Lição 20
Resolver Problemas Familiares Com Harmonia
O propósito desta lição é incentivar-nos a resolver as dificuldades familiares com harmonia, a fim de desenvolvermos uma vida familiar feliz.
Introdução
• Mostre a gravura 20-a, “O amor é o alicerce da vida familiar harmoniosa”.
O Presidente Joseph F. Smith ensinou o que temos de fazer para que tenhamos o lar ideal:
“O que então é um lar ideal? É aquele em que o pai é dedicado à família com a qual Deus o abençoou, considerando seus familiares o que há de mais importante; é aquele em que eles, por sua vez, tem-no em seu coração. É aquele em que há confiança, união, amor, dedicação sagrada entre o pai e a mãe, e entre os pais e os filhos.” (Ver Gospel Doctrine, 5ª ed., [1939], pp. 302–303.)
Apesar de todos nós estarmos tentando conseguir ter um lar ideal, ocasionalmente passamos por situações de conflito. Até mesmo o Profeta Joseph Smith enfrentou momentos de desarmonia em casa. Certa manhã, por exemplo, quando traduzia o Livro de Mórmon, ele aborreceu-se com algo que sua esposa havia feito. Depois, ele tentou traduzir um trecho do Livro de Mórmon e não conseguiu. Foi até um bosque e orou; ao retornar, pediu a Emma que o perdoasse. Foi só então que foi capaz de traduzir. (Ver B. H. Roberts, A Comprehensive History of the Church, 1:131.)
O Senhor também espera que reconheçamos as causas de desarmonia em nosso lar e que resolvamos nossos problemas com harmonia.
Causas de Desarmonia no Lar
As escrituras dizem-nos que a influência de Satanás é uma das principais causas de desarmonia e contendas.
• Leia 3 Néfi 11:29–30. Como Satanás “leva a cólera ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros”?
Sempre que o espírito de contenda penetra em nosso lar, o Espírito do Senhor Se afasta. E sem o Espírito do Senhor em nosso lar, não podemos ser felizes e sentir a alegria advinda do Senhor e do Seu evangelho.
Nossas próprias fraquezas pessoais podem também levar-nos a contendas com outros. (Ver Tiago 4:1.) Quando uma pessoa não está em paz consigo mesma, é muito difícil viver em harmonia com os outros. Entre as fraquezas que podem levar à desarmonia encontram-se a luxúria, a ganância, os desejos impuros e as indecisões a respeito de suas lealdades. O Presidente Spencer W. Kimball falou a respeito de uma fraqueza em particular: “Um casal pode enfrentar pobreza, doenças, decepções, fracassos e até mesmo mortes na família, mas nada disso lhes tirará a paz. O casamento terá êxito desde que o egoísmo não penetre no relacionamento. Os problemas e as dificuldades aproximam os casais e sua união torna-se mais forte desde que não exista egoísmo entre eles”. (Marriage and Divorce [1976], pp. 19 e 22.)
• Por que o egoísmo é uma causa tão grande de desarmonia e infelicidade no lar?
Como o Presidente Kimball mencionou, os problemas aos quais comumente se atribui a infelicidade, tais como pobreza e doenças, podem na realidade aproximar os familiares se eles os enfrentarem juntos, sem egoísmo e com amor.
Como Lidar com Problemas Familiares
Seguem-se maneiras que o Senhor e os líderes da Igreja nos indicaram para impedirmos ou resolvermos problemas familiares.
Aceitar Responsabilidade
Os pais e os filhos têm responsabilidades uns para com os outros.
• Leia a respeito de algumas dessas responsabilidades em Efésios 6:1–4. Que deveres um rapaz tem para com seus pais? Que deveres os pais têm para com seus filhos? Como se ajudará a promover a harmonia no lar ao se aceitarem essas responsabilidades?
Evitar Palavras Rudes
As palavras rudes e grosseiras não têm lugar em nosso lar. O Élder Boyd K. Packer aconselhou: “Ao entrar no convênio do matrimônio, [você nunca deve falar] uma palavra grosseira — nem mesmo uma. Não é necessário nem desejável. Muitas pessoas dizem que é normal e até mesmo esperado que haja dificuldades entre o marido e a mulher e que as altercações e discórdias fazem parte do relacionamento do casal. (…) Sei que é possível viver juntos com amor, sem que a primeira palavra grosseira jamais seja trocada entre vocês”. (Eternal Marriage, Brigham Young University Speeches of the Year, [14 de abril de 1970], p. 6) A resposta tranqüila e compreensiva acalma-nos; as palavras rudes só trazem mais conflitos. (Ver Provérbios 15:1.)
