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A Revelação Pessoal e a História da Família
Introdução
A busca de inspiração aumentará seu sucesso no trabalho de história da família. Quando você está se esforçando para obedecer aos mandamentos, pode pedir ajuda ao Senhor em seus esforços referentes à história da família e confiar que receberá auxílio por meio de revelações concedidas pelo poder do Espírito Santo. Em certas ocasiões, o Espírito Santo também poderá ajudá-lo a sentir os desejos de seus antepassados justos no mundo espiritual de fazer os convênios do evangelho.
O Presidente James E. Faust (1920–2007), da Primeira Presidência, explicou: “O processo de encontrar antepassados, um a um, pode ser desafiador, porém é emocionante e recompensador. Sentimos uma orientação espiritual, com frequência, ao buscarmos as fontes que os identificarão. Por ser um trabalho muito espiritual, podemos esperar ajuda vinda do outro lado do véu. Sentimos a influência daqueles que esperam que os encontremos para que as ordenanças a seu favor sejam realizadas” (A Liahona, novembro de 2003, p. 53).
Ao estudar este capítulo, pense nos esforços que você está envidando para receber auxílio divino do Senhor em seu trabalho de história da família.
Comentários
Para Buscar com Eficácia Nossos Parentes Falecidos Precisamos Exercer Fé em Jesus Cristo [5.1]
A fé é um dom de Deus. [5.1.1]
A fé é um dom de Deus, um dom que se fortalece e aumenta quando se envidam esforços sinceros em causas justas. A verdadeira fé manifesta-se por meio de atos de obediência. O Presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) explicou: “Se quisermos uma fé viva, permanente, devemos ser ativos na execução de todo dever como membros desta Igreja. Sei tão certo quanto estou aqui, que, se vivêssemos apenas um pouquinho mais achegados a essas verdades fundamentais, veríamos mais manifestações do Espírito de Deus” (Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols., 1954–1956, vol. II, p. 307).
O Élder Kevin W. Pearson, dos Setenta, também ressaltou a importância da obediência no desenvolvimento da fé:
“O Élder Bruce R. McConkie ensinou: ‘A fé é um dom de Deus concedido como recompensa pela retidão pessoal. Sempre é concedida quando a retidão está presente, e quanto maior for a obediência às leis de Deus, maior será a investidura de fé’ (Mormon Doctrine, 2ª ed., 1966, p. 264; grifo do autor). Se desejarmos mais fé, precisamos ser mais obedientes. (…) A fé exige uma atitude de total obediência, mesmo nas coisas pequenas e simples. (…)
À medida que se desenvolvem padrões de obediência, as bênçãos específicas associadas a ela são reconhecidas, e surge a crença. Desejo, esperança e crença são formas de fé; mas a fé, como princípio de poder, resulta de um padrão constante de conduta e atitude obedientes. A retidão pessoal é uma decisão individual. A fé é um dom de Deus, e quem a possui pode receber imenso poder espiritual” (A Liahona, maio de 2009, p. 38).
Seus esforços para orar com maior fervor, estudar as escrituras, guardar os mandamentos, frequentar o templo dignamente, jejuar, servir ao próximo — tudo isso resulta em maior fé em Jesus Cristo e tem uma influência positiva sobre sua capacidade de buscar os registros de seus parentes falecidos. Na pesquisa de história da família, isso também implica despender o tempo e a energia necessários para encontrar os registros e as histórias disponíveis.
A Primeira Visão é um exemplo de pedir com fé. [5.1.2]
Orar com fé implica não só fervor ao orar, mas também exige que nossas orações se traduzam em atos. O Élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou o princípio de pedir com fé citando o exemplo do Profeta Joseph Smith, que agiu com diligência depois de solicitar ajuda a Deus:
“O exemplo clássico de pedir com fé é o da Primeira Visão de Joseph Smith. Quando jovem, Joseph estava em busca da verdade sobre religião e leu os seguintes versículos no primeiro capítulo de Tiago.
‘E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.
Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando’ (Tiago 1:5–6).
