A Liahona
Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo
Maio de 2024


Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo

Ao honrarmos os nossos convénios, permitimos que Deus derrame a multiplicidade de bênçãos prometidas associadas a esses convénios.

À medida que os meus dois filhos mais novos cresciam, descobri livros divertidos e cativantes e que também usavam simbolismo nas suas histórias. À noite, enquanto líamos em conjunto, adorava ajudar os meus filhos a compreender o simbolismo usado pelo autor para ensinar princípios mais profundos, até mesmo princípios do evangelho.

Certo dia, no início da adolescência do meu filho mais novo, apercebi-me de que isto estava a surtir efeito. Ele tinha começado a ler um livro novo e só queria desfrutar da história, mas a sua mente continuava a tentar encontrar um significado mais profundo em tudo o que lia. Ele estava frustrado, mas eu sorria por dentro.

Jesus ensinou através de histórias e símbolos:1 um grão de mostarda para ensinar o poder da fé,2 uma ovelha perdida para ensinar o valor das almas,3 um filho pródigo para ensinar sobre o caráter de Deus.4 As Suas parábolas eram símbolos através dos quais Ele ensinava lições mais profundas àqueles que tinham “ouvidos para ouvir”.5 Mas aqueles que não procuravam o significado mais profundo, eventualmente, não as compreendiam,6 tal como muitos dos que leram os mesmos livros que eu lia aos meus filhos e que nunca se aperceberam dos seus significados mais profundos, nem de que havia muito mais para extrair daquelas histórias.

Quando Deus, o Pai, ofereceu o Seu Filho Unigénito como sacrifício por nós, o próprio Jesus Cristo tornou-se o símbolo máximo do amor eterno do nosso Pai Celestial por cada um de nós.7 Jesus Cristo tornou-se no Cordeiro de Deus.8

Temos o privilégio e a bênção de sermos convidados para um relacionamento por convénio com Deus, no qual a nossa própria vida pode tornar-se num símbolo desse convénio. Os convénios criam o tipo de relacionamento que permite que Deus nos molde e mude, ao longo do tempo, e nos eleve para que nos tornemos mais semelhantes ao Salvador, aproximando-nos cada vez mais d’Ele e do nosso Pai9 e, eventualmente, preparando-nos para entrar na Sua presença.

Cada pessoa na Terra é um filho ou filha amado de Deus.10 Quando escolhemos fazer parte de um convénio, isso melhora e aprofunda o nosso relacionamento com Ele. O Presidente Russell M. Nelson ensinou que quando escolhemos fazer convénios com Deus, o nosso relacionamento com Ele pode tornar-se muito mais próximo do que era antes desse convénio, e isso permite que Ele nos abençoe com uma medida extra da Sua misericórdia e amor, um amor por convénio, designado por hesed na língua hebraica.11 O caminho do convénio tem tudo a ver com o nosso relacionamento com Deus — com o nosso relacionamento hesed com Ele.12

O nosso Pai deseja um relacionamento mais profundo com todos os Seus filhos e filhas,13 mas a escolha é nossa. À medida que escolhemos aproximar-nos d’Ele através de um relacionamento por convénio, isto irá permitir que Ele se aproxime de nós14 e nos abençoe mais plenamente.

Deus estabelece as condições e obrigações dos convénios que fazemos.15 Quando escolhemos entrar nesse relacionamento, testemunhamos-Lhe, através das ações simbólicas de cada convénio, que estamos dispostos a cumprir as condições que Ele estabeleceu.16 Ao honrarmos os nossos convénios, permitimos que Deus derrame a multiplicidade de bênçãos prometidas associadas a esses convénios,17 inclusive um maior poder para mudarmos e nos tornarmos mais semelhantes ao nosso Salvador. Jesus Cristo está no centro de todos os convénios que fazemos e as bênçãos que deles advêm são possíveis graças ao Seu sacrifício expiatório.18

O batismo por imersão é o portão simbólico através do qual entramos num relacionamento por convénio com Deus. Ser imerso na água e depois ser levantado, simboliza a morte e a Ressurreição do Salvador para uma nova vida.19 Ao sermos batizados, nós morremos simbolicamente e nascemos de novo na família de Cristo e demonstramos que estamos dispostos a tomar sobre nós o Seu nome.20 Nós mesmos incorporamos esse simbolismo do convénio. No Novo Testamento lemos: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo”.21 Com o nosso batismo revestimo-nos simbolicamente de Cristo.

A ordenança do sacramento também nos direciona para o Salvador. O pão e a água simbolizam a carne e o sangue de Cristo que foi derramado por nós.22 A dádiva da Sua Expiação é-nos oferecida simbolicamente todas as semanas quando um portador do sacerdócio, em representação do próprio Salvador, nos oferece o pão e a água. Ao realizarmos a ação de comer e beber os emblemas da Sua carne e sangue, Cristo, simbolicamente, torna-se parte de nós.23 Voltamos a revestir-nos de Cristo ao fazermos um novo convénio todas as semanas.24

Ao fazermos convénios com Deus na casa do Senhor, aprofundamos ainda mais o nosso relacionamento com Ele.25 Tudo o que fazemos no templo direciona-nos para o plano do Pai para nós, no centro do qual está o Salvador e o Seu sacrifício expiatório.26 O Senhor ensinar-nos-á linha sobre linha,27 através do simbolismo das ordenanças e dos convénios, à medida que abrirmos o coração e procurarmos, em espírito de oração, compreender os seus significados mais profundos.