• Qual é a diferença entre falar a respeito de diferenças e brigar?
Admitir os Erros
O Presidente Spencer W. Kimball deu-nos o seguinte conselho:
“Por serem humanos, vocês podem ocasionalmente ter diferenças de opinião que resultem até mesmo em pequenas brigas. (…) Imaginem que se esteja magoado; que tenham sido ditas palavras grosseiras; que sentimentos estejam feridos; e que ambos achem que o outro é quem está errado. Não se faz nada para curar as feridas. As horas passam. Ambos passam a noite aborrecidos, e o dia seguinte é cheio de mau humor e grosseria e mais desentendimentos. Os sentimentos ficam cada vez mais feridos até que se contrate um advogado, o lar se desfaça e a vida dos pais e dos filhos esteja arruinada.
Existe, porém, um bálsamo que cura e que, se aplicado a tempo, em poucos minutos colocará as coisas em seu lugar; (…) Com tantas coisas em jogo — seu amor, vocês próprios, sua família, seus ideais, sua exaltação, sua eternidade — você não pode dar-se ao luxo de arriscar. Deve engolir o orgulho e, com coragem, [dizer a sua esposa:] ‘Querida, desculpe-me. Não tive a intenção de magoá-la. Por favor, perdoe-me’. E [sua esposa dirá:] ‘Querido, era eu quem estava ainda mais errada do que você. Por favor, perdoe-me’. E vocês abraçam-se e a vida [volta ao normal] novamente. E quando forem deitar-se à noite, tudo estará esquecido, e não haverá um abismo entre vocês ao fazerem a oração familiar”. (Faith Precedes the Miracle [1972], p. 134)
• Quais são algumas coisas que causam desentendimentos e brigas? Como a identificação dos problemas nos ajuda a resolvê-los? Por que é tão difícil admitir nossos próprios erros?
O Presidente Kimball disse-nos que devemos admitir nossos erros e dizer “desculpe-me”. Quando o fazemos sinceramente, damos um grande passo para a resolução da desarmonia em família. Os pais precisam tomar esse tipo de atitude em relação a seus filhos também, e não apenas entre si.
Mostrar Amabilidade
Um dos princípios que as escrituras nos dão para ajudar-nos a fazer com que nossa vida familiar seja mais feliz é a amabilidade. Recebemos o mandamento de sermos amáveis, gentis e de perdoarmos uns aos outros. Tanto as crianças como os adultos em uma família devem tratar uns aos outros com respeito e o tipo de amabilidade que Cristo nos mostrou. Nesses assuntos, devemos sempre tomar Cristo como nosso modelo. (Ver Efésios 4:29–32.)
• Peça ao portador do Sacerdócio Aarônico previamente designado que diga quais coisas um rapaz pode fazer para promover a harmonia no lar.
O Presidente Kimball ensinou-nos a maneira de conseguirmos a felicidade em família: “Você pode perguntar: ‘Qual o preço da felicidade?’ A simplicidade da resposta irá surpreendê-lo. A casa do tesouro, que é a felicidade, será aberta e assim permanecerá para todos que usem as seguintes chaves: Em primeiro lugar, você deve viver o evangelho de Jesus Cristo em sua pureza e simplicidade. (…) Em segundo, é necessário esquecer-se de si mesmo e amar seu companheiro ou companheira mais do que a si próprio. Se você fizer essas coisas, terá alegria em grandes proporções”. (Faith Precedes the Miracle [1972], 126)
• Como a amabilidade pode evitar problemas familiares e solucioná-los?
Orar
A harmonia no lar é incentivada quando pedimos ao Senhor em oração familiar e pessoal que nos ajude a sobrepujar nossas diferenças.
• Leia 3 Néfi 18:19–21. Observe que é um dever orar em família. Como a oração ajuda a resolver os problemas familiares?
A seguinte história conta como uma mãe orou para receber orientação para resolver um problema em seu lar:
“Fazia uma semana que Wayne, um indiozinho de dez anos, havia chegado à nossa casa por meio do Programa de Colocação de Estudantes Índios. Ele era um menino inteligente e bonito; no entanto, sentia ter de impor-se perante os outros meninos. Ele brigava com eles com muita freqüência e brigava bem!
