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O Mundo Espiritual e a Redenção dos Mortos
Introdução
Jesus Cristo abriu as portas para a pregação do evangelho no mundo espiritual (ver I Pedro 3:18–20; D&C 138:16–19). Embora o evangelho possa ser aceito pelos espíritos no mundo espiritual, as ordenanças de salvação precisam ser realizadas por eles aqui na Terra. Os profetas modernos revelaram que muitos no mundo espiritual estão ansiosos para que as ordenanças sejam realizadas em favor deles. Ao estudar o material deste capítulo e renovar seus esforços para ajudar no trabalho de salvação para os mortos, pense nas bênçãos e alegrias ligadas ao trabalho de levar almas a Cristo (ver D&C 18:15–16).
Comentários
Por meio da Expiação de Jesus Cristo, Todos os Filhos de Deus Podem Ser Salvos pela Obediência às Leis e Ordenanças do Evangelho [9.1]
A Expiação de Jesus Cristo desempenha um papel central no plano de salvação. [9.1.1]
O plano de nosso Pai Celestial para a redenção de Seus filhos é conhecido por vários títulos nas escrituras, como “plano de salvação” (Moisés 6:62), “o grande plano de felicidade” (Alma 42:8) e o “plano de redenção” (Alma 39:18). Tanto a Criação quanto a Queda são partes essenciais do plano de nosso Pai Celestial, mas o ponto principal é a Expiação de Jesus Cristo.
O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou: “O fato central, o alicerce crucial, a doutrina principal e a maior expressão do amor divino no plano eterno de salvação — verdadeiramente um ‘plano de felicidade’, como Alma o chamou [Alma 42:8]— é a Expiação do Senhor Jesus Cristo. Muito aconteceu antes e depois, mas sem esse ato fundamental, esse momento de triunfo pelo qual somos libertados da escravidão espiritual do pecado e das cadeias físicas da sepultura (em ambos os casos se trata inegavelmente de morte), não haveria sentido no plano da vida e, sem dúvida, nenhuma felicidade suprema nela ou depois” (Christ and the New Covenant: The Messianic Message of the Book of Mormon, 1997, p. 197).
O Élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, também ensinou a importância da Expiação para o plano:
“Dizemos, com justificado orgulho e completa verdade, que temos o evangelho eterno, o plano eterno de salvação estabelecido por de Deus, o plano elaborado pelo grande Eloim para levar a efeito a imortalidade e a vida eterna de todos os Seus filhos espirituais, os habitantes deste minúsculo planeta e de todos os mundos infinitos criados por Sua mão. (Moisés 1:29–39.) (…)
(…) O Unigênito veio resgatar o homem decaído e expiar os pecados do mundo — tudo a fim de que ‘todos os que cressem e fossem batizados em seu santo nome e perseverassem com fé, até o fim, fossem salvos’ [D&C 20:25]. O plano de salvação, concebido pelo Pai, concretizou-se assim por meio da Expiação de Seu Filho” (The Promised Messiah: The First Coming of Christ, 1978, pp. 284, 287–288).
“Estreita é a porta (…) que leva à vida.” [9.1.2]
O Élder D. Todd Christofferson, do Quórum dos Doze Apóstolos, testificou que Jesus, nosso Redentor, tem a autoridade para estabelecer as condições para a salvação e que não há exceções em Suas condições:
“Jesus confirmou que ‘estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida’ [Mateus 7:14]. Ele disse especificamente que ‘aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus’ [João 3:5]. Isso significa que devemos ‘arrepender-nos, e cada um de nós ser batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e receberemos o dom do Espírito Santo’ [Atos 2:38]. (…)
Não há exceções; não há necessidade delas. Todos os que crerem e forem batizados, inclusive os que forem batizados por procuração, e perseverarem até o fim, serão salvos, “não somente os que creram após [a] vinda [de Cristo] na carne, no meridiano dos tempos, mas todos, desde o princípio, sim, todos os que existiram antes de sua vinda” [D&C 20:26]. Por essa razão o evangelho é pregado ‘também aos mortos, para que, na verdade, [sejam] julgados segundo os homens na carne, mas [vivam] segundo Deus em espírito’ [I Pedro 4:6]” (Conference Report, outubro de 2000, p. 10; ou A Liahona, janeiro de 2001, p. 10).
