Igualdade na Diversidade
Ao designar diferentes responsabilidades aos homens e às mulheres, o Pai Celestial proporciona maior oportunidade para o crescimento, serviço e progresso.
Sinto-me honrado de poder dirigir-vos a palavra, irmãs da Sociedade de Socorro. Cada uma de vós faz parte de uma das maiores e mais antigas organizações femininas do mundo e a única organizada por um profeta de Deus. Trago-vos saudações da Primeira Presidência e do Conselho dos Doze Apóstolos. Nós e os líderes locais do sacerdócio vos prezamos e reconhecemos vosso valor. Agradecemos tudo que tendes feito para a edificação do reino de Deus. Maravilhamo-nos de vossa fé e serviço dedicado à família, Igreja e comunidade. Oramos por vós e queremos expressar nosso amor a cada uma de vós.
Estes irmãos e eu servimos como consultores do sacerdócio da presidência geral e da junta geral da Sociedade de Socorro. O trabalho da Sociedade de Socorro está mais desafiador do que nunca devido à diversidade de línguas, culturas e ambientes, e às constantes modificações nas circunstâncias locais em todo o mundo. O planejamento cuidadoso precisa ser ao mesmo tempo abrangente e específico: abrangente o suficiente para atender às necessidades de mais de três milhões de mulheres espalhadas por 130 diferentes países e regiões, porém, específico o suficiente para atender às necessidades de cada irmã. A Sociedade de Socorro e o evangelho devem envolver cada mulher. Cada uma de vós é bem-vinda e necessária, quer tenha dezoito ou oitenta anos, seja casada ou solteira, fale inglês ou português, viva numa ilha ou nas montanhas, tenha filhos ou simplesmente ame as crianças sem ter os próprios filhos, tenha curso superior ou pouca educação formal, tenha um marido menos ativo ou seja a esposa do presidente da estaca, tenha testemunho ou esteja se esforçando por obtê-lo.
Vós sois a Sociedade de Socorro! A Igreja necessita urgentemente de vós e de vossos talentos, capacidades e contribuição. Como Eliza R. Snow, a segunda presidente geral da Sociedade de Socorro, disse: “Não existe irmã tão isolada ou com uma esfera de ação tão restrita que não possa fazer muito pelo estabelecimento do reino de Deus na terra” (Woman’s Exponent, 15 de setembro de 1893, p.62).
Oro para que o Espírito do Senhor esteja comigo esta noite, para poder ensinar-vos um princípio fundamental do evangelho que, se for compreendido, irá fortalecer e abençoar as irmãs na jornada para a vida eterna.
O Pai Celestial ama todos os filhos de modo igual, perfeito e infinito. O amor que ele tem por suas filhas não difere do que sente por seus filhos. Nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo, também ama igualmente os homens e as mulheres. Seu sacrifício expiatório e seu evangelho destinam-se a todos os filhos de Deus. Durante seu ministério terreno, Jesus serviu igualmente homens e mulheres: curou tanto homens quanto mulheres e ensinou a ambos.
O evangelho de Jesus Cristo pode santificar tanto o homem quanto a mulher de igual modo e pelos mesmos princípios. Por exemplo, a fé, o arrependimento, o batismo e o dom do Espírito Santo são requisitos para todos os filhos de Deus, independente do sexo. O mesmo ocorre com os convênios e as bênçãos do templo. A obra e glória de nosso Pai é proporcionar a imortalidade e a vida eterna a seus filhos (vide Moisés 1:39). Ele ama todos nós igualmente e seu grande dom, o dom da vida eterna, está disponível a todos nós.
Ainda que homens e mulheres sejam iguais perante Deus em suas oportunidades eternas, eles têm deveres distintos, porém igualmente importantes, em Seu plano eterno. Devemos compreender que Deus cuida de todos os seus filhos com infinita sabedoria e perfeita justiça. Conseqüentemente, ele pode reconhecer e até mesmo incentivar nossas diferenças, ao mesmo tempo que nos proporciona oportunidades iguais de crescimento e desenvolvimento.
O Pai Celestial designou as diferentes responsabilidades da mortalidade para homens e mulheres quando vivíamos com ele como seus filhos espirituais. Para os filhos, ele daria o sacerdócio e a responsabilidade da paternidade, e para as filhas daria a responsabilidade da maternidade, cada qual com suas respectivas funções.