Um dia recebi um telefonema de seu professor, que me informou estar tendo problemas com Wayne na escola. Ele havia desrespeitado o seu professor e também outros professores da escola. Fiquei chocada! Eu nunca tivera esse tipo de problemas com meus próprios filhos e fiquei muito aborrecida. Fiquei muito brava, como sempre, e comecei a pensar em tudo que diria a Wayne quando ele voltasse da escola. ‘Tenho de cortar o mal pela raiz’, pensei comigo.
Para piorar as coisas, Wayne chegou em casa tarde, por causa de uma briga com um menino da vizinhança. Vieram brigando desde o ponto do ônibus. Finalmente, chegaram ao gramado em frente à nossa casa. Ambos lutavam com vigor! Observei por uns momentos, até perceber que a briga era séria. Saí à porta e chamei Wayne para dentro de casa.
Ele não me deu atenção. Não parecia ter a intenção de abandonar a luta. Ao ver o que acontecia, fiquei ainda mais enfurecida. Mandei Wayne entrar em casa. Estava com tanta raiva que sabia não me ser possível lidar com o problema naquele estado, de modo que o mandei ir para seu quarto ler.
Tremendo de raiva, fui até meu próprio quarto e ajoelhei-me para orar. Orei para ter sabedoria ao lidar com o problema e também pedi ao Senhor que, por intermédio do Espírito, eu soubesse o que dizer. Quando me levantei após a oração, tive uma sensação de calma que se apoderou de mim. Começava na minha cabeça e ia até os pés.
Ao abrir a porta do quarto de Wayne e vê-lo sentado em sua cama com um livro nas mãos, um milhão de pensamentos passaram-me pela mente. Ele parecia estar no lugar errado, sentado naquele quarto; de certo modo, o seu lugar era ao ar livre onde poderia correr em liberdade, como estava acostumado. Imediatamente, senti empatia por aquele menino tão sozinho, arrancado do ambiente em que estava acostumado e colocado em um mundo diferente, onde tinha de viver obedecendo a regras diferentes. Ele sentia ter de provar aos outros meninos que era tão bom quanto eles, ou talvez até melhor.
Sentei-me ao seu lado na cama e o abracei. Minhas primeiras palavras até me surpreenderam, pois eu disse a ele: ‘Wayne, desculpe-me por ter ficado tão aborrecida com você’. A seguir, contei-lhe a respeito do telefonema do seu professor e dei-lhe a oportunidade de explicar o seu lado da história. Nossa conversa foi maravilhosa; ele confiou em mim, e nossa conversa foi quase que sussurrada. Esse tom era muito diferente do que eu esperava usar antes de solicitar a ajuda do Pai Celestial. Foi uma experiência realmente espiritual e ajudou mais meu relacionamento com Wayne do que qualquer outra coisa.
Ainda bem que temos a oração e o dom do Espírito Santo para guiar-nos, se solicitarmos essa ajuda.” (Myrna Behunin, “We Talked in Whispers”, Ensign, janeiro de 1976, pp. 51–52)
Conclusão
As dificuldades existem na vida de todas as famílias. Podemos escolher como enfrentaremos e como resolveremos tais dificuldades. Ao colocarmos em prática os princípios discutidos nesta lição, poderemos solucionar as dificuldades encontradas em nossa família e crescer em amor e unidade.
Peça aos alunos que cantem “Com Amor no Lar” (Hinos, nº 188 ou Princípios do Evangelho, p. 352) no final da aula.
Desafios
Desenvolva e melhore a felicidade em seu próprio lar, identificando quaisquer causas de desarmonia entre os familiares.
Caso tenha empregado palavras grosseiras para com qualquer familiar, admita o seu erro.
Trate os familiares com amabilidade.
Escrituras Adicionais
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Mateus 7:12 (nosso relacionamento com os outros)
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Gálatas 5:22 (Os frutos do Espírito)
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Doutrina e Convênios 88:119—126 (conselhos do Senhor para os membros da Igreja)
Preparação do Professor
Antes de dar esta aula:
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Leia Princípios do Evangelho, capítulo 36, “A Família Pode Ser Eterna”
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Designe um portador do Sacerdócio Aarônico para explicar como os rapazes podem promover a harmonia no lar.
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Designe membros da classe para apresentar histórias, escrituras ou citações que você queira.