Lição 27
Desenvolvimento de Nossos Talentos
O propósito desta lição é ajudar-nos a descobrir, desenvolver e usar os talentos individuais e habilidades que nos foram dados por nosso Pai Celestial.
Todos Possuem Talentos e Habilidades
O Presidente Spencer W. Kimball disse: “(…) Deus dotou-nos com talentos e tempo, com habilidades latentes e com oportunidades para usá-las e desenvolvê-las em Seu serviço. Ele, portanto, espera muito de nós, Seus filhos privilegiados”. [O Milagre do Perdão (1969), reimpresso em 1999, capítulo 7, p. 100]
Se alguém perguntasse quais os talentos que possuímos, como responderíamos? Algumas de nós podem pensar que não têm talentos. Podemos não ser criativas nas áreas artísticas, como canto, dança, ou expressão escrita, mas podemos ter habilidades que não reconhecemos como talentos. Podemos possuir talentos especiais para organizar, fazer amigos, levar a paz, ensinar os outros ou cuidar de crianças.
Ana, uma adolescente, sentia-se infeliz porque não possuía os talentos de suas irmãs mais velhas. Não recebia a mesma atenção e os mesmos elogios que elas. Em lágrimas, dirigiu-se à sua tia Susana, dizendo entre soluços: “Ninguém gosta de mim. Não sei fazer nada que preste”.
Depois de acalmar Ana e pensar por um instante, sua tia respondeu: “Posso entender o que você sente, querida. Não é fácil viver com duas irmãs mais velhas tão populares e talentosas, pois isso pode fazer com que a gente se sinta inferior”. E acrescentou: “Ana, nosso Pai Celestial teve o grande cuidado de criar cada uma de nós individualmente. Não tente ser igual aos outros. Seja agradecida por seus próprios talentos e dons e faça o que puder para cultivá-los”.
Tia Susana explicou que, graças à grande habilidade da jovem para cuidar de crianças, ela era considerada uma babá ideal. E continuou:
“Tenho ouvido sua mãe dizer que você sempre faz bem e com boa vontade o trabalho que lhe é dado, e que isso contribui muito para tornar o seu lar um lugar melhor.Você já pensou, Ana, que quando alguém fica doente, você sabe exatamente o que fazer para lhe dar o máximo de consolo? Quando eu estive doente, foi você quem me ajudou, fazendo minhas compras, trazendo flores frescas para colocar ao lado de minha cama e me consolando com suas visitas. Você tem a mente alerta e sadia, Ana. (…) Você gosta de ir à escola e de dar o melhor de si em seus estudos. (…) Você possui muitos dons e talentos que a tornam especial, sendo bem assim como é”. Em seguida, a tia Susana perguntou à jovem se sabia que não existem dois diamantes iguais, e explicou ser essa razão por que o diamante é um dos bens terrenos de maior valor. Não há dois diamantes iguais, mas todos eles são jóias. Nunca se esqueça de que você é uma jóia, Ana”. [Ver Daryl V. Hoole e Donette V. Ockey, With Sugar’n Spice (1966), pp. 19–21.]
Nossos talentos e habilidades são dons de nosso Pai Celestial. Toda pessoa possui alguns desses dons.
Como Descobrir e Desenvolver Nossos Talentos
É essencial que descubramos e desenvolvamos nossos talentos. O apóstolo Paulo disse: “Não desprezes o dom que há em ti”. (I Timóteo 4:14) No entanto, descobrir e melhorar nossos talentos exige esforço.
• Como podemos descobri-los?