Observem o requisito de pedirmos com fé, o que para mim significa não apenas verbalizar, mas fazer, o dever duplo de suplicar e realizar, a exigência de comunicar e agir. (…)
Há muito trago gravada em meu ser a verdade de que para que a oração seja significativa são indispensáveis tanto a comunicação sagrada como as ações consagradas. Para recebermos uma bênção é preciso alguma ação ou esforço de nossa parte, e a oração, como uma forma de ação, é um dos meios indicados para a obtenção da mais elevada de todas as bênçãos (ver Bible Dictionary, “Prayer”, p. 753). Prosseguimos e perseveramos na ação consagrada de orar após dizermos ‘amém’ quando fazemos algo em relação ao que dissemos ao Pai Celestial.
Pedir com fé exige honestidade, esforço, compromisso e persistência”(A Liahona, maio de 2008, p. 94).
A fé abre portas. [5.1.3]
O Presidente Harold B. Lee (1899–1973) externou sua convicção de que, quando fizermos tudo a nosso alcance para localizar as informações necessárias de nossos parentes falecidos, o Senhor nos abrirá as portas para encontrarmos os dados que buscamos:
“[Em nossa pesquisa genealógica] o Senhor só abre as portas depois de fazermos o máximo de esforço possível. Precisamos ir até o ponto que pudermos e então ter fé suficiente para pedir ao Senhor que mostre novos caminhos para que demos o passo seguinte. E poderemos receber informações de fontes que revelarão que de fato o céu e a Terra não estão distantes.
Muitos de vocês já viveram o bastante para presenciar o falecimento de pessoas queridas. Vocês já devem, em algumas ocasiões, ter tido a certeza da proximidade delas. E às vezes elas lhes trouxeram informações que vocês não teriam como obter de outra forma.
Tenho uma convicção — baseada em experiências — que me levam a prestar testemunho de que sei que existem forças além desta vida que estão trabalhando a nosso lado. (…)
Tenho a fé simples de que quando fizermos tudo a nosso alcance para buscar todas as oportunidades possíveis, o Senhor nos ajudará a abrir as portas para progredirmos em nossa pesquisa de história da família, e os céus colaborarão, tenho certeza” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Harold B. Lee, 2000, p. 104).
Ao Agirmos com Fé, Podemos Receber Inspiração do Espírito Santo para Nos Ajudar a Fazer o Trabalho de História da Família [5.2]
Faça jus ao auxílio do Espírito Santo. [5.2.1]
O Élder David A. Bednar explicou o que precisamos fazer para receber ajuda do Espírito Santo:
“Estas quatro palavras — ‘Recebe o Espírito Santo’ — não são uma afirmação passiva, mas sim, uma injunção do sacerdócio — uma admoestação autorizada para agir, e não simplesmente para receber a ação (ver 2 Néfi 2:26). O Espírito Santo não Se torna operante em nossa vida pela mera imposição de mãos e pelo pronunciamento dessas quatro palavras importantes. Ao receber essa ordenança, cada um de nós aceitou uma responsabilidade sagrada e contínua de desejar, buscar, trabalhar e viver de modo a realmente ‘receber o Espírito Santo’ e os dons espirituais que o acompanham. (…)
O que devemos fazer para tornar essa admoestação autorizada de buscar a companhia do terceiro membro da Trindade uma realidade contínua? Gostaria de sugerir que precisamos (1) desejar sinceramente receber o Espírito Santo; (2) convidar devidamente o Espírito Santo para nossa vida; e (3) obedecer fielmente aos mandamentos de Deus” (A Liahona, novembro de 2010, p. 94).
Ao seguir os conselhos do Élder Bednar, você permitirá que o Espírito Santo lhe conceda inspiração para ajudá-lo a atingir seus objetivos no trabalho de história da família.
