Integridade Pessoal
“As recompensas da integridade são imensuráveis, Uma delas é a indescritível serenidade e paz interior que recebemos quando sabemos que estamos fazendo o que é certo; outra é uma ausência de culpa e ansiedade que acompanha o pecado.”
O Salvador disse numa revelação: “Bem-aventurado é o meu servo Hyrum Smith; pois eu, o Senhor, o amo pela integridade do seu coração, e porque ele ama o que é reto.” (D&C 124:15.) Eu, pessoalmente, não posso imaginar nenhum elogio maior que este.
Hoje fui inspirado a falar sobre a necessidade de integridade — a antiga, pessoal, prática integridade. Para mim, integridade significa fazer sempre o que é certo e bom, a despeito das conseqüências imediatas. Significa ser justo e digno desde as profundezas de nosso âmago, não só nas ações, mas, e o que é mais importante, nos pensamentos e no coração. A integridade pessoal implica honestidade e incorruptibilidade tais, que somos incapazes de desmerecer a confiança em nós depositada ou de quebrar um convênio.
Nós todos temos a capacidade de saber o que é certo e bom. Falando aos “pacíficos discípulos de Cristo” (Morôni 7:3), o profeta Mórmon disse:
“Dado vos foi julgar, a fim de que possais distinguir o que é bom do que é mau; e a maneira de julgar, para que tenhais um conhecimento perfeito, é tão clara como a luz do dia comparada com as trevas da noite.
Porque eis que o Espírito de Cristo é concedido a todos os homens, para que eles possam conhecer o que é bom e o que é mau; portanto, eu vos estou ensinando o modo de julgar; porque tudo o que incita à prática do bem e persuade a crer em Cristo é enviado pelo poder e dom de Cristo; por conseguinte, podeis perfeitamente saber que é de Deus.
Mas tudo quanto persuade o homem ao mal e a não crer em Cristo, negando-o e não servindo a Deus, podeis considerar com certeza que é do demônio; pois é desta forma que obra o demônio, não persuadindo ninguém a fazer o bem, nem a um só que seja; tampouco o fazem seus anjos, ou os que a ele estiverem sujeitos.” (Morôni 7:15–17.)
Tendo recebido o Espírito de Cristo para podermos distinguir o bem do mal, devemos sempre escolher o bem. Não seremos desencaminhados, mesmo que fraudes, trapaças, enganos e logros freqüentemente pareçam aceitáveis em nosso mundo. Mentir, roubar e enganar são banalidades. Integridade, a firme aderência aos padrões morais e éticos mais elevados, é essencial na vida do verdadeiro santo dos últimos dias.
Como Jó, na antigüidade, precisamos dizer: “Até que eu expire, nunca apartarei de mim a minha sinceridade.” (Jó 27:5.) Embora tendo perdido quase tudo o que possuía de valor, a família, amigos, saúde e bens — ele se recusou a deixar de lado a integridade. Num contraste gritante, hoje em dia muitos trocam a integridade por uma pequena etiqueta com preço. A pessoa que surrupia um doce, um baton ou uma bijouteria, troca sua preciosa integridade por muito pouco. Aquele que falsifica a declaração de Imposto de Renda, não declarando ganhos ou pretendendo deduções mentirosas, dá-lhe pouco valor. A pessoa que evita pagar em dia as dívidas, troca-a por alguma vantagem temporária. Maridos ou mulheres infiéis ao cônjuge trocam esse bem tão desejado por uma diversão momentânea. A integridade é tão preciosa que não tem preço; ela é inestimável.
José, o filho de Jacó, foi um modelo de integridade. Deveis ter ouvido falar dele recentemente, na Escola Dominical. Sua integridade colocou-o entre os maiores filhos de nosso Pai Celestial. Ele fez o que era certo e bom; foi digno de confiança e incorruptível, disciplinado a ponto de nunca violar uma promessa.