Devemos orar, pedindo que nosso Pai Celestial nos guie ao procurarmos e tentarmos descobrir nossos talentos individuais. Podemos pedir a bênção especial para ajudar-nos a reconhecê-los. Se já fomos designadas para chamados na igreja, talvez alguns de nossos talentos tenham sido mencionados nessa ocasião, ou quando fomos desobrigadas. Podemos perguntar a nós mesmas: “Que qualidades tenho que me ajudaram a dar uma aula, proferir um discurso, trabalhar em um comitê, ou ajudar a planejar uma festa?” Devemos observar a vida daqueles a quem admiramos e então verificar por nós mesmas se temos algumas de suas boas qualidades, mesmo que em pequena extensão. Nossos pais ou outros parentes, amigos e professores, podem sempre nos ajudar a reconhecer e desenvolver nossos talentos.
Onde existem estacas da Igreja, os membros dignos podem receber bênçãos do patriarca da estaca. Dons e talentos especiais são freqüentemente revelados na bênção patriarcal. Podemos usá-la como guia ao procurarmos e ao desenvolvermos nossos talentos. O Presidente Spencer W. Kimball disse: “Esperamos que todas as pessoas, incluindo os jovens, tenham a oportunidade de receber uma bênção patriarcal”. (“Os Fundamentos da Retidão”, A Liahona, fevereiro de 1978, p. 4)
A irmã Nancy Seljestad, de Homer, Alaska, contou como descobriu seus talentos. Ela pedira ao marido que lhe desse uma bênção especial. Durante essa bênção, ele foi inspirado a dizer-lhe que, se ela não desenvolvesse logo os seus talentos, eles lhe seriam tirados e dados a outrem.Disse ela: “Fiquei chocada, amedrontada e bastante humilhada.
Fez-me pensar! (…) Eu não parecia ter nenhum talento evidente. Como podia desenvolver o que não era capaz de reconhecer? Enterrados em algum lugar, dentro de mim, devia haver uma fonte inexplorada de dons desconhecidos, intatos, sem uso. (…)
Como membro novo da Igreja, vejo pessoas talentosas que são membros desde que nasceram e que há muitos anos desenvolvem seus talentos em música, literatura e oratória. Entretanto, eu não possuía nenhum desses talentos.
Subitamente, minha visão se abriu. Eu podia agir de acordo com os meus desejos e interesses, e, portanto, revelar e usar os meus talentos em menor proporção.
Por meio da meditação e da oração, descobri que os meus desejos e interesses eram:
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Pessoas: Decidi levar avante as boas intenções que sempre tive, mas que raramente pusera em prática antes, a fim de tornar os outros mais felizes. Para começar, fiz uma torta para um menininho cuja mãe estava viajando.
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Música: Eu não sei ler notas ou tocar um instrumento, porém gosto muito de música. Entrei em contato com uma irmã que possui talento musical e lhe disse: ‘Eu gostaria de cantar um dueto com você’.
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Teatro: Ofereci-me para ser a encarregada de uma ‘Noite de Teatro’, cuja renda seria dada aos jovens de nosso ramo, para ajudá-los em sua excursão ao templo.
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Arte de escrever: Muitas vezes, quando me sinto tocada por algo que alguém diz ou faz, decido colocar meus sentimentos no papel no momento em que acontecem, enviando-os à pessoa que me inspirou.(…)
Provavelmente nunca serei famosa. (…) Porém, o que é meu pode ser partilhado com aqueles que me são caros—minha família, os membros de nosso ramo, nossos vizinhos. Pequenos, talvez, porém de possível desenvolvimento, preciosos e dados por Deus—meus próprios talentos”. (“I Dug Up My Talents”, Ensign, março de 1976, p. 31)
Nossos talentos podem ser pequenos de início, mas, com esforço, podem crescer. Ao desenvolvermos um talento, sempre propiciamos o desenvolvimento de outros. Treinamento especial ou educação formal nos ajudam a desenvolver muitas habilidades. Quando sobrepujamos dificuldades especiais ou deficiências, também podemos desenvolver novos talentos. Como membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, temos muitas oportunidades de descobrir e desenvolver novos talentos, quando aceitamos chamados. Muitas de nós somos chamadas, não por causa daquilo que podemos fazer, mas por aquilo que podemos nos tornar.
