Para Esta Vida e para Toda a Eternidade
As leis que governam a vida foram instituídas antes da fundação do mundo. São eternas, assim como as consequências de obedecermos a elas ou não.
Queridos irmãos, as escrituras e os ensinamentos dos apóstolos e profetas falam de nós na vida pré-mortal como filhos e filhas espirituais de Deus. A divisão dos sexos não teve início no nascimento mortal mas sim antes.
No grande conselho dos céus, foi apresentado o plano de Deus: o plano de salvação, o plano de redenção, o grande plano de felicidade. O plano estabelece um tempo de provação; todos têm que escolher o bem ou o mal. Provê um Redentor, uma expiação, uma ressurreição; e, se obedecermos, a nossa volta à presença de Deus.
O adversário rebelou-se e adotou um plano próprio. Àqueles que o seguiram foi negado o direito de ter um corpo mortal. Nossa presença aqui confirma que apoiamos o plano do Pai.
O propósito único de Lúcifer é opor-se ao grande plano de felicidade, corromper as mais puras, mais belas e atraentes experiências de vida: romance, amor, casamento, paternidade e maternidade. Os espectros do coração magoado e da culpa seguem-no por toda parte. Somente o arrependimento pode curar o que ele fere.
O plano requer a união justa de macho e fêmea, homem e mulher, esposo e esposa. Doutrinas ensinam-nos como reagir a esses impulsos naturais que, com freqüência, dominam nosso comportamento.
Um corpo feito à imagem de Deus foi criado para Adão, e ele foi colocado no Jardim. No princípio, Adão estava só. Ele possuía o sacerdócio, mas, sozinho, não podia cumprir os propósitos de sua criação.
Nenhum outro homem serviria. Nem sozinho, nem com outro homem Adão poderia progredir. Nem tampouco Eva com outra mulher. Era assim então. E assim hoje.
Eva, uma adjutora, foi criada. O casamento foi instituído, pois foi ordenado a Adão que se apegasse a sua esposa [não simplesmente a uma mulher] e a “nenhuma outra”.
Uma escolha, pode-se dizer, foi imposta a Eva. Ela deve ser louvada por sua decisão. Então, “Adão caiu para que os homens existissem”.
O Élder Orson F. Whitney descreveu a queda como tendo duas direções — para baixo, mas, ainda assim, para frente. Ela trouxe o homem ao mundo e colocou seu pé no caminho do progresso.
Deus abençoou Adão e Eva. E a família foi estabelecida.
Nada há nas revelações que sugira que, à vista de Deus, é preferível ser homem a ser mulher, ou que Ele dá um valor maior aos filhos do que às filhas.
Todas as virtudes mencionadas nas escrituras — amor, alegria, paz, fé, santidade, caridade — são compartilhadas por homens e mulheres, e a mais alta ordenança do sacerdócio, na mortalidade, é dada somente ao homem e à mulher juntos.
Depois da Queda, a lei natural teve grande poder sobre o nascimento mortal. Existem, o que o Presidente J. Reuben Clark, Jr. chamou de “logros” da natureza, que causam variadas anormalidades, deficiências e deformidades. Entretanto, por mais injustas que possam parecer aos homens, elas, de alguma forma, ajudam os propósitos do Senhor, de testar a humanidade.
Seguir cada instinto digno, a cada necessidade justa, consumar cada relação humana que exalta, são coisas previstas e aprovadas nas doutrinas do evangelho de Jesus Cristo e protegidas por mandamentos revelados à Sua igreja.
A não ser que Adão e Eva fossem diferentes um do outro por natureza, eles não poderiam multiplicar-se e encher a terra. As diferenças que se complementam são as verdadeiras chaves do plano de felicidade.
Algumas funções são mais apropriadas à natureza masculina e outras à natureza feminina. Tanto as escrituras como os padrões da natureza colocam o homem como protetor, provedor.
As responsabilidades do sacerdócio, que se referem à administração da Igreja, por necessidade funcionam fora do lar. Por decreto divino, elas foram confiadas aos homens. Tem sido assim desde o começo, pois o Senhor revelou: “A ordem desse sacerdócio foi confirmada a fim de ser passada de pai a filho…Essa ordem foi instituída nos dias de Adão”.
Um portador do sacerdócio não tem vantagem sobre a mulher no que se refere à qualificação para exaltação. A mulher, por sua natureza, é também co-criadora com Deus e a primeira educadora dos filhos. Virtudes e atributos, dos quais dependem a perfeição e a exaltação, são naturais na mulher e refinados por meio do casamento e da maternidade.
O sacerdócio é conferido somente aos homens dignos, a fim de conformar-se ao plano de felicidade de nosso Pai. Com as leis da natureza e a palavra revelada de Deus trabalhando em harmonia, ele simplesmente funciona melhor desta maneira.