O dom do Espírito Santo às vezes é chamado de “indescritível dom”. [5.2.2]
Tornamo-nos dignos da orientação do Espírito Santo em nosso trabalho de história da família ao preenchermos os requisitos desse dom sagrado. O Élder Joseph B. Wirthlin (1917–2008), do Quórum dos Doze Apóstolos, observou que, quando essas condições são satisfeitas, o Espírito Santo pode nos abençoar de várias formas:
“Em Doutrina e Convênios, o Senhor chama do dom do Espírito Santo de ‘indescritível dom’ [D&C 121:26]. É a fonte do testemunho e de dons espirituais. Ilumina a mente, enche nossa alma de alegria [ver D&C 11:13], ensina-nos todas as coisas e faz-nos lembrar de tudo o que aprendemos e esquecemos [ver João 14:26]. O Espírito Santo também [mostra-nos] ‘todas as coisas que [devemos] fazer’ (2 Néfi 32:5) (…)
O Presidente Gordon B. Hinckley ensina-nos: ‘Que grande bênção é podermos ter a influência ministradora de um membro da Deidade’ [Teachings of Gordon B. Hinckley (1997), p. 259]. Pensem no que isso significa, a capacidade e o direito de receber o ministério de um membro da Deidade, de estar em comunhão com a sabedoria infinita, com o conhecimento infinito, com o poder infinito!” (A Liahona, maio de 2003, p. 26).
A revelação vem de diferentes formas. [5.2.3]
À medida que você procurar os registros de seus parentes falecidos, o Espírito Santo poderá Se comunicar com você de várias maneiras. Sempre Fiéis: Tópicos do Evangelho lista algumas maneiras pelas quais é possível receber revelação do Espírito Santo:
“[Ele fala] à mente e ao coração com uma voz mansa e delicada. (…) Às vezes o Espírito Santo nos ajuda a entender uma verdade do evangelho ou nos dá uma percepção que ‘parece ocupar [nosso] pensamento e impor-se a [nossos] sentimentos’ (D&C 128:1). Embora uma revelação dessas possa ter um poderoso efeito sobre nós, as revelações quase sempre vêm de maneira tranquila, como uma ‘voz mansa e delicada’ (ver I Reis 19:9–12; Helamã 5:30; D&C 85:6).
Inspira-nos por meio do que sentimos. Embora descrevamos a comunicação do Espírito como uma voz, essa voz é mais sentida do que ouvida. E se por vezes falamos de ‘ouvir’ os sussurros do Espírito Santo, normalmente descrevemos uma inspiração espiritual dizendo: ‘Senti que (…)’ (…)
Traz paz. O Espírito Santo é frequentemente chamado de Consolador (ver João 14:26; D&C 39:6). Quando Ele revelar a vontade do Senhor para você, dará ‘paz a [sua] mente’ (D&C 6:23). A paz que Ele dá não pode ser imitada por influências mundanas ou falsos ensinamentos” (2004, pp. 158–159).
A orientação do Espírito nos ajuda a fazer o trabalho de história da família. [5.2.4]
O Presidente Thomas S. Monson falou da ordem de realizarmos o trabalho de história da família e ilustrou como a orientação do Espírito pode ajudar-nos a cumprir esse mandamento:
“O trabalho de buscar nossos mortos e assegurar-nos de que as ordenanças de exaltação sejam realizadas a seu favor é um mandamento de nosso Pai Celestial e Seu Amado Filho. Eles não nos deixaram sozinhos, mas, de maneiras algumas vezes impressionantes, preparam o caminho e respondem a nossas orações. (…)
Quando servi como presidente da Missão Canadense, com sede em Toronto, Canadá, havia na área da missão uma irmã muito dedicada ao trabalho de história da família chamada Myrtle Barnum. Como ela era fiel a esse trabalho sagrado! Ela tinha acumulado muitos dados sobre a região do Rio São Lourenço, mas chegara ao fim da linha. Não sabia a quem recorrer. Estudou. Pesquisou. Orou. Mas nunca desistiu. E embora estivesse frustrada, após vários meses cansativos, devido à aparente impossibilidade de encontrar os dados necessários, nunca perdeu a esperança.