Graças à integridade e retidão, José foi favorecido e abençoado pelo Senhor em todas as circúnstâncias. Sua vida é uma evidência de que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus”. (Romanos 8:28.) Seu exemplo nos fala de perto, porque a maioria dos membros da Igreja descende de seus lombos.
Jacó, seu pai, amava-o desde menino. O Senhor lhe revelou eventos futuros em sonhos. No entanto, seus irmãos odiavam-no e planejavam tirar-lhe a vida, acabando por vendê-lo como escravo. Levado cativo para o Egito, não foi abandonado pelo Senhor. José tornou-se o mordomo da casa de Potifar, capitão do Faraó. Quando a mulher de Potifar se aproximou dele, ele não aceitou suas indecorosas propostas e fugiu, levado pela retidão pessoal e por não desejar violar a confiança de Potifar.
Sua recusa e as conseqüentes acusações fizeram com que ele fosse preso. O Senhor continuou com ele. José se tornou o mordomo da prisão. O Senhor capacitou-o a interpretar os sonhos do açougueiro e do padeiro do Faraó e, mais tarde, os sonhos do próprio Faraó; das vacas, sete gordas e sete magras, e das espigas, sete cheias e sete miúdas. Ele se tornou governador de todo o Egito, tendo acima dele, em importância apenas o Faraó. Administrou o armazenamento de alimento durante os anos de abundância e sua distribuição durante os anos de fome.
Na época de fome seus irmãos, que o tinham vendido como escravo vinte e dois anos antes, foram para o Egito, à procura de alimento. Sem o reconhecerem, inclinaram-se diante dele pela importância do cargo que exercia.
Numa cena tocante, José se identifica diante dos irmãos, perdoando-os. Poderia ter-se vingado deles, por haverem-no maltratado, escravizando-os ou mandando-os para a prisão, ou mesmo condenando-os à morte, mas fez o que era certo e bom. Disse ele:
“Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá;…
Deus me enviou diante da vossa face, para conservar vossa sucessão… e para guardar-vos em vida por um grande livramento.
Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus.” (Gênesis 45:4–5, 7–8.)
Por meio de José, o Senhor preservou os filhos de Israel e arranjou para eles um lugar no Egito, onde floresceram e se multiplicaram.
Esta história é conhecida, mas eu vos incentivo a lê-la novamente, focalizando a atenção na integridade de José e nas bênçãos que recebeu graças a ela. Ele se tornou o filho com direito à primogenitura na casa de Israel e recebeu uma herança nas terras das Américas. (Vide Éter 13:8.) O Senhor permitiu que ele profetizasse sobre Moisés, que tiraria os filhos de Israel do Egito (tradução de Joseph Smith de Gênesis 50:27-29), e sobre Joseph Smith, o profeta da restauração do evangelho nos últimos dias (vide 2 Néfi 3:6–21).
Uma vida íntegra mais moderna foi exemplificada por George Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos da América. Sua integridade e caráter, mais do que seu brilhante intelecto, fizeram dele o líder escolhido de seus compatriotas. Amava a paz e tranqüilidade de sua propriedade em Mount Vernon, mas aceitou o chamado do dever para o tumulto da vida pública. Recusou-se a receber qualquer compensação, deixando que o governo lhe pagasse tão somente as despesas, acuradamente registradas. Deu quarenta e cinco anos de sua vida a serviço de seu país. (Vide David O. McKay, Secrets of a Happy Life, Salt Lake City: Bookcraft, 1967, pp. 142-144.) Quando visitei a estaca de Mount Vernon, há duas semanas, senti o espírito de George Washington, o pai desta nação. Os nobres feitos deste grande homem passaram pela minha mente.
