Lição 29
Como Ensinar a Nossa Família o Valor do Trabalho e a Responsabilidade
O propósito desta lição é ajudar-nos a ensinar aos nossos familiares o respeito pelo trabalho e sua responsabilidade para com a família.
Privilégio do Trabalho
“Um jornal de Miami entrevistou um velho pastor de ovelhas, cuja idade constava ser de 165, chamado Shirali Mislimov. Ele nasceu e passou a vida inteira nas montanhas do Cáucaso, na região entre o Mar Negro e o Mar Cáspio. (…)
Mislimov na época ainda cortava lenha. “Estou convencido de que o ocioso não vive muito”, declarou ao repórter. (…)
Dizia o artigo que o ‘velho ainda revolvia a terra ao redor das árvores de um pomar, que replantou várias vezes durante a sua vida.
Trabalho constante, o clima da montanha e uma alimentação frugal ajudaram-me a alcançar esta idade avançada’, afirmou Mislimov, que não bebia nem fumava”. (Citado por Wendell J. Ashton, “O Gosto pelo Trabalho”, A Liahona, junho de 1972, p. 19, parágrafos 6–9)
Embora a maioria de nós não viva até a idade de 165 anos, devemos valorizar o trabalho pelas bênçãos físicas e espirituais que ele proporciona. O Presidente David O. McKay disse: “Devemos compreender que o privilégio de trabalhar é um dom, que o poder do trabalho é uma bênção, que o amor ao trabalho é sucesso”.(Citado por Franklin D.Richards, “The Gospel of Work”, Improvement Era, dezembro de 1969, p.101)
A melhor maneira de se sobrepujar a monotonia e o desapontamento é fazer algum trabalho útil que produza um resultado positivo. Pintar uma cerca, plantar uma horta e cavar um buraco são formas físicas de trabalho. Também é trabalho estudar para exames escolares e cuidar dos outros.
• Quais são outros tipos de trabalho?
Como Ensinar as Crianças a Fazer Trabalho Árduo
É importante que as crianças aprendam bons hábitos e atitudes para com o trabalho enquanto são pequenas, pois tais hábitos provavelmente ficarão com elas mais tarde. São eles que podem fazer a diferença entre uma vida útil e produtiva e outra vazia e inútil.
• Por que as crianças devem aprender bons hábitos e atitudes para com o trabalho?
O Bispo Vaughn J. Featherstone contou uma história sobre uma senhora que ensinou um menino a trabalhar:
Uma aristocrata empregou, certa vez, um menino de 13 anos de idade para tomar conta de seu jardim. Depois da primeira semana, ela lhe explicou: “Existem tantas maneiras de se cortar a grama quanto existem pessoas, podendo as mesmas valer de um centavo a cinco dólares. Vamos dizer que o que você fez hoje seja um trabalho de três dólares. (…) Um trabalho de cinco dólares é (…) bem, é impossível, portanto, vamos esquecê-lo”.
Ela permitiu que o menino avaliasse o seu trabalho e decidisse o quanto ela deveria pagar-lhe. Ela lhe pagou por sua primeira semana de trabalho. O menino estava determinado a ganhar quatro dólares na semana seguinte, mas não fez um trabalho que valesse nem mesmo três. Ele trabalhou cuidadosamente e procurou maneiras de fazer com que o jardim tivesse melhor aparência, mas nas próximas semanas, por mais que se esforçasse, não conseguiu fazer um trabalho que valesse mais do que três dólares e meio. Finalmente ele resolveu que em vez de tentar fazer apenas um serviço de quatro dólares, tentaria fazer um de cinco. Pensou em muitas maneiras de tornar o jardim mais belo, e durante todo o dia trabalhou muito, despendendo, ocasionalmente, tempo para descansar. Ele levou muito mais tempo que antes, mas ao terminar, sentiu-se satisfeito, pois sabia que havia feito um trabalho que valia cinco dólares.
Depois de inspecionar o jardim cuidadosamente, aquela senhora decidiu que o menino tinha feito o impossível. Elogiou-o por seu trabalho e pagou com alegria os cinco dólares que ele merecia.