Certo dia, ao passar perto de um brechó sentiu-se compelida a entrar. Ao olhar as prateleiras de cima a baixo, notou um conjunto de livros que lhe chamou a atenção. Ela jamais conseguirá dizer por que fez isso, a não ser que o Senhor a inspirou. O título desses livros era: A Vida dos Pioneiros na Baía de Quinte, volumes 1 e 2. Parecia título de romance. Ela estendeu a mão e pegou os dois volumes empoeirados da prateleira e, ao abri-los, ficou espantada. (…) Aqueles livros eram registros genealógicos de todos os habitantes da Baía de Quinte desde a época em que fora possível manter registros. Ao examinar os livros apressadamente página após página, ela encontrou as informações que reabriram suas linhas de história da família, assim suas pesquisas poderiam continuar.
Um quórum de élderes da área levantou a considerável quantia necessária para ela comprar aqueles dois livros. Eles foram enviados à sede da Igreja em Salt Lake City, e recebi uma carta indicando que esses livros tinham possibilitado concluir as pesquisas ligadas a milhares de pessoas que tinham passado para o outro lado do véu. Um grande número de pessoas se alegrou ao tomar conhecimento desse tesouro relacionado a suas linhagens familiares, inclusive o Presidente Henry D. Moyle [membro da Primeira Presidência de 1959 a 1963]. Um de seus avós vinha justamente daquela região. Tudo isso aconteceu porque uma serva do Senhor cheia de fé se recusara a desistir, a desanimar, a dizer: ‘Não posso fazer mais nada’” (“Happy Birthday”, Ensign, março de 1995, pp. 58, 60).
“Você não está a serviço do Senhor?” [5.2.5]
O Élder John A. Widtsoe (1872–1952), do Quórum dos Doze Apóstolos, registrou a seguinte experiência de quando foi guiado pelo Espírito para localizar livros que continham importantes registros genealógicos:
“Nenhum outro trabalho que já realizei na Igreja é tão cheio de testemunhos da divindade dessa obra quanto o humilde trabalho que fiz em prol da salvação de nossos mortos. Eu poderia contar-lhes várias experiências, mas a mais marcante aconteceu há alguns anos quando acompanhei o irmão Reed Smoot à Europa.
Ao chegarmos a Estocolmo, enquanto ele cuidava de outros afazeres decidi sair em busca de livros sobre genealogia sueca. Eu sabia o nome das duas maiores livrarias de Estocolmo. Fui a uma delas, fiz minhas escolhas e, em seguida, iniciei a travessia da cidade para chegar à outra livraria na esperança de encontrar mais livros úteis. Ao percorrer apressadamente a rua cheia de gente, parei de repente ao ouvir uma voz que me disse: ‘Atravesse a rua e pegue aquela outra rua lateral estreita’. Olhei na direção indicada e vi uma ruazinha estreita. Eu nunca estivera em Estocolmo antes. Pensei: Isso tudo é absurdo, não tenho muito tempo. Não vou pegar essa rua, tenho de fazer meu trabalho, e segui em frente.
Quase imediatamente, a voz voltou, tão distinta quanto qualquer voz que eu já ouvira. Em seguida perguntei a mim mesmo: Qual é sua missão nesta cidade? Você não está a serviço do Senhor? E atravessei a rua, peguei a ruazinha estreita e lá, a meio do caminho, encontrei uma pequena livraria que eu não conhecia. Quando perguntei a respeito de livros sobre genealogia, a vendedora respondeu: ‘Não trabalhamos com livros de genealogia. Quando recebemos livros desse assunto, mandamos para a livraria’ — e citou o nome da livraria que eu já pretendia visitar. Então, quando eu estava prestes a ir embora, decepcionado, ela disse: ‘Espere aí. Um grande colecionador de livros que era genealogista morreu há cerca de um mês e compramos sua biblioteca. Muitos de seus livros genealógicos estão na sala dos fundos prontos para ser encaminhados para a outra livraria, mas se o senhor quiser comprá-los, fique à vontade’.
Assim conseguimos iniciar a seção de genealogia sueca de nossa biblioteca. Eu poderia relatar muitas experiências desse tipo” (“Genealogical Activities in Europe”, The Utah Genealogical and Historical Magazine, julho de 1931, p. 101; texto dividido em parágrafos; também citado em Boyd K. Packer, The Holy Temple, 1980, pp. 245–246).
