Adoração por meio da Música
Cantar hinos é uma das melhores formas de colocarmo-nos em sintonia com o Espírito do Senhor.
Presidente Hunter, vossa mensagem inspirada emocionou-nos. Queremos expressar-vos nosso amor. Damos os parabéns às Autoridades Gerais e aos oficiais gerais da Igreja que acabam de ser chamados e apoiados.
Nosso coração uniu-se ao Coro da Juventude Mórmon em seu canto vibrante da inspirada letra de Charles Wesley: “A Deus, Senhor e Rei, Adorem os Mortais!” (Hinos, 1991, nº 35.) Devido aos acontecimentos desta assembléia solene, também sentimos a imensa gratidão demonstrada no hino “Graças Damos, Ó Deus por um Profeta” (Hinos, 1991, nº 9), tão apreciado por todos. Regozijamo-nos com o privilégio de apoiar o Presidente Howard W. Hunter como Presidente da Igreja e os Presidentes Hinckley e Monson como seus conselheiros. Nesta assembléia mundial, oferecemos nossas orações e esforços em apoio aos homens que o Senhor chamou para liderarem Sua Igreja. Testifico que o que fizemos está registrado no céu e que seremos responsáveis perante Deus por nossa atitude frente à liderança que apoiamos, desta forma solene e sagrada.
Em maio passado visitei Brasília, no Brasil, pela primeira vez. Mais de três mil santos reuniram-se para uma conferência regional. O programa impresso indicava os números musicais, mas aquelas palavras em português nada significavam para mim. Entretanto, no momento em que o lindo coro principiou a cantar, a música venceu todas as barreiras da língua e falou-me à alma:
A alva rompe em Sião
E a verdade faz volver.…
Depois da longa escuridão
Bendito dia vai nascer.
Por meio do milagre da música sacra o Espírito do Senhor se fez presente e estávamos prontos para o ensino do evangelho e para a adoração.
A Primeira Presidência declarou:
“A música inspiradora é parte essencial de nossas reuniões da Igreja. Os hinos convidam o Espírito do Senhor, criam um clima de reverência, unificam-nos como membros, e nos proporcionam um meio de louvar ao Senhor.
Alguns dos maiores sermões são pregados através do cântico de hinos. Os hinos induzem-nos ao arrependimento e às boas obras, fortalecem o testemunho e a fé, confortam os deprimidos, consolam os que choram e inspiram-nos a perseverar até o fim.” (Hinos, 1991, p. ix.)
Cantar hinos é uma das melhores formas de colocarmo-nos em sintonia com o Espírito do Senhor. Pergunto-me se estamos utilizando adequadamente esse recurso enviado pelos céus em nossas reuniões, em nossas aulas e em nosso lar.
Em julho passado visitei o Centro Cultural Polinésio da Igreja no Havaí. À noite, antes do espetáculo de danças e músicas típicas das ilhas, fui até os bastidores para cumprimentar os artistas. Cheguei durante aqueles momentos frenéticos antes do início do espetáculo. Dezenas de artistas faziam preparativos de última hora, necessários para coordenar esforços em uma atuação de seqüências rápidas. Fiquei imaginando como o diretor poria ordem naquele tumulto, para que ouvissem meus rápidos comentários.
Tudo aconteceu como que por milagre. Como um sinal, uma voz forte começou a cantar e os acordes de “Graças Damos, Ó Deus, por um Profeta” rapidamente aumentaram de volume, transformando-se em um lindo coro à medida que aqueles jovens excepcionalmente talentosos harmonizavam seus pensamentos com o Senhor.
Tivemos uma experiência semelhante em nossa família. Na primavera passada, alguns de nossos filhos e quatorze netos participaram de um passeio em família nas montanhas. Uma das atividades consistia em uma reunião para compartilharmos experiências e testemunhos. Reunimo-nos na hora marcada, mas os pequeninos estavam lá apenas com o corpo. Os espíritos grandes naqueles corpos pequenos ansiavam por mais das interessantes atividades ao ar livre de que vinham participando. A casa onde nos reuníamos, era pequena demais para eles, e a sensação era a de uma dúzia de crianças inquietas e sua gritaria, como que ricocheteando nas paredes em todas as direções. Os avós entenderão a apreensão que senti ao tentar promover alguma seriedade naquele ambiente.
Repentinamente, a sabedoria instintiva de jovens mães vieram ao encontro de nossos esforços. Duas mães começaram a cantar uma música conhecida das crianças. Outras se uniram a elas e, em poucos minutos, o clima havia mudado, os espíritos se acalmaram e tornaram-se receptivos a coisas espirituais. Fiz uma oração silenciosa, agradecendo pelos hinos e pelas mães que sabem utilizá-los!