Os requisitos para a salvação são os mesmos para todos. [9.1.3]
Como “Deus não faz acepção de pessoas” (Atos 10:34; ver também Romanos 2:11; D&C 1:35), os termos e as condições para a salvação são os mesmos para todos os Seus filhos, seja qual for a época em que tenham vivido. O Élder David B. Haight (1906–2004), do Quórum dos Doze Apóstolos, falou da coerência do plano de salvação e enumerou algumas das condições para sua administração:
“Cremos que Cristo veio ao mundo para resgatar a humanidade da morte física e espiritual trazida ao mundo pela queda de Adão, para que por meio do derramamento de Seu sangue inocente toda a humanidade fosse levantada em imortalidade e para que quem acreditasse e cumprisse Suas leis fosse erguido para a vida eterna.
A salvação é administrada nos mesmos termos e nas mesmas condições em todas as épocas. Os homens precisam ter fé Nele, arrepender-se de seus pecados, ser batizados em Seu nome, receber o dom do Espírito Santo e permanecer firmes para ganhar a vida eterna.
O Senhor Deus enviou Seus santos profetas entre todos os homens em todas as épocas para declarar essas coisas, assim como o faz hoje (ver Mosias 3:13)” (Conference Report, abril de 1988, pp. 24–25; ou Ensign, maio de 1988, p. 22).
As ordenanças do evangelho são vitais para a salvação. [9.1.4]
Os requisitos para a salvação incluem o recebimento das ordenanças necessárias. O Presidente Boyd K. Packer, do Quórum dos Doze Apóstolos, incentivou-nos a ser dignos de todas as ordenanças a nosso alcance neste ponto de nossa vida e a depois as pôr ao alcance dos membros de nossa família — tanto vivos quanto mortos:
“Para explicar um pouco do significado das ordenanças, começo com a terceira regra de fé: ‘Cremos que, por meio da Expiação de Cristo, toda a humanidade pode ser salva pela obediência às leis e ordenanças do evangelho’. (…)
Cada santo dos últimos dias deve perguntar-se: Minha vida está em ordem? Realizei todas as ordenanças do evangelho que deveria, a esta altura de minha vida? Elas são válidas?
Se responderem afirmativamente a essas perguntas, e se as ordenanças foram realizadas sob o poder e autoridade seladores, elas permanecerão intactas eternamente. Nesse caso, até este ponto, sua vida estará na devida ordem. Assim, você fará bem em pensar em seus familiares, vivos e mortos, tendo em mente as mesmas perguntas” (“Venham ao Templo”, A Liahona, outubro de 2007, p. 14).
Entre a Morte e a Ressurreição do Corpo Físico, o Espírito Vive no Mundo Espiritual e Tem a Oportunidade de Continuar a Progredir Rumo à Perfeição [9.2]
Nosso espírito continua a viver. [9.2.1]
A morte é uma parte importante do plano de salvação, um passo necessário para voltarmos à presença de nosso Pai Celestial. “Quando o corpo físico morre, o espírito continua vivo. No mundo espiritual, o espírito daquele que é justo ‘será recebido num estado de felicidade, [num lugar] que é chamado paraíso, um estado de descanso, um estado de paz, onde descansará de todas as suas aflições e de todos os seus cuidados e tristezas’ (Alma 40:12). Um local denominado prisão espiritual está reservado para aqueles que [morrem] em seus pecados, sem conhecimento da verdade ou em transgressão, tendo rejeitado os profetas’ (D&C 138:32)” (Sempre Fiéis: Tópicos do Evangelho, 2004, p. 114).
O mundo espiritual fica perto deste mundo. [9.2.2]
O Presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) usou as palavras de Brigham Young para ajudar a ensinar a respeito da relação entre o mundo espiritual e este mundo:
“O mundo espiritual não está longe. Do ponto de vista do Senhor, em ambos os lados do véu o trabalho é o mesmo. Às vezes, o véu entre esta vida e a do outro lado torna-se extremamente tênue. Eu sei disso! Nossos entes queridos que nos deixaram não estão longe de nós.