Como parte da investidura do templo, estamos autorizados a usar as vestes do santo sacerdócio. É tanto uma obrigação sagrada como um privilégio sagrado.

Em muitas tradições religiosas, um vestuário exterior especial é usado como símbolo das crenças e do compromisso de um indivíduo com Deus,28 e o vestuário cerimonial é frequentemente usado por aqueles que lideram serviços de adoração. Essas roupas sagradas portam um significado profundo para aqueles que as usam. Lemos nas escrituras que, nos tempos antigos, as roupas cerimoniais sagradas também eram usadas nos rituais do templo.29

Como membros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, aqueles, de entre nós, que escolheram fazer convénios com Deus na casa do Senhor, usam roupas exteriores cerimoniais sagradas durante a adoração no templo, simbolizando as roupas usadas nos antigos rituais do templo. Também usamos as vestes do santo sacerdócio, tanto durante a adoração no templo como no nosso dia a dia.30

As vestes do santo sacerdócio são profundamente simbólicas e direcionam-nos para o Salvador. Quando Adão e Eva comeram do fruto e tiveram que deixar o Jardim do Éden, foram-lhes dadas túnicas de peles para que se cobrissem.31 É provável que um animal tenha sido sacrificado para fazer aquelas túnicas de peles — um símbolo do sacrifício do próprio Salvador por nós. Kaphar é o termo básico em hebraico para expiação e um dos seus significados é “cobrir”.32 As nossas vestes do templo relembram-nos que o Salvador e as bênçãos da Sua Expiação nos cobrem ao longo de toda a nossa vida. Ao vestirmos as vestes do santo sacerdócio todos os dias, esse belo símbolo, torna-se parte de nós.

No livro de Romanos, no Novo Testamento, lemos: “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. […] Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”.33

Sou muito grata pelo privilégio de usar as vestes do santo sacerdócio para me lembrar de que o Salvador e as bênçãos da Sua Expiação infinita me cobrem constantemente, durante toda a minha jornada mortal. Também me relembram que, ao cumprir os convénios que fiz com Deus na casa do Senhor, me revesti simbolicamente de Cristo, sendo Ele próprio uma armadura de luz. Ele proteger-me-á do mal,34 dar-me-á poder e maior capacidade,35 e será a minha luz e o meu guia36 nas trevas e nas dificuldades deste mundo.

Há um significado simbólico profundo e belo nas vestes do santo sacerdócio e na sua relação com Cristo. Acredito que a minha disposição37 para usar as vestes sagradas torna-se o meu símbolo para Ele.38 É o meu sinal pessoal para Deus, não um sinal para os outros.39

Sou muito grata pelo nosso Salvador Jesus Cristo.40 O Seu sacrifício expiatório por nós tornou-se no maior símbolo do amor infinito que Ele e o nosso Pai Celestial têm por cada um de nós,41 com os símbolos tangíveis desse amor e sacrifício — as marcas nas mãos, nos pés e no lado do Salvador — a permanecerem mesmo depois da Sua Ressurreição.42

Ao cumprir os meus convénios e obrigações com Deus, inclusive ao usar as vestes do santo sacerdócio, a minha própria vida pode tornar-se um símbolo pessoal do meu amor e profunda gratidão pelo meu Salvador, Jesus Cristo, e do meu desejo de O ter sempre comigo.

Se ainda não o fizeram, convido-vos a escolher um relacionamento mais profundo com Deus, ao fazer convénios com Ele na casa do Senhor. Estudem os discursos do nosso profeta (incluindo os belos ensinamentos nas notas de rodapé dos seus discursos, que a maioria dos discursos de conferência contém). Ele tem falado repetidamente sobre convénios durante anos e, especialmente, desde que se tornou Presidente da Igreja. Aprendam com os ensinamentos dele sobre as belas bênçãos e o aumento do poder e da capacidade que podem obter ao fazer e cumprir convénios com Deus.43

O Manual Geral declara que não é necessário ter um chamado missionário ou estar noivo, prestes a casar, para fazer convénios no templo.44 Um indivíduo deve ter pelo menos 18 anos, já não estudar no secundário ou equivalente e ser membro da Igreja há pelo menos um ano. Existem também padrões exigidos de santidade pessoal.45 Se tiverem o desejo de aprofundar o vosso relacionamento com o Pai Celestial e Jesus Cristo através de fazer convénios sagrados na casa do Senhor, convido-vos a falar com o vosso bispo ou presidente de ramo e contarem-lhe os vossos desejos. Eles ajudar-vos-ão a saber como se prepararem para receber e honrar esses convénios.

Através de um relacionamento por convénio com Deus, as nossas próprias vidas podem tornar-se num símbolo vivo do nosso compromisso e profundo amor pelo Pai Celestial, do nosso hesed por Ele46 e do nosso desejo de progredir e, eventualmente, nos tornarmos como o nosso Salvador, estando preparados para um dia entrar na presença d’Eles. Testifico que as grandes bênçãos desse relacionamento por convénio valem bem o preço a pagar. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

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