O Profeta Joseph Smith foi outro grande exemplo de integridade. Ele não hesitou em fazer a vontade do Senhor, mesmo em perigo de vida. “Ele não se esquivou, nem tentou evitar as experiências da vida…
Avançou, construiu, serrou, abateu árvores, arou, plantou como todos os outros. Seu corpo musculoso era resultado de esforço físico. Sua mente tinha por ‘IDEAL’ a busca incessante.” (Leon R. Hartshorn, Joseph Smith: Prophet of the Restoration, Salt Lake City: Deseret Book Co., 1970, p. 67.) “Sua grandeza não era medida por suas profecias,… discursos ou escritos, mas pelo que ele era.” (Ibid., p. 38.)
O Presidente Ezra Taft Benson, profeta, vidente e revelador, é um exemplo de sublime integridade. A designação que lhe foi dada pela Primeira Presidência, de ir à Europa aliviar os sofrimentos dos santos, depois da II Guerra Mundial, exemplifica a nobreza de seu caráter.
“A verdadeira grandeza do homem não é medida por aquilo que ele diz ser, nem por aquilo que as pessoas dizem dele; (mas, na verdade) por aquilo que ele realmente é.” E é a integridade que determina o que realmente somos.
O Senhor espera que vivamos com integridade e que sejamos obedientes aos mandamentos. Ele disse: “E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” (Lucas 6:46.) Também declarou: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus.” (Mateus 7:21.)
Mentir um pouco, enganar um tanto, ou tirar proveito de alguém não são coisas aceitáveis ao Senhor. (Vide 2 Néfi 28:8–9.) As escrituras nos previnem que estas são maneiras de Satanás para nos conduzir “cuidadosamente ao inferno”. (Vers. 21.)
Para os santos da Restauração o Salvador disse: “Pois àquele que muito for dado, muito se lhe exigirá.” (D&C 82:3.) Não há dúvida de que aos membros da Igreja muito foi dado: o Evangelho de Jesus Cristo. Esta bênção oferece um risco. Fomos prevenidos: “Aquele pois que sabe fazer o bem e o não faz, comete pecado.” (Tiago 4:17.)
O mundo precisa desesperadamente de homens e mulheres íntegros. Quase todos os dias ouvimos falar de fraudes, aplicação indevida de fundos, publicidades falsas ou outros negócios, com o propósito de obter ganho através de logros ou trapaças. O Senhor detesta tais práticas. Um provérbio nos diz: “Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer. (Provérbios 11:1.) O Senhor ordenou: “Se tomares algo emprestado…, pagarás o que tomaste.” (D&C 136:25.) Ele deu como mandamentos aos antigos israelitas:
“Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo;
Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás…
Não cometereis injustiça no juízo, …nem no peso, nem na medida.
Balanças justas, pedras justas… tereis.” (Levítico, 19:11, 13, 35–36.)
O Senhor mandou que os israelitas fossem mais do que honestos. Se encontrassem um boi perdido, deviam procurar o dono, para devolver-lhe o animal. Nossas intenções e negócios devem ser igualmente puros e limpos diante do Senhor hoje em dia. Sejamos justos com nossos fornecedores, fregueses e empregados; paguemos as obrigações e cumpramos os acordos; nunca enganemos alguém, deixando de explicar todos os fatos sobre determinado investimento ou negócio. Se nossos corações egoístas “estão tão fixos nas coisas deste mundo” (D&C 121:35)podemos perder facilmente a integridade. Lembremo-nos de que “cremos em ser honestos, verdadeiros, castos, benevolentes, virtuosos e em fazer o bem a todos os homens”. (Décima Terceira Regra de Fé.)
O Élder Neal A. Maxwell declarou: “Oh, como eu quisera que houvesse mais honestidade e menos corrupção, mais bondade em lugar de tanta esperteza, e mais sabedoria em lugar de um brilhantismo instável.”
Sejamos honestos com o Senhor quando pagamos o dízimo. Os santos fiéis já aprenderam que ele abrirá “as janelas do céu” e derramará “bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança”. (Malaquias 3:10.) O pagamento do dízimo tem menos a ver com dinheiro que com fé. Devolvamos um décimo de nossos lucros ao Senhor (vide D&C 119:4) e nunca nos sentiremos culpados de roubá-lo por não termos pago o dízimo. Depois disso, lembremo-nos daqueles que estão necessitados e contribuamos generosamente com as ofertas de jejum, para ajudá-los.