Um Presidente da Igreja perguntou: ‘Onde está o mundo espiritual?’ e depois respondeu a sua própria pergunta: ‘É aqui mesmo. (…) Os [espíritos] vão além dos limites desta Terra organizada? Não, não vão. São trazidos para esta Terra com o propósito expresso de habitá-la por toda a eternidade’. Disse também: ‘(…) Se o Senhor permitisse e se fosse da vontade Dele, vocês conseguiriam ver os espíritos que partiram deste mundo com a mesma nitidez com que enxergam agora corpos com seus olhos naturais’” (Brigham Young, Journal of Discourses, vol. 3, pp. 369, 368). (“Because I Live, Ye Shall Live Also”, Ensign, abril de 1993, p. 4).
O espírito é semelhante ao corpo. [9.2.3]
Quando apareceu ao irmão de Jarede, Jesus Cristo apareceu com Seu corpo espiritual pré-mortal. Nessa ocasião, disse ao irmão de Jarede:
“Vês que foste criado segundo minha própria imagem? Sim, todos os homens foram criados, no princípio, a minha própria imagem.
Eis que este corpo que ora vês é o corpo do meu espírito; e o homem foi por mim criado segundo o corpo do meu espírito; e assim como te apareço em espírito, aparecerei a meu povo na carne” (Éter 3:15–16).
O Élder Mark E. Petersen (1900–1984), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou que o corpo físico e nosso espírito têm aparência semelhante: “Cada um de nós é um espírito, e nosso espírito ocupa um corpo de carne e ossos. O espírito é a verdadeira pessoa. Nosso espírito se parece com nosso corpo, ou melhor, nosso corpo ‘adaptou-se’ para encaixar-se em nosso espírito. O espírito foi criado à imagem e semelhança de Deus, e o corpo, se normal, à imagem e semelhança do espírito” (The Way of the Master, 1974, p. 124; ver também 1 Néfi 11:11).
Nossas atitudes e inclinações não mudam. [9.2.4]
Ao ensinar sobre a importância do arrependimento durante a mortalidade, Amuleque, um missionário do Livro de Mórmon, ensinou: “O mesmo espírito que possuir vosso corpo quando deixardes esta vida (…) terá poder para possuir vosso corpo naquele mundo eterno” (Alma 34:34). O Élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou ainda: “A vida, o trabalho e a atividade continuam todos no mundo espiritual. Os homens têm lá os mesmos talentos e a mesma inteligência que tinham nesta vida. Possuem lá as mesmas atitudes, inclinações e sentimentos que demonstravam em vida. Acreditam nas mesmas coisas, no que tange às verdades eternas. Com efeito, continuam a trilhar o mesmo caminho que estavam seguindo nesta vida” (Mormon Doctrine, 2ª ed., 1966, p. 762).
O progresso rumo à exaltação leva tempo. [9.2.5]
Um dos propósitos de nossa existência mortal é progredirmos para nos tornarmos mais semelhantes a nosso Pai Celestial. Embora entremos no mundo espiritual com as mesmas tendências que apresentamos na mortalidade, há oportunidades de crescimento e progresso lá. O Profeta Joseph Smith (1805–1844) explicou a natureza gradativa de nosso crescimento depois de morrermos: “Quando subimos uma escada, somos obrigados a começar de baixo e subir degrau por degrau, até chegar ao alto; o mesmo acontece com os princípios do Evangelho — devemos começar com o primeiro e continuar subindo até que tenhamos aprendido todos os princípios de exaltação. Mas só muito tempo depois de termos passado pelo véu é que os aprenderemos. Não compreenderemos tudo neste mundo; teremos muito trabalho para aprender nossa salvação e exaltação, mesmo depois da morte” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 280).
