Dia Seis de Abril de 1830
O que eles fizeram, no entanto, “é um dos acontecimentos mais importantes da história, já ocorridos desde a morte de Jesus Cristo e de seus apóstolos, no meridiano dos tempos”.
No dia 6 de abril de 1830, há 161 anos, um grupo de homens e mulheres, agindo em obediência a um mandamento de Deus, reuniu-se na casa do Sr. Peter Whitmer para organizar a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Esta Igreja, em cuja conferência anual mundial estamos reunidos hoje, e que havia sido profetizada como uma obra maravilhosa e um assombro dos últimos dias, surgiu de um início muito humilde.
Seis homens constituíam o número total de membros da Igreja naquele dia. Nenhum deles afirmava possuir cultura especial ou liderança significativa. Eram pessoas honradas e cidadãos respeitáveis, mas virtualmente desconhecidos além de sua própria vizinhança.
Podemos ter uma boa idéia do caráter e da situação econômica do círculo dos seis, pela descrição de um dos cidadãos locais, o Sr. Joseph Knight, contida na História da Igreja. A história registra que “ele era proprietário de uma fazenda, de um moinho de farinha e de uma máquina de cardagem. Não era rico, mas dispunha de bens materiais suficientes para proporcionar uma vida confortável a ele e a sua família, não só o necessário, mas também os confortos da vida… [Ele] era um homem sério, honesto e, em geral, respeitado e amado por seus vizinhos e conhecidos. Não pertencia a nenhuma seita religiosa, mas era crente.” (History of the Church, 1:47.) De pessoas simples e honestas compunha-se o grupo reunido na casa de Peter Whitmer em Fayette, Condado de Seneca, Nova York, há mais de um século e meio.
A maioria dos grandes acontecimentos da história estão registrados, mas o que esses homens fizeram naquela humilde ocasião não chamou a atenção do mundo. O que eles fizeram, no entanto, “é um dos acontecimentos mais importantes da história, já ocorridos desde a morte de Jesus Cristo e de seus Apóstolos, no meridiano dos tempos.
Estes homens humildes e comuns se reuniram porque um deles, Joseph Smith Jr., muito jovem, fizera uma afirmação extraordinária. Tinha declarado a eles e a todos os que desejassem ouvir, que recebera profundas e repetidas comunicações celestiais, inclusive uma visão de Deus, o Pai, e de seu Amado Filho, Jesus Cristo. Como resultado dessas revelações, Joseph Smith havia publicado o Livro de Mórmon, um registro das atividades de Cristo entre os habitantes antigos da América. Além disso, o Senhor havia mandado que este jovem, de apenas 24 anos de idade, restaurasse a Igreja que existira na época do Novo Testamento e que, restaurada em sua pureza, deveria ser de novo designada pelo nome de sua pedra angular e seu cabeça eterno, o próprio Senhor Jesus Cristo.
Desta maneira humilde, porém marcante, teve início a primeira cena deste grandioso drama da Igreja, o qual, finalmente, afetaria não só aquela geração, mas toda a família humana, inclusive todos os que estão ao alcance de minha voz hoje. Deveras, um início humilde, mas a proclamação de que Deus havia falado, de que a Igreja de Jesus Cristo estava de novo organizada e suas doutrinas confirmadas por revelação divina, fora a mais extraordinária declaração feita ao mundo desde os dias do próprio Salvador, quando caminhou pela Judéia e pelas colinas da Galiléia.
Quando os homens souberam que o jovem Joseph Smith afirmava que Deus se lhe manifestara, zombaram e se afastaram dele, assim como, na era cristã, homens sábios e capazes de Atenas se afastaram de um homem extraordinário que lhes ministrava. Acontece que Paulo, naquela primeira vez, foi o único homem, naquela grande cidade erudita, a saber que uma pessoa pode passar pelos portais da morte e viver novamente. Era o único homem, em Atenas, que podia claramente mostrar a diferença entre os rituais idólatras e a sincera adoração ao único Deus vivo e verdadeiro. Os epicuristas e os estóicos, com os quais ele falara e contendera, chamaram Paulo de paroleiro e pregador de deuses estranhos. O registro relata:
“E, tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos: queremos pois saber o que vem a ser isto.
E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos;
Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse pois que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio” (Atos 17:19-20, Atos 22-23).
Por certo, do ponto de vista intelectual e em termos de instrução formal, Joseph Smith era inculto e totalmente inexperiente no ministério, como.Paulo — quem sabe até menos culto e experiente. Algo, porém, o tornava destemido nas declarações contra as falsas doutrinas concernentes ao batismo de criancinhas, ao sacerdócio autodesignado, à predestinação e outros ensinamentos falsos da época.