O canto dos hinos é uma das melhores formas de se aprender a doutrina do evangelho restaurado. O Élder Stephen D. Nadauld captou essa força incomparável em alguns versos que escreveu e que recitou em uma reunião com as Autoridades Gerais:
Para a doutrina ao homem ensinar
E vigorosamente preparar-lhe a alma,
Para o plano divino demonstrar,
Usemos melodias de encanto e calma.
E para deixar para sempre gravadas
As verdades sublimes em seu coração,
Cantemos as mensagens belas, reveladas,
Dos maviosos hinos de Sião.
As escrituras contêm muitas afirmações de que o canto de hinos é uma forma gloriosa de adoração. Antes que o Salvador e os Apóstolos saíssem do cenáculo, onde participaram da sublime experiência da Santa Ceia, cantaram um hino, após o que saíram para o Monte das Oliveiras (ver Mat. 26:30).
O Apóstolo Paulo aconselhou os Colossenses a “[ensinarem-se e admoestarem-se] uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em [seu] coração”. (Col. 3:16; ver também Alma 26:8.)
A revelação moderna ratifica a importância da música sacra. Em uma das primeiras revelações feitas por intermédio de Joseph Smith, o Senhor deu a Emma Smith a designação de “fazer uma seleção de hinos sacros, conforme fores inspirada de acordo com o que é da Minha vontade, que se tenha na Minha Igreja.
Pois a Minha alma se deleita com o canto do coração; sim, o canto dos justos é uma prece a Mim, e será respondida com uma bênção sobre suas cabeças.” (D&C 25:11–12)
Em outra revelação dada por intermédio de outro profeta na geração subseqüente, o Senhor ordenou a Seu povo que “[louvasse] ao Senhor com cânticos [e] com música …” (D&C 136:28).
Essa orientação de se louvar ao Senhor por meio do canto não se restringe às grandes reuniões. Quando os Apóstolos do Senhor se reúnem nos tempos atuais, o canto de hinos ainda faz parte de suas reuniões. As reuniões semanais da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos no Templo de Lago Salgado sempre se inicia com um hino. Élder Russell M. Nelson nos acompanha tocando o órgão. A Primeira Presidência, que conduz essas reuniões, reveza-se na escolha do hino de abertura. A maioria dos presentes anota a data em que o hino é cantado. De acordo com meus registros, o hino de abertura cantado com mais freqüência é “Careço de Jesus” (Hinos, 1991, nº 61). Imaginai o impacto espiritual de um punhado de servos do Senhor cantando esse hino antes de orar pedindo a orientação Dele a fim de cumprirem suas enormes responsabilidades.
O véu é muito tênue nos templos, especialmente quando nos unimos em adoração pela música. Vejo, em dedicações de templos, mais lágrimas de alegria evocadas pela música do que pela palavra proferida. Tenho lido relatos de coros de anjos participando desses hinos de louvor, e creio que já tive essa sensação em várias ocasiões. Houve ocasiões, em sessões dedicatórias que contaram com a participação de corais lindos e bem ensaiados, com cerca de trinta vozes, em que ouvi o que parecia ser dez vezes trinta vozes louvando a Deus com uma qualidade e intensidade de sentimento que pode ser sentida, mas não explicada. Alguns dos que me ouvem hoje saberão o que quero dizer.
A música sacra tem a habilidade singular de exprimir nosso sentimento de amor pelo Senhor. Este tipo de comunicação auxilia nossa adoração. Muitos sentem dificuldade em expressar sua adoração com palavras, mas todos podem unir-se para transmitir esses sentimentos por meio da letra inspirada de nossos hinos.
Quando uma congregação adora por meio de hinos, todos os presentes devem participar. Quero relatar-vos outra experiência. Eu terminara uma designação especial, num domingo pela manhã na Cidade do Lago Salgado, e queria participar de uma reunião sacramental. Parei em uma ala próxima e entrei despercebido na capela quando a congregação cantava a letra sagrada do hino sacramental:
Quão grato é cantar louvor
Ao Cristo, Mestre e Senhor;
À Terra veio padecer
E salvação nos conceder.
(Hinos, 1991, nº 104)
Meu coração encheu-se de júbilo ao cantar esse hino de adoração, em preparação para o sacramento, quando renovaríamos nossos convênios. As vozes elevaram-se nos acordes finais:
Foi Cristo quem nos resgatou
E com seu sangue nos salvou;
Cantai hosanas e louvor
A Cristo por seu grande amor!
Enquanto cantávamos, olhei de relance para a congregação e fiquei chocado ao notar que cerca de um terço não estava cantando. Como era possível? Por acaso as pessoas que nem mesmo murmuravam a letra estavam sugerindo que para elas não era “grato … cantar louvor” ou “[cantar] hosanas e louvor a Cristo”? O que estamos dizendo, o que pensamos, quando não cantamos em nossas reuniões de adoração?