Muitos anos mais tarde, quando o menino já era um homem adulto, relembrou a importância desta experiência em sua vida: ‘Desde aquela época, há uns 25 anos, sempre que eu me sinto encurralado, sem nenhum horizonte, subitamente aquela palavra, ‘impossível’, aparece diante de mim e eu sinto um novo estímulo, uma transição súbita, e sei que a única maneira possível de resolver meu problema é fazer o que é considerado impossível”. (Conference Report, outubro de 1973, p. 98; Ensign, janeiro de 1974, pp. 84–86, citado por Richard Thurman, “The Countess and the Impossible”, Reader’s Digest, junho de 1958.)
As crianças sempre acham que é impossível fazer o melhor possível, mas, como mostra essa história, podemos desafiá-las a fazer um pouco melhor do que antes. Precisamos também elogiá-las por seu trabalho bem feito e pelo bom progresso alcançado, para que não se sintam desencorajadas.
Como podemos desafiar e encorajar nossos filhos a sairem-se bem na escola? Peça a uma irmã que conte como incentivam seus filhos a conseguir sucesso em outros campos além do escolar, como música, artes ou esportes.
O Trabalho Contribui para o Sucesso Familiar
• Mostre a gravura 29-a, “Mãe ensinando a filha a trabalhar na cozinha”.
O Presidente Spencer W. Kimball disse: “Cremos no benefício do trabalho para nós próprios e nossos filhos. (…) Deveríamos ensinar nossos filhos a trabalhar, e eles deveriam aprender a compartilhar as responsabilidades domésticas. Devem ser encarregados de conservar a casa limpa e em ordem, mesmo que seja modesta. As crianças podem ser encarregadas também de cuidar da horta”. (A Liahona, agosto de 1976, p. 3)
• Como o trabalho realizado em prol da família ajuda a criança a desenvolver um senso de responsabilidade?
Certos pais acham que tiveram que trabalhar muito quando eram jovens, e não querem que seus filhos passem pela mesma experiência; por isso não pedem a ajuda deles nas tarefas caseiras. Outros acham que as crianças são muito pequenas ou que não têm a capacidade de ajudar. Muitos outros, porém, acham que é importante que os filhos ajudem em casa.
• Quais os resultados de tais atitudes para com o trabalho?
Podemos ficar imaginando como ajudar as crianças a aprenderem a alegria do trabalho e a sentirem-se responsáveis para com a família. Cada família está numa situação diferente, mas as crianças podem aprender a trabalhar e a tomar responsabilidades sobre si de diversas maneiras.
• Mostre um cartaz com a lista a seguir ou escreva as informações no quadro-negro.
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Ensine seus filhos a cuidar de alguns de seus próprios pertences.
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Peça às crianças mais velhas que ensinem e cuidem das menores.
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Ensine-as a ajudar a cuidar de um negócio da família.
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Organize projetos de trabalho em família.
Ensine Seus Filhos a Cuidar de Alguns de Seus Próprios Pertences
Devemos ensinar as crianças a guardar as coisas depois que tiverem terminado de usá-las, e a cuidar de suas roupas. Algum dia elas terão que ensinar essas tarefas a seus próprios filhos ou ter que fazer elas mesmas o serviço. Todas as crianças precisam aprender a ser auto-suficientes e a desenvolver atitudes positivas a respeito do trabalho, e a aprender as lições que ele nos ensina.
• Quais são as maneiras específicas de ensinar as crianças a cuidarem de seus próprios pertences?
Peça às Crianças Mais Velhas que Ensinem e Cuidem das Menores
• Mostre a gravura 29-b, “Um menino ajudando a irmã a servir-se de leite”.