O Élder Franklin D. Richards disse: “Freqüentemente, quando uma pessoa é chamada para aceitar uma responsabilidade na Igreja, acha-se propensa a dizer: ‘Ora, eu não sou capaz disso, não tenho a experiência daquela pessoa que está ocupando a posição!’ Mas com fé, estudo, esforço e oração, o Senhor nos tornará possíveis coisas que pareciam impossíveis”. (“A Edificação do Reino”, A Liahona, maio de 1975, p. 26)
A irmã Maria Teresa P. de Paredes, mulher do ex-presidente da Missão de Veracruz México, testificou: “Sempre que uma mulher é ativa na Igreja, desenvolve talentos surpreendentes, que nem sequer sabia que possuía. Por meio do estudo do evangelho e da aplicação de princípios corretos à sua vida diária, ela se transforma numa mulher melhor, mais capaz de cumprir sua mordomia em seu lar e ajudar sua família e a comunidade”. (Citado por Carol Larsen, “The Gospel Counterculture”, Ensign, março de 1977, p. 23)
O Presidente Brigham Young disse: “Todas as realizações, o mais alto refinamento, todas as conquistas no campo da matemática, música, ciência ou arte pertencem aos santos”. [Discursos de Brigham Young, sel. John A. Widtsoe (1954), p. 252]
O Presidente Spencer W. Kimball previu o dia em que os membros da Igreja seriam grandes artistas e peritos profissionais. Desafiou-nos a procurarmos a excelência no desenvolvimento de nossos talentos e habilidades. Ele nos advertiu a não ficarmos satisfeitos com o “bom”, mas trabalharmos para conseguir o “excelente”. Lembrou-nos de que aqueles que desenvolvem seus talentos com a ajuda do Espírito Santo, devem conseguir resultados superiores. (Ver “As Artes Vistas do Plano do Evangelho, A Liahona, abril de 1978, p. 2.)
• Mostre as gravuras 27-a, “Uma mulher usando um tear manual”, e 27-b, “Uma mulher aprendendo a tocar violão”.
Devemos Usar Nossos Talentos, ou Iremos Perdê-los
Depois de termos descoberto e desenvolvido nossos talentos, o Senhor espera que os usemos; caso contrário, acabaremos por perdê-los. O Senhor advertiu-nos:
“Com alguns, porém, não estou satisfeito, porque não abrem a boca; mas escondem o talento que lhes dei, por causa do temor aos homens. Ai desses, porque contra eles está acesa a minha ira.
E acontecerá que, se não forem mais fiéis a mim, deles será tirado até aquilo que têm”. (D&C 60:2–3)
O Élder Richard L. Evans contou que certa mãe estava preocupada com o que sua filha estava ou não fazendo com os seus talentos e oportunidades. Certo dia, disse-lhe: “Eu lhe dei a vida. Agora veja o que você faz com ela!” O Élder Evans então disse: “Podemos imaginar o Pai de nós todos dizendo a mesma coisa: ‘Eu lhe dei a vida. Agora veja o que faz com ela! Espero que você faça o máximo. Dei-lhe tempo, inteligência, uma boa terra e tudo o que ela oferece—agora use tudo isso!’” (Conference Report, outubro de 1970, pp. 86–87; Improvement Era, dezembro de 1970, p. 88)
A quantidade de talentos que temos é menos importante que a maneira como os usamos. O Senhor disse: “(…) a quem muito é dado, muito é exigido (…)”. (D&C 82:3)
Conseguimos Felicidade por meio do Uso Correto dos Talentos
O Senhor disse:
“(…) procurai com zelo os melhores dons, lembrando sempre por que são dados; (…)
Pois em verdade vos digo: Eles são dados (…) para que sejam beneficiados todos os que (…) me pedem e que pedem não um sinal para satisfazer suas concupiscências”. (D&C 46:8–9)
Os talentos e habilidades devem ajudar os outros, bem como a nós mesmas. Mostramos nossa gratidão ao Pai Celestial quando os utilizamos para iluminar, edificar e elevar os outros. Devemos usá-los para ensinar crianças e jovens e para inspirá-los a se esforçarem mais. Nossa família é abençoada quando usamos nossas habilidades em nosso lar. Ao aprendermos a costurar, cozinhar e manter nossa casa em ordem, podemos embelezar nossa vida e suavizar a carga alheia. Ao desenvolvermos uma natureza bondosa e amorosa, trazemos paz e harmonia ao nosso lar. Podemos estender nossos talentos para abençoar a vizinhança em que vivemos. Podemos levar alegria aos amigos que nos cercam, sempre que ajudarmos aqueles que de nós necessitam.