A criação do mundo, a expiação de Jesus Cristo e a restauração do evangelho nos últimos dias por meio do Profeta Joseph Smith têm o mesmo propósito: permitir que os filhos espirituais do Pai Eterno obtenham um corpo mortal e, pelo dom do livre-arbítrio, sigam o plano de redenção proporcionado pela expiação do Salvador. Deus preparou tudo isso para nós a fim de que possamos voltar ao nosso lar celestial, revestidos de imortalidade e vida eterna, para viver com ele como famílias.
Isso só poderá ocorrer se o homem e a mulher forem selados em matrimônio por toda a eternidade e, pelo poder do santo sacerdócio. Reconhecemos que muitos membros da Igreja desejam essa grande bênção, mas vêem pouca possibilidade de que ela se cumpra nesta vida.
A promessa de exaltação, porém, continua sendo uma meta possível para todos nós. Os profetas afirmaram claramente que nenhum dos filhos e das filhas de Deus que o amam, têm fé nele, guardam os mandamentos e perseveram até o fim deixará de receber todas as bênçãos prometidas.
Grande parte do que os homens e mulheres precisam fazer para se qualificarem para uma vida familiar exaltada baseia-se nas mesmas responsabilidades e objetivos. Muitos dos requisitos são exatamente os mesmos para homens e para mulheres. Por exemplo, a obediência às leis de Deus deve ser a mesma para os homens e para as mulheres. Homens e mulheres devem orar da mesma maneira. Ambos têm o mesmo privilégio de receber resposta às orações e, desse modo, obter revelação pessoal para o próprio desenvolvimento espiritual.
Tanto o homem quanto a mulher devem servir à família e ao próximo, mas a maneira específica de fazê-lo pode diferir, às vezes. Por exemplo, Deus revelou através de seus profetas que os homens devem receber o sacerdócio, tornar-se pais e, com bondade, amor puro e não fingido, liderar a família e cuidar dela em retidão, do mesmo modo como o Salvador dirige a Igreja (vide Efésios 5:23). Eles receberam a responsabilidade principal de cuidar das necessidades mentais e físicas da família (vide D&C 83:2). As mulheres têm o poder de trazer filhos ao mundo e receberam o dever e a oportunidade principais de, como mães, guiá-los, criá-los e ensiná-los num ambiente de amor e espiritualidade. Nessa parceria divina, marido e mulher apoiam um ao outro nas funções que receberam de Deus. Ao designar diferentes responsabilidades aos homens e às mulheres, o Pai Celestial proporciona maior oportunidade para o crescimento, serviço e progresso. Ele não deu tarefas diferentes para homens e mulheres simplesmente para perpetuar o conceito de família, mas para que a família prosseguisse para sempre, que é o objetivo final do plano eterno do Pai Celestial.
Precisamos reconhecer as duras realidades mortais de tudo isso e usar o bom senso e a orientação concedida pela revelação pessoal. Algumas pessoas não se casarão nesta vida.
Alguns casamentos serão desfeitos. Alguns casais não terão filhos. Alguns filhos se recusarão a corresponder até à mais devotada e carinhosa educação de pais que os amam. Em alguns casos, a saúde e a fé podem fraquejar. Algumas pessoas que gostariam de ficar em casa, talvez sejam obrigadas a trabalhar. Não devemos julgar as pessoas, pois não conhecemos a situação que vivem nem sabemos o que o bom senso e a revelação os levaram a fazer. Sabemos que durante a vida mortal, homens e mulheres enfrentam desafios e são testados quanto à determinação de seguir o plano de Deus. Não precisamos lembrar que tais provações e tentações são parte importante da vida. Não devemos criticar os outros pelo modo como decidiram exercer o livre-arbítrio ao enfrentar a adversidade e a aflição.
Nestes últimos dias, encontramos mais e mais pessoas que procuram fazer com que as demais fiquem descontentes e se oponham quando a frustração e adversidade entram em sua vida. Elas querem fazer-nos acreditar que a Igreja ou seus líderes são injustos com as mulheres, ou que é negada às mulheres a oportunidade de atingir seu pleno potencial no evangelho. Irmãs, sabemos que a Igreja é constituída de seres humanos mortais, que os líderes do sacerdócio podem errar e que nem todos exercem seus cargos com a devida sensibilidade.