As crianças mais velhas devem ser ensinadas a sentirem-se parcialmente responsáveis por seus irmãos mais novos. Elas podem cuidar deles quando os pais tiverem que sair, podem ler, cantar, brincar e entreter seus irmãos, acima de tudo, as crianças mais velhas devem dar um bom exemplo. O Élder Adney Y. Komatsu falou-nos sobre o poder do exemplo: “Recentemente, em uma reunião de jejum e testemunho, um jovem prestou seu testemunho pela primeira vez desde que havia entrado para a Igreja. Ele tocou o coração de todos os presentes, quando disse: ‘Meu irmão tem sido um exemplo maravilhoso para mim. Notei uma grande mudança em sua vida, quando ele começou a magnificar o seu chamado no sacerdócio. Sei que meu irmão foi chamado por Deus para o cargo que ocupa na Igreja. Ele é solidário e trabalha, servindo ao Senhor com diligência, humildade e alegria. Quero ser como ele’”. (Relatório da Conferência de Área da Coréia, agosto de 1977, p, 4)
• De que outras maneiras as crianças mais velhas podem ajudar as mais novas?
Ensine as Crianças a Ajudar a Cuidar de um Negócio da Família.
Como membros da família, as crianças devem partilhar do trabalho caseiro. O Presidente Spencer W. Kimball descreveu suas próprias experiências quando jovem: “Sou grato pela experiência de haver aprendido, sob a tutela de meu pai, a lavar arreios com sabão branco e depois engraxá-los para sua conservação. Aprendi a pintar cercas de estacas, o tanque d’água, o galpão dos veículos, o celeiro, a charrete e a carroça e finalmente, a casa. E desde os dias em que senti as mãos esfoladas, jamais me arrependi dessas experiências”. (A Liahona, agosto de 1976, pp. 113–114)
A família de WilIy Herrey, de Göteborg, Suécia, fez com que seus sete filhos participassem de um negócio em família, tornando-o um sucesso. “Pai, mãe e filhos—estes entre dez e dezoito anos de idade—entregam jornais antes de o sol nascer. Eles também adestram e vendem cavalos. No verão, dirigem uma fazenda de férias em Strömstad, para quatrocentas a seiscentas crianças provenientes da Suécia, Noruega e Finlândia. Quando começa o dia para a maioria das pessoas, os Herrey já estiveram trabalhando durante várias horas. Após o trabalho e horas de estudo, o dia termina com as atividades na Igreja. Nas noites de segunda-feira na reunião familiar—costumam cantar e tocar instrumentos musicais. Eles estão por demais atarefados e interessados na vida para sentirem-se infelizes.” (Edwin O. Haroldsen, “Vidas Transformadas”, A Liahona, novembro de 1971, p. 27)
Esses tipos de negócios em família, feitos em conjunto, podem ajudar os filhos a desenvolver um orgulho sadio por sua família e por suas realizações. Eles podem, dessa forma, ganhar o dinheiro necessário para servir numa missão e estudos futuros.
• Quais são os outros benefícios de se incluir os filhos no negócio da família?
Organize Projetos de Trabalho em Família
Os projetos familiares podem proporcionar boas experiências e excelentes associações. Centralizando-se nos talentos ou interesses dos membros da família, tais projetos podem ser fonte de diversão para todos. Trabalhando juntos, os filhos e os pais ficam mais unidos e aprendem mais uns sobre os outros.
Em determinada família, os pais se preocupavam em fazer com que seus filhos aprendessem o valor do trabalho. Compreenderam, então, que estavam deixando escapar uma oportunidade para o crescimento de seus filhos, empregando um zelador para limpar o consultório do pai.
As crianças, entusiasmadas pela oportunidade de receberem um salário mensal, encarregaram-se de limpar o consultório todas as manhãs. O trabalho de equipe tornou-se importante. As meninas limpariam o consultório numa manhã, enquanto os meninos ficavam em casa, para ajudar no trabalho doméstico. No dia seguinte, trocavam de deveres.
“O projeto realmente exigiu esforço extra e tempo por parte dos pais, pois a mãe tinha que levar as crianças até o consultório todas as manhãs, mas os benefícios recebidos pelos filhos valeram muito mais do que o esforço extra exigido.” (Ver Elwood R. Peterson, “Family Work Projects for Fun and Profit”, Ensign, junho de 1972, p. 8)
• Quais foram os benefícios recebidos por esta família por meio do trabalho em equipe?