As provações e os testes continuam. [9.2.6]
O Élder Neal A. Maxwell (1926–2004), do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou que nosso período de provações e testes continua após a morte:
“Às vezes na Igreja nos expressamos mal (…), como se as pessoas que morrem fossem imediatamente para o reino celestial para desfrutar sem demora a presença plena de Deus. Tendemos a ignorar a realidade de que o mundo espiritual e o paraíso na verdade fazem parte do segundo estado. A obra do Senhor, no tocante ao segundo estado, termina antes do Juízo e da Ressurreição. (…)
Tudo indica que o véu do esquecimento do primeiro estado não será retirado de modo súbito, automático e total por ocasião de nossa morte física. Esse véu, inerente a todo o nosso segundo estado, faz parte integrante de nosso período mortal de provações, testes, tribulações e superação pela fé — e assim continuará em alguns aspectos-chave também no mundo espiritual. (…)
Assim, se não for deste lado do véu, então depois, no mundo espiritual vindouro, o evangelho será pregado a todos, inclusive todos os transgressores, rebeldes e todos os que rejeitaram os profetas, juntamente com todos os bilhões que morreram sem conhecimento do evangelho (D&C 138)” (The Promise of Discipleship, 2001, pp. 119, 122).
Jesus Cristo Iniciou a Pregação do Evangelho para as Pessoas na Prisão Espiritual [9.3]
O Presidente Joseph F. Smith teve uma visão sobre a redenção dos mortos. [9.3.1]
Quando Jesus Cristo apareceu a Maria Madalena após Sua Ressurreição, disse: “Ainda não subi para meu Pai” (João 20:17). Enquanto o corpo de Jesus jazia na sepultura, Seu espírito visitou o mundo espiritual. Aprendemos detalhes sobre a visita do Salvador ao mundo espiritual em Doutrina e Convênios 138, uma visão concedida ao Presidente Joseph F. Smith (1838–1918).
O Presidente Smith teve muito contato com a morte durante sua vida. Seu pai, Hyrum Smith, sofreu o martírio com o Profeta Joseph Smith na Cadeia de Carthage quando o jovem Joseph F. tinha cinco anos de idade. Sua mãe, Mary Fielding Smith, morreu quando ele tinha 13 anos. E dez de seus filhos morreram na infância. A morte de seus filhos foi motivo de extrema tristeza para o Presidente Smith, como registrou seu filho Joseph Fielding Smith: “Quando a morte invadia seu lar, como ocorreu tantas vezes, e seus pequeninos eram tirados de seu convívio, ele ficava com o coração partido e chorava, não como os enlutados que vivem sem esperança, mas devido à perda de suas ‘joias preciosas’ que lhe eram mais caras que a própria vida” (Life of Joseph F. Smith, 1938, p. 455).
No início de 1918 uma epidemia mundial de gripe espanhola não parava de se alastrar e resultou na morte de muitos milhões de pessoas. A Primeira Guerra Mundial também estava em curso e custaria 16 milhões de vidas. Então, em 23 de janeiro de 1918, o Élder Hyrum Mack Smith, filho amado do Presidente Joseph F. Smith e membro do Quórum dos Doze Apóstolos, morreu aos 45 de idade devido à ruptura do apêndice. O Presidente Smith, que tinha 80 anos na época da morte desse filho, sofreu sobremaneira com a perda e adoeceu gravemente. Ficou muito tempo confinado a seu quarto. Disse o seguinte sobre esse período de provação: “Não estive sozinho nestes cinco meses. Fiquei em espírito de oração, de súplica, de fé e determinação e comuniquei-me com o Espírito do Senhor continuamente” (Conference Report, outubro de 1918, p. 2).
Em 3 de outubro de 1918, durante sua doença, o Presidente Smith estava refletindo sobre a Expiação e o amor do Pai Celestial e do Salvador (ver D&C 138:1–3). Ao ponderar, teve uma “visão da redenção dos mortos” (D&C 138:60) que acrescenta conhecimento e esclarecimentos sobre a salvação para os mortos. O Presidente Smith aprendeu que, após Sua morte, o Salvador apareceu para os “espíritos dos justos, que foram fiéis no testemunho de Jesus enquanto viveram na mortalidade” (ver D&C 138:12–18) e “organizou suas forças e designou mensageiros, revestidos de poder e autoridade, e comissionou-os para levar a luz do evangelho aos que estavam nas trevas” (D&C 138:30).