Infelizmente, algumas pessoas descobrem um talento, desenvolvem-no bem, mas usam-no de um modo que não ajuda os outros. Aliás, existem aqueles que usam seus talentos para promover a injustiça. A pessoa que possui uma bela voz pode usá-la para cantar canções imorais. Outra, que tem o dom de escrever poesias inspiradoras, pode usar seu talento indevidamente, escrevendo literatura pornográfica. Um orador ou professor talentoso pode levar outros ao pecado. “O talento sem caráter deve ser mais temido do que estimado.” [Richard L. Evans, Thoughts for One Hundred Days (1966), p. 208]
Noutra parte desta lição, falamos sobre a irmã Seljestad, que descobriu e desenvolveu diversos talentos novos. O presidente do ramo da irmã Seljestad pediu-lhe que fosse a diretora de relações públicas de seu ramo. Isso lhe deu a oportunidade de usar alguns de seus talentos recém-adquiridos. Ela entrou em contato com o editor do jornal local e ofereceu-se para escrever semanalmente uma coluna sobre religião. Isso lhe deu a oportunidade de conhecer e trabalhar com líderes de outras igrejas. Graças a essa coluna, disse ela, “tenho conseguido desfazer muitos mitos sobre a Igreja e distribuir exemplares do Livro de Mórmon”. (Ver “Calling Inspires New Talent, Church News, fevereiro de 1978, p. 14)
O Élder Boyd K. Packer fez este desafio: “Portanto, comecem a trabalhar, vocês que possuem dons; cultivem-nos. Desenvolvam-nos de todas as formas. Se vocês possuem a habilidade e o desejo, procurem seguir uma carreira, empreguem seu talento como distração ou cultivem-no como passatempo. De qualquer maneira, usem-no para ajudar os outros. Estabeleçam um padrão de excelência. (…) Nunca usem seus dons indignamente”. [“The Arts and the Spirit of the Lord”, Speeches of the Year, 1976, p. 280; (1977), p. 280]
Conclusão
Todos nós somos abençoadas com talentos e habilidades e com oportunidades de desenvolvê-los. O Pai Eterno espera que usemos nossos talentos para o benefício de outros, bem como para o nosso. Podemos ter muita alegria e proporcionar a felicidade aos que nos cercam quando usamos nossos talentos com propósitos justos. Quando os usamos corretamente, eles se expandem e desenvolvemos novas habilidades, por meio de novas oportunidades. É importante que nos lembremos de que nossos talentos são dons de Deus, e que somos responsabilizadas pelo que fazemos com eles.
Desafio
Examine seus interesses, procurando um novo talento e depois desenvolva-o. Encoraje os membros de sua família a descobrir e desenvolver seus talentos.
Escritura Adicional
• Mateus 25:14–30 (parábola dos talentos)
Preparação da Professora
Antes de apresentar esta lição:
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Estude Princípios do Evangelho, capitulo 34, “Desenvolver Nossos Talentos”.
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Designe às irmãs a apresentação das histórias, escrituras e citações da lição.