“Algo dentro de minha alma me dizia que havia algo mais que eu poderia fazer.” [5.2.6]
A história a seguir ilustra como o Espírito Santo pode atuar em nosso coração para motivar-nos e ajudar-nos a fazer o trabalho de história da família:
“Cerca de dois anos, numa aula da Escola Dominical, o professor nos incentivou a fazer nossa pesquisa de história da família. Dirigiu a mensagem a todos na classe, mas senti que me caía como uma luva. Eu sentia que já cumprira meu dever e muito mais. Eu já tinha chegado o mais longe possível em minhas linhagens familiares e não havia mais nada que eu pudesse fazer.
Saí da aula contrariado. (…) Eu sentia que já fizera o suficiente, mas algo dentro de minha alma me dizia que havia algo mais que eu poderia fazer.
Eu sabia que não poderia racionalizar minha culpa. Eu não estava em paz. Com a mente a mil por hora, lembrei-me de uma amiga com quem eu servira num comitê de história da família. Ela me incentivara a reservar algumas horas por semana à pesquisa de história da família e garantiu que eu me tornaria mais eficaz nas outras coisas que eu fizesse. Eu gostava daquela irmã, mas não queria acreditar no que me prometera.
Então, ao pensar e me preocupar, tive uma revelação serena e simples: Para fazer a pesquisa de história da família eu não precisava abrir mão de escrever ou pintar. Bastava dedicar-me ao trabalho todas as manhãs de segunda-feira das 8h ao meio-dia. Assim me sobraria tempo para pintar, escrever, servir como selador do templo e participar de uma sessão de investidura do templo por semana.
Decidi que estava na hora de pôr mãos à obra e me livrar daquela culpa persistente. Olhei para o outro lado da sala e vi o irmão Ricks, um dos consultores de história da família da ala. Ele tinha bastante experiência em pesquisa e se oferecera muitas vezes para me ajudar.
Externei para ele meus sentimentos e desejos, e ele concordou em me ajudar todas as segundas-feiras de manhã. A caminho de casa naquele domingo, lembrei que minha mãe certa vez mandara dinheiro a um pesquisador na Inglaterra para que trabalhasse na linhagem familiar dela, a da família Mayne, mas ele nunca conseguira encontrar o local de casamento ou nascimento de seu terceiro bisavô. Então decidi começar minha pesquisa nesse ponto, determinado a dar o melhor de mim.
Em nosso primeiro encontro, mostrei ao irmão Ricks a linhagem Mayne. Quando começamos as pesquisas, sabíamos que meu terceiro bisavô, George, vivera muitos anos em Wath, Yorkshire, Inglaterra, mas não havia nenhum registro de seu nascimento ou casamento lá. Registros paroquiais mostravam que William, meu segundo bisavô, tinha um pai chamado George, cuja esposa se chamava Mary, mas não sabíamos seu sobrenome.
Estimamos que o casamento teria acontecido por volta de 1785. Fizemos uma busca geral por George Mayne e encontramos uma lista para um George Mayen casado com uma Mary Holdridge em 1781. Como Mayen é um erro ortográfico comum de Mayne, demos continuidade a essa linha de pesquisa. O registro indicava que eles tinham se casado em Northallerton, Yorkshire. Olhamos um mapa e descobrimos que Northallerton ficava a vinte quilômetros de Wath. Também ficamos intrigados por sabermos que George era casado com uma Mary.
Em seguida, encontramos uma Mary Holdridge no Índice Genealógico Internacional que havia sido batizada em Wath e percebemos que era bem provável que tivéssemos encontrado o George e a Mary que tanto buscávamos.
Ficamos sabendo que os registros paroquiais de Northallerton ainda não tinham sido extraídos, então na segunda-feira seguinte fomos à Biblioteca de História da Família da Igreja, em Salt Lake City, e consultamos os registros em microfichas. Fiquei exultante ao encontrar o casamento de George Mayen com Mary Holdridge. O irmão Ricks também procurou registros de batismo e encontrou o nascimento de George e de quatro de seus irmãos, filhos de George Mayen e Catherine Aston. E depois achei o casamento deles!