As Crianças Podem Aprender a Gostar do Trabalho
Quando as crianças gostam de trabalhar, esforçam-se para fazer o melhor. Aquelas que não gostam de trabalhar, sempre arranjam desculpas para nada fazerem. O Presidente N. Eldon Tanner falou sobre dois meninos que trabalhavam como mensageiros na mesma companhia, e mostrou qual a diferença entre os dois: “Um dos meninos se interessava por tudo o que acontecia ao seu redor. (…) Ele queria ser útil e ajudar os outros, aprendendo tudo o que podia sobre o negócio. (…) Tentava ser o melhor mensageiro possível. (…) Poucos meses depois de ter entrado na firma, um dos supervisores, que já o observara, chamou-o e promoveu-o a uma posição de maior responsabilidade. Antes do fim do ano, ele já havia sido promovido novamente, e continuará sendo, graças à sua atitude. Ele estava preparado para caminhar a segunda milha. Estava interessado em sua companhia e queria ser sempre útil e de confiança. O outro menino continuou sendo um mensageiro (…) e, naturalmente, achava que a companhia não gostava dele e do que fazia”. [Seek Ye First the Kingdom of God (1973), pp. 236–237]
• Qual foi a causa da diferença no sucesso alcançado por esses dois meninos?
As crianças apreciarão o seu trabalho, quando sentirem que sua recompensa é a felicidade alheia. O Presidente David O. McKay citou este exemplo:
“Já vi jovens que passaram o dia todo ajudando as pessoas em algum projeto familiar ou religioso, tendo como meta o conforto e felicidade de outrem. Lembro-me de que, certa ocasião, uma dessas jovens chegou em casa à tarde, sentindo-se muito cansada. Atirou-se ao sofá e disse: ‘Estou morta! Mas, sabe de uma coisa, esse foi um dos dias mais felizes de minha vida’. Ela havia encontrado alegria no trabalho feito em benefício do próximo.
Aprendam a gostar do que fazem. Aprendam a dizer: ‘Esta é a minha obra e minha glória, e não o meu castigo’”. [Stepping Stones to an Abundant Life, comp. Llewelyn R. McKay (1971), pp. 115–116]
Se a criança for bem-sucedida, o trabalho ser-lhe-á divertido. Nas primeiras vezes que a criança fizer uma tarefa, um adulto ou outra criança mais velha talvez tenha que ajudá-la, até que ela aprenda a fazê-la sozinha. Deve-se então reconhecer o sucesso da criança e elogiar honestamente os seus esforços. É muito fácil focalizar nossa atenção somente nas coisas que a criança faz de errado, porque queremos que ela faça melhor da outra vez, mas ela geralmente trabalha melhor, quando focalizamos nossa atenção nas coisas que ela faz certo.
Podemos fazer com que o trabalho se torne mais agradável, cantando ou até mesmo fazendo dele uma espécie de jogo. Os pais podem recontar histórias sobre sua infância ou sobre seus antepassados. Essas atividades tornam o trabalho em conjunto mais divertido. Não se esqueça de que as crianças às vezes precisam de férias ou de um dia de descanso. Se lhes for dado um dia de descanso de suas tarefas semanalmente, elas provavelmente apreciarão melhor o seu trabalho no dia seguinte. Também precisam de tempo para si mesmas, para brincar ou fazer outras atividades depois de terem feito suas tarefas.
• Pergunte às irmãs como foi que tornaram o trabalho mais divertido para seus familiares.
Conclusão
Para ensinar nossos filhos a trabalhar e serem bem-sucedidos, devemos mostrar entusiasmo por nosso próprio trabalho. Como declarou o Presidente Brigham Young: “Cada um descobrirá que a felicidade neste mundo depende, principalmente, do trabalho que faz, e da forma como o faz”. (Citado por Elwood R. Peterson, Ensign, junho de 1972, p. 9.)
Desafio
Converse com cada um de seus filhos. Discuta sua atitude e a deles, a respeito das responsabilidades familiares. Ajude cada criança a aceitar e cumprir designações.
Preparação da Professora
Antes de apresentar esta lição:
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Estude Princípios do Evangelho, capítulo 27, “Trabalho e Responsabilidade Pessoal”.
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Prepare o cartaz sugerido na lição ou escreva as informações no quadro-negro.
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Designe às irmãs a apresentação de histórias, escrituras e citações da lição.