Acredito que alguns de nós, na América do Norte, estamos ficando negligentes em nossa adoração e isso inclui o canto dos hinos. Noto que os santos de outras partes são mais diligentes nesse aspecto. Nós, nas estacas centrais de Sião, devemos renovar nossa participação fervorosa no canto de nossos hinos.
Há algumas convenções que devemos observar, quando da adoração por meio da música. Ao cantarmos, devemos pensar nas mensagens dos hinos. Eles contêm sermões doutrinários sem igual, superados apenas pelas escrituras em sua verdade e impacto poético.
Dependemos de nossos regentes e organistas para nos conduzir no ritmo prescrito. Se o andamento for rápido ou lento demais, poderá alterar o clima da adoração.
Devemos ser cuidadosos quanto à seleção de músicas para ocasiões em que desejamos elevar o espírito da adoração. Muitos números musicais adequados a ocasiões sadias não são apropriados às reuniões da Igreja.
Nossos hinos foram selecionados por sua eficácia em atrair o Espírito do Senhor. Uma de minhas filhas, que toca violino, descreveu essa realidade. “Adoro tocar música clássica”, diz ela, “mas quando toco nossos hinos, sinto o Espírito do Senhor em minha sala de estudo.”
Os solistas devem lembrar-se de que a música usada em nossas reuniões não deve ser uma demonstração de talentos pessoais, mas adoração. Números vocais ou instrumentais devem ser escolhidos para auxiliar a adoração, não para dar oportunidade a artistas, não importando o quão perfeitos sejam.
Nossa música sacra prepara-nos para aprender as verdades do evangelho. Por isso somos tão seletivos quanto ao tipo de música e instrumentos utilizados em nossas reuniões. Portanto, incentivamos nossos corais a utilizarem o hinário como fonte básica. Podemos usar outras músicas que estejam em consonância com o espírito de nossos hinos, tal como o maravilhoso “Ó Divino Redentor”, de Charles Gounod, cantado no funeral do Presidente Ezra Taft Benson. Porém, um hino extraído do hinário é, com freqüência, a música mais inspiradora e apropriada para um coral, um solista ou um instrumentista (ver Michael F. Moody, Ensign, ago. 1994, p.79).
A música sacra pode ajudar-nos mesmo não sendo tocada ou cantada formalmente. Por exemplo: Quando nos sentirmos tentados, podemos neutralizar o efeito, sussurrando ou repetindo a letra de um hino preferido (ver Boyd K. Packer, Ensign, jan. 1974, pp.25-28).
Nossos hinos podem operar milagres mesmo quando o coral for pequeno e mal puder ser ouvido. Senti isso há poucos meses quando participava de uma apresentação musical única em minha experiência na Igreja. Fora convidado a falar na Conferência SUD para Surdos que ocorreu na Ala (de Surdos) Vale do Lago Salgado, da Estaca Park da Cidade do Lago Salgado. Mais de trezentos membros surdos estavam presentes. Os integrantes da presidência da estaca e eu éramos praticamente os únicos na congregação que ouvíamos e cantávamos de forma audível. O restante daquela grande congregação cantava com as mãos. Os lábios mal se moviam e, exceto pelo órgão e por quatro vozes fracas no púlpito, quase não se ouvia nenhum som. Na audiência, todas as mãos moviam-se em uníssono com o regente enquanto indicavam em linguagem de sinais: “Tal como um facho de luz vem ardendo …. (Hinos, 1991, nº 2.) Ao cantarmos, sentimos o Espírito do Senhor e estávamos prontos para orar. Nossa música sacra é uma grande preparação para a oração e para o ensino do evangelho.
Devemos utilizar mais nossos hinos para entrar em sintonia com o Espírito do Senhor, unirmo-nos e ajudarmo-nos a ensinar e aprender a doutrina. Precisamos fazer melhor uso deles no trabalho missionário, em aulas do evangelho, reuniões de quórum, noites familiares e visitas de mestres familiares. A música é uma forma eficaz de adorar nosso Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo. Devemos usar os hinos quando precisarmos de força espiritual e inspiração.
Nós, que “[sentimos] o desejo de cantar o cântico do amor que redime” (Alma 5:26), precisamos continuar a cantar, para que fiquemos mais próximos daquele que inspira a música sacra e ordena que ela seja usada para adorá-Lo. Que assim procedamos é minha humilde oração, oferecida juntamente com o testemunho da veracidade do evangelho de Jesus Cristo e do divino chamado dos que apoiamos hoje. Em nome de Jesus Cristo. Amém. 9