Assim, como fizeram com Paulo, muitos zombaram de Joseph Smith e de seus ensinamentos, quando declarou que recebera revelações do Senhor. Outros lhe tinham amor e sentiam-se como Willard Richards, ao dizer: “Irmão Joseph, não me pediste que eu cruzasse o rio contigo, não me pediste que eu viesse a Carthage — não me pediste tampouco que eu viesse à cadeia — Pensas, então que eu haveria de abandonar-te agora? Façamos um acordo: Se fores condenado à forca por traição, eu irei e serei enforcado em teu lugar, para que fiques livre.” (Meu Reino Avançará, p. 48.)
Como isto nos lembra aqueles que amavam o Senhor, quando ele percorria as margens da Galiléia. Mesmo quando Jesus foi perseguido, apedrejado, condenado e finalmente, crucificado, alguns de seus discípulos sentiram-se como Tomé, que disse: “Vamos nós também, para morrermos com ele.” (João 11:16.)
Joseph Smith não era apenas um grande homem, mas também um servo inspirado do Senhor, um profeta de Deus. Sua grandeza consistia de uma única coisa — a veracidade da declaração que fez, de que viu o Pai e o Filho, e de que agiu de acordo com a realidade daquela revelação divina. Parte da revelação divina eram instruções para restabelecer a Igreja verdadeira e viva, restaurada nestes tempos modernos, conforme existia nos dias do ministério mortal do próprio Salvador. O Profeta Joseph Smith disse que a Igreja de Jesus Cristo foi “organizada de acordo com mandamentos e revelações dadas por ele, nestes últimos dias, bem como de acordo com a ordem da Igreja, conforme registrada no Novo Testamento”. (History of the Church, 1:79.)
Pela primeira vez em mil e oitocentos anos, Deus se revelou como um ser pessoal. Além disso, o Pai e o Filho demonstraram a verdade inegável de que são dois seres individuais e distintos. Na verdade, a relação entre o Pai e o Filho foi confirmada pela apresentação divina feita ao menino-profeta: “Este é o meu Filho amado. Ouve-o.” (Joseph Smith 2:17.) Os que se batizaram na Igreja, no dia 6 de abril de 1830, acreditavam na existência de um Deus pessoal; acreditavam que a realidade da existência dele, e da existência de seu Filho, Jesus Cristo, constituía o eterno alicerce sobre o qual esta Igreja está estabelecida.
Ao aceitarmos Cristo como divino, é fácil visualizarmos o Pai como um ser tão pessoal como ele. Cristo disse: “Quem me vê a mim vê o Pai.” (João 14:9.) Fé na existência de um Deus divino, real e vivo, foi o primeiro elemento a contribuir para a perpetuação da Igreja de Jesus Cristo nos tempos antigos, e é o alicerce eterno sobre o qual a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias está estabelecida hoje.
Em 6 de abril de 1830, a Igreja foi oficialmente organizada com seis membros. Aquela ação não se tornou conhecida do mundo na época, e somente seria conhecida porque encerrava e irradiava princípios eternos, que se harmonizam com todas as outras verdades vindas de Deus, o autor de toda a verdade. Só assim, por sua veracidade, ela se tornaria uma obra maravilhosa e um assombro.
Hoje, depois do humilde início, de muitos anos atrás, existem unidades e membros da Igreja quase que literalmente em toda a terra. O maravilhoso progresso no setor de transportes e comunicações tem possibilitado a proclamação das verdades do evangelho restaurado a todos os homens, em quase todo o mundo. Milhões na América, Europa, Ásia, África e ilhas do mar, não somente podem ouvir, mas em muitos casos, aceitar e empenhar-se em cumprir estes princípios salvadores do evangelho verdadeiro.
Representamos hoje uma Igreja mundial, o reino de Deus, estabelecido e organizado na terra. Falamos a essa Igreja mundial. Presto testemunho de que a Igreja organizada obscuramente há 161 anos é realmente a Igreja de Jesus Cristo. Declaro que Deus vive, que ele é um Deus que ouve nossas súplicas e a elas responde, que ele é o Pai que sempre declarou ser, nas escrituras. Indubitavelmente, ele é mais do que podemos entender, mas não é menos do que entendemos.
Testifico que Jesus Cristo é o Filho Unigénito, o Salvador do mundo, e que o Pai e o Filho apareceram ao Profeta Joseph Smith, para dar início à grande obra dos últimos dias.
Testifico que o menino-profeta, que, de muitas maneiras, continua sendo o milagre central desta Igreja, há 161 anos, é um exemplo vivo de como, nas mãos de Deus e sob a direção do Salvador, as coisas fracas e simples deverão abater as grandes e fortes. Nesta época do ano em que comemoramos a organização da Igreja, presto testemunho de sua veracidade, em nome de Jesus Cristo, amém.