Acho que essas eram as pessoas que tinham me feito sentir culpa quando eu me recusara a me envolver! Agora que as encontrei, é bem provável que outros antepassados também me deixem irrequieto. Mas vou continuar a dedicar minhas manhãs de segunda-feira à pesquisa de história da família. De alguma forma, sinto-me melhor em relação à vida e com mais autoestima. Minha culpa foi embora, substituída por entusiasmo e amor” (George D. Durrant, “My Guilt Was Swept Away”, Ensign, janeiro de 2009, pp. 34–35).
“O nome quase saltou da página.” [5.2.7]
Um exemplo de alguém que recebeu ajuda notável do Senhor depois de exercer fé aparece nessa história sobre a extração de nomes — hoje conhecida como “indexação” — no trabalho de história da família:
“A página estava desbotada e amarelada, e furos irregulares e protuberantes permeavam as linhas tortuosas. Era o registro de um batizado realizado na Espanha 511 anos antes, no dia 19 de fevereiro.
Tinha sido bastante fácil decifrar essa data. Um esforço concentrado, beneficiado por anos de experiência e uma fervorosa oração, havia finalmente lhe permitido identificar o nome do pai e depois da mãe. Mas o nome do filho simplesmente não estava lá. Os anos, o mofo e ratos e insetos famintos tinham roído a página, deixando-a ilegível.
A extratora tinha tentado achar esses dados no microfilme na véspera e, depois de um esforço diligente, fora para casa, determinada a voltar a ele após um dia de oração e jejum. Mas no dia seguinte o registro continuava ilegível. Ela tinha passado para outros documentos, mas no decorrer da tarde várias vezes foi impelida a voltar àquele registro. Por fim, ela decidiu fazer uma última tentativa antes de tirar da mente aquele registro desconcertante.
Quando ela virou a maçaneta do microfilme, o nome quase saltou da página. Incrédula, ela olhou fixamente as letras formadas com perfeita nitidez.
‘Elena Gallegos, o nome é Elena Gallegos’, exclamou ela em voz alta, cheia de entusiasmo. Um grupo de extratores, ciente da dificuldade que ela enfrentara, rapidamente se aglomerou em volta dela, maravilhado com o nome que aparecia no terminal com tanta clareza.
Ao copiar o nome apressadamente, ela sentiu uma cálida presença envolvê-la. ‘Senti como se estivesse sendo abraçada’, explicou ela depois. Posteriormente, ao voltar ao registro para verificar mais uma vez seu trabalho, as palavras tornaram a ficar ilegíveis” (Derin Cabeça Rodriguez, “More than Names”, Ensign, janeiro de 1987, p. 12).
Os Desejos Justos de Nossos Antepassados no Mundo Espiritual Podem Influenciar Nossos Esforços de História da Família [5.3]
Podemos receber orientação vinda do outro lado do véu. [5.3.1]
O Élder Melvin J. Ballard (1873−1939), do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou sobre uma influência orientadora de nossos antepassados que pode nos ajudar a alcançar nossas metas no trabalho de história da família: “Há milhares, centenas de milhares, milhões deles no mundo espiritual que anseiam por receber este evangelho e estão esperando sua libertação há séculos. Eles estão aguardando por vocês. Estão orando para que o Senhor desperte em seu coração o interesse de ajudá-los. Eles sabem onde estão os registros deles, e testifico a vocês que o espírito e a influência de seus mortos guiará aqueles que estiverem interessados em encontrar esses registros. Se houver qualquer coisa em qualquer lugar da Terra que diga respeito a eles, vocês encontrarão. Esta é minha promessa a vocês. Mas vocês precisam começar a trabalhar. Precisam começar a pesquisar sobre seus mortos. E à medida que seu coração se voltar para eles, vocês se imbuirão do espírito desse trabalho, e as portas se abrirão de maneira maravilhosa. E se houver evidências a respeito deles na face da Terra, por menores que sejam, vocês as encontrarão. Quando tivermos feito tudo a nosso alcance, o Senhor intervirá para nos socorrer. (…) Se tivermos feito o melhor de nós e pesquisado e descoberto tudo o que estiver disponível, dia virá em que Deus abrirá e partirá o véu, e os registros (…) serão revelados” (Bryant S. Hinckley, Sermons and Missionary Services of Melvin Joseph Ballard, 1949, p. 230).