O sacerdócio leva consigo uma tremenda responsabilidade. “Nenhum poder ou influência pode ou deve ser mantido por virtude do sacerdócio, a não ser que seja com persuasão, com longanimidade, com mansuetude e ternura e com amor não fingido, com benignidade e conhecimento puro”.
Se o homem “exercer controle ou domínio ou coação…em qualquer grau de injustiça”, ele violará “juramento e convênio que pertence ao sacerdócio”. Então “eis que os céus se afastam; o Espírito do Senhor se magoa”. A menos que se arrependa, ele perderá suas bênçãos.
Embora as diferentes funções do homem e da mulher sejam estabelecidas em declarações celestiais, elas são melhor demonstradas nas experiências mais práticas, comuns da vida familiar.
Recentemente ouvi um orador, na reunião sacramental queixar-se de que não podia entender por que seus netos sempre falavam em ir à casa da avó e nunca à casa do avô. Resolvi aquele grande mistério para ele: “O avô não faz tortas!”
As leis que governam a vida foram instituídas antes da fundação do mundo. São eternas, assim como as conseqüências de obedecer-se a elas ou não. Não são baseadas em considerações sociais ou políticas. Não podem ser mudadas. Nenhuma pressão, nenhum protesto, nenhuma legislação pode alterá-las.
Anos atrás supervisionei os seminários para os índios. Numa visita a uma escola em Albuquerque, Novo México, o diretor contou-me um incidente ocorrido em uma classe da primeira série.
Durante a aula, um gatinho entrou na sala, distraindo as crianças. O gato foi levado à frente da classe, para que todos o vissem.
Um aluno perguntou: “É um gatinho ou gatinha?”
O professor, despreparado para aquele momento, disse: “Não importa; é só um filhote”.
As crianças, porém, insistiram e um menino disse. “Eu sei como decidir se é um gatinho ou gatinha”.
O professor, encurralado, disse: “Está bem, diga-nos como podemos saber se é um gatinho ou gatinha”.
O menino respondeu: “Podemos fazer uma votação!”
Certas coisas não podem ser mudadas.
O Presidente Wilford Woodruff disse: “Os princípios revelados para a salvação e exaltação dos filhos dos homens são princípios que não se pode destruir. São princípios que nenhuma união de homens [ou mulheres] pode destruir. São princípios que nunca morrerão…Estão além do alcance dos homens — não podem ser manipulados nem destruídos. O mundo inteiro reunido não conseguirá destruir esses princípios…Nem um jota nem um til desses princípios será jamais destruído”.
Durante a segunda Guerra Mundial, homens foram chamados a lutar. Na emergência, esposas e mães do mundo inteiro foram empurradas para a frente de trabalho como nunca acontecera antes. O efeito mais devastador da guerra foi sobre a família. O efeito estende-se até esta geração.
Na conferência geral de outubro de 1942, a Primeira Presidência enviou uma mensagem aos “santos em todas as partes do mundo”, que dizia: “Em virtude da autoridade em nós investida, como Primeira Presidência da Igreja, advertimos nosso povo”.
E eles diziam: “Entre os primeiros mandamentos dados a Adão e Eva, o Senhor disse: ‘Multiplicai e enchei a terra’. Ele repetiu esse mandamento em nossos dias. Ele revelou, nesta última dispensação, o princípio da eternidade do convênio do casamento…
O Senhor disse-nos que é dever de cada marido e mulher obedecer ao mandamento dado a Adão, a fim de que legiões de espíritos escolhidos, que esperam por seus tabernáculos de carne, possam vir à terra e progredir sob o grande desígnio de Deus, para se tomarem almas perfeitas, pois sem esses tabernáculos de carne eles não podem progredir em direção ao destino planejado por Deus. Assim cada marido e mulher deve tomar-se pai e mãe, em Israel, de filhos nascidos sob o santo e eterno convênio.
Ao trazer esses espíritos escolhidos à terra, cada pai e cada mãe assume, com o tabernáculo do espírito e com o Senhor uma obrigação das mais sagradas porque o destino daquele espírito nas eternidades vindouras e as bênçãos e punições que o aguardam na vida futura dependem, em grande parte, do cuidado, dos ensinamentos e do treinamento dado pelos pais a esse espírito.
Nenhum pai pode fugir dessa obrigação e responsabilidade, e o Senhor nos considera estritamente responsáveis por um desempenho apropriado. Não existe dever mais elevado que possa ser assumido por mortais.”
Ao falar às mães, a Primeira Presidência disse: “A maternidade portanto, torna-se um chamado santo, uma dedicação sagrada à execução dos planos do Senhor, uma consagração à criação, educação, nutrição do corpo, da mente e do espírito daqueles que mantiveram seu primeiro estaclo e vêm a essa terra para seu segundo estado para ‘ver se eles farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes mandar’ (Abraão 3:25). Fazer com que guardem seu segundo estado é a função da maternidade, e ‘os que guardarem seu segundo estado terão aumento de glória sobre suas cabeças’ (Abraão 3:26).