O Presidente Smith morreu seis semanas depois de receber essa revelação, que hoje constitui a seção 138 de Doutrina e Convênios.
O Salvador abriu as portas para a salvação dos mortos. [9.3.2]
O Presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) explicou que, até o momento em que o Salvador iniciou a pregação do evangelho para aqueles que estavam no cativeiro no mundo espiritual pós-mortal, não havia trabalho de redenção para os mortos:
“O Salvador abriu as portas para a salvação dos mortos. Antes disso, os mortos indignos ficavam trancafiados na prisão e não recebiam visitas. (Moisés 7:38–39; Isaías 24:22.) Temos boas razões para crer que os espíritos dos justos no paraíso não se misturavam com os espíritos injustos antes da visita de nosso Senhor ao mundo espiritual. Ele declarou que havia um abismo instransponível que separava os justos dos injustos [ver Lucas 16:26], assim a voz dos profetas não ressoava lá e o evangelho só começou a ser proclamado entre os iníquos depois de Cristo entrar naquele mundo antes de Sua Ressurreição. Foi Ele que abriu as portas da prisão.—Isaías 42:6–7; 61:1.
O Presidente Brigham Young afirmou que ‘Jesus foi o primeiro homem a pregar aos espíritos em prisão, de posse das chaves do Evangelho da salvação para eles. Essas chaves foram-Lhe entregues no dia e na hora em que Ele entrou no mundo espiritual e, com elas, Ele abriu as portas da salvação aos espíritos em prisão’ (J. D. 4:285). Isso se harmoniza perfeitamente com as escrituras. O Presidente Joseph F. Smith, na visão que teve do mundo espiritual, confirmou esse ponto [ver D&C 138]. Naquele mundo, Cristo ensinou os espíritos dos justos e encarregou-os de levar Sua mensagem e pregar aos mortos que não haviam sido batizados. Dessa forma, Ele cumpriu Sua promessa feita a Isaías de que pregaria aos espíritos dos mortos e abriria as portas da prisão para libertá-los” (The Way to Perfection, 6ª ed., 1946, pp. 315–316) .
Há uma ordem e uma estrutura perfeitas no mundo espiritual. [9.3.3]
Doutrina e Convênios 138:30 ensina que, enquanto estava no mundo dos espíritos, o Salvador “organizou suas forças” a fim de que a mensagem do evangelho fosse pregada a “todos os espíritos dos homens”. Pouco antes de sua morte, o Presidente Jedediah M. Grant (1816–1856), da Primeira Presidência, contou ao Presidente Heber C. Kimball (1801–1868), também da Primeira Presidência, uma experiência que ilustra a ordem e a estrutura estabelecidas no mundo espiritual.
No funeral do Presidente Grant, o Presidente Kimball disse: “[O irmão Grant] me contou: ‘[Irmão] Heber, estive no mundo espiritual duas noites seguidas e, de todos os medos que já senti na vida, o pior foi o de precisar voltar para meu corpo, embora fosse preciso fazê-lo. Ó, disse ele, ‘como eram belos o governo e a ordem que lá reinavam! Quando eu estava no mundo espiritual, vi a ordem de homens e mulheres justos, vi-os organizados em seus vários graus, e parecia não haver obstrução alguma a minha visão, eu conseguia enxergar cada homem e mulher em seu devido grau e sua ordem. Tentei ver alguma desordem lá, mas não havia, nem eu conseguia ver nenhum tipo de morte nem de trevas, desorganização ou confusão’. Ele disse que as pessoas que viu lá estavam organizadas por família e, ao olhar para elas, via grau após grau, e tudo estava organizado e todos viviam em perfeita harmonia” (“Remarks at the Funeral of President Jedediah M. Grant, by President Heber C. Kimball; Tabernacle, Thursday, December 4, 1856”, Deseret News, 10 de dezembro de 1856, p. 316).