Em outra ocasião, o Élder Ballard disse: “Gostaria de dizer-lhes que o coração dos pais e das mães no mundo espiritual está voltado para seus filhos com intensidade muito maior do que nosso coração está voltado para eles” (Hinckley, Sermons and Missionary Services of Melvin Joseph Ballard, p. 249).
Trabalha-se em ambos os lados do véu. [5.3.2]
O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) confirmou que, quando se exercer fé em ambos os lados do véu, serão disponibilizados meios de libertar as pessoas que estão na prisão espiritual: “Meu avô, filho único, procurou ao longo de toda a vida reunir seus registros genealógicos e, ao morrer, em 1868, só conseguira estabelecer sua linhagem até a segunda geração acima dele. Tenho certeza de que a maioria dos membros de minha família sente o mesmo que eu — que havia um tênue véu entre ele e a Terra depois que ele passara para o outro lado, e o que ele não conseguira fazer como mortal talvez conseguisse depois de ir para a eternidade. Depois que ele faleceu, homens da família ficaram imbuídos do espírito da pesquisa — familiares no Oeste e dois parentes distantes, não membros da Igreja, no Leste. Durante sete anos, esses dois homens — Morrison e Sharples — que não se conheciam nem conheciam os familiares no Oeste coletaram informações genealógicas. Depois de sete anos, eles acabaram por se conhecer e depois trabalharam juntos por três anos. A família sente definitivamente que o espírito de Elias estava em ação do outro lado e que nosso avô conseguira inspirar homens deste lado do véu a buscar esses registros e, por conta disso, dois grandes volumes estão de nossa posse com cerca de 20 mil nomes ” (The Teachings of Spencer W. Kimball, ed. Edward L. Kimball, 1982, p. 543).
“Tenho três volumes de nomes que estão prontos.” [5.3.3]
A. J. Graham registrou a história a seguir sobre uma visita de seus pais falecidos que ilustra a fé exercida por aqueles que aguardam a realização de suas ordenanças:
“Certa noite, quando estava hospitalizado após uma operação e orando, senti uma presença em meu quarto. Abri os olhos e o quarto estava iluminado, a porta estava fechada e perto de minha cama estava minha mãe. Ela sorriu e disse:
‘Alegra-me ver que você está melhor’. Nas mãos ela trazia um livro. Perguntei o que era. Respondeu que era um livro de genealogia. Meu pai apareceu em seguida com três livros na mão, dizendo: ‘Estou feliz por você estar melhor’.
‘Você precisa sarar, pois tenho três volumes de nomes que estão prontos para as ordenanças do Templo. Nossas linhagens familiares estão todas interligadas para você fazer o trabalho por elas. Se você quiser, as portas se abrirão’.
Perguntei como eu encontraria aqueles registros. Ele respondeu: ‘Se você trabalhar no Templo, saberá, mas haverá um custo financeiro’. Eu disse: ‘Pai, não tenho dinheiro e estou sem trabalho desde o dia 1º de maio.
Ele retrucou: ‘Não se preocupe, meu menino, o dinheiro fluirá se você estiver determinado a trabalhar no Templo pelas pobres pessoas que estão estagnadas, sem poder seguir em frente. Elas oram com fervor por você para que tenha dinheiro e supra as necessidades básicas da vida e para que seu coração seja tocado para que realize esse trabalho por elas — com o mesmo fervor e a mesma sinceridade com que você ora pelas coisas de que precisa. Não esqueça que elas não podem progredir antes de o trabalho do templo ser realizado por elas’.
Com um sorriso de confiança e satisfação, ambos desapareceram de minha visão mortal” (“Bishop Graham Recounts Rare Genealogical Experience”, Church News, 25 de junho de 1932, p. 2).