Mostramos que somos íntegros quando cuidamos dos outros e os servimos. Gostaria de citar um exemplo, no qual os membros de uma família, um bispo cristão, mestres familiares, professoras visitantes e membros da ala trabalharam juntos nesse sentido.
Uma jovem mãe de oito filhos foi abandonada pelo marido. O filho mais velho tinha doze anos, e o mais novo quase um, sendo que uma das filhas estava confinada a uma cadeira de rodas. Esta mãe se mudou para uma ala mais próxima de seus familiares e amigos. Só e divorciada, temia ser ignorada ou evitada. No entanto, já no dia da mudança, os membros da ala apareceram em grupos para dar-lhe as boas-vindas, levar-lhe alimento e oferecer-lhe assistência. Ela mal teve tempo para orientar o pessoal que estava descarregando a mudança.
Depois de colocar tudo no lugar, ela e sua família receberam inúmeras expressões de amor e serviço. Os mestres familiares consertaram seus aparelhos domésticos e outros itens que precisavam de arrumação. As professoras visitantes estavam sempre por perto e nunca deixaram que ela fosse sozinha para uma atividade da Igreja. Na época de Natal ela encontrou dinheiro deixado anonimamente em sua varanda, ou recebeu-o ao apertar a mão de alguém. Recebeu centenas de dólares para a compra de um aparelho que levantasse a cadeira de rodas de sua filha para dentro do furgão que possuía. Ao voltar para casa, depois de uma viagem rápida fora da cidade, descobriu que os membros da ala tinham renovado sua cozinha.
Seus pais, irmãos e irmãs, apoiaram-na financeiramente e emocionalmente. Ajudaram a tomar conta das crianças, levaram-na a um hospital de emergência quando uma filha ficou muito doente, construíram uma rampa até a porta da frente para a cadeira de rodas, fizeram um armário para o armazenamento de alimentos, e ajudaram a fazer o trabalho do quintal.
Todas estas demonstrações de bondade levantaram-lhe o ânimo e lhe deram coragem para enfrentar as provações e dificuldades. Aqueles que socorreram esta jovem mãe praticaram a “religião pura” (Tiago 1:27) , graças à sua integridade. “Vai, e faze da mesma maneira” (Lucas 10:37), ensinou o Salvador na parábola do bom samaritano.
As recompensas da integridade são imensuráveis. Uma delas é a indescritível serenidade e paz interior que recebemos quando sabemos que estamos fazendo o que é certo; outra é a ausência de culpa e ansiedade que acompanha o pecado.
Outra recompensa da integridade é a confiança que sentimos ao nos aproximarmos de Deus. Quando a virtude adorna nossos pensamentos incessantemente, nossa confiança na presença de Deus é forte. (Vide D&C 121:45.) Quando estamos fazendo o que é certo não nos sentimos tímidos nem hesitantes em procurar orientação divina. Sabemos que o Senhor responderá a nossas orações e nos ajudará naquilo de que necessitamos.
A recompensa final da integridade é a companhia constante do Espírito Santo. (Vide D&C 121:46.) O Espírito Santo não nos socorre quando fazemos o mal, mas quando fazemos o que é certo, pode habitar em nós e guiar-nos em tudo o que fizermos.
Irmãos, vivamos de modo a merecer a confiança que o Senhor depositou em nós. Em todos os empreendimentos, por mais mundanos ou inconseqüentes que sejam, esforcemo-nos para demonstrar uma integridade prática e pessoal. São as pequenas coisas que se acumulam, dando forma e direção à nossa vida.
Presto testemunho de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e nosso Senhor e Salvador. Esta é a sua Igreja. Joseph Smith é um profeta de Deus, da mesma forma que o Presidente Ezra Taft Benson o é. Em nome de Jesus Cristo, amém.