“Nenhuma alma será ignorada.” [9.3.4]
O Presidente Joseph Fielding Smith salientou que no plano perfeito de nosso Pai Celestial nenhuma alma seria esquecida ou privada da oportunidade de salvação:
“Em sua justiça, o Pai vai dar a todo homem o privilégio de ouvir o evangelho. Nenhuma só alma será esquecida ou ignorada [ver D&C 1:1–3]. Sendo isto verdade, que dizer dos inúmeros milhares de mortos que jamais ouviram falar de Cristo, que nunca tiveram a oportunidade do arrependimento e remissão de seus pecados, nunca encontraram um élder da Igreja investido de autoridade? Alguns de nossos bons vizinhos cristãos vos dirão que estão perdidos para sempre, pois no além- túmulo, não há nenhuma esperança.
Isso seria equitativo? Seria justo? Não! O Senhor vai dar a todo homem a oportunidade de ouvir e de receber vida eterna, ou um lugar em Seu reino. Somos afortunados por termos tido esse privilégio aqui e passado da morte para a vida.
O Senhor projetou Seu plano de redenção de modo que todos os que morreram sem essa oportunidade a receberão no mundo espiritual” (Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols. , 1954–1956, vol. II, pp. 131–132).
Muitos no Mundo Espiritual Aguardam Ansiosamente as Bênçãos das Ordenanças do Evangelho [9.4]
“[As ordenanças] passam a valer para eles como se eles pessoalmente as tivessem recebido.” [9.4.1]
Embora o evangelho possa ser ensinado e aceito pelos espíritos no mundo espiritual, as ordenanças de salvação precisam ser realizadas pelas pessoas que estão aqui na mortalidade em favor das que morreram sem as receber. O Presidente Joseph Fielding Smith explicou:
“O batismo é uma ordenança pertencente a esta vida, como a confirmação e a ordenação ao sacerdócio; o homem que não receber essas bênçãos aqui, não poderá recebê-las no mundo espiritual. Ali poderá arrepender-se, crer e aceitar a verdade; porém não pode ser batizado, confirmado ou ordenado, ou receber a investidura, pois estas ordenanças são daqui. O que se deve fazer quanto a isso?
Usamos substitutos que agirão vicariamente, o que significa um agindo por outro, e nos templos existem aqueles que fazem as vezes dos mortos e recebem, no lugar deles, todas as bênçãos. Quando fazem isso, se o morto aceitar o trabalho realizado, ele é reconhecido como se houvesse agido pessoalmente” (Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols., vol. II, p. 160).
Muitos espíritos aguardam ansiosamente as ordenanças do evangelho. [9.4.2]
O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) ensinou sobre a ansiedade de muitos no mundo espiritual que desejam receber as ordenanças do evangelho:
“O mundo espiritual está cheio de espíritos que esperam ansiosamente que realizemos essas ordenanças terrenas para eles. (…)
Alguns de nós já tivemos a oportunidade de esperar por alguém ou alguma coisa durante um minuto, uma hora, um dia, uma semana ou mesmo um ano. Conseguem imaginar como nossos progenitores devem sentir-se, sabendo que alguns deles talvez estejam esperando há décadas ou até mesmo séculos para que as ordenanças do templo sejam realizadas por eles?” (“The Things of Eternity—Stand We in Jeopardy?” Ensign, janeiro de 1977, pp. 1, 7).
O Presidente Wilford Woodruff (1807–1898) relatou uma experiência que teve quando foi visitado pelos espíritos dos pais fundadores dos Estados Unidos da América e outros líderes do passado durante o período em que serviu como o primeiro presidente do Templo de St. George Utah, o primeiro templo concluído depois da chegada dos santos ao Oeste:
“Duas semanas antes de eu ir embora de St. George, os espíritos dos mortos se reuniram a minha volta, querendo saber por que não os redimíramos. Disseram: ‘A Casa de Investiduras [uma estrutura temporária em Salt Lake City utilizada para a realização de ordenanças do templo antes da dedicação do Templo de Salt Lake] funcionou por vários anos, mas nada nunca foi feito por nós. Lançamos os alicerces do governo que vocês hoje desfrutam e nunca o traímos: permanecemos fiéis a ele e a Deus’.