Esse serviço divino da maternidade pode ser prestado somente pelas mães. Não pode ser transferido a outros. Enfermeiras não o podem fazer, creches públicas não o podem fazer, empregadas ou babás não o podem fazer — somente a mãe, com a ajuda das mãos amorosas do pai, dos irmãos e irmãs, pode cuidar na medida certa.
A Primeira Presidência aconselhou: “A mãe que confia seu filho aos cuidados de outros a fim de realizar trabalhos de outra natureza, seja por ouro, fama ou serviço cívico, deve lembrar-se de que ‘o rapaz entregue a si mesmo envergonha sua mãe’ (Prov. 29:15). Em nossos dias o Senhor disse que, a menos que os pais ensinem aos filhos as doutrinas da Igreja ‘sobre a cabeça dos pais seja o pecado’ (D&C 68:25).
A maternidade está próxima da divindade. E o mais elevado, o mais santo trabalho a ser realizado pela humanidade. Ela coloca a mulher que honra seu santo chamado e serviço próxima dos anjos.”
A mensagem e advertência da Primeira Presidência é mais, e não menos, necessária, hoje do que quando foi publicada. E não há voz, de qualquer organização da Igreja, em qualquer nível de administração, que se iguale à da Primeira Presidência.
Qualquer alma que, por natureza ou circunstâncias, não receba a bênção do casamento e da paternidade ou maternidade, ou que precise criar os filhos sozinha, não deixará de receber, nas eternidades, qualquer bênção — desde que cumpra os mandamentos. Como prometeu o Presidente Lorenzo Snow: “Isto é certo e positivo”.
Termino com uma parábola:
Certa vez um homem recebeu, como herança, duas chaves. A primeira, foi-lhe dito, abria uma caixa-forte que ele deveria proteger a todo custo. A segunda era para um cofre que estava dentro da caixa-forte e que continha um tesouro inestimável. Ele deveria abrir esse cofre e usar livremente as coisas preciosas ali guardadas. Foi advertido de que muitos procurariam roubar-lhe a herança. Foi-lhe prometido que, se usasse o tesouro dignamente, este seria reabastecido e nunca diminuiria, por toda a eternidade. O homem seria testado. Se usasse o tesouro para benefício de outros, suas próprias bênçãos e alegria aumentariam.
O homem dirigiu-se sozinho à caixa-forte. A primeira chave abriu a porta. Ele tentou abrir o tesouro com a outra chave, mas não conseguiu, pois havia dois cadeados no cofre. A sua chave, sozinha, não o abriria. Por mais que tentasse, não conseguiu abri-lo. Estava confuso. Recebera as chaves. Sabia que o tesouro era seu, por direito. Obedecera às instruções, mas não conseguia abrir o cofre.
Num determinado momento apareceu uma mulher na caixa-forte. Ela também tinha uma chave; era uma chave diferente da que ele possuía. A chave dela serviu no outro cadeado. Isso fez com que ele humildemente reconhecesse que não poderia obter sua herança, por direito, sem ela.
Eles fizeram um convênio de que, juntos, abririam o tesouro e, conforme instruído, ele vigiaria a caixa-forte e a protegeria. Ela, por sua vez, vigiaria o tesouro. Ela não estava preocupada por ele, como guardião da caixa-forte, ter as duas chaves, pois seu objetivo era garantir que ela estivesse em segurança enquanto vigiava aquilo que era muito precioso para ambos. Juntos eles abriram o cofre e partilharam da herança. Alegraram-se pois, como prometido, o tesouro não se esgotava.
Com grande alegria descobriram que podiam passar o tesouro para seus filhos, que cada um poderia receber a medida plena, sem que diminuísse, até a última geração.
Talvez alguns de sua posteridade não encontrassem um companheiro que possuísse a chave complementar, ou alguém digno e desejoso de cumprir os convênios relacionados ao tesouro. Não obstante, se eles guardassem os mandamentos, não lhes seria negada nem a menor das bênçãos.
Como alguns tentaram levá-los a fazer mau uso de seu tesouro, eles foram cuidadosos ao ensinar seus filhos sobre chaves e convênios.
Mais tarde apareceram, entre os de sua posteridade, alguns que foram enganados, ficaram enciumados, ou se tornaram egoístas porque a um foram dadas duas chaves e a outro só uma. “Por que”, os egoístas perguntaram, “o tesouro não pode ser só meu, para que eu o use do jeito que desejar?”
Alguns tentaram moldar a chave que receberam, no formato da outra. Talvez, pensaram, ela poderia servir nos dois cadeados. E assim o cofre foi fechado para eles. Suas chaves remoldadas eram inúteis e sua herança foi perdida.
Aqueles que receberam o tesouro com gratidão e obedeceram às leis referentes a ele, receberam alegria sem limites nesta vida e por toda a eternidade.
Presto testemunho do plano de nosso Pai para a felicidade, e testifico em nome Daquele que elaborou a Expiação para que esse plano tivesse efeito, em nome de Jesus Cristo, amém.