito difícil”, “Dê-me algo mais fácil”, “Eu quero agora”, “Não posso esperar tanto tempo”. A feia doença do “nada para fazer” está crescendo entre nós em proporções epidêmicas. Ela, aos poucos, destrói o estofo básico de nossas nações. O profeta Ezequiel claramente definiu a iniqüidade como uma “abundância de ociosidade” (Ezequiel 16:49).
Somos o que somos, como povo, porque nossos antepassados não temeram o trabalho árduo e honesto. Eles entendiam a necessidade de trabalhar; a própria sobrevivência o exigia. Um ponto comum a todas as pessoas bem sucedidas é a compreensão do que significa pagar o preço do sucesso. Fundamental nesse ponto é a determinação interior de fazer “o que for necessário”. Isto significa dizer: “Trabalharei árdua e honestamente para atingir minha meta”.
O trabalho árduo é uma bênção de Deus. Devemos buscá-lo “de todo coração, mente e força” (D&C 4:2). Isso constitui a diferença entre o mediano e o excelente.
Grandes atletas são trabalhadores árduos. Gols, defesas, passes, cestas, cortadas, são todos resultados de longas horas de prática cansativa e trabalho árduo. A parte principal dessa prática sempre dependerá de nós mesmos, e não do treinador. A vitória é fruto de diligência pessoal e compromisso com o trabalho árduo. A cena de um campeão e da glória que o cerca nunca deve obscurecer o longo processo pelo qual ele passou para tornar-se campeão. Há um tempo de preparação e um tempo de vitória. A segunda milha de trabalho árduo é o que faz a diferença entre a alegria da realização e a aceitação da mediocridade.
Quando eu era presidente de missão, muitos missionários me diziam: “Presidente, eu quero batismos agora”.
Minha resposta era e será sempre a mesma: “Deve trabalhar arduamente, ser diligente, humilde e fazer suas orações com fé”.
Jovens, estais gastando tempo demais pensando naquilo que quereis ser, em vez de estabelecer um padrão disciplinar e trabalhar duramente por aquilo que ireis ser? Uma noite, eu estava em companhia de dois missionários na casa de um jovem pesquisador, que fora desafiado a ler o Livro de Mórmon. Em sua poltrona reclinável, bebericando algo comprado na mercearia da esquina, ele nos assombrou com sua resposta: “É muito difícil”.
Alguém disse: “Tu, ó Deus, nos dás todas as coisas boas pelo preço do trabalho” (David Hume, Human News; como citado em The Macmillan Book of Proverbs, Maxims, and Famous Phrases, sel. Burton Stevenson, Nova York: The Macmillan Co., 1948, p. 1331).
O rapaz havia sentido o Espírito, mas, infelizmente, a semente caíra em solo pedregoso, e ele não estava disposto a trabalhar arduamente, a fim de pagar o preço requerido para adquirir seu próprio testemunho. Aquela noite, tememos que ele tivesse tomado uma decisão que poderia prejudicar sua vida eterna, quando disse: “É muito difícil”.
Uma das coisas mais tristes para os presidentes de missão é ver missionários e missionárias chegarem ao campo missionário sem terem aprendido a trabalhar. O Presidente Ezra Taft Benson deu-nos uma poderosa chave em um de seus discursos sobre a obra missionária: “Um dos maiores segredos da obra missionária é o trabalho! Se um missionário trabalhar, ele terá o Espírito; se ele tiver o Espírito, ensinará pelo Espírito; se ensinar pelo Espírito, tocará o coração das pessoas e será feliz. Não haverá saudade de casa nem preocupação com a família, pois [ele terá] todo [seu] tempo, talentos e interesse… centralizados no trabalho do ministério. Trabalho, trabalho, trabalho — não há nada que o substitua, especialmente na obra missionária” (The Teachings of Ezra Taft Benson, Salt Lake City: Bookcraft, 1988, p. 200).
Pais e instrutores de futuros missionários. Jovens amigos que se preparam para a missão, ou que estão servindo. Se quereis ter sucesso, começai com o fundamento do trabalho. Recentemente, tivemos uma onda de batismos em uma de nossas missões. Quando lhe perguntaram qual a razão disso, o presidente da missão respondeu: “Batismos resultam de trabalho árduo. Devemos trabalhar mais e melhor”.
O profeta Alma disse o mesmo muito bem, ao louvar o sucesso de Amon e seus irmãos. Afirmou: “E eis que trabalharam esforçadamente” (Alma 29:15).
Essa é a pura definição do trabalho.
Há pouco mais de oito meses, quando um violento furacão varreu a Flórida, Jack Demaree, da Estaca Montgomery Alabama, e muitos outros como ele viajaram mais de três mil e duzentos quilômetros ida e volta, usando tempo de suas férias para ajudar as vítimas do furacão. Ele trouxe o artigo de um jornal da Flórida, que dizia: “Num sábado quente e úmido, cerca de 12000 voluntários — incluindo 9000 membros da igreja Mórmon de seis estados, com suas moto-serras, compensados e papéis alcatroados — invadiram o sul da Flórida… Tanta gente [estava] trabalhando, que só duzentas pessoas compareceram no sábado de manhã a uma reunião de oração ao ar livre … apesar da estimativa de que mais de 5000 estariam presentes” (Ocala, Flórida, Sunday newspaper, 6 setembro 1992).
Em minha conversa com irmão Demaree sobre sua experiência, ele disse: “Tudo que fiz foi cortar em pedaços árvores que foram derrubadas pelo furacão”.
Irmãos, tomando isso como uma analogia, cortar árvores é mais importante do que pensar em cortar árvores, ou planejar cortar árvores. Estamos nos tornando especialistas mundiais em nos reunir, pensar, planejar e organizar trabalho, mas precisamos realizá-lo. Precisamos trabalhar.
Enquanto muitos estão sentados, falando e até gritando grandes palavras de efeito secundário, trabalhadores santos dos últimos dias serão sempre vistos trabalhando diligentemente e ajudando o próximo. Contrariamente ao que muitos acreditam, as expressões, “falar” e “sentar” nunca substituirão “o trabalho diligente”. Ao aceitar uma designação ou comprometer-se a trabalhar para alguém, trabalhai realmente. Vossa integridade no tocante a esse compromisso vos acompanhará por toda a vida. Qualquer grupo de jovens de qualquer quorum sabe quem são os trabalhadores — aqueles poucos santificados e silenciosos, que simplesmente sabem como realizar o trabalho. Meus jovens amigos do Sacerdócio Aarônico, falai menos e fazei mais. Trabalhai.
Sou muito grato por meus pais, que me ensinaram a trabalhar. Não havia outra opção em nossa casa. Era um requisito absoluto.
Pais de Sião, ensinai a vossos filhos o valor do trabalho árduo e honesto. Não há substituto ou alternativa. Cuidado para não criardes pessoas preguiçosas. Entre todas as vantagens que cada um de nós deseja proporcionar a nossos filhos, certificai-vos de que, acima de tudo, esteja o trabalho árduo e honesto. Rapazes, aprendei a trabalhar e trabalhai! Que isto se torne parte de vós.
Deus vive, e eu sei disso. Este é seu trabalho, e ele espera que cada um de nós o faça. Em nome de Jesus Cristo, amém.