Tratava-se dos signatários da Declaração de Independência [dos Estados Unidos da América], e eles permaneceram comigo dois dias e duas noites. (…)
Sem tardar, entrei na pia batismal e chamei o irmão McAllister para me batizar pelos signatários da Declaração de Independência e cinquenta outros homens eminentes, num total de cem pessoas, incluindo John Wesley, Colombo e outros” (The Discourses of Wilford Woodruff, ed. G. Homer Durham, 1990, pp. 160–161).
Pouquíssimos não aceitarão o evangelho. [9.4.3]
Alguns podem se perguntar se muitos no mundo espiritual aceitarão a mensagem do evangelho quando lhes for apresentada. O Presidente Wilford Woodruff fez as seguintes afirmações:
“Digo-vos que, quando os profetas e apóstolos pregam para os que estão trancafiados na prisão e que não receberam o evangelho, milhares deles aceitam o evangelho. (…)
Haverá bem poucos, se houver, que não aceitarão. Jesus, enquanto Seu corpo jazia no sepulcro, foi pregar aos espíritos em prisão, que tinham sido destruídos nos dias de Noé. Depois de tanto tempo de sofrimento na prisão, eles certamente aceitaram o evangelho de bom grado e, se o fizeram mesmo, serão salvos no reino de Deus. Os pais deste povo abraçarão o evangelho” (The Discourses of Wilford Woodruff, pp. 152 158).
Na conferência de outubro de 1893, o Presidente Lorenzo Snow (1814–1901) fez comentários parecidos:
“A grande maioria das pessoas que está no mundo espiritual para quem o trabalho foi realizado receberá a verdade. As condições para os espíritos dos mortos que receberem o testemunho de Jesus no mundo espiritual são mil vezes mais favoráveis do aqui nesta vida” (Millennial Star, 6 de outubro de 1893, p. 718).
“Um trabalho maravilhoso está sendo realizado em nossos templos em favor dos espíritos em prisão. Acredito também firmemente que, quando o evangelho é pregado aos espíritos em prisão, o sucesso dessa pregação será muito maior do que o alcançado por nossos élderes nesta vida. Creio verdadeiramente que haverá pouquíssimos espíritos que não receberão com alegria o Evangelho quando lhes for apresentado. As circunstâncias lá serão mil vezes mais favoráveis” (Millennial Star, 22 de janeiro de 1894, p. 50).
Os espíritos têm conhecimento de nosso trabalho no templo e o aceitam. [9.4.4]
Uma experiência do Élder Melvin J. Ballard (1873–1939), do Quórum dos Doze Apóstolos, ajuda-nos a entender que os habitantes do mundo espiritual estão cientes do trabalho que fazemos por eles nos templos:
“O Élder Ballard estava em nossa pia batismal [no Templo de Logan Utah] certo sábado em que quase mil batismos foram realizados pelos mortos. Enquanto estava lá, ele refletiu sobre a grandiosidade das cerimônias do templo e sobre o fato de estarmos levando bênçãos especiais para os vivos e os mortos. Seus pensamentos se voltaram para o mundo espiritual, e ele se perguntou se as pessoas de lá aceitariam o trabalho que estávamos fazendo para elas.
O Élder Ballard contou: ‘De repente, uma visão se descortinou diante de mim, e vi uma grande congregação de pessoas reunidas na extremidade leste da sala do batistério. Assim que cada nome era batizado, uma a uma, aquelas pessoas subiam uma escada acima da fonte rumo à extremidade oeste da sala. Não faltava nenhuma alma, mas havia alguém para cada um dos mil nomes batizados naquele dia’.
O irmão Ballard disse nunca ter visto pessoas tão felizes em toda a sua vida. Todos do grupo se regozijavam com o que estava [sendo] feito por eles” (Nolan Porter Olsen, Logan Temple: The First 100 Years, 1978, p. 170).