Entretanto, quero que compreendais esta simples verdade: o evangelho de Jesus Cristo proporciona a única maneira pela qual homens e mulheres podem atingir o pleno potencial como filhos de Deus. Somente o evangelho pode libertar-nos das terríveis conseqüências do pecado. Somente seguindo o plano de Deus com fé e determinação de vivermos um dia como famílias eternas, podemos qualificar-nos para a vida eterna em sua presença. Quando vivemos do modo ideal, a Igreja e a família não impedem nosso progresso. Elas o aceleram fazendo-nos firmar os pés no caminho do evangelho, que nos leva de volta a Deus. Temos o privilégio de procurar conhecer, diligentemente e em espírito de oração, o que o Senhor espera de nós com respeito aos desafios e dilemas pessoais. A revelação pessoal é algo realmente pessoal. Não está vinculada ao cargo que ocupamos ou ao sexo, mas à dignidade.
Nós a recebemos quando pedimos com sinceridade. Entretanto, a revelação para a Igreja somente vem através dos profetas, videntes e reveladores do Senhor.
Nestes tempos de confusão, manter os pés na senda do evangelho pode ser algo difícil.
Ouvimos muitas vozes persuasivas aconselhando-nos a voltar as costas para a verdade revelada e abraçar as filosofias do mundo. Eu vos ofereço três simples sugestões que irão ajudar-nos a manter nossa visão da eternidade clara e desimpedida.
Primeiro, concentrai-vos nos princípios fundamentais. Existe tanta profundidade e substância nas verdades simples do evangelho, que jamais precisareis procurar as águas rasas da teologia especulativa. Ensinai umas às outras, na Sociedade de Socorro e nas mensagens das professoras visitantes, a pura doutrina encontrada nas escrituras e no material didático aprovado. O Espírito Santo vos guiará e confirmará o que ireis ensinar. Ensinai vossos filhos a respeito da fé, do arrependimento, do batismo e de outros princípios básicos do evangelho restaurado. Fazei convênios com Deus e recebei todas as ordenanças do sacerdócio. Estudai e ponderai as escrituras, especialmente o Livro de Mórmon, individualmente e em família. Num mundo cheio de conflito e confusão, encontrareis paz e segurança na palavra revelada de Deus.
Segundo, mantende o equilíbrio. O debate franco e aberto da doutrina é importante para o conhecimento acadêmico do evangelho, mas lembrai-vos de que a maioria das coisas foi estabelecida por Deus e simplesmente não está sujeita a mudanças. As doutrinas e princípios da Igreja somente são estabelecidos por revelação, não por legislação. Este é o plano de Deus. Não temos o direito de alterá-lo ou corrompê-lo.
É nosso dever integrar os princípios do evangelho à nossa vida, para que ela se mantenha em equilíbrio. Quando vossa vida estiver equilibrada, antes que o percebais ela estará plena de compreensão espiritual, confirmando o amor que o Pai Celestial tem por vós e mostrando que seu plano é justo e verdadeiro e que devemos compreendê-lo e vivê-lo com alegria.
Terceiro, servi umas às outras com amor, pois “a caridade nunca falha” (Morôni 7:46).
Muitas irmãs, inclusive algumas aqui presentes esta noite, podem estar sofrendo por um motivo ou outro. Procurai ajudar as que sofrem, dai ouvido a suas preocupações, sede dignas de sua confiança e mantende sempre sigilo. Compartilhai seu fardo. Ensinai, tanto por preceito quanto pelo exemplo, o plano que o Pai Celestial tem para seus filhos.
Ajudai-as a compreender o compromisso inalterável do Pai para com o princípio do livre-arbítrio. Ensinai a respeito do papel essencial da adversidade em nossa vida eterna.
Tomai-as pela mão e ajudai-as a se arrependerem, a perdoarem, a terem fé, a perseverarem e a fazerem tudo o que for necessário. Nunca esqueçais que o Senhor pode realizar um milagre na vida das pessoas por meio de vós.
Irmãs, fazeis parte da Sociedade de Socorro. Ela foi organizada sob a direção do sacerdócio em todas as alas e ramos. Os membros de vossa presidência local da Sociedade de Socorro são mulheres sábias e inspiradas, que foram chamadas por revelação e designadas por aqueles que possuem a autoridade para administrar as ordenanças do evangelho. Servi duas vezes como bispo e quero que saibais que sois parte de uma organização vital para vossa ala e que vossa contribuição individual é de grande valor para o trabalho do Senhor.
Que o Senhor vos abençoe, queridas irmãs, na vida pessoal, no lar, na família e nos chamados na Igreja. Que ele vos abençoe por vosso serviço fiel. Que tenhais a confirmação consoladora de que o Pai Celestial ama cada uma de vós, e de que a senda que ele determinou para vós é o caminho para a perfeita justiça e liberdade nesta vida e na eternidade. Disso presto testemunho, orando humildemente para que as bênçãos do Senhor estejam convosco, em nome de Jesus